Hopeless Place escrita por MsRivers


Capítulo 1
Nós encontramos o amor em um lugar sem esperança


Notas iniciais do capítulo

Dragon Ball e "We found a love" não me pertencem.
Essa fic é inspirada na música "We found a love" de Rihanna, recomendo muito que escutem essa canção.



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 "Diamantes amarelos na luz,
E nós estamos lado a lado.
Quando sua sombra me atravessa
É o que basta para que eu me torne vivo..."

 

Ela observou o amarelo brilhante das estrelas que vislumbrava ao longe no espaço através da escotilha da nave. Elas pareciam diamantes, incontáveis diamantes amarelos.

O ar estava particularmente frio aquela noite, a nave de Freeza era sempre fria, mas aquela noite, parecia ainda mais gelada.

Após um arrepio, ela cobriu o corpo no escuro com o lençol fino. Sentiu o parceiro mexer-se ao seu lado, estava a sono alto. Assustou-se um pouco quando o braço forte puxou-lhe o corpo esguio para perto e não teve saída a não ser deixar-se levar, o que não foi de todo ruim, pois o calor dele a deixou aquecida. Ela sorriu, sabendo que ele não faria aquilo se estivesse consciente. Mas, embora confortável nos braços do guerreiro sayajin, ela não conseguia dormir, ela não conseguia dormir como ele. Não conseguia dormir, pois estava com medo. Kame, como ela tinha medo!

Ela não sabia por que estava vivendo aquela loucura nem como havia entrado nela. Já era difícil demais sobreviver naquele lugar horrível, e agora, se não parasse aquilo, ela sabia que seus dias estavam contados. O problema é que ela não sabia como deixá-lo e ela também não queria fazer isso.

E naquele momento, ela lembrou como havia entrado naquele jogo mortal. Foi em um momento de agonia, e não era pra ter sido nada mais que um momento de agonia.

Foi depois de mais uma daquelas terríveis reuniões de Freeza onde alguém sempre acabava morto na frente de todos por ter feito alguma pequena coisa errada ou ter dito algo que o desagradasse o mínimo que fosse.

Foi no momento em que o detestável sayajin fora encarregado pelo tirano para acompanhar sua valiosa cientista até seu quarto. Foi quando ele não conseguiu ter uma de suas clássicas brigas com a cientista por que ela estava nervosa demais diante da última morte que presenciara, foi quando ela achou que não suportaria mais.

— Você está bem, mulher? – ele perguntou sem saber o que fazer ao chegarem a entrada do quarto. Vira a cientista chorando e sem rebater seus insultos, aquilo o deixara preocupado.

— Não, não estou bem, Vegeta. – Ela respondeu caindo em prantos. – Quem estaria? Você viu! Ele matou aquele pobre soldado por nada! Nós somos reféns de um monstro! Um monstro que destruiu nossos planetas e matou nossas famílias. Ele destruiu nossas vidas! E eu sei que ao menor erro, serei a próxima.

Vegeta a olhou. Olhou e não disse nada, ele não tinha nada pra dizer. A mulher estava certa.

— Não há esperança pra nós. – Ela concluiu encarando-o, os olhos marejados. – Não há esperança pra nenhum de nós.

O sayajin encarou os olhos azuis que há muito visitavam seus sonhos, estavam mais bonitos agora brilhando em lágrimas. Ele queria dizer algo a ela, dizer que tinham esperanças, que aquilo mudaria um dia, que ele podia mudar aquilo! Mas ele não tinha certeza que aquilo era verdade e como não tinha, tudo o que ele pôde fazer para acalmar aqueles olhos foi puxar o corpo frágil contra si e beijá-la de um jeito intenso, abrindo a porta do quarto atrás deles e levando a garota até a cama no ambiente escuro.

E dali em diante eles ficaram totalmente entregues. Entregues e compartilhando a mesma agonia. Buscando alguma esperança um no outro, buscando alívio, tentando aplacar o sofrimento. Se esforçando para sentir que estavam vivos.

