Fairy Tail! Aratana Densetsu! escrita por Maya


Capítulo 55
Das Trevas à Luz


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Aqui está o penúltimo capítulo do arco. Eu tentei dar meu melhor, mas sinto muito se a luta não atingiu as expectativas. De qualquer forma, espero que gostem!



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– Ei, Diego – chamou Hayato, ofegando.

Os dois tinham acabado de encerrar mais uma de suas lutas casuais, que como sempre terminara em empate. Agora, ambos estavam deitados na areia vermelha do Submundo para recuperar as forças.

– O que foi? – Perguntou Diego.

– Um dia, nós estaremos muito mais fortes do que estamos agora – disse Hayato. – E teremos uma luta de verdade, em que um de nós terá a vitória. Depois de suar muito, é claro.

– E se nós estivermos igualmente fortes e acabarmos empatando de novo? – Perguntou o Darklight.

Seu amigo riu.

– Então vai ver é uma sina.

– Não se preocupe com isso. Eu ainda vou te vencer. Pode acreditar nisso.

– Eu não vou acreditar nisso; sou eu quem vai te vencer, Diego! O que acha de mais um round?

–---

E ali estava.

Aquela luta não poderia terminar em empate. Apenas um deles poderia sair com a vitória. E o resultado significaria muito mais do que um ser mais forte do que o outro; significaria o destino do mundo mortal. Não era mais uma lutinha qualquer de duas crianças.

Por um momento, Diego pensou que isso era besteira. Não estava lutando contra Hayato, e sim contra o dragão Rector. Era seu inimigo que estava a sua frente, e não o seu amigo de infância. Então ele percebeu que isso sim era besteira. Rector podia estar controlando o corpo de Hayato, mas isso não fazia dele outra pessoa. Diego sabia que um dos dois morreria ali. De qualquer forma, aquela seria a última vez que veria Hayato.

Diego ainda não sabia de onde vinha tanta força para se manter de pé e usar aquela quantidade de magia. Provavelmente da raiva que tinha de Ethan e Rector por terem dado aquele destino ao seu amigo.

Com todo o corpo gritando de fúria, Diego avançou com velocidade aumentada, graças à magia que envolvia seu corpo. Rector interceptou seu punho com apenas uma mão e segurou seu braço com a outra, lançando-o para cima em seguida. O Darklight se estabilizou e caiu no chão sem nenhum dano.

Diego, porém, deu o azar de cair diante de uma árvore. Rector aproveitou isso: correu até ele em velocidade máxima e agarrou seu pescoço, colocando-o contra o tronco da árvore. Rector abriu a boca e lava se acumulou entre suas presas. A aura de luz de Diego brilhou ainda mais segundos antes de seu adversário disparar seu rugido.

A lava desintegrou aquela árvore e mais várias outras ao seu redor e deixou um rastro no solo. Rector sorriu; não havia sinais de Diego.

– Era um só fracote, no final das contas.

Nesse momento, uma esfera de luz o atingiu nas costas, derrubando-o.

– Eu tomaria cuidado com minhas palavras se fosse você.

Diego estava bem atrás de Rector, com apenas uma leve queimadura na bochecha. Mas seu ataque também não fora muito eficiente; Rector já estava novamente de pé, e a esfera de luz só servira para criar um buraco na camisa social preta de Hayato; as escamas em suas costas o protegeram de danos maiores.

Ele se virou, ainda mais furioso. Correntes de lava surgiram em seus punhos e se estenderam até seus ombros, e Rector investiu contra Diego. Este interceptou seu ataque facilmente com uma barreira de luz. Entretanto, as correntes saíram dos braços de seu adversário e subiram, crescendo enquanto dava a volta na barreira, e começaram a cair na direção do Darklight em forma de enormes serpentes de lava.

O rapaz procurou manter a calma. Sua aura de trevas se expandiu e formou uma barreira em cima dele, repelindo as serpentes. Diego deu um empurrão na barreira de luz e lançou Rector para longe. A outra proteção também se desfez. Com isso, as serpentes gigantes voltaram a atacar, uma avançando de cada lado. Diego fez com que surgissem círculos mágicos diante de cada uma; desses círculos dispararam raios negros que as atravessaram, fazendo desaparecer imediatamente. Os raios continuaram seguindo até Rector, que acabava de sair do atordoamento. Este não se deu pro vencido. Invocou uma onda de lava que acabou com os raios de seu oponente. Em seguida, essa onda o envolveu enquanto Rector disparava na direção de Diego, fazendo-o parecer uma grande bola de lava.

