Fairy Tail! Aratana Densetsu! escrita por Maya


Capítulo 76
Desacredite


Notas iniciais do capítulo

Yo minna-san! Aqui estou. Sei que demorei, é que tive que atualizar minha outra fic e depois fui tentar tirar o atraso pro desafio (embora não tenha dado muito certo), mas passei o fim de semana inteiro trabalhando nesse capítulo e aqui está o resultado. Espero que gostem!



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Quanto tempo havia se passado? Dois minutos? Um? Menos? Sim, com certeza menos. E Berry já estava no chão.

Não sabia como isso tinha acontecido tão rápido. Ouviu Marry resmungando e notou que ela também tinha caído. Droga, isso tinha sido rápido demais. Era humilhante.

Berry se levantou, atordoada, e olhou ao redor. Viu que Droy continuava recostado a uma árvore, com o semblante irritantemente entediado. A garota notou a ausência de Jet, e só então entendeu o que tinha derrubado as duas.

– Marry, levante-se! Ele é rápido demais!

– Você jura? – A outra resmungou enquanto se colocava de pé.

– Nem adianta vir com grosserias. Só faça algum esforço para se concentrar.

Mas Marry gritou. Berry se virou para a parceira e viu que ela tinha sido derrubada novamente. Um rastro de neve se levantou logo ao lado dela. A maga de água tentou se concentrar na direção daquele rastro para tentar localizar Jet, mas do nada o rastro desapareceu. A neve continuou no mesmo lugar e sem nenhuma alteração, como se ninguém estivesse correndo nela. E realmente não estava. O problema é que Berry percebeu tarde demais a agitação das árvores, e quando se deu por si, já estava no chão de novo.

Caramba, isso era irritante.

Olhou para Marry no exato momento em que a moça jogava o bastão com força no ar. O acompanhou com os olhos e se assustou quando viu que a arma havia desaparecido no meio do caminho. E aí, do nada, ele reapareceu sendo disparado na direção de sua dona. Marry foi atingida bem na cara e suas costas bateram novamente no tapete de neve.

– Assim não dá! – Ela gritou, socando o chão. Olhou para Droy. – E você? Vai ficar parado aí sem fazer nada? Isso é um baita descaso com suas oponentes!

– Marry, pelo amor de Deus, sossegue o facho – resmungou Berry.

Marry bufou.

– Tá. – Ela começou a se levantar de novo. – Mas se esse mané me derrubar de novo, eu juro que destruo esse lugar sozinha.

Bastou dizer isso para cair de novo. Dessa vez, gritou bem mais alto.

– Chega! Reequip: Lightwheel Armor!

E assim, equipada de uma armadura azul escura com a gola indo até o meio do pescoço, cotoveleiras, luvas e tornozeleiras pretas, pequenas rodas no inferior das botas e dois chakrans presos às costas, ela disparou para alcançar Jet. Assim como o veterano, sua velocidade a fez desaparecer no ar.

Berry tinha que confiar que ela o deixaria ocupado. Por isso, se levantou e encarou Droy. Ele nem prestava atenção no que estava acontecendo; estava distraído, olhando para cima enquanto batia o calcanhar no tronco da árvore. Isso foi ainda mais irritante. Foi a vez de Berry gritar:

– Nossa, isso é mesmo um descaso! Pode pelo menos olhar pra mim?

Droy virou a cabeça lentamente para a garota. Estava totalmente desinteressado.

– O que você quer, menina?

– Como assim, o que eu quero? Não é óbvio? Foi você mesmo quem começou essa luta!

– Ah... – Droy olhou ao redor. – Estava só esperando o ligeirinho tirar a presa dele daqui. – E abriu um sorriso sádico. – Você é toda minha.

E então, como se esperassem por uma deixa, vários cipós brancos saíram do chão e se enroscaram uns aos outros ao redor de Berry, deixando-a presa no meio de um paredão de plantas mágicas e estranhas.

