Grupo 6: Masaki Suzuki, Yano Fuller, Felicity Kunoa e Luke Blaze.

Luke quase se arrependeu de ter levado o grupo até o local certo. Mas assim que viu no mapa, algo o fez correr até lá. Agora só o que queria voltar para a guilda ou, de preferência, socar alguma coisa.

Meia hora antes...

  - Scarlet Flame Lion!!

 - Bakudan Funka!!

 Enquanto os leões de chamas escarlates de Luke atacavam os Lizardmens, as bombas mágicas de Masaki explodiam no ar para espantar os Clippers – grandes aves verdes que deveriam estar em Tenroujima.

 Os dois magos queimavam árvores e a grama sem cada ataque. Assim que os monstros se afastaram, Felicity teve de usar sua Nature Magic para fazer flores crescem nesses locais. Por sua vez, Yano tentava entender para onde deveriam ir, já que o destino marcado no mapa do grupo não parecia dar em qualquer local conhecido.

 - Não faz sentido... – Murmurou, enquanto o resto do grupo descansava após suas tarefas. – Esse lugar nem deve existir.

 - Podemos usar algum lugar perto dele como referência – sugeriu Felicity.

 - É só mato – desanimou-se Yano. – E pelos meus cálculos, não estamos muito perto.

 - Me deixe ver isso. – Luke foi até ele pegou o mapa. Após algum tempo o examinando o mapa, disse: - Eu... Eu conheço esse lugar.

 Felicity e Masaki também foram ver o mapa. Luke fitava o local marcado com espanto.

 - Onde é? – Indagou o mago da Lamia Scale.

 O rapaz continuou estático por um momento, até que começou a balançar a cabeça.

 - Luke? Você está bem? – Preocupou-se Felicity.

 - Ao norte – ele disse. – Me sigam.

 30 minutos depois, o quarteto chegou ao seu destino: uma grande área queimada que antes fora uma floresta, com apenas algumas mudinhas de plantas. Luke deu uma olhada ao redor, as memórias voltando à tona.

 - Mas que droga de lugar é esse? – Resmungou Yano.

 A garota parecia ser a única a perceber o estado do amigo. Delicadamente, pousou a mão em seu ombro.

 - Luke...?

 - Eu voltei – finalmente falou. – Minha casa...

 - Você morava aqui? – Estranhou Masaki. – O que houve com sua casa?

 O outro ruivo suspirou.

 - Fui eu.

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Fiore, X841

 Um garotinho ruivo de 8 anos corria pelo vilarejo atrás de uma menina da mesma idade. Ela tinha cabelos loiros escuros batendo nos ombros, pele amorenada pelo sol, olhos castanhos claros. O garoto finalmente conseguiu alcançá-la, e ambos continuaram correndo, querendo vencer a corrida.

 Ela conseguiu chegar primeiro no ponto de chegada. O menino sentou-se no chão, emburrado.

 - Que saco! Você sempre ganha!

 - Porque eu sou melhor! – Ela lhe mostrou a língua. – Admita, Luke. Você nunca vai conseguir me vencer!

 - Um dia, Cate! – Jurou ele. – Você não vai vencer para sempre.

 Cate começou a rir, mas foi interrompida pela visão de um senhor idoso, aproximando-se do ruivo. Fez uma reverência em sinal de respeito.

 - Ohayou, Fushira-san.

 Luke, ainda sentado, inclinou a cabeça para trás para poder ver o velho. Sorriu.

 - Ohayou!

 - Mais respeito, baka – repreendeu-o sua amiga.

 Fushira levantou a mão.

 - Não me importo, jovem Cate. Estou acostumado com o comportamento de Luke.

 O menino levantou-se e foi sua vez de mostrar a língua.

 - Viu só? O sensei não se importa!

 Cate tentou ficar emburrada, mas a curiosidade a venceu.

 - Sensei?

 - Estou ensinando a Fire Magic ao jovem Luke – explicou Fushira.

 - Isso! Logo me tornarei um grande mago, e eu vou vencer! – Empolgou-se o ruivo.

 - Como assim, Luke? Você machucaria uma garotinha indefesa?

 O menino corou e parou para pensar um pouco. Enfim, respondeu:

 - Você é só uma garota chata, Cate! – Disse, fazendo-aela rir.

 Quando aluno e mestre se direcionavam ao local de treinamento, a garota gritou para o amigo:

 - Luke! Eu também vou me tornar uma maga, e vou vencer de novo!

 Ela não pôde fazer isso.

 Semanas depois dessa típica manhã em Wooden Villlage, pouco antes do início do treinamento de Luke, o pequeno mago praticou sua nova magia para impressionar seu sensei. Suas chamas escarlates surgiram a frente de suas mãos, ganhando mais poder a cada momento. Quando chegaram a um tamanho considerável, Fushira chegou.

 - Jovem? O que você...

 - Minha nova magia, sensei! Scarlet Flame Hurricane!