 

"É o jeito que eu me sinto, eu não posso negar.

Mas eu tenho que deixá-lo ir."

 

Ela virou-se para o lado tentando jogar para longe as lembranças daquela noite. Depois dela, inúmeras, incontáveis noites se sucederam em que o sayajin entrava sorrateiramente em seus aposentos para entregarem-se em noites de paixão ardente.

Uma lágrima escorreu dos olhos de Bulma. Seus medos, sua falta de esperança não diminuíram após entrar nesse enlace, ao contrário, eles se multiplicaram.

Ela era uma das intocáveis de Freeza. Seres tão importantes para manter seu império que qualquer um que ousasse se aproximar deles, recebia pena capital. E agora ela temia não só por ela, mas pelo sayajin ao seu lado. Ela sabia que ele a procurava apenas por desejo. Ela via esse desejo em muitos naquela nave, seres que só não se aproximavam dela por temer a morte violenta que os aguardaria caso Freeza descobrisse. E ela sabia que o  príncipe guerreiro era um subversivo, temia que ele a estivesse usando como forma de afrontar Freeza, mas isso não importava, pois ela havia encontrado o amor. Ela estava apaixonada e justamente por isso, ela o deixaria ir embora, ela tinha que deixá-lo ir.

 

"Nós encontramos o amor em um lugar sem esperança..."

 

— Que tipo de besteira é essa mulher? Eu não vou deixar de te encontrar! – Vegeta dizia de uma forma quase assustadora, batendo no tampo da mesa de livros. – Por que não me quer mais aqui, hein? – Indagou transtornado indo até uma Bulma. – Não vá me dizer que me trocou por outro!

— Não é isso Vegeta! – Ela dizia entre lágrimas. – É Freeza. Ele vai lhe matar se descobrir sobre nós, está ficando perigoso... Você tem inimigos demais que ficariam muito felizes de entregá-lo. Não seja tolo, por favor. Existem fêmeas humanoides aos montes por aí que podem matar seu desejo tanto quanto eu...

— É isso que você acha que você é pra mim? – Vegeta indagou furioso. – Alguém com quem satisfaço minhas necessidades?

— É isso que você sempre me fez entender que sou. – Ele rebateu séria, fazendo-o soltar-lhe os braços.

Ele virou-se para a escotilha da nave e nada disse. Bulma encarou suas costas.

— Você mentiu quando disse me amava? – Ele perguntou enquanto encarava o céu lá fora.

Ela estremeceu. Ele lembrava! Kame, ele lembrava! Ela foi abatida por uma forte emoção ao saber que ele lembrava que ela dissera que o amava certa vez enquanto faziam amor. Não contendo-se, foi até onde ele estava, postou-se frente ao guerreiro enlaçando seu pescoço.

— Não, eu não menti. – disse com a voz rouca beijando-o em seguida.

E ambos sabiam o que aquilo significava. Eles tinham achado o amor, mesmo naquele lugar sem esperança.

 

"Uma luz brilha por uma porta aberta
Vida e Amor eu vou separar...
Volte aqui porque preciso mais de você!
Sinta os batimentos do coração em minha mente...
É como me sinto e não posso negar,
Mas tenho que deixá-lo ir."

 

Vegeta não foi morto, mas foi quase mortalmente ferido quando Dodoria contou a Freeza sobre a relação entre sua intocável cientista e o príncipe sayajin. E Vegeta só não morrera por que Freeza era muito esperto. Ele não mataria Vegeta, pois de alguma forma o guerreiro arrogante era seu preferido. 

Era o único que era corajoso o suficiente para lhe enfrentar e suportava dignamente todos os castigos. Freeza nunca conseguira arrancar-lhe uma lágrima, nem quando o surrava pessoalmente. Ele admirava o potencial do garoto e se ele não almejasse a imortalidade, Freeza sabia que o menino daria um excelente sucessor.