Quando ele tinha plantado sementes ali? Bem, isso não importava mais. Berry empunhou sua foice e tentou cortar os cipós, mas só o que conseguiu foi ser jogada para trás. A barreira não sofreu nenhum dano. Pensou em tentar de novo, mas não queria correr o risco de ter lâmina jogada de volta para sua cara. Então tentou pensar melhor. Olhou para cima: havia uma saída, mas estava longe demais. Usar a foice para escalar também era uma péssima ideia. Então...

Ela estava realmente chegando a uma conclusão quando uma espécie de rajada de vento a levou para cima num instante. Berry ficou tonta, mas se não se segurasse no topo dos cipós imediatamente, teria uma queda feia. Agarrou as pontas e fez força para passar pela abertura. Mas, assim que o fez, os cipós se desfizeram e ela despencou. Sua cara teria sido esmagada contra o chão se aquela mesma rajada de vento não tivesse a colocado em segurança no chão.

A maga de água ainda estava tonta quando olhou para sua salvadora. Marry, ainda com sua armadura, olhou para a parceira e bufou.

– Preste atenção. Eu não posso chutar o traseiro do Jet e te salvar ao mesmo tempo.

– Eu já estava saindo de lá. – Berry se levantou depressa, o que a deixou ainda mais tonta. – Ai...

– É claro que estava – resmungou Marry.

Berry nunca tinha feito nada em parceira de Marry, e nunca achou que a primeira vez seria tão estressante. Talvez as duas não dessem uma boa dupla mesmo.

Droy voltou a aparecer. Dessa vez ele não disse nada; foi direto jogando mais sementes negras no chão, e elas afundaram nele instantaneamente. Berry gritou para a colega tomar cuidado. Porém no instante seguinte punhos de planta brancos emergiram da neve e avançaram. Estavam em maior quantidade e tamanho do que os anteriores.

Mas a garota não teve com o que se preocupar. Marry foi rápida em pegar um chakram e jogá-lo na direção das plantas. Ele se envolveu de um tipo de energia sônica e cortou todos os punhos mágicos.

Berry já estava se permitindo ficar admirada com a outra quando sentiu uma presença atrás de si. Instintivamente se virou, já girando a foice, e bateu a lâmina em Jet bem na hora que ele chegava para surpreender Marry. Esta notou a movimentação e se virou para ver o velocista caído no chão. Olhou para Berry e assentiu com a cabeça. Berry fez o mesmo. Era o máximo que elas podiam demonstrar agradecimento no momento.

Só que ainda tinha um problema; os punhos mágicos cortados caíram na neve fofa e foram novamente absorvidos para a terra e logo retornaram à superfície, maiores e mais fortes.

– Tome cuidado... – Berry já começava a dizer, quando sentiu uma ventania ao seu lado. – Marry?

Olhou direto para cima. Mesmo nessa velocidade enorme, Jet ainda deixava alguns rastros no ar ao passar pelos flocos de neve. Mas Marry estava correndo também? Não era o que parecia.

Bem, de qualquer forma, Berry tinha mais com o que se preocupar. Os punhos gigantes desceram diretamente ao mesmo tempo até ela. Não soube o que fazer no início, mas então deixou sua foice cair no chão, abriu um círculo mágico sobre si e disparou através dele duas rajadas d’água. Estas se afastaram e logo depois se cruzaram, repetindo o processo até ambas colidirem com o amontoado de punhos-fantasmas.

Eles eram muito fortes. Berry teve que se esforçar muito – suas veias estavam literalmente saltando –, até que sua água conseguiu superá-los. Arfou de cansaço. Teria sentado no chão para descansar um pouco, mas, bem, ela estava no meio de um desafio mortal e sua parceira provavelmente corria risco.

– Já está cansada, menina? Mas nós nem começamos direito! – Provocou Droy. – E pensar que eu acreditei mesmo que sua cabeça seria um prêmio digno de muito esforço. Acho que me precipitei. É melhor eu ir caçar sua amiguinha também...

Berry cerrou os dentes e bateu o cabo da foice no chão.

– Não. Sua oponente sou eu. Não admito que você seja tão ignorante a ponto de dar as costas à sua adversária para ir atrás de outra.

