Ordinary Girl escrita por MissLerman


Capítulo 25
Capítulo 25 Flagra


Notas iniciais do capítulo

Booooa tarde, sei que devia ter postado ontem, maaaaas tem aquela coisa chamada preguiça que sempre me impede de fazer certas coisas. E achei melhor postar hoje para postar na quinta, para dar certo, já que amanhã não posso. Enfim, espero que gostem (:



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O resto da noite foi agradável, mesmo eu sentindo, no fundo, aquela imensa vontade de chorar. Me esforcei ao máximo para sorrir e comer toda pizza que conseguisse. Peter exagerou um pouco na quantidade, então isso fez com que todos nós nos empanturrássemos de tanto comer. Passamos o tempo todo jogando no video game e rindo de como eu e Claire éramos horríveis em jogos assim. Ganhei apenas uma vez, e foi dela mesma. Não é fácil jogar com a guitarra e palhetar ao mesmo tempo. Minha pobre coordenação motora não permitia que eu realizasse tal proeza com facilidade.

Bonito mesmo era ver Peter e Charlie duelando. Eles pareciam ter perdido um bom tempo naquele negócio. No fim, acabou até sendo bom perder inúmeras vezes, isso fez com que eu me esquecesse das cenas que havia visto mais cedo. Notei que Charlie também não queria que Peter e Claire ficassem sabendo, principalmente Peter. Fiquei agradecida por sua atitude.

Assim que terminamos de comer e brincar, Peter e Claire se retiraram e fora para meu quarto, como sempre. Mas não me opus, ambos mereciam uma ótima noite. Terminei de colocar os pratos na pia e me perguntei o que faria. Queria conversar com Frank, mas não poderia simplesmente pedir para que Charlie me levasse para vê-lo. Ainda mais sendo Charlie, e depois daquela notícia então, nem pensar. 

Pelo canto do olho, avistei Charlie guardando os pedaços de pizza que haviam sobrado em uma tigela, provavelmente para que comessemos amanhã. Pizza amanhecida é com ambrosia para mim. Mas não fora isso que chamara minha atenção. Me perguntei como um cara como Charlie não havia arranajado namorada alguma nesse tempo todo. E pior, como seu sentimento por mim havia aguentado todo esse tempo?

Senti meu peito apertar assim que me lembrei de quando conheci ele. Peter chegou em casa e o trouxe junto, ele apenas disse:

- Nina, esse é meu novo amigo Charlie.

Eu tinha dez anos na época, não compreendia essas coisas de amor. Sempre achei Charlie magrela e um tanto sem graça, com relação à aparência, mas sempre fora um cara legal. Depois de tanto tempo, sentia em meu interior que isso talvez viesse desde aquele dia. Desde que aquele loirinho de cabelo praticamente raspado chegara em minha casa pela primeira vez. Me senti boba por pensar desta forma. 

- Não acha melhor írmos para fora? - sua voz me tirou de meus devaneos - Daqui a pouco eles vão começar o barulho.

Eu estava parada, em frente à pia, e só então notei que Charlie estava parado ao meu lado, mas à uma distância razoável. Escutei então o som de algo caindo, pareceu serem livros, ou algo assim.

- Espero que não seja meus livros da faculdade. Vamos - digo abrindo a porta e saindo.

Meu coração acelerou. Depois de meses, essa seria a primeira vez que eu poderia de fato ter um conversa com Charlie. Não sabia se aquilo seria algo bom, ou realmente ruim. Longe de Frank, sem ninguém por perto, eu teria que me controlar. Ainda estava segurando a porta quando sua mão encostou na minha. Acidente ou não, a retirei assim que senti seu toque. Mas, infelizmente, isso só fez com que eu me sentisse ainda mais nervosa. Engoli em seco e fui até o banquinho.

Escutei a porta bater pelas minhas costas, mas não me virei, continuei andando. Assim que me sentei neste, Charlie se sentou ao meu lado. Sempre mantendo aquela mesma distância. Me pus então a observar o céu, uma bela lua cheia enfeitava aquela imensidão naquela noite.

- Nina, sobre o que você viu hoje de tarde, aquilo com Frank, está tudo bem? - Charlie perguntou.

Não queria dizer que estava mal, e que aquilo estava me deixando confusa. Na verdade, tentei dizer que não havia ligado, que aquilo não faria diferença alguma, mas simplesmente não consegui. Não conseguia mentir para Charlie. Ele parecia sentir toda vez que eu falasse algo que não era verdade. Era como um super poder, ou um sexto sentido.

- Não, Charlie, não está. Me sinto invadida, sabe? Eu sei que, desde o começo, tinha plena ciência de que isso poderia acontecer, mas não pensei que poderia acontecer tão rápido. Quer dizer, estamos juntos a três meses, queria que minha privacidade ficasse privada por mais tempo. - digo encarando meus pés.

Sabia o quanto assuntos assim eram delicados para Charlie, não queria ficar falando sobre Frank, não com ele.

- Mas não vamos falar disso - eu disse tentando mudar de assunto - Quando vai pra Suiça?

Assim que a pergunta saiu de meus lábios, notei que não queria ao certo saber a resposta. Dali a pouco tempo, Charlie não estaria mais por aqui. Estaria longe, muito longe. Longe de sua cidade natal, longe de sua cidade preferida, longe de Peter seu melhor amigo e... longe de mim. Senti meu coração apertar assim que pensei nisso.

Minha expressão provavelmente havia mudado radicalmente, pois ele pareceu perceber.

- Daqui a dois meses exatos, dia 18 de Dezembro. - Charlie disse tentando esboçar um sorriso.

- E você está animado? - perguntei tentando manter o assunto.