E foi por isso que ele não desperdiçou o seu guerreiro de maior potencial apenas foder sua cientista. Ele a intitulara intocável apenas por que conhecia seus guerreiros e não queria que ela fosse morta em um ataque qualquer, o que poderia acontecer facilmente, visto que a terráquea era muito fraca e extremamente atraente. Ele só não podia permitir que aquilo continuasse, pois seria o mesmo que dizer que aceitara a desobediência de Vegeta. Por isso não o matou, mas o enviou para uma longa missão quando ele se recuperou quase por milagre.

E Freeza também não ficou totalmente satisfeito quando soube, após Bulma sofrer um desmaio no laboratório, que ela estava grávida e que o responsável por aquilo fora seu principezinho. Contudo, aquilo lhe deu uma ideia e após Vegeta voltar da longa viagem, ele mandou buscar Bulma do quarto onde ele a havia prendido por desobediência e convocou uma de suas temíveis reuniões.

Os demais membros da elite do exército de Freeza correram a essa reunião extremamente excitados, pois sabiam da volta de Vegeta, sabiam da gravidez de quase sete meses da cientista, e sabiam que alguém morreria aquela noite.

Quando entrou ao salão do trono de Freeza, Vegeta ficou extremamente surpreso e nervoso ao ver ao lado do tirano a mulher com quem sonhara todos aqueles meses, seus olhos hipnotizados na silhueta por baixo do vestido branco. Ela estava grávida... grávida!

— Vejo que que está surpreso, pequeno príncipe. – Freeza começou com a voz gelada, tocando o ventre de Bulma que parecia aterrorizada. – Sabemos que isso aqui é uma obra sua...

Todos no salão deram risadinhas maliciosas.

— Acho que já recebi o castigo por desacatar suas ordens. – Vegeta falou parecendo indiferente. – E não tenho tanta certeza que isso foi obra minha. – disse com desdém, desviando o olhar de Bulma que o olhou decepcionada.

— Pode apostar que é seu. – Freeza continuou voltando a seu trono. – Ao contrário de você, ninguém aqui foi imbecil o bastante para arriscar a vida. Se bem que em pensamento, acho que muitos deles já fizeram isso... - Freeza disse calando os sorrisos maliciosos dos presentes. – Mas não é sobre isso que viemos falar...

— E sobre o que é? – Vegeta interpelou tentando esconder a ansiedade, ver Bulma novamente, e ainda por cima grávida, o havia desestabilizado.

— Só queria comunicar oficialmente que adotarei o bastardo. – Freeza falou como se não desse importância, ignorando os sussurros de espanto que se seguiram.

— E por que faria isso, Freeza? – Vegeta indagou engolindo o ódio que sentiu. – Por que iria querer o filho de um sayajin destronado com uma inseta terráquea?

Bulma o olhou estarrecida com a ofensa, mas Vegeta não lhe olhava.

— De acordo com os testes preliminares, é um menino e tem grande poder. -  disse tocando a bochecha de Bulma, fazendo Vegeta tremer. 

— Então me chamou só pra dizer que quer o bastardo? – Vegeta perguntou sem dar importância. – Por mim tanto faz, fique com ele. Fique com a terráquea, faça o que quiser.

— Cuidado Vegeta, seu coração está ficando mais gelado que o meu. – Freeza disse sorrindo com maldade.

— Pode apostar que sim, majestade. – Vegeta retorquiu impassível.

— Sendo assim, vamos a próxima pauta dessa reunião. – Freeza disse convencido e despreocupado.- Levem a cientista. – Falou para os guardas que acompanhavam Bulma. – Minha menina precisa descansar.

Bulma desceu os degraus do trono de Freeza e passou por Vegeta com a cabeça baixa sem ao menos olhá-lo. O sayajin sentiu a energia dela invadir-lhe o corpo quando a viu passar, sentiu que ela o odiava naquele momento. 

