As Blue As Love Can Be escrita por Menta


Capítulo 8
Provando seu Valor


Notas iniciais do capítulo

Queridos, nesse capítulo introduzi dois personagens de minha própria autoria, mas acho que vão gostar. Nada muito excessivo, que apenas contribui para a história original. :)
Estou bem satisfeita com as respostas de vocês à minha fic, e também com o desenvolvimento desse capítulo. Espero que gostem!



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Petyr entrava agora nos terrenos do Ninho da Águia. Fora uma longa subida pelo Vale, passando por várias localidades diferentes, e por uma perigosa estrada declinada de onde dizia-se que muitos homens haviam caído. Não eu. Não agora. Vivera tanto tempo por baixo que sabia que não se permitira, nesse momento, entrar em queda abrupta.

Seguindo uma pequena estrada sinuosa que levava ao Castelo, Petyr repensava os últimos acontecimentos de sua vida; Lysa e ele correspondiam-se por cartas desde que ele tivera a ideia de fingir ser Lorde Baelish enviando-lhe cumprimentos, escondendo por trás de seu selo e envelope uma carta que a induzia de que a amava. Lysa estava agora em uma grande posição de prestígio, e Petyr pretendia se aproveitar disso. Em pagamento por muitos presentes, querida. Caindo nas graças de Lysa, a mulher seria capaz de promovê-lo grandes favores, e finalmente tirá-lo dos Dedos.

Sabia que aquele momento era uma grande oportunidade. Em sua última carta, Lysa, exultante, dissera-lhe que fora convidado a conferenciar com Lorde Arryn a respeito de possibilidades de empregá-lo a seu serviço. Recebera um convite do Senhor do Ninho da Águia a visitá-lo em sua moradia, mas não havia especificidades na carta. A guerra havia terminado recentemente, e como previra, Robert Baratheon e os rebeldes saíram-se vencedores. Petyr aprendera com Lysa que Ned Stark e, especialmente Robert Baratheon, sempre foram de grande estima para o Senhor do Vale, sendo inclusive criados pelo mesmo como se fossem seus filhos e, portanto, o homem era de alta conta para a Coroa atual. Provavelmente foram agregados mais queridos do que eu. Sorriu maliciosamente. Petyr, obviamente, pretendia subir ao mesmo patamar.

O líder da comitiva que o escoltava pediu-os que descessem de suas montarias, as mulas ensinadas para a subida e descida do Vale, e encaminhou-os por um corredor longo, construído com as rochas e galhos montanhosos, que passavam por dentro das montanhas. Petyr olhava a imponência senhorial do local, reparando também em como as celas sem paredes se destacavam para quem chegava, e sentiu certo desprezo. Lembrou-se de quando chegara a Correrrio, quase uma vida antes, quando criança inocente, e sentira-se oprimido pela pompa do lugar. Agora, já sabia que senhores não eram mais do que seres humanos. Alguns nem isso. Riu internamente.

Depois de subir pela Lança do Gigante, fora levado para ser apresentado ao seu futuro Senhor e sua esposa, em um cômodo chamado a Câmara Crescente. Lá, os criados pediram-lhe que aguardasse a entrada de seus senhores. Sentou-se a um sofá de baixo dossel e madeira clara, combinando com as paredes, teto e chão de mármore do Castelo. Reparou que em algumas singelas partes do móvel, havia ornamentos de fios de ouro.

Em pouco tempo, Lysa Arryn e Lorde Arryn foram recepcioná-lo. Seu futuro senhor era um velho encurvado, porém de rosto austero. Vestia-se com uma capa prateada, por cima de vestimentas azuis escuras, como a cor do brasão da família a que pertencia. Ironicamente, o velho fizera lembrar-se com desconforto de seu antigo senhor Lorde Hoster Tully. Entretanto, engolira para si a deselegância, fez uma revência polida e apresentou-se:

– Encantado, Lorde Arryn. Creio que a Senhora Arryn veio falar-lhe de mim. Permita-me que eu me apresente, seu futuro humilde servente, Petyr Baelish, nascido nos Dedos, herdeiro de Lorde Baelish.

– Seja bem-vindo ao Ninho da Águia, Petyr Baelish. Gostaria que nos acompanhasse agora até o Grande Salão, para conferenciarmos a respeito do motivo de sua visita. – Dessa maneira seca, Lorde Arryn lançou um olhar a um dos seus criados, que entendera. Abriu a porta para o Senhor e a Senhora Protetores do Leste passarem, ao que Petyr seguiu-os, a uma distância educada.