A velocidade era tanta que Diego não conseguiu se fundir novamente com a luz a tempo para desviar. A investida o pegou de jeito; se não fosse a proteção de sua forma mágica, Diego teria sido reduzido a cinzas. Por outro lado, suas auras se dissiparam ao protegerem o rapaz. As tatuagens das coroas desapareceram das mãos de Diego e luz e trevas se misturaram acima dele.

Rector riu com escárnio.

– Está vendo? Sua poderosa forma nem deu para o gasto.

– Tome cuidado, Rector. A forma do Príncipe Supremo pode te matar. Se bem que... – Diego olhou para cima e sorriu. – Não é só isso que pode acabar com você.

O rapaz estendeu o braço para cima. As luzes e as trevas se uniram em seu punho, que começou a brilhar. O brilho percorreu todo o seu corpo e se expandiu. Quando ele cedeu, Diego estava diferente.

Para começar, agora ele tinha asas brancas com algumas penas douradas. Seu corpo agora era coberto por um tipo de armadura mais leve e branca. Seus braços estavam mais musculosos e suas mãos vestiam luvas negras, tal como as botas que agora calçava. Em seu peito havia uma esfera roxa brilhante, concentrando seu poder mágico. Sua cabeça agora tinha o que parecia um capacete que só deixava a mostra seu rosto. Este agora era ainda mais branco e seus olhos azuis se tornaram vermelhos.

Sua habilidade mais poderosa estava enfim completa. Diego sabia disso; sentia-se muito mais forte do que na última vez que a usara, durante o Torneio das Guildas de Fiore. Ele sabia que podia derrotar Rector com aquilo.

Diego fez mais uma magia. Um círculo mágico surgiu sob seus pés e dele saiu um brilho que cobriu todo o corpo do mago.

Payment for Theirs Sins.

O brilho cessou e Diego avançou. Seu oponente se preparou para defender, mas o rapaz desapareceu no ar. No instante seguinte, reapareceu atrás de Rector. Invocou em uma das mãos uma espada de sombras e atacou. A lâmina superou as escamas do vilão e abriu um corte nas costas do mesmo. Rector gritou.

– Como...

– Rector – chamou Diego. Sua voz estava mais grave. – Está na hora de descobrirmos quem é o maior demônio aqui.

–--

– Você está bem, querido?

Diego estava sentado no banco do belo jardim quando sua mãe chegou. Ele tinha dezesseis anos na época; havia acabado de ser expulso do Submundo. Mesmo com o carinho da mãe e o gosto de poder viver permanentemente com ela, o rapaz se sentia solitário; preferia que Gabriel também estivesse ali. Saber que ele continuava preso no Submundo o preocupava.

A deusa sentou-se ao seu lado. Só sua presença já era tranquilizante.

– Estou – mentiu Diego.

– Não, você não está. Eu sei disso. Conte-me, Diego. O que foi?

Diego olhou para a mãe. Não dava pra esconder nada dela.

– Estou preocupado com Gabriel.

– Seu irmão ficará bem. Não fique tão aflito por causa dele.

– Mas ele está sozinho com o papai. Sem eu, sem você, sem o Hayato...

– Gabriel é forte o suficiente para aguentar isso. E você sabe que não será para sempre.

– Mãe... Agora ele é o único herdeiro do Submundo. Como ele vai escapar disso?

A deusa acariciou o rosto do filho mais velho.

– Diego, querido. Ninguém tem uma vida traçada desde o momento que nasce. Temos o poder de mudar nossos destinos, e tenho certeza de que Gabriel fará isso com o dele.

Diego esboçou um meio sorriso.

– É. Você deve estar certa. –Ele tornou a olhar para o jardim. – Pelo menos eu não preciso mais praticar minha forma demoníaca.

Sua mãe pareceu surpresa.

– Como é?

– Bem... Papai começou a insistir que nos devíamos “despertar nossos demônios interiores”. Como uma transformação. Ele desistiu de Gabriel porque ele não conseguia progredir, mas continuou a me treinar para isso. E dói demais me transformar num demônio, e olha que eu nem cheguei perto de aperfeiçoá-la.

– E porque não a aperfeiçoa?

Diego a encarou confuso.

– Ahn... Como é?

– Parece ser uma magia poderosa.

