Ao contrario do que eu esperava não chorei mais.

Também não andei por ai, melancólica ou depressiva, como ele esperava que eu fizesse. Na verdade desde aquele dia o sorriso cínico que ele tanto me ensinou a dar para as pessoas não saiu do meu rosto um segundo qualquer e mesmo que eu não tenha o visto desde aquele dia sabia que isso devia o estar deixando louco de raiva.

Eu sabia que tinha deixado isso tudo ir muito longe, mais dessa vez nem todo o amor que eu sentia por Tom seria o bastante para fazer com que perdoasse o que ele fez, dessa vez eu iria cumprir a promessa que fiz para Abraxas, iria fazer com que Riddle sentisse o dobro da dor que ele me fez sentir.

_Há quanto tempo Lílian, estava começando a achar que estava querendo me evitar – a voz de Geovan surgiu ao meu lado no jardim de Hogwarts.

_O que está fazendo aqui? Alguém pode lhe ver – olhei para os lados para me certificar de que ninguém nos observava.

_Se não percebeu é madrugada e até onde sei é proibido que os alunos fiquem fora de suas camas essa hora, então Lílian, acho que não corremos riscos. – sua voz estava descontraída e ele mantinha um sorriso agradável no rosto.

_Como entra em Hogwarts? Não se pode aparatar aqui e a escola é protegia por diversos feitiços.

_Um bom bruxo nunca revela seus truques, mais não vim aqui para isso, quero saber o motivo de estar me evitando? Por acaso seu querido Tom mandou que se afastasse e você como é uma cadela muito obediente abaixou a cabeça e fez o que ele mandou? – ele tirou o sorriso do seu rosto e despejou as palavras sobre mim como veneno.

_Não estou fazendo isso porque Tom mandou, ele nem sabe de você. Estou fazendo isso porque é o certo, você trabalha para Grindelwald, quem me garante que não seja como ele? – disse me levantando e indo em direção a Hogwarts.

_Eu não sou como ele, não acredito nas mesmas coisas que ele, não mato pessoas porque gosto mato porque não tenho escolha – ele gritou fazendo com que eu parasse para ouvir o que ele dizia.

_ Todo mundo tem escolhas. Não saia por ai dizendo que não as teve pelo simples fato de quando teve fez a escolha errada.

Geovan apenas voltou a se sentar em direção ao Lago Negro, nesse momento a curiosidade foi maior que a razão e eu voltei e sua direção ficando ao seu lado.

_Você escolheu ficar do lado do meu pai Geovan, e já não importa mais o motivo, a questão é que foi uma escolha sua independente das conseqüências que terias se você estivesse escolhido outro caminho, ficar do lado de Grindelwald foi uma opção que você fez – esperei que falasse algo mais tudo que ele fez foi abaixar a cabeça então continuei – se é verdade que não mata pelos mesmos motivos que ele então isso te faz pior que Grindelwald, isso faz com que você mate pessoas inocentes por nada.

Suspirei derrotando percebendo que ele não diria nada, ele parecia distante como se estivesse pensando nas palavras que eu havia despejado sobre ele.

_Estamos no mesmo barco Lílian, e se não percebeu o barco está afundando – o encarei confusa sem entender suas palavras e ele ao perceber minha confusão deixou escapar uma risada – você só está envolvida nisso tudo porque achou que poderia se vingar de Grindelwald, o ódio cega as pessoas, ele cegou a mim e a você – não respondi, apenas esperei que ele continuasse – meu pai fugiu com uma trouxa, eu tinha dez anos, não sabia direito as coisas Lílian, mais eu sabia que tinha algo errado. Depois disso minha mãe foi se matando aos poucos, eu tive que assistir ela sofrer todos os dias por dois anos, tive que ver sua vida indo embora em meus braços e não pude fazer nada. Quando ela morreu eu jurei me vingar do homem que causou tudo isso, eu prometi que encontraria e mataria o meu pai.

_Você o encontrou? – a pergunta saiu sem que eu percebesse e antes mesmo que eu pudesse impedir que ele saísse.

_Eu tinha quinze anos quando Grindelwald me encontrou, ele disse que iria me ajudar, eu era uma criança ainda, mais você está certa Lílian, foi uma escolha minha ter aceitado ficar do lado de Grindelwald. Eu o achei sim, ele tinha se casado com a trouxa e já tinha duas filhas, quando soube disso, quando vi que ele vivia feliz enquanto minha mãe estava morta por culpa dele eu o matei, matei toda a família que ele havia construído e se quer saber não me arrependo disso. Vá em frente Lílian Grindelwald, diga que me acha um monstro, que sou pior que seu pai.

O encarei alguns segundos antes de me levantar sem dizer nada e virar em direção ao castelo. Ele também se levantou e pude sentir seu olhar sobre mim.

_Não acho que você seja um monstro, como disse estamos no mesmo barco. Você errou por estar cego de ódio, e eu fiz à mesma coisa quando decidi pedir ajuda a Tom Riddle – e então eu não parei para pensar, pois eu sabia que se fizesse isto o que eu faria a seguir seria errado demais, perigoso demais para ambos, então apenas agi antes que meu cociente me impedisse.

Joguei-me em seus braços e no mesmo instante deixei que meus lábios fossem de encontro aos dele. Enquanto minhas mãos iam em seu pescoço, ele segurava minha cintura como uma maneira de impedir que eu saísse dali mesmo que no momento essa seria a única que eu não faria. Diferente de todos os meus beijos com Tom esse era repleto de sentimentos vindo de ambos os lados, era como fogo se encontrando com o carvão, causando um enorme incêndio, era repleto de paixão misturado com dor e sofrimento com certa confusão. E quando ambos já estávamos sem fôlego, e a última coisa que eu queria era me afastar dele.

_O barco está afundando mais acho que podemos nos salvar ainda.

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