O Grande Salão era o ambiente mais pomposo de todos. O teto de espaldar altíssimo, o chão do mais branco e polido mármore, e um trono feito de árvore-coração. Petyr, entretanto, fingiu uma falsa humildade polida, e manteve-se quieto em seu lugar até ser chamado a falar. Elogiou seu futuro Senhor, proferiu elogios e bajulações, e fez seus juramentos de serviço.

– Lorde Baelish, devido aos inúmeros elogios e da confiança depositada no senhor por minha esposa, creio ter decidido que é um homem apropriado para gerir os negócios da Cidade das Gaivotas, um dos territórios do Vale, conhecido por sua grande zona portuária. Andamos precisando de homens de mente ágil para gerir os gastos e investimentos financeiros, e penso em pô-lo em teste.

– Sentiria-me mais do que honrado, meu Senhor. – Petyr fez uma profunda reverência em aceitação. – Partirei quando desejar. – Deu-lhe um profundo sorriso. Durante esta conferência, fora-lhe confirmado outro detalhe enviado pela carta de Lysa: o Rei Baratheon decidira nomear Jon Arryn Mão do Rei, e, trabalhar para ele como vassalo, nesse momento, era uma oportunidade de ascensão muito maior do que poderia sonhar. Petyr estava feliz como há muito tempo não lembrava-se de se sentir. O Senhor do Vale estava em processo de mudança para Porto Real, e, se ganhasse a sua confiança, Petyr poderia ter uma ascensão maior do que imaginara.

Após terminadas todas as formalidades já conhecidas, ele sentia um gosto amargo das lembranças de Correrrio em sua boca. Todas as reverências, juramentos vazios e banalidades maiores fizeram-no recordar de quando se pusera a serviço de Hoster Tully. Felizmente, convidaram-no a jantar, e manteve seu papel bem durante toda a noite.

Durante o jantar, surpreendeu-se com o filho de Lysa, muito novo, de um ano de idade, o qual ela ainda dava de mamar. Lysa envelhecera muito durante todos os anos em que não se viram, embora ainda não tivesse mais de 20 anos. Estava mais pálida, de pele amarelada e quebradiça, com olheiras profundas embaixo dos olhos, e também mais gorda e inchada. Sabia que ela sofrera dificuldades para engravidar, e, em seu íntimo, admitia que sentisse um pouco de compaixão pela pobre mulher. Mas não conseguia perdoá-la por tudo que fizera-no passar, então resolvia ir em frente com as suas maquinações das quais ela teria necessidade de fazer parte. Usarei-a com carinho, querida minha.


Mais tarde, fora levado aos seus aposentos de hóspede, e resolvera beber um pouco de vinho antes de adormecer. Foi surpreendido com batidas rápidas e pouco ruidosas na porta, ao que abriu-a e Lysa entrou rápida e furtivamente, atirando-se em seus braços.

– Meu amado! Não sabe como morri de saudades... Tive que fingir tanto que não estava em completo regozijo quando soube que Jon convidou-o a vir. Sei que aproveitará a oportunidade e crescerá muito! Não está mais tão longe o dia em que se tornará um Senhor e poderemos finalmente nos casar.

Petyr beijou-a para acalmá-la. – Fale mais baixo, querida. Não quer que nos descubram aqui. – Lysa assentiu, e respirou fundo para acalmar-se. – Isso. Essa é uma boa menina. – Com o indicador, tocou-lhe o nariz carinhosamente. Lysa sorriu.

Petyr tentou usar de toda sua lábia para levar Lysa a voltar para seus aposentos, afinal, o risco de serem descobertos era muito grande, e ele não permitiria que a mulher estragasse todos os seus planos já pela segunda vez. Uma vez só já havia bastado. Mas não fora suficiente, então sabia que teria de seduzi-la. Fodeu-a rapidamente, não sem um mínimo de sensualidade e atenção, e despachou-a carinhosamente de volta ao seu quarto. Quando ela finalmente o deixou em paz, passou a mão pelos seus cabelos e lembrou-se de Cat. Há muito tempo que não via seus olhos, nem sabia de sua vida. Será que já teria um filho como Lysa? Ou seria uma filha, nascida com seus lindos olhos de azul cerúleo e seus belos fios rubros? Sentiu um sentimento de ódio subir pelo seu estômago ao recordar-se de que o pai dessas crianças seria um nojento Stark qualquer do Norte.