— Você está dispensado também, Vegeta. – Freeza falou assim que Bulma e os guardas desapareceram nos portões gelados. – E ah, nem pense em se divertir com a cientista novamente. Se me desobedecer de novo, estará morto.

— Sim, majestade. – Vegeta disse entre dentes, impassível.

Quando saiu do salão gelado de Freeza, Bulma chorava. Ela não viu Vegeta que estava alguns passos atrás. Ele sorria.

 

"Nós encontramos o amor em um lugar sem esperança..."

 

Haviam pousado.

Bulma não sabia que planeta era aquele, mas ela não estava nem aí para o que o insano do Freeza queria com aquela parada não programada. Ela não queria saber de mais nada, por que ela não tinha mais esperança. Não tinha nem mais o consolo de que Vegeta sentiria alguma coisa ao saber do filho que ela estava gerando. Um filho que lhe acendeu uma centelha ínfima de esperança, algo por que lutar, por que viver. Ele simplesmente desistira, ou melhor, ele nem ligara. Ele não ligava pro filho que teriam, ele não ligava pra ela. Fora ingênua em não acreditar em suas suposições desde o início. Ele não a amava.

E agora seu filho seria um deles, um dos sanguinários monstros que ela abominava, seria criado por aquele monstro maligno. E seu pai nem ligaria pra isso.

A ela, como sempre, só restava chorar, pois nem morrer agora era mais uma opção. E ela chorou, chorou tanto por que não sabia mais como lutar. Não havia mais esperança e concluiu com um sorriso irônico que nunca houvera esperança naquele lugar.

E foi ainda enquanto chorava que ela escutou a primeira explosão. E ela não se importou. Freeza provavelmente pousara para massacrar algum planeta no caminho para seu reino de gelo, só por diversão. Isso era típico dele.

Praguejou por que nem dormir agora ela poderia, não que ela dormisse muito, ela geralmente só tentava, mas aquela noite, com aqueles barulhos, seria impossível.

Ela encolheu-se mais no canto do quarto onde chorava. As explosões continuaram lá fora, por quanto tempo? Ela não podia precisar. Seu coração estava apertado e agora já não chorava mais, pois nada mais saía. Ela não aguentava mais sua cabeça, ela queria sair de sua cabeça, sair de sua vida, sair daquele lugar sem esperança.

E foi quando algo arrebentou a porta de seu quarto jogando-a longe. Os olhos de Bulma, acostumados com o escuro, ofuscaram-se com o brilho dourado que vinha da porta, ela olhou bem e reconheceu um vulto dentro da chama dourada, reconheceu um rosto, reconheceu Vegeta. Ele estava loiro e ele lhe sorria seu típico sorriso presunçoso.

 

 

"Diamantes amarelos na luz
E nós estamos lado a lado
Sua sombra me atravessa..."

 

Bulma observava o amarelo brilhante das estrelas através da janela do quarto. Muitos diamantes amarelos. O ar estava frio. Ela ainda não tinha  se acostumado com o planeta gelado, mas precisava, pois seria seu lar, ao menos por enquanto.

Após um arrepio ela cobriu Trunks que dormia tranquilo no berço. Beijou o pequenino e saiu do quarto deixando as luzes apagadas e o sistema protetor ligado. Caminhou até o quarto ao lado com cuidado, olhou Vegeta que já dormia. Sua sombra contra a luz que vinha do corredor projetou-se contra ele. 

Esperança... Ela nunca poderia imaginar que haveria esperança naquele lugar e foi o amor que eles encontraram na nave fria que lhes deu esperança novamente.

Quem imaginaria que a surra que Vegeta levara por ter se envolvido com ela o faria reviver mais forte? Quem imaginaria que para salvá-la ele treinou incessantemente até tornar-se super sayajin? Quem, que não fosse louco, apostaria que ele venceria Freeza e se tornaria o novo rei de seu império?

E ela sorriu ao pensar o que fora mais absurdo de tudo: Quem imaginaria que eles encontrariam o amor naquele lugar sem esperança?

 


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