 Infelizmente, ele não conseguiu mais controlar o próprio poder. As chamas saíram do controle. O velho tentou fazer algo, mas o fogo o impeliu. A criança gritou por ajuda. De repente, o furacão escarlate fugiu completamente de seu controle, atingindo todo o vilarejo.

 Como uma criança assustada, Luke se abaixou e começou a chorar.

 As chamas pareceriam ser fiéis ao mestre; nem chegaram perto de machucá-lo. O menino só teve coragem de erguer a cabeça quando elas cessaram. No lugar de seu querido vilarejo, apenas uma grande área queimada, com destroços carbonizados. 

 Ele não teve coragem de verificar os restos; apenas fugiu.

 4 anos de muito treinamento depois, Luke Blaze encontrou a Fairy Tail...

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 Luke contou a história, tirando a parte de Cate, indo direto a parte em que incendiava seu vilarejo.Quando o rapaz deixou cair algumas lágrimas, Yano e Masaki ficaram sem saber o que fazer. Felicity foi a única que deu um passo a frente e abraçou o amigo.

 - Sinto muito – murmurou em seu ouvido. Não sabia mais o que dizer.

 Ficaram assim por um tempo, até Luke se afastar e abrir um sorriso.

 - Arigatou, Fel. 

 No fundo, Felicity não parava de pensar que ficara até mesmo aliviada. Se o destino daquela missão fosse seu país natal, não saberia como encarar as pessoas de lá. Mas também tinha uma pontada de decepção; ainda queria mostrar a todos sua bela magia.

 De tão perdida nesses pensamentos, demorou para perceber que Luke gritava para ela tomar cuidado. Correndo na direção do grupo estava uma porco roxo enorme de pintas pretas.

 - Um Hodras?! – Espantou-se Masaki. – Mas que...

 - Deixem comigo!

 Então Yano estendeu a mão e usou a Disassembly Magic para criar uma fina rede mágica na frente de Hodras. O porco gigante bateu nela, fazendo com que vários porquinhos em miniatura surgissem. Eles continuaram o ataque.

 Felicity sacou seu lírio e deu um giro. Pétalas de vários tipos de plantas surgiram e rasgaram os bichinhos como se fossem navalhas.

 - Whirlwind Petal!!

 Os monstrinhos finalmente fugiram.

 O grupo resolveu montar acampamento ali perto. Acenderam a fogueira à noite e colocaram seus sacos de dormir em volta dela.

 - Sua magia é bem forte, Yano – elogiou Masaki. – Que tal uma luta amanhã?

 - Eu vou te derrotar – garantiu ele.

 - Não pode vencer a minha Bakudan no Mahõ!

 - Crash Magic é a mais forte!

 - Veremos!

 Luke de repente se lembrou de sua saudável rivalidade com a melhor amiga de infância, Cate.  Riu levemente e deitou-se, olhando para o céu.

 - Se você quiser – disse a única garota do grupo -, eu posso reflorestar essa área amanhã.

 - Não precisa, Fel. Se for reflorestada, essa área vai ser como as outras, e não vou poder diferenciá-las das outras. Não poderei vir aqui e sentir nostalgia. Entende?

 Ela puxou o saco de dormir para o lado dele.

 - Não. Você é estranho.

 Ambos riram. Ao fundo, Yano e Masaki discutiam sobre qual magia era a mais forte.

 - Mas você não sofre com isso?

 - Claro que sim. Mas... – Virou a cabeça para a amiga. – Eu tenho a Fairy Tail agora, né? Jurei nunca mais ferir um inocente, e nunca mais usar aquela magia a menos que seja realmente necessário. Se eu não quebrar essas promessas, acho que posso dar a volta por cima.

 - Scarlet Flame Hurricane... Você usou ela no torneio.

 - Precisava vencer aqueles dois. E mostrar que posso ser mais forte que Ace!

 Felicity riu e logo mudou de assunto:

 - Você... Tinha uma namorada? Uma garota que gostava?

 Luke pensou um pouco, estranhando a pergunta.

 - Tinha uma amiga. Seu nome era Cate, e éramos meio que rivais em tudo. Apostávamos corrida, lutávamos... E ela sempre vencia. Mas tínhamos 8 anos. Eu não gostava dela daquele jeito.

 O rapaz fez uma rápida descrição de Cate.

 - Vocês combinam – comentou Fel, tentando esconder os ciúmes. – Dariam um bom casal.

 - Talvez... – Luke olhou novamente para ela e abriu um sorriso sapeca. – Com ciúmes?

 Ela corou violentamente.

 - Claro que não, baka! – E virou para o outro lado. – Boa noite!

 Luke riu novamente e fechou os olhos, tentando cair no sono. Ao invés disso, relembrou suas competições com a falecida amiga, não conseguindo deixar de se culpar pela sua morte. Ela merecia viver mais, pensava. E de repente, com tristeza e talvez com sem querer, murmurou:

 - Sabe Cate, você não era só uma garota chata.