“Eu amei uma donzela linda como o outono, com o pôr do sol nos seus cabelos.”


Lutando contra tais lembranças e pensamentos, e inutilmente fracassando, Petyr deitou-se e adormeceu.


***

Já havia chegado à Cidade das Gaivotas há quatro dias, e estava terminando de explorar o local, para estudá-lo. Era um lugar triste, abandonado e devassado: a única coisa que crescia nas ruas eram as ervas daninhas e o mijo dos bêbados, além do cheiro de esgoto que empesteava tudo. Poético. Sorriu com ironia. Mas tais agruras faziam parte, se quisesse tornar-se alguém um dia.

Dirigiu-se a uma estalagem, onde já fora capaz, graças a sua capacidade de improvisação social e astúcia, de fazer amizade com o dono do estabelecimento. Suborná-lo e conquistá-lo com metal de valor seria mais adequado.


– Lorde Mindinho! Mais uma vez presente em minha humilde pocilga. – Falou o estalajadeiro com fingida cortesia. O homem era gordo, atarracado e tinha olhos negros e brilhantes, cujo brilho escondia uma rápida astúcia de um homem que muito aprendera com a vida nas ruas.

– Oh sim, meu caro Dywit. Desejo conversar novamente. – Ao seu olhar penetrante, Dywit, o estalajadeiro, compreendera do que se tratava. – Queira me acompanhar a sala de espera, lá não seremos incomodados, meu caro Senhor. – Petyr seguiu o estalajadeiro e entrou com ele na sala, que estava realmente vazia. Ambos sentaram-se, cada um de frente para si, e Petyr continuou:

– Quero que me ajude a adquirir todos os prostíbulos das imediações. E quero que transforme sua estalagem em um prostíbulo, apenas para marinheiros de mais alto escalão. Você sabe, mercadores emergentes e esse tipo de classe.

– O quê? Homem, achei que era inteligente. Que tipo de reputação terei eu se transformar minha estalagem em um bordel?

Petyr sorriu. – A reputação de um homem rico. Compreenda, meu caro. Em apenas uma semana nessa cidade de viajantes, compreendi coisas além de nossa fútil imaginação; povos exóticos como os Ilhéus do Verão entendem de aspectos sociais que deveríamos valorizar... Mais. Digamos que o sexo sempre foi um negócio muito mal explorado. – Deu uma ligeira gargalhada. – Portanto, proponho que sejamos sócios nesse empreendimento.

– Repito minha primeira colocação. O que eu possivelmente ganharia com isso?

– Dez vezes mais do que os seus lucros atuais. Darei-lhe 20% dos lucros, e ainda assim sairá com mais dragões do que com sua, com o perdão da palavra, espelunca. Tratamos de viajantes, é verdade, mas marinheiros que cruzam os mares e regiões desoladas como as nossas, quando encontram um porto, vêm em busca de apenas três coisas: comida, bebida e...

– Mulheres. Muitas mulheres. – O homem parecia compreender.

– Exatamente, meu esperto amigo. Pense bem. Feche a estalagem, transforme-a em um bordel e terá não só menos trabalho com a limpeza, como mais dinheiro entrando em seu caixa. É claro que terá gastos extras com seu pessoal. – Deu um leve risinho. – Mas nada que não possa usar inclusive para... Seu ganho pessoal. – Brindou-lhe com um sorriso malicioso.

– De fato... – Os olhos do homem tiveram um lampejo libidinoso. – Prostitutas não faltam nessa cidade, e podemos empregar todas as interessadas, inclusive as que caminham se oferecendo pelos portos. Aceito sua oferta, Lorde Baelish. Mas como pretende comprar todos os bordéis da cidade?

– Com uma certa ajuda sua em adiantamento, e propondo um preço bem maior do que os donos esperariam. Não saberão de nossos empreendimentos, e, em menos de um ano, calculo que recuperaremos o prejuízo. Ao longo de 5, ou um pouco mais, talvez, seremos capazes de lucrar em torno de dez vezes mais. – Sorriu maliciosamente mais uma vez. - Afinal, sou o enviado de Lorde Arryn. Posso mexer uns pauzinhos e aumentar certos tributos...

Os olhos do estalajadeiro brilhavam com a ideia. – Excelente. Façamos isto, então.

