Eve estava parada na frente da porta da casa de seu pai segurando Freaky enquanto Steve destrancava a porta. Assim que ele o fez, empurrou a porta abrindo-a totalmente e fazendo a menção para Eve entrar. Ela então entrou. Steve entrou em seguida e ligou o interruptor de luz. Eve olhou para aquela sala e sorriu ao ver que seu pai não era daqueles homens que deixam tudo jogado por ai. Ele era praticamente um ordeiro. Tudo estava em seu devido lugar. Era pequena e aconchegante. Ela poderia morar sua vida inteira ali. Eve olhou para Steve com uma cara engraçada e ele apenas franziu o cenho e ficou com uma cara de quem não entendia.

- O que?

- Você é... Organizado!

- Ah sim...

Steve então se sentou no sofá e apoiou seu pé na mesa de centro. Eve riu discretamente daquilo e sentou-se no sofá ao lado dele. Eles nada disseram por alguns segundos. Eve brincava com Freaky em seu colo e Steve apenas ficava admirando a filha. Eve então começou a lembrar das perguntas que sempre quis fazer para seu pai. Só que ela nunca pensou que realmente iria fazer. Não sabia por onde começar.

- Então... Como foi seu dia hoje?

Eve olhou para Steve que sorriu com a pergunta dela e fez uma cara pensativa.

- Andei pelas ruas, ajudei uma senhora a atravessar a rua, cozinhei e ajudei Vera com algumas coisas.

Eve começou a rir da cara dele. Ela espera ouvir algo como “Salvei o mundo” ou coisa do tipo, afinal, ele era o Capitão América.

- E é assim que você salva o mundo?

- É... Praticamente isso. – Riu.

- Bom saber disso.

- E você... Como foi seu dia?

- Ah, eu brinquei de jogar bexigas de água no Tony e na Pepper. Joguei uma também na cara do Thor... Conheci o Clint também. – Sorriu.

- Então você está no meio daquelas pessoas?

Pelo que Eve percebeu Steve não gostou de saber que ela estava no meio de todos aqueles heróis. Ela via preocupação em seus olhos. Eve até queria contar o que estava acontecendo, mas não sabia de nada. Eve desmanchou seu sorriso dando lugar a um rosto meio entristecido e um olhar vazio. Ela olhou nos olhos de seu pai e ficou em silêncio por alguns segundos.

- Eu não tive escolha... Mesmo com essa S.H.I.E.L.D. me excluindo do mundo... Parece que eles me guardam para algo.

Steve olhou para a filha que parecia aflita com aquilo que dizia. E ele não havia gostado do que ela havia falado. Não queria saber da S.H.I.E.L.D. mexendo com sua filha, ainda mais agora que a conheceu.

- E porque a S.H.I.E.L.D. iria querer você?

- Eu não sei. Eu nem sequer conheço-a. Eu estou apenas com Tony há dois dias.

- E onde você estava antes disso?

- Quando a mãe morreu, Maria me colocou em um orfanato. E eu fiquei presa por oito anos lá.

- Maria Hill? Ela te colocou em um orfanato? – Indignou.

- Sim... Isso é tão injusto comigo. Porque ela não me deu para... Sei lá, a Pepper e o Tony? Eu tinha oito anos!

- Acho que Stark não seria uma boa escolha para isso... – Enciumou.

Eve sentiu o ciúme do pai e sorriu com aquilo. Poderia viver com Tony e Pepper, mas é claro que preferia viver com seu pai.

- Quando eu fugi do orfanato...

- Você fugiu do orfanato? – Interrompeu.

- Vou fazer dezessete anos, eles nunca me deixariam sair de lá! Não até que Hill deixasse, ela me vigiava lá. Quando ela me encontrou disse que estava tentando me proteger... Mas eu não sei do que!

- Existem pessoas muito perigosas nesse mundo.

- Olha pra mim! Você vê algo extraordinário em mim que alguém quisesse?

- Vejo.

Eve não sabia o que falar. Ela encarou seu pai com um pequeno sorriso no rosto. Logo depois ela abaixou a cabeça sentindo seu rosto queimar de vergonha.

- Diz isso porque é meu pai.

Steve riu do jeito tímido dela e puxou sua filha para um abraço. Eve nada disse apenas o abraçou e deixou aquele momento ser tornar único de pai e filha.