– É uma magia negra. Suja. Não é você mesmo quem diz que devemos evitar esse tipo de poder? – Indagou o rapaz.

A deusa do Mundo Celestial sorriu singelamente.

– O que corrompe uma magia não é seu tipo, e sim como o usuário a usa. Se você usar essa habilidade para o bem, será uma magia... Limpa.

– Então você acha que eu devo praticar?

– Sim – afirmou ela. – Creio que essa magia ainda será muito necessária para você proteger àqueles que você ama agora e que amará no futuro. Só pegue mais leve nos treinos. Crie seu próprio ritmo.

– É só estranho justamente você me convencer a me tornar um demônio.

Sua mãe soltou sua risada graciosa e beijou delicadamente a bochecha de seu filho. Diego sorriu.

– Mas eu prometo, mãe. Vou continuar o treinamento.

–--

– Eu vou falar pela última vez – disse Diego ainda apontando a espada sombria para Rector. – Saia do corpo do meu amigo imediatamente, senão...

– Senão o que? Você não percebe que mesmo que eu saia do corpo de Hayato, me matar e matar ele é exatamente a mesma coisa?

Diego cerrou os dentes. Por mais que odiasse admitir, ele tinha razão. Não faria a menor diferença. Qualquer coisa que ele fizesse com Rector, estando ele em seu corpo original ou no de seu amigo, traria consequências a Hayato.

Talvez sua mãe estivesse errada. Hayato não tinha o poder de escolher o seu destino.

Rector aproveitou a distração do oponente. Ignorando a pontada de dor, levantou-se, desviou da espada e agarrou o pescoço de Diego com a mão coberta de lava. Este gemeu, mas rapidamente desapareceu dali. Reapareceu no instante seguinte atrás de Rector, segurando-o pela nuca e o jogando com toda a força para cima. Então, avançou até, usando um escudo de luz em seu braço para empurrar o inimigo para o mais alto possível.

O escudo cedeu, mas Rector não caiu; pequenos jatos de lava sob cada um de seus pés o mantiveram no ar. Envolvendo o punho de lava mais uma vez, socou o rosto de Diego, mas ele não cedeu. O rapaz revidou o soco, e assim os dois começar a trocar uma série interminável de combos

Em certo momento, Rector segurou um dos punhos de Diego. O rapaz tentou socar novamente, mas foi impedido mais uma vez. Rector estava segurando com força demais. Sem deixar a oportunidade escapar, ele abriu a boca, e um jato de lava escapou da mesma. Não havia como Diego escapar dessa vez.

Sua única alternativa foi se segurar firmemente no inimigo enquanto sentia a lava queimando cada parte do seu corpo. Se não fosse pela transformação, provavelmente já não estaria mais ali.

O rugido enfim parou. Diego ainda estava lá, com as asas batendo com dificuldade devido às várias penas queimadas, a armadura queimada, o corpo inteiro gritando de dor. Mas ele não cedeu. Conseguiu arranjar forças para continuar segurando Rector e, enfim, jogá-lo com toda a força em direção ao chão.

Este ainda usou a magia para diminuir a velocidade da queda. Só que Diego não desistiria tão fácil de derrotá-lo; voou – ou melhor, caiu – a toda velocidade até seu alvo com um escudo de luz em seu braço. Rector tentou se defender com os braços, mas a velocidade da queda de Diego o ajudou. A colisão de um potente escudo com as resistentes escamas de dragão causou um barulho, seguido de uma rajada de vento. Após segundos que pareceram uma eternidade, um clarão se fez e a luz venceu, e o outro caiu de vez no chão.

Diego caiu logo em seguida, fraco devido ao golpe anterior. Seu poder mágico se esvaía; uma das asas já estava para desaparecer, e seus olhos aos poucos voltavam à cor normal, tal como sua pele. Os músculos também doíam enquanto iam perdendo seu volume.

Rector se reergueu, caminhando lentamente até um Diego ajoelhado e ofegante. Ele equipou uma das mãos com garras de lava e se preparou para atacar.

Então, ele hesitou. Foi apenas por um breve instante, mas Diego notou quando os olhos de seu adversário voltaram ao normal. E ele ouviu a voz de Hayato: “O que acha que está fazendo? Ele ainda é um dragão. Pode deixar comigo.”

O instinto do Darklight apitou. Apenas o breve momento em que Rector parou para balançar a cabeça, como se tentasse afastar a consciência de Hayato, foi o suficiente para Diego se recuperar.