E Marry já tem problemas demais, então você não vai piorar a situação dela.

– Então é melhor que se faça valer a pena – disse o homem.

Berry parou por um instante. Ela estava mesmo pedindo à forma cruel de um veterano de sua guilda que continuasse lutando com ela? Que coisa mais... Estranha.

Certo, certo. Isso era o de menos.

A garota girou a foice na mão e avançou. Droy ficou parado, em posição, só esperando por sua aproximação. Quando ela chegou, jogou a foice na direção do inimigo. Droy se esquivou a tempo, mas por causa disso não teve tempo para se esquivar da sequência de socos que Berry deferiu logo em seguida. Tentou finalizar combo com um gancho de direita, só que seu punho não se moveu. Olhou para ele e viu que estava preso por uma vieira pegajosa.

Droy se endireitou, estalou o pescoço e sorriu daquele jeito sinistro, como se nada tivesse acontecido. Então recuou o punho e o avançou, mas foi bloqueado no meio do caminho. Franziu as sobrancelhas e tentou de novo, e de novo foi bloqueado.

– Que droga é essa?

Foi a vez de Berry de sorrir, e do jeito mais maldoso que conseguiu.

– Você está preso, seu agricultor de meia tigela.

Foi só quando Droy tateou o espaço ao seu redor que percebeu que estava preso. Berry tinha criado uma bolha grande e forte o suficiente para mantê-lo ali. Estendeu a mão solta e estalou os dedos.

Aquatic Assault.

A bolha estourou por dentro, atingindo Droy com uma torrente de água forte e repentina. Ele caiu para trás, procurando por fôlego enquanto a água escorria de suas roupas e nariz.

A garota criou uma lâmina de água na mão livre e a usou para cortar a vieira, agora mais fraca. Estendeu a mesma mão. Um feixe d’água saiu dela e se esticou até onde a foice estava, agarrando-se ao seu cabo e a trazendo de volta. Mas, no meio do caminho, a foice desapareceu e o feixe se desfez. Quando Berry se deu conta do que tinha acontecido, já tinha uma lâmina maluca e veloz cortando tudo à sua volta.

Alguém a agarrou pela cintura e a tirou dali em alta velocidade. Berry e Marry caíram no chão, com a usuária do Reequip por cima, protegendo a companheira. Os cortes que Jet fazia no ar causavam um som assustador.

– Droga, minha foice não...

– Deixe isso pra lá – falou Marry. – Se sobrevivermos, eu pego aquela foice pra você e nós descontaremos juntas.

– Ele pegou um chakram de você também?

– Não – resmungou a maga.

Marry virou o rosto. Berry entendeu que a parceira estava com raiva de Jet pelo veterano ter roubado sua foice e ter tentado feri-la com sua própria arma. Até que as duas não formavam uma dupla tão ruim, afinal de contas. Nunca imaginara que uma tentaria proteger a outra. Também, com a primeira impressão que uma teve da outra, e com o fato de nenhuma das duas ter tentado consertar aquele episódio, qualquer um podia imaginar que elas jamais teriam qualquer sincronia.

–-----

Fiore, X847.

– Ah! Mousse!

Berry tinha acabado de chegar de um trabalho solo quando viu um prato com mousse de morango na bancada da guilda. O pedaço era grande e parecia delicioso, e por isso a garota, esfomeada depois de um dia cansativo, foi direto para ele. Mas, assim que chegou perto, um bastão bloqueou seu caminho.

– Ele é meu.

Berry olhou para a dona do bastão.

– Hein? Quem é você?

– Meu nome é Marry. Acabei de entrar na guilda.

– Eu sou Berry. Você pode dividir esse pedaço comigo? Estou morrendo de fome!

– Não.

– Nem um pedacinho?

– Não.

– Nem uma lambida?

– Não! Que nojo!

– Ah, por favor! Não é possível que você vá comer tudo isso sozinha.

Marry bufou.

– É claro que vou. Você é sempre chata assim ou só quando fica com fome?

Berry revirou os olhos. Tinham mesmo admitido uma pessoa assim na guilda? No que o Mestre Taylor estava pensando?