Ao se despedirem, Dywit olhou para Petyr, e confessou-lhe com um sorriso brincalhão:

– Sabe, homem. Quando o conheci, julgava-o ser apenas um brinquedo tolo de Lorde Arryn, o qual nunca vi nem mesmo a sombra. Tem muito mais potencial do que eu imaginaria, rapaz. Parabéns.

Oh, você nem imagina o quanto. Petyr sorriu-lhe de volta e agradecera.


Os anos passaram, e os cálculos imaginados por Petyr inicialmente se concretizaram. Em uma cidade que servia basicamente como rota marítima, o maior lucro a se advir seria das pequenas temporadas dos marinheiros que lá passavam, e nada como bordéis, onde as funcionárias pouco comiam e bebiam, e muito trabalhavam, para gerir lucro garantido, e também para dar aos tais marinheiros o que desejavam. Além da facilidade de gerir o empreendimento, Petyr fizera um parceiro de negócios em Dywit, o antigo estalajadeiro, agora gerente do bordel principal, no qual as melhores prostitutas trabalhavam. O homem atraía, por ser conhecido da cidade e respeitado por muitos, diversos clientes para o local. Era este o bordel que recebia maior frequentação, afinal, Petyr sabia, até mesmo marinheiros tolos gostam de se sentir especiais. Minha experiência de pobretão dos Dedos veio muito a calhar. Além disso, Petyr tivera a esperteza de aumentar as taxas de impostos sobre os barcos que atracavam nos Portos, sejam apenas por estadia simples ou para a compra e venda de mercadorias (sobre as quais também recaíam impostos). Com isso, podia investir em prostitutas mais bem treinadas e embelezadas, e sempre manter a frequência alta em seus prostíbulos, podendo por conseguinte aumentar ainda mais os preços das tributações alfandegárias e, consequentemente, do preço a pagar pelos marinheiros para deitarem-se em seus bordéis.


Petyr inclusive elegera sua favorita para si, quando não tinham clientes para tratar: seu nome era Fanny Rivers, ou dizia ela que o era. Uma bastarda de Correrrio. Nada mais apropriado. A jovem mulher parecia-lhe de leve com Cat, não fosse o nariz adunco e uma pele mais sardenta e repleta de pintas e marcas, além de olhos castanhos claros; porém, o cabelo ruivo detinha uma tonalidade incrivelmente parecida com a de sua amada. Serviria para seu tipo, e para satisfazer suas necessidades masculinas.

Em uma noite, estava com ela em seu quarto; a mulher havia acabado de baixar seus calções e pretendia dar-lhe prazer com a boca: tinha belos lábios robustos, vermelhos como morangos. Ouviram batidas na porta, e Petyr vestiu-se novamente, e mandou-a esperar-lhe nos lençóis. A mulher ronronou para ele, dizendo algo sobre ele chamá-la de “sua gata”, mas ele ignorou-a e abriu a porta.

– Carta para Lorde Baelish. Esta contém o Selo Real. - Um homem que entregava vinho e comida aos quartos do bordel viera trazer-lhe em mãos a correspondência.

O coração de Petyr entrou em batimentos frenéticos. Será de Jon Arryn? As últimas correspondências que recebera ultimamente foram cartas melosas de Lysa, as quais respondia com falsos galanteios, para mantê-la iludida de suas intenções. Petyr agradeceu ao homem, deu-lhe alguns cobres, pois sabia da importância de manter-se querido em uma cidade de marinheiros, e pôs-se a ler a carta cheio de ansiedade.

– Meu lorde, meu Petyrzinho, venha cá colocar seus dedos em mim. Do polegar ao mindinho. – Sorriu com lascívia a prostituta.

– Aguarde um pouco, querida. Tenho assuntos importantes a tratar agora.

Ao finalizar a carta, Petyr sentia-se exultante. Aparentemente, o antigo Mestre da Moeda do Pequeno Conselho de Porto Real havia sido destituído, pois não conseguia cobrir os gastos da Coroa. Devido ao sucesso do rapaz como gerente das finanças de toda a zona portuária que pertencia ao Senhor do Vale, Jon Arryn convocava-o a tornar-se o mais novo Mestre da Moeda. Petyr estava ciente da desvairada fanfarronice do Rei Robert, e não podia acreditar na sua sorte. Quem diria que depois de anos tratando justamente com bêbados tarados ele seria enviado para trabalhar como tutor financeiro dos gastos do mais nobre bêbado tarado de todos os Sete Reinos?

