Ordinary Girl escrita por MissLerman


Capítulo 27
Capítulo 28 Quase um mes depois


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou, para a alegria (ou não) de todos. Como prometido, aqui está o capítulo. E sabem, esses dias de folga foram bons, consegui adiantar alguns trabalhos. Enfim, boa leitura (:



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O tempo pareceu passar mais rápido do que chuva de verão. Um mes voou mais do que passaros que migram para o Sul no inverno. Pensei que ficaria melhor depois de todo esse tempo, mas isso só serviu para que eu ficasse ainda mais indecisa. Com Frank longe, eu sentia que faltava alguma coisa. Era como se eu não estivesse completa. Foram tantas noites chorando em meu quarto até pegar no sono, pensando em como seria se Frank estivesse do meu lado. Quando contei para Claire tudo o que tinha acontecido, sua resposta foi simplesmente:

- Como pode demorar tanto tempo para perceber que o Charlie era louco por você? 

Sim, ela sabia. Desde aquele dia em que flagrei os dois conversando. Depois minha amiga me contou tudo. Charlie desabafou com ela, lhe disse o que estava sentindo e como estava mal por me ver com outro. Porém ao mesmo tempo feliz, por me ver feliz. Senti um enorme aperto no peito assim que fiquei sabendo disso. Charlie sempre esteve lá, era apenas eu quem nunca vira nada.

Nesse mes que se passou, eu o tinha cada vez mais próximo de mim. Com Peter ocupado o tempo todo com Claire, Charlie acabou se tornando uma espécie de irmão para mim. Infelizmente, meus sentimentos não paravam por aí. Eu o queria, e sentia que ele me queria também. Não rolaram mais beijos depois da cena que Frank assistiu, mas isso foi porque prometemos, nada de beijos até a situação se resolver. Mas eu não conseguia parar de pensar em seus lábios, em seu toque, era como se estivesse viciada em uma droga. Quando começava a pensar que havia conseguido me decidir, encontro em meio ao meu guarda-roupas aquele vestido azul marinho que eu usara na premiere. Então todas as lembranças voltavam. Frank estava tão longe, e eu aqui, pensando nele. Será que ele também pensava em mim?

Chorar acabou se tornando parte de minha rotina. Eu chorava toda noite. Por saudade de Frank, por culpa e por não poder tocar em Charlie, por raiva de não conseguir me decidir... Talvez por centenas de motivos. Eu havia me tornado fraca, como conseguia chorar tanto assim? Não podia deixar a situação deste jeito. Tantas vezes eu já levantara para conversar com Peter, mas só de me lembrar que Charlie fica no mesmo quarto, já faz com que eu recue. A visão de Charlie dormindo calmamente fora a melhor coisa que já assisti. Foi como se uma paz tivesse tomado conta de meu corpo. Como se nada mais importasse, a não ser vê-lo dormindo daquele jeito. Senti-me completa.

Numa noite, sonhei com Frank, isto já estava começando a virar hábito. Mas aquele sonho... Pareceu tão real quanto colocar os pés no chão frio de minha casa. Eu estava deitada na grama, ao lado de Frank, estávamos felizes, sorrindo, completos. Ele então diz algo, e se vira para me beijar. Infelizmente, algo o impede, ele não consegue se abaixar mais. Eu então, decidi levantar meu rosto e tocar seus lábios, mas percebo que também não consigo me mover. Ficamos congelados, não nos movíamos. Senti um calafrio e abri os olhos assustada. Meu coração batia rápido e eu sentia que não conseguiria dormir mais. Olhei no relógio ao lado da cama e vi que mal havia passado das quatro da madrugada. Suspirei insatisfeita e me levantei silenciosamente, para não acordar Claire. Saí de meu quarto e fiquei na sala, encarando a parede branca. Não sabia ao certo porque estava ali, só sabia que não conseguiria dormir. Erro meu, adormeci minutos depois.

Havia se passado mais de três semanas, desde que Frank se fora, mas sempre tinha aquela pontinha de esperança de que ele voltasse em breve. Toda vez que a campainha tocava, eu sentia meu coração bater um pouco mais rápido. Naquele dia, só acordei assim que senti alguém tentando fazer com que eu despertasse de meu sono completamente pesado.

- Acha que ela já acordou? - uma voz disse. A reconheci no mesmo momento, era Charlie.

- Provavelmente, mas quer jogar água nela para ter certeza? - outro alguém disse. E esta fora Claire. 

Abri os olhos no mesmo momento, assim que minha amiga citou a possibilidade de jogar água em mim logo de manhã. Assim que os vi, ambos estavam parados em minha frente. Provavelmente, já sabiam que eu iria acordar facilmente assim que a palavra "água" fosse citada.

- Pronto, já acordei, estão felizes agora? - pergunto esfregando os olhos assim que estes entram em contato com a luminosidade.

- Na verdade, sim. Ficamos preocupados com o fato de você ter dormido no sofá esta noite. - Charlie disse.

- Está aí desde que hora? Porque me lembre de ter visto você se deitando. - Claire perguntou indo para a cozinha.

Me pus sentada e examinei o quanto minhas costas haviam sido danificadas. Meu ombro esquerdo estava doendo. Não muito, mas estava. Estiquei meus braços e me alonguei um pouco, talvez isso ajudasse.

- Perdi o sono, tive um pesadelo. - digo sentindo minhas bochechas corarem.

Charlie arqueou a sobrancelha, ele parecia não estar satisfeito com a resposta. Então, após certificar que Claire e Peter não estava em seu campo de visão, se sentou ao meu lado. Senti meu coração disparar assim que sua perna, acidentalmente, tocou a minha.