– Caramba, não estou pedindo nada demais. Você não deve saber porque acabou de entrar, mas na Fairy Tail a gente prioriza a amizade. Então seja uma boa amiga e me dê um pouco de mousse!

– Eu comprei isso aqui com o dinheiro que ganhei por ter completado um trabalho. Porque você não faz o mesmo?

– Eu já fiz um trabalho! É por isso que estou com fome!

– Que bom. Então só falta comprar seu próprio mousse.

– Bem, acontece que existe um dormitório aqui chamado Fairy Hills, e tem uma coisa que se chama mensalidade que eu preciso pagar. É pra isso que o dinheiro vai servir.

– Jura? É melhor pegar outro trabalho, então.

Marry desceu a colher, pegou um pedaço do mousse lentamente e enfiou na boca na mesma velocidade. Fez uma expressão de prazer e estalou a língua só para provocar ainda mais. Berry grunhiu.

– Não acredito que deixaram uma gulosa egoísta entrar na guilda!

– Eu sou gulosa?! – Marry se levantou num salto, quase se engasgando com o doce. – É você quem está me enchendo a paciência para comer a minha fatia!

– Eu estou com fome!

– Então você é esfomeada e irritante! Parece uma criança!

Os gritos já chamavam a atenção de toda a guilda. Sasha chegou, pôs a mão no ombro de Berry e tentou acalmá-la, mas a mesma afastou a amiga sem ao menos olhar para ela.

– Já dá pra ver que você não se encaixa nos padrões da guilda!

– Se eu soubesse que esse é o padrão daqui, eu nunca teria entrado!

– Bem, não se incomode! Pode ficar. Só não entre no meu caminho!

– Por que eu entraria, pra ouvir suas besteiras? Eu não faria uma burrice dessas!

– Ótimo! Faça o que quiser, só não olhe na minha cara de novo!

– Pode contar comigo!

E juntas, gritaram:

– Ótimo!

–----

Quem diria... Seus caminhos estavam entrelaçados agora.

Quando o som dos cortes no ar cessou, Marry se pôs de pé e ajudou Berry a fazer o mesmo. Jet estava finalmente parado ao lado de Droy – que ainda abanava sua roupa para se livrar do resto da água –, ambos no meio de um campo de troncos caídos, e examinava a foice como se ela fosse uma pedra preciosa. Por fim, afastou-a um pouco e sorriu.

– Nada mal. Acho que vou ficar com esse brinquedinho.

– Você não vai ficar com nada! – Reclamou Droy. – Isso pertence ao meu alvo, então vai ser um dos meus prêmios quando matar ela. Por que você não vai atrás da sua própria garota e pega aqueles troços dela?

– Quem disse que não vou fazer isso? – Provocou Jet. – Mas eu quero isso aqui também. Nem adianta reclamar. A culpa não é minha se você é lento.

– Vá se danar, ligeirinho.

– Dá pra ver que eles não são muito chegados – comentou Berry, sem sair do lugar.

– Ou é só um efeito dessa magia negra. Você já leu os arquivos, certo? Eles faziam parte da Shadow Gear. Não é possível que tenham permanecido no mesmo time sem terem se tornado amigos – Marry apontou.

– Pode ser. O importante mesmo é que é bem mais fácil atingir uma dupla desunida.

Marry assentiu. E logo em seguida franziu o nariz.

– O que foi? – Perguntou a maga de água.

– Bem, nós estávamos desunidas há alguns minutos e conseguimos nos sair bem, não é?

– O que você quer dizer com isso?

– Quero dizer que, se estamos unidas agora...

–... Vamos botar pra quebrar – completou Berry.

Elas sorriram uma para a outra.

– Ah, nós vamos – disse Marry.

Berry continuou sorrindo, mas parou para pensar um pouco. Quando foi que declararam a união? É... Talvez ambas estivessem encaixadas no padrão da Fairy Tail, afinal. É como dizem. As inimigas de hoje serão as melhores amigas de amanhã.

– Pronta? – Perguntou Marry. Ela já tinha desfeito sua armadura, mas Berry teve certeza de que ela colocaria outra logo, logo.