Mal se contendo de alegria, quase pulou em cima da prostituta, agarrando-a com ferocidade, dizendo-lhe quase aos berros:

– Temos muito o que comemorar, querida. Mande Dywit trazer o melhor vinho, pois esta noite será muito longa.

***


Petyr estava voltando de sua primeira conferência com o Rei e o Pequeno Conselho, e lembrava-se sem parar dos acontecimentos do dia. Mal cabia em si de orgulho e felicidade ao perceber que pisava em solo real, ele, um pobretão dos Dedos, rejeitado por tudo e todos anteriormente, que galgava sozinho, graças à própria inteligência e astúcia, um caminho cada vez mais alto na sociedade.

Tudo lhe encantava: a cidade suja de Porto Real, com suas ruas imundas e cheias de prostíbulos e bares e decadência. Tudo lhe inspirava negócios lucrativos e possibilidades diversas. Quando chegou enfim a Fortaleza Vermelha, teve que se segurar com todas as forças para não demonstrar sua alegria; absorvia cada detalhe com profundo contentamento, e vestia sua máscara de polidez e formalidades com maestria. Não se permitiria fracassar agora, de maneira alguma.

Passou por todas as formalidades com grande eloquência, e percebera que julgara bem a Corte. Lorde Arryn, o velho austero e levemente tolo que conhecera, Grande Meistre Pycelle, um velho que fingia ser fraco, mas na verdade era uma criatura obviamente manipulada, provavelmente pela Rainha Cersei, talvez a mando de Lorde Tywin. Sabia que teria de jogar com todo o cuidado com os Lannister, pois, um passo em falso, e o velho leão o devoraria vivo. Mas, de todos, o que mais o assustara fora Varys.

O gordo eunuco aparentemente não levantava suspeita alguma. Parecia um homem tolo, metido à elocubrações dramáticas, mas Petyr percebia nele o melhor jogador presente naquela cidade, quiçá dos Sete Reinos. Pela forma com que conduzia os diálogos, com que jogava suas frases e se apresentava, era como se ele percebesse a fina teia de aranha que o homem tecia com suas palavras articuladas. A teia da aranha é forte e difícil de desfazer. Decidira que, deste homem, manteria uma distância calculada, e seria o que vigiaria mais de perto.

Tudo já feito, Petyr estava livre para conhecer seus aposentos de Mestre da Moeda, e circular pelas ruas de Porto Real caso bem lhe aprouvesse. Antes de mais nada, sabia que deveria tomar uma providência a respeito de um pequeno detalhe, mas de grande importância pessoal.

Dirigiu-se a um ferreiro ourives indicado por Lorde Arryn, e expôs-lhe seu pedido:

– Boa tarde, caro senhor. Gostaria de pedir-lhe que me fizesse um broche em um formato específico, usando prata como material, por obséquio.

– Certo. É o senhor Mestre da Moeda? Sentiria-me honrado, senhor. Apenas preciso ver o desenho do molde que deseja. Tem-no em mãos?

– É exatamente o que tenho. – Sorriu um sorriso enigmático, pôs a mão ao bolso do peito, e de dentro dele deu-se a tirar o lenço que sempre o acompanhava, agora levemente gasto pelos anos, com uma coloração mais clara que o original. Mas os detalhes que importavam mantinham-se muito bem costurados, assim como em seu coração.

– Veja a borda inferior direita.

O homem abriu o lenço, e viu o tejo, o pássaro das cem línguas, bordado por Cat, durante uma vida passada, quando tudo eram risos inocentes e amor juvenil. Ali, junto ao pássaro, ainda havia os dizeres “Príncipe das Libélulas”.

– Tenha muito cuidado com isso, senhor. É o símbolo da minha Casa. – Sorriu, e dessa vez era sincero. - Faça-o em prata, não se esqueça. - Teria de ser prata. De tudo o que vivera anos atrás, a imagem mais vívida em sua mente eram os olhos de Cat, sempre a hipnotizá-lo: os olhos das suas profundas lagoas de azul cerúleo, que brilhavam pálidas como a prata, e mais belas do que todas as maravilhas de Westeros. As jóias de maior valor para Petyr.



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Notas finais do capítulo

Reviews e serão muito lindos! Hahahahah!