- Eu até estava, mas... - Charlie começou, mas se interrompeu assim que seus olhos encontraram os meus. Aquilo fez com que eu sentisse um arrepio na espinha, sabia do que ele estava falando - ... começo a pensar que talvez tenha um motivo pelo qual ficar.

Senti meu rosto corar. Mordi o lábio inferior com força, tentando não deixa que um sorriso bobo escapasse.

- Mas você deve ir, é seu sonho, e você é incrível no que faz. - digo num tom mais alegre.

Charlie riu apenas.

- Pode até seu meu sonho virar um atleta profissional, mas, Nina, de que adiantaria passar por tudo isso, se eu passar sozinho? Nada teria valido à pena.

Suas palavras tiveram um forte impacto sobre mim. Tecnicamente, nunca estive sozinha, mas sentia que, hora ou outra, me pegaria completamente sozinha e sabia que essa hora não demoraria a chegar. De fato, o que adiantaria ter me formado em uma das melhores faculdades de Nova Iorque sendo isso não me ajudaria em momentos solitários? Sentia que Frank não estaria todo tempo comigo. Ele tem seus compromissos, é ocupado. As palavras de Charlie não paravam de se repetir em minha cabeça.

- Viver sozinho seria triste. - digo ainda encarando o chão.

- É, sei disso. Mas quem sabe, talvez... Só talvez... - Charlie disse se movendo para mais perto de mim. Entendi o que ele pretendia.

Levantei-me num salto. Meu coração pareceu levar um susto no mesmo momento.

- Charlie, por favor... - começo, mas logo sou interrompida.

- Por favor o que, Nina? Juro que me controlei todo esse tempo, mas já não tenho forças para ficar longe de você. Sei que você ama o Frank, mas também sei que sente algo por mim. E é por isso que ainda me permito ter esperanças com relação à você. Dizem que, quando amamos alguém, queremos ver esta pessoa feliz mais do que tudo. E é isso o que eu quero para você, Nina, quero te ver feliz. Até pensei que poderia ser o Frank, mas depois de hoje...

Não consegui esperar Charlie terminar de falar o que queria. Simplesmente saí de perto e corri para dentro de casa. Não queria ver ninguém, não queria conversar com ninguém. Assim que entrei, senti algumas lágrimas se acumularem. Por que, afinal, eu me sentia tão culpada por isso? Por que não conseguia mais ficar perto de Charlie sem sentir... isso? Metade de mim queria correr falar com Frank, mas tinha aquela outra metade, a metade que gritava por seu nome. Essa parte queria voltar para fora e dar-lhe um beijo, melhor do que o de dois meses atrás. E, esta, parecia estar quase me dominando naquele momento.

- Nina, por favor, me escuta... - escutei sua voz vindo da porta.

- Eu não consigo, Charlie, juro que não sei se consigo. Eu amo Frank desde que o conheci, tenho certeza disto. Mas, de uns tempos para cá, você... Você faz com que eu sinta... isso - digo colocando a mão no lado esquerdo do peito, mesmo não sabendo ao certo o que significava - Não sabe o quanto estou confusa. Queria poder decidir, mas não sei se consigo. Estou lutando com todas as minhas forças para não ir até você agora e lhe dar um beijo como você merece. Você é o único, Charlie, o único que conseguiu me deixar tão abalada assim. É como se eu te amasse e amasse Frank também, mas são duas coisas tão diferentes, tão...

Eu não havia palavras para terminar. Charlie me olhava um tanto assustado, mas com um fundo de alegria em seus olhos.

- Eu só te peço uma coisa, Charlie, não me deixe mais confusa. Não quero magoar Frank, ele já passou por muita coisa, não merece sofrer mais. - eu disse tentando me afastar e ir dormir.

- Mas ele vai sofrer, Nina, de um jeito ou de outro. Você está sofrendo, só não demonstra isso. Te conheço bem, e sei que deve estar doendo para você tanto quanto está doendo para mim agora. - ele disse.

Eu já não sabia o que fazer. Estava confusa e cansada. Mas tinha aquela voz, aquela que, quase sempre está certa, que estava gritando cada vez mais alto para que eu corresse até o belo loiro que estava parado tão próximo de mim, e matasse a saudade de seus lábios.

E foi isso o que eu fiz.

Me virei o corri até Charlie, felizmente não tropessei. 

Pulei em seus braços e abracei seu pescoço, selando assim nossos lábios. Senti uma certa euforia imensa assim que os senti. Meus pés não tocavam o chão, Charlie me abraçassa muito próxima de si, e eu havia gostado disso. Depois de um tempo com os lábios colados, senti sua língua pedindo passagem, não hesitei e lhe permiti. Mordi de leve seu lábio e continuei o beijando. Charlie me colocou no chão e  voltou a me beijar.

Seu beijo era doce, quente e carinhoso ao mesmo tempo. Sentia como se fosse derreter diante disso. Seus lábios macios redeavam os meus com ternura, como se eu fosse uma boneca de porcelana que ele tanto temesse quebrar. Poderia ficar ali durante horas, não iria me queixar. 

Meus pulmões estavam começando a se queixar. Ambos estavam gritando, implorando por oxigenio, mas eu não conseguia desgrudar-me de seus lábios. Não até sentir que estávamos sendo observados. Parei o beijo os poucos e me separei de Charlie ofegante. 

Olhei em volta e, assim que meus olhos encontraram uma figura zangada no corredor, senti que havia corado. E que estava em mals lençõis. 


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Notas finais do capítulo

Ser flagrado não é legal. Nunca passei por isso, mas provavelmente não deve ser. Até mais sweeties NHAC ;3