Um buraco se abriu sob os pés de Rector e o engoliu. Diego conseguiu se arrastar até a beira. Seu adversário caía de cabeça lentamente em direção aos confins do Submundo.

– Você acha que pode me afetar me lançando para meu território? – Debochou Rector.

– Quem disse que você vai chegar até lá?

E então um gigante acorrentado surgiu diante de Rector, também de cabeça para baixo.

– Eu lutei até agora pensando que você era apenas um espírito possuindo Hayato e que podíamos lutar de igual para igual, mas é mais do que isso. Você é um dragão em forma de homem. É isso que o Level 3 faz. Suas escamas são de um dragão verdadeiro. E não importa o quão forte eu fique, os únicos que podem enfrentar isso de verdade são outros dragões... E Dragon Slayers.

– Então o que pretende fazer? Não há nenhum Dragon Slayer por aqui.

Diego sorriu.

– Mas é claro que tem. Eu só preciso reanimá-lo.

As correntes do gigante se quebraram. Ele estendeu a mão para Rector ao mesmo tempo em que uma aura vermelha começava a emanar do mesmo.

– O que...

– Volte a sua verdadeira forma, Rector.

O gigante fechou o punho diante do vilão e começou a puxar a aura. Conforme ela se afastava do corpo de Hayato, ela se tornava mais agitada e as escamas do rapaz iam sumindo. O gigante não conseguiu puxar mais, deixando um fio ligando a aura ao rapaz; a alma de Rector continuava permanentemente ligada a Hayato.

– Você devia me agradecer. Normalmente esse carinha te daria uma boa surra.

A alma do dragão se agitou ainda mais, tentando escapar da imensa mão do gigante, assumindo uma forma física surpreendente. Diego não se moveu. Mesmo sendo apenas uma alma, não havia o que ele pudesse fazer. O único que poderia dar o fim naquilo...

Quando Rector conseguiu livrar uma parte de seu corpo, a mesma foi atingida por uma garra de lava.

– E você – disse Hayato, novamente com o corpo sob seu controle –, está na hora de pagar pelo que fez.

A ferida de Rector se estendeu. Sua alma parecia estar rachando. Ao mesmo tempo, Hayato contorceu o rosto numa careta de dor.

– Eu vou para o inferno, moleque – rosnou o dragão. – Mas você vem comigo.

Hayato abriu um sorriso triste.

– E você acha que eu não sei disso?

A alma de Rector se despedaçou. Diego reuniu as últimas forças para voar até Hayato e trazê-lo de volta a superfície antes que o buraco se fechasse, aprisionando o dragão infernal na escuridão eterna.

O rapaz colocou o amigo no chão e caiu de joelhos com o cansaço, retornando a sua forma normal. Hayato fitava o céu com um olhar perdido. Ao menos era ele mesmo.

Quando o mago da Blue Pegasus enfim olhou para o da Fairy Tail, esboçou um sorriso tão fraco que era quase imperceptível.

– Engraçado, não? Eu disse que, se fosse imortal, traria o fim do mundo... E acabei me sacrificando para salvá-lo da destruição.

Uma lágrima escorreu em seu rosto. Diego também deixou uma escapar.

– Obrigado por me libertar, Diego.

O Darklight desviou o olhar. Não queria receber agradecimentos por ter matado seu amigo.

– Você não me matou. Matou Rector – disse Hayato como se lesse seus pensamentos. – Minha morte é apenas uma consequência.

– Dá na mesma – murmurou Diego.

Um brilho surgiu alguns metros adiante. Quando ele cedeu, Gabriel e os outros magos que foram ao Submundo apareceram. O Darklight mais novo notou a cena e correu até lá, seguido pelos outros. Gabriel gritou algo, mas Diego não conseguiu definir suas palavras. Seus ouvidos zumbiam.

– Sabe de uma coisa? Eu estou em paz. Estou finalmente livre de Rector e de Ethan. Não terei mais que carregar o fardo que tenho nas costas desde que fiz o pacto. Acho que posso aturar o Submundo.

– Você não vai pra lá. O Mundo Celestial será restaurado agora, lembra? Seu lugar é lá em cima.

– Duvido muito.

Os magos chegaram. Gabriel se abaixou ao lado do irmão, enquanto Kazuo e Nadeshiko se aproximavam do outro lado. A garota e o Dark Mage choravam. O Dragon Slayer da Neve parecia gritar algo sobre resistir, embora fosse óbvio que ele já soubesse que não havia escapatória para Hayato. O resto do grupo ficou a observar atrás deles.

