POV Emily

-Você, Emily Marie Keith, aceita este homem como seu marido? –perguntou o padre, calmamente.

-Sim, aceito. –disse sem hesitar, sorrindo.

-E você, Josh Vincent Parker, aceita esta mulher como sua futura esposa?

De repente, Josh ficou com a face translúcida. Suas mãos, as que seguravam as minhas, começaram suar. Percebendo isso, sorri para encorajá-lo a dizer aquelas duas simples palavras. Mas ele não disse. Soltou minha mão, olhou nos meus olhos, e disse:

-Me desculpe... Eu... Eu não posso.

E saiu andando pelo corredor principal da igreja, atraindo olhares curiosos de todos.

Eu não consigo descrever meus sentimentos nesse momento. Simplesmente... Não consigo. O garoto que eu amo acaba de me deixar plantada no altar. E os convidados já começam a cochichar, indignados. Talvez estejam com pena de mim.

Eu estou com pena de mim.

Meu nome? Emily Keith. Sou apenas outra mulher iludida por um homem estúpido. Isso pode soar bobeira, mas eu me sinto um lixo.

Três meses planejando essa droga de casamento, e ele me deixa bem na hora H. Desculpei-me para os convidados, e arranquei meu vestido de noiva, já distante daquela igreja que marcou minha vida.

Fiquei somente com meu maiô branco e meu salto. Abro minha limusine, a mesma que me trouxe à capela, e jogo o vestido lá dentro. Peço ao motorista a ir embora, pois iria andando.

Comecei a caminhar pelas ruas frias de Londres. Quem me visse iria estranhar. Uma garota de 23 anos, com maquiagem borrada, cabelos bagunçados, vestindo um maiô branco, salto alto e segurando um buquê de rosas vermelhas.

Sentei em um dos bancos gelados da praça, e comecei a chorar. E como ficam meus sentimentos? Ele não pensou nem um pouco nisso? Josh, o amor da minha vida... Se foi. Escapou de meus braços, que antes eram acolhidos por seu abraço caloroso, que me dava esperanças.

As lágrimas já estavam se esgotando, mas não impediam de levar meu lápis de olho junto, borrando toda minha face.

De repente, senti uma mão tocar meu ombro, e levei um susto. Levantei-me do banco rapidamente, e me afastei do mesmo.

-Você está bem? –perguntou a pessoa que me assustou.

-E o que você tem a ver com isso, hein? –eu disse, já limpando as lágrimas.

-Você parece estar com frio - ele disse, tirando seu casaco. Deu a volta no banco e parou à minha frente. Vestiu-me com o sobretudo marrom, e suspirei aliviada.

O que ele queria de mim? Eu não era obrigada a dar satisfações a ele, então fiquei quieta.

-Melhorou? –ele disse. Balancei a cabeça, assentindo. Ele estendeu a mão, que segurei sem hesitar. Qualquer tipo de amor agora era bem aceito por mim. Meus medíocres sentimentos precisavam do calor humano.

Mas só quando suas mãos tocaram as minhas, vi quem era o dono daquele carisma fascinante, e soltei suas mãos rapidamente.