– Prontíssima.

Marry assentiu. Fez um movimento com a mão e suas roupas brilharam.

Reequip: Avatar Suit.

Suas vestes mudaram. Agora ela trajava uma blusa de tecido fino de mangas longas e largas, gola alta e da cor bege, com a calça da mesma cor. Berry reparou que um símbolo estava estampado bem acima do busto da colega: um círculo com quatro divisões, em que cada espaço mostrava um elemento. Marry parecia incrivelmente poderosa naquele traje.

Ela continuava com seu bastão, e o girou uma vez na mão antes de avançar. Berry a seguiu. As duas foram direto para cima de Jet, pulando por cima dos troncos a todo momento. Este, assim como Droy, não demorou a perceber a aproximação das garotas. Segurou a foice com as duas mãos e sorriu, esperando que elas chegassem perto o bastante para poder fatiá-las.

– Ele deve achar que somos idiotas – resmungou a de armadura.

Elas já iam desviar o caminho quando Droy as surpreendeu: ergueu enormes pilares formados de cipós brancos e pretos. As garotas foram separadas.

– Marry! Cadê você?!

Não ouviu nenhuma resposta. Subiu em um tronco, que tinha tido uma parte destruída com a elevação dos cipós, e tateou os pilares. Seu dedo queimou ao tocar a parte preta, por isso decidiu parar de tocar qualquer coisa.

Seu coração disparava. Era assustador ficar presa naquela escuridão noturna, sem conseguir distinguir direito o espaço à sua volta. Onde estava Marry?

O tronco sob seus pés começou a afundar. Berry saiu de perto dele imediatamente e ficou observando enquanto ele ia sendo totalmente absorvido pelo solo. Assim que ele desapareceu, se aproximou da área.

Péssima ideia. O tronco reapareceu, só que agora maior e branco. Ele cresceu até ficar maiores que os pilares e Berry foi atingida no processo. Tonta, ela levou a mão à testa e tirou um pouco do sangue. Caiu sentada.

– Berry. Você está aí?

A garota tentou responder, mas de repente se esqueceu de como fazer para abrir a boca. Olhou ao redor. Não conseguiu encontrar Marry. Acabou fazendo um som que nem ela mesma soube caracterizar.

– Estou a caminho. Não saia daí.

Venha rápido, por favor.

Tinha acabado de pensar nisso quando sentiu uma rajada de vento ao seu lado. Pensou na hora que fosse Marry na Lightwheel Armor, mas então viu o corpo branco-fantasma de Jet. Engoliu em seco. O velocista se aproximou, e apesar da escuridão, pôde identificar claramente o seu sorriso cruel. Ele ergueu a foice.

Flame Mode!

Tanto Berry quanto Jet olharam para o lado. Uma chama brilhante se apoderou dos cipós e os queimou o suficiente para Marry – agora com as roupas na cor vermelha – passar. Ela avançou correndo, girou o bastão flamejante e o acertou na cabeça de Jet. Este cambaleou para o lado e a garota se aproximou mais, estendendo o bastão em sua direção.

– Seu assunto é comigo.

Ela girou sua arma, a bateu no braço de Jet e o fez soltar a foice. Berry imediatamente estendeu a mão para pegá-la, mas não conseguiu erguê-la. Só ficou ali, impotente, enquanto Marry usava seu bastão em chamas para mandar Jet para o chão. Depois disso, não viu mais nada. Estava tonta demais para entender o que aconteceu em seguir.

Algum tempo depois – segundos ou minutos –, Berry voltou a sentir a aproximação de Marry. Viu as roupas da companheira brilharem e ficarem num tom azul marinho, e ela estender a mão até sua testa. Algo molhado, refrescante e delicioso tocou sua pele, e em pouco tempo Berry se sentiu melhor.

– Obrigada – sussurrou.

– Disponha. – Marry se levantou e estendeu a mão para Berry. Esta aceitou a ajuda. – Mas ainda temos que derrotar o Droy.

A maga de água assentiu empunhou sua foice.