– Ei, pirralho – disse ele, se referindo a Gabriel. – Se cuide, ouviu? Sei que você será muito mais forte do que já é. Nunca chegará ao meu nível, mas já alguma coisa.

Gabriel secou as lágrimas e forçou um sorriso.

– Falou o cara que está morrendo.

Ele não conseguiu manter o bom humor por muito tempo. Logo baixou a cabeça e irrompeu em lágrimas novamente.

– Kazuo, lembre-se de não confiar em Ethan. Entendo que você não queira admitir isso, mas ele é do mal.

Kazuo trincou os dentes.

– Apesar de tudo... Você e Kouji foram ótimos amigos e ótimos irmãos. Eu já tive muita raiva de vocês, mas amo os dois mesmo assim. Obrigado por tudo.

O Nakamoto deixou algumas lágrimas escaparem.

– Que droga, Kenta.

Por fim, Hayato olhou para Nadeshiko.

– Eu não acredito que tenha deixado Ethan fazer eu me esquecer de você tão facilmente. Ele simplesmente apagou da minha memória uma das pessoas que mais me fez feliz na minha vida toda.

A garota continuava a chorar descontroladamente.

– Kenta-kun... Você não pode morrer. Os três mosqueteiros são quatro, e não dois!

Ele riu fracamente. Com um pouco de esforço, segurou a mão de Nadeshiko.

– Desculpe. Não queria te magoar.

Vários raios de luz surgiram no céu nublado. As nuvens começaram a desaparecer deixando apenas um círculo de luz. O mesmo iluminou o rosto de Hayato. O garoto fechou os olhos.

– Aí está. A única coisa boa que fiz na vida.

– Kenta... – Chamou Kazuo. – Pelo menos diga o que você pediu a Ethan antes de fazer o pacto. Eu garanto que irei realizar seu desejo.

– Não precisa, Kazuo. Ele já foi realizado.

O Dragon Slayer ergueu as sobrancelhas com a surpresa.

– E qual foi o pedido?

– Livrar meus pais de seus pecados... Eles já pagaram por todos. – A voz de Hayato estava embargada de choro. Ele tremia. – E deixar Gabriel e Diego viverem num lugar melhor... Eles já vivem aqui, com todo o pessoal. Não há mais nada que eu possa pedir. Estou satisfeito.

Gabriel soluçou. O choro de Diego se intensificou. Nadeshiko cobriu o rosto com as mãos. Kazuo mordeu o lábio inferior na tentativa de fazê-lo parar de tremer.

– Obrigado pessoal... E me perdoem... Por tudo.

– Vai demorar pra eu te perdoar por ser tão idiota – murmurou Kazuo. Ele não conseguia mais conter o choro. Talvez nem quisesse.

O círculo luminoso no céu brilhou ainda mais sobre Hayato, que não tirava o sorriso do rosto mesmo com a chegada do seu fim. Quando Diego piscou, havia mais uma mulher com eles.

A moça tinha uma forma espiritual, mas não havia como não reconhecê-la. Gabriel pousou a mão em seu ombro. Eles pareciam ser os únicos a enxergá-la.

A deusa do Mundo Celestial passou as mãos carinhosamente na testa de Hayato. Em seguida, estendeu as mãos sobre coração do rapaz e logo as uniu em uma concha. Segurava agora uma pequena forma brilhante: a alma de Hayato.

Ele flutuou, subindo até o círculo de luz, e desapareceu. Todo o céu se clareou. Diego olhou novamente para o corpo do amigo. O sorriso continuava estampado no rosto, mas ele não mostrava mais nenhum sinal de vida. Sua mãe o levara para um lugar melhor.

O único som que se ouvia era o dos soluços dos quatro. Os outros magos aproximaram-se mais para tentar consolá-los, embora alguns deles também estivessem chorando. Diego não escutou nada do que disseram. Agora só conseguia prestar atenção em sua dor e naquelas imagens: os últimos minutos de vida e o sorriso que não abandonara o rosto do amigo que se sacrificou mais de uma vez para salvar a ele e seu irmão.

E, principalmente, no pensamento de que não conseguira ser forte o suficiente para retribuir o que ele fez.

– Nós que agradecemos – sussurrou para o falecido. – Por tudo.


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Notas finais do capítulo

~ Sem prévia para o próximo ~
Soreha, sayounará!



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