- Você sonhou com ele, não sonhou? Você sonhou com Frank. - ele disse com os olhos tristes.

Mordi o lábio inferior com força. Não queria dizer a verdade. Mas sabia que não conseguiria mentir para Charlie.

- Sim, eu sonhei. Mas foi só um sonho, certo? Não foi real. - eu disse só então sentindo o quanto aquelas palavras doíam quando pronunciadas. Senti-me fraca, novamente.

- Sente muita falta dele? - Charlie perguntou desviando seu olhar.

Meu coração pareceu se despedaçar. Naquele momento, ali com Charlie, era como se, um grande vazio tivesse acabado de ser preenchido. Era inexplicável. Eu só sentia que estava bem e, principalmente, que tudo ia ficar bem. Charlie sempre me passou essa segurança. E eu me sentia segura agora. Tanto que segurei de leve sua mão. Ele pareceu se assustar com minha atitude, mas ter sua pele macia em contato com a minha era uma sensação maravilhosa. A melhor que já tive. 

- É estranho eu te responder desta forma, mas, sim, eu sinto. Mas somente quando pouso minha cabeça no travesseiro. Não sei ao certo porquê, mas, durante o dia, e principalmente quando estou ao seu lado, é quase como se esse vazio que sinto, fosse preenchido. Como se nada mais importasse. Como se nada de ruim estivesse acontecendo. Como se eu estivesse bem. Não sei explicar ao certo. - digo envergonhada.

Charlie riu apenas e voltou a olhar para mim. Ele segurou minha mão de maneira firme, o que fez com que um choque elétrico passasse rapidamente por meu corpo.

- Ainda está muito confusa? - ele perguntou se sentando mais perto e começando a tirar mechas de cabelos que caiam por meu rosto.

Senti que todo sangue existente em meu corpo fora parar em meu rosto. Ele provavelmente estava mais vermelho do que um tomate.

- S-Sim, estou. - digo tentando não olhar em seus olhos. Caso olhasse, poderia ser um erro, provavelmente.

- E por que gaguejou? - Charlie disse num tom irônico.

Arqueei a sobrancelha. Estava um tanto indignada.

- Não posso mais gaguejar? - digo rudimente.

- Claro que pode. Mas esse seu modo de gaguejar, me pareceu outra coisa. - ele disse rindo.

Revirei os olhos. Charlie estava começando a me tirar do sério. Assim que abri a boca para xingá-lo, ou referir a sua pessoa alguma palavra de baixo escalão, ele me beijou. Para minha sorte, fora apenas um selinho. Charlie segurou minha cintura e selou nossos lábios de maneira rápida. Assim que me separei dele, queria lhe dar vários socos. Trinquei os dentes e apenas o assisti rir de minha cara.

- Nina, não sabe o quanto está vermelha. - Charlie disse apertando uma de minhas bochechas e rindo.

- Idiota! - digo passando por ele e tentando ir para meu quarto. Afinal, dormir em um sofá não é nada agradável.

Infelizmente, Charlie correu até mim e me puxou pelo braço. Meu humor estava péssimo. Só pelo fato de Charlie ter me roubado um selinho, aquilo pareceu acabar com meu dia. Mas eu sentia que não era exatamente este o motivo de eu estar naquele estado. Eu estava nos braços de um homem incrível, eu o queria, tanto quanto ele me queria. Mas, infelizmente, tinha algo em minha cabeça gritando para que eu saísse dali imediatamente. E isto, era a metade de mim que estava apaixonada por Frank. No fundo, eu sabia que seria difícil escolher entre os dois por conta disso. Eu me sentia dividida demais. Naquele momento, com Charlie, eu não queria mais ninguém. Mas depois, sozinha em meu quarto, eu só queria Frank ao meu lado. O que fazer quando o coração não se decide?

Charlie me segurava muito próxima de si, eu sabia o que ele queria. E, para falar a verdade, eu também queria. Queria beijá-lo. O simples toque em meus lábios minutos atrás fez com que todo aquele desejo reprimido viesse a tona. Aquele desejo guardado seguramente a três semanas. Me senti fraca, mais uma vez. Mas o que se pode fazer quando se tem um homem como Charlie ao seu lado?

Eu ia beijá-lo. Ia beijá-lo de verdade. Senti minha respiração acelerar, assim como meu coração. Ele estava tão perto, e ao mesmo tempo tão longe. Subi a mão lentamente até alcançar seu rosto. Fiz um carinho de leve. Mas este foi suficiente para que Charlie fechasse os olhos para aproveitá-lo melhor. Passei a mão também por seu cabelos loiros que, por ainda ser de manhã, estavam completamente desarrumados. Porém, isso não fazia com que ele ficasse menos maravilhosamente lindo. 

Charlie então começou a se curvar, lentamente. "Droga" pensei, esperando por seu toque. Assim que fechei os olhos, senti meu coração pular de alegria. Infelizmente, assim que senti sua respiração próxima de meu rosto, a campainha tocou e eu levei um susto. Me separei rapidamente de Charlie. Meu coração pareceu parar, assim que pensei na pequena possibilidade de que Frank tivesse chegado. Será mesmo que ele deixara tudo para trás por mim? Aquele pensamento me deixou ligeiramente feliz.

Charlie correu para abrir a porta. Pensei em ir para meu quarto e me refugiar lá. Infelizmente, a curiosidade e o desejo de saber quem estava ali eram mais fortes do que eu. Então, apenas permaneci parada no lugar onde estava. Assisti a porta se abrir lentamente, e um Charlie completamente assustado surgir.

- Mãe? - ele disse apenas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Como prometido, até sábado (ou não, tenho casamento para ir e, bem, mulheres...). Até mais NHAC ;3