- Não é só por isso. Vera está de prova, você cativa às pessoas.

- Culpa sua!

Steve afastou-se do abraço e olhou para ela fazendo uma careta. Ela riu.

- Minha? Por quê?

- Você que é todo... Fofo!

Steve riu daquilo e balançou a cabeça negativamente. Ela olhava para aquele sorriso no rosto dele.

- Tá vendo! Isso ai... Seu sorriso! Todo fofo! – Riu.

Steve levou suas mãos até as maças do rosto de Eve e as apertou.

- Olha você também! Toda fofa. – Riu.

- Não faça isso, qual é Capitão! Isso é humilhação... Minhas bochechas!

Eve se fingiu uma cara brava, mas Steve sabia que ela estava brincando. Ele soltou o rosto dela e logo depositou um beijo em sua testa. Eve sorriu com o gesto. Eve estava amando estar ali com seu pai. Era tão bom saber que ele tinha aceitando-a. Era tão bom saber que tinha seu amor agora. Queria chama-lo de pai. Apesar de ser estranho, porque ele aparentava ter pelo menos uns vinte e seis anos.

- Será que eu posso te chamar de... Pai?

Steve por alguma razão sentiu uma felicidade ao ouvir aquilo. Ser chamado de pai era uma das coisas que ele mais queria naquele momento. Sentia um orgulho de tê-la como filha crescendo dentro de si. Ele olhou para ela e fez uma cara de pensativo.

- Acho que seria uma ótima ideia isso. – Sorriu.

- Isso vai ser esquisito...

- Por quê?

- Porque você parece ter... Vinte e seis anos. Não é justo.

Steve riu com aquilo. Certamente aquilo era verdade, o soro entardeceu seu envelhecimento.

- Nem é pra tanto...

- Você só pode estar de brincadeira comigo! Quando Vera me viu pela primeira vez pensou que eu era sua namorada! – Indignou.

Steve não deixou de rir daquilo.

- Isso é bem esquisito mesmo.

- E falando em namorada... Você não tem nenhuma né?

- É...

- Pensou muito! Fale-me quem é essa mulher que está passando pela sua cabeça.

Eve reprendeu o pai. E olhou séria para ele. Não havia gostado daquela ideia. Steve ficou sério também olhando para ela como se Eve mandasse nele.

- Tivemos apenas três encontros, ela é uma boa pessoa. Vera sempre tenta eu fazer sair um pouco com companhia.

- Três encontros? Nem pensar! Eu não quero você com ela, me ouviu?

- Eu acho que isso deveria ser ao contrário! Acho que eu que deveria saber como anda esse coração ai, certo? E espero que não tenha nenhum garoto tentando se aproveitar dele! – Ameaçou.

- Não mude de assunto, Rogers! Você não vai sair mais com ela, eu proíbo!

- E porque eu faria isso?

- Porque eu estou pedindo! Eu sei como são essas mulheres! E quando ela souber que você tem uma filha... De dezesseis anos! Ela vai correr!

- Bom... Ela tem um filho de sete anos.

- Viu? Já está querendo pegar meu lugar! Eu sou a primeira filha e tenho meus direitos!

- Ninguém vai pegar seu lugar! – Riu.

- Eu sei... Eu nunca deixaria isso acontecer! Você sabe né... Sou filha da viúva negra! Imagine isso.

- Isso é uma ameaça, Senhorita Romanoff? Não se esqueça de que está falando com o primeiro vingador!

- Não, estou falando com meu pai! – Retrucou.

Steve ficou sério por alguns segundos, mas depois não conteve o sorriso. Olhou para a ruiva que ainda olhava séria para ele. Eve estava com ciúmes, dava para ver isso claramente em seus olhos, ela não conseguia esconder aquilo. Steve via aquilo e adorava. Sabia que sua vida mudaria de hoje em diante, e muito. Natasha estava viva, e provavelmente a iria ver amanhã. Não sabia como encarar aquilo. Mas com toda a certeza, sua filha o ajudaria. Steve olhou para sua filha e para o filhote que ela segurava. Percebeu que estava ficando tarde.

- Que tal irmos dormir? Amanhã será um longo dia.

- Tudo bem. Posso saber onde eu vou dormir?

- Hm... Comigo?

- Cabemos na mesma cama?

- Ela é bem grande...