– Deixe ele comigo.

– Claro. Mas vou ficar de cobertura.

Berry assentiu.

– Certo. Então vamos sair pela passagem que você abriu e encontrá-lo.

Marry concordou. Mas, assim que atravessaram o portal, deram de cara com Droy.

Berry assumiu a posição de batalha, ficando a frente de Marry. Só que antes que pudesse erguer sua foice, Droy jogou algo em sua direção, e o pequeno objeto afundou na pele de seu braço. Berry teve certeza de quer era uma semente e de que ela estava em apuros.

– O que você fez?!

– Minhas sementes crescem em qualquer lugar e assumem qualquer forma que eu quiser. Agora quem está presa é você.

– Eu já estava presa um minuto atrás – resmungou a maga.

Procurou por Marry, mas a amiga não estava mais lá. Jet. Porém, por mais que quisesse encontrá-la e ajudá-la, tinha que se livrar de Droy.

O mesmo sorriu e estalou os dedos. O braço atingido de Berry foi invadido por um formigamento incômodo. A garota retesou os músculos para tentar conter a sensação, sem sucesso. Seu braço começou a doer enquanto ela sentia que algo crescia sob sua pele.

– Como será que é viver como uma planta? – Indagou Droy. – Uma pena que você nunca vai poder me contar.

Ouviu o grito de Marry vindo de algum ponto desconhecido. Isso só serviu para aumentar seu nervosismo. Berry precisava fazer alguma coisa, e rápido. Mas o que?

Uma pequena muda emergiu em seu braço. A garota começou a se desesperar. Estava indo rápido demais.

– Agora, que forma eu vou dar a esse brotinho? – Divagou Droy.

– Nenhuma! Tire isso de mim!

O pânico aumentava cada vez mais. O que fazer? O que fazer?

Marry gritou de novo. Dessa vez suas palavras foram mais claras: “Não é real”.

– Como assim? – Berry gritou de volta.

De repente, um corpo despencou do céu e abriu um buraco na neve. Depois, Berry sentiu alguém dando um encontrão em suas costas. Se virou e viu Marry, ainda com o traje de Avatar, mas agora livre de Jet. Ela arrumou o cabelo e se pôs a lado da amiga.

– Eles estão mortos. Não devíamos temê-los.

– O problema é que eles estão um pouco fortes demais para dois caras mortos.

– Sim, mas e se for porque nós acreditamos que eles são fortes?

Berry franziu as sobrancelhas.

– Hein?

– Olhe, vamos encará-los como meros fantasmas que por algum motivo sabem usar magia. Fantasmas podem assustar, mas não podem machucar diretamente. Já ouviu aquelas histórias sobre pessoas que foram atingidas por fantasmas porque acreditavam neles?

– Já.

– Deve ser a mesma coisa aqui. Vamos tentar com essa muda no seu braço. Desacredite nela.

Berry assentiu e fechou os olhos. Se concentrou na imagem de seu braço liso, livre de qualquer planta invasora. Ignorou a sensação incômoda em seu braço. Então, quando abriu os olhos, a muda tinha sumido.

– Funcionou!

– Ótimo. Mas duvido que a gente consiga fazer o mesmo com eles. O máximo que podemos fazer é desacreditar na força deles.

– Certo. – Berry reergueu sua foice. – Então vamos nessa.

Marry assentiu. Ergueu o bastão de pedra e, juntas, avançaram.

Jet já tinha saído de seu buraco e Droy já preparava mais sementes. Cada um olhou para seu próprio alvo. Berry se permitiu aproximar-se mais de seu oponente, e então pulou para o lado e girou a foice em sua direção. Droy desviou de novo. Porém Berry apertou o cabo de sua arma com mais força e uma lâmina aquática saiu abaixo da original, abrindo um talo no ombro de Droy. Este grunhiu de dor. A garota desejou que Marry estivesse se saindo bem também.

– Desgraçada!

O homem pegou algumas sementes e encostou a mesma mão no abdômen da jovem. Nada aconteceu. Quando ele a retornou, viu que não havia sementes em lugar nenhum.

– Eu não acredito mais em você – disse ela.

Apertou um pouco mais o cabo. Mais três lâminas d’água saíram de sua ponta, uma de cada lado. Droy grunhiu de novo e jogou mais sementes no chão, só que as mesmas desapareceram no meio do caminho. Dessa vez, ele gritou. E foi quando as coisas ficaram bizarras.

Uma aura negra ganhou cada vez mais forma ao redor do homem. Listras negras tomaram conta de seu corpo. Berry só conseguia distingui-lo naquela escuridão por causa do brilho maléfico em seus olhos. Droy fez um movimento com a mão, e uma onda de trevas jogou Berry contra um dos pilares de cipó. Ouviu um barulho e, quando olhou para o lado, viu que o mesmo tinha acontecido com ela. Agora Jet e Droy estavam diante das duas.

– Não me interessa se você acredita ou não! – Berrou o mago das sementes. – Eu não dependo de você para ser forte.

– Nem eu – falou Jet. Ele estava no mesmo estado que o parceiro. – Minha força depende só de mim e do nosso mestre. Acreditando ou não, você não pode me vencer!

“Mestre”?

– Acho que me enganei – murmurou Marry.

– Não. Desacreditar neles adiantou, mas temos que fazer mais do que isso. Temos que derrotá-los de verdade.

– Como assim? Matá-los de novo?

Berry franziu o cenho.

– Matar é uma palavra muito forte. Vamos só fazer eles dormirem para não acordar mais. Nunca mais.

Marry riu.

– Eu topo.

Ela se levantou e passou a mão diante do símbolo novamente. Suas roupas agora ganharam o tom azul claro e seu bastão adquiriu uma esfera de ar na ponta. Berry também se levantou e usou sua magia para criar extensão de água à lâmina de sua foice. Jet e Droy deram um passo para frente.

– Pronta? – Marry perguntou.

– Talvez.

– Serve.

Marry girou o bastão com velocidade. A esfera de ar em sua ponta ficou maior, até tomar conta da arma toda. Já Berry segurou o bastão deixando a lâmina acima de seu ombro. A água nela s agitou mais.

– É o nosso último lance – observou ela. – Agora é vencer ou morrer.

– Então vamos esperar o momento certo. Atacamos quando eles atacarem.

Berry concordou e as duas esperaram. E esperaram. Esperaram até que Droy e Jet abriram a boca ao mesmo tempo, e, junto do grito animal, soltaram uma onda enorme de trevas. Marry e Berry balançaram seus equipamentos ao mesmo tempo.

God’s Torment!

– Sea’s Curse!

O furacão e o pilar de água se juntaram, formando algo ainda maior, e colidiram com o golpe de trevas dos inimigos. As duas magias se colidiram e ficaram nessa batalha por um tempo insuportável. Berry viu isso como uma luta entre luz e trevas. Então... Para elas vencerem, bastava fortificar a luz.

Ela estendeu a mão e pegou a de Marry. A outra não entendeu, mas também não reclamou. As duas permaneceram de mãos dadas até que o furacão finalmente venceu a onde escura e levou Jet e Droy consigo.

As garotas desabaram de joelho. Marry suspirou de alívio e Berry gritou de comemoração.

– Nós conseguimos! Conseguimos mesmo!

– É... Até que você não é uma parceira tão ruim – brincou Marry.

– Posso dizer o mesmo de você.

As duas soltaram as mãos, mas continuaram lado a lado, em silêncio. Até que Marry disse:

– Que tal nós dividirmos um mousse de morango depois que essa maluquice acabar?


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Notas finais do capítulo

No próximo... (narrado por Gabriel)
Esse Gildarts é forte... Diego disse que ele era um Classe S de sua guilda. Não é pra menos.
Mas nós não somos fracos. Não sei como Diego me vê, mas eu sempre vi ele como o mais forte. Me espelhando nele, sei que posso ficar assim também e mostrar que posso ajudar. E então nós seremos a melhor dupla contraditório de todas!
Não perca o próximo!
"Filho da Luz, Filho da Sombra"
Soreha, sayounará!