Outtake II

Porta batendo. Água correndo. Saltos contra o piso. Objetos caindo no chão. Xingamentos em voz baixa.

Esses barulhos acabaram acordando Edward, porém, a última coisa em que ele pensava era levantar da cama. Ele mudou sua posição, que estava de lado, e rolou, ficando de bruços. Embora a luz intensa do dia atravessasse a janela de vidro e as cortinas e batesse em suas pálpebras, ele se recusava a abrir os olhos. O rapaz ainda se encontrava em algum lugar entre o consciente e o inconsciente, percebendo que esses barulhos estavam sendo provocados por Bella apenas quando moveu o braço ao seu lado na cama e só encontrou lençóis e um travesseiro.

Contra sua vontade, ele abriu os olhos lentamente e os esfregou para ver melhor, encontrando sua namorada em frente ao espelho da penteadeira terminando de abotoar sua camisa xadrez vermelha, depois de vasculhar o quarto com o olhar.

– Bom dia, Belo Adormecido! – disse ela brincando, olhando-o através do espelho. – Já estava começando a achar que estava em coma. – Fechou o último botão e virou-se para o ruivo, que tinha os olhos apertados e os cabelos mais bagunçados do que o habitual, numa adorável expressão de sono.

Edward balançou um pouco a cabeça, tentando organizar suas ideias, e então pôde formular uma pergunta.

– Por que você está acordada há essa hora? – questionou com a voz rouca, seus olhos querendo fechar novamente. Bella riu.

– Como assim “há essa hora”, Edward? São 11h23 – respondeu a morena, apontando para o relógio digital ao lado da cama, sobre o criado-mudo.

– Você vai sair? – quis saber Edward, vendo que Bella estava arrumada.

A mulher aproximou-se da cama e sentou-se na beirada, com uma expressão um pouco culpada.

– Bom... É – respondeu. – Me ligaram do estúdio dizendo que a reunião que seria na segunda vai ser hoje. Daqui a sete minutos, para ser mais exata – explicou, e Edward despertou um pouco mais. Ele juntou as sobrancelhas, confuso.

– Mas não te deram folga hoje? – contestou, inconformado.

– Sim, mas aparentemente Alec quer a segunda-feira livre porque precisará viajar, e quer resolver os assuntos dá próxima semana hoje. Parece que haverá algumas demissões e novas contratações. E adiantaremos algumas coisas para as próximas gravações – disse Bella, torcendo os lábios, num sinal de que também não estava gostando nem um pouco daquela ideia.

– Ah, mas que droga – resmungou Edward, puxando sua namorada mais para perto, fazendo com que ela caísse parcialmente sobre seu corpo seminu. – Pensei que teríamos esses três dias só para nós. Principalmente hoje – disse, segurando Bella pela cintura, olhando para seu rosto e sentindo seus longos fios castanhos roçarem em seu ombro e pescoço. – Aliás, feliz aniversário – sussurrou, colocando a mão na nuca da morena e dando um beijo leve em seus lábios. Ela sorriu contra sua boca.

– Você já disse isso quando deu meia-noite. E se acabar como acabou na madrugada, vou me atrasar mais ainda – murmurou ela, beijando-o mais uma vez, tentando desvencilhar-se dos braços dele.

– Não quero que você vá... – grunhiu ele, prendendo-a em seus braços e enterrando o rosto em seu cabelo, na curva de seu pescoço, encontrando o lóbulo de sua orelha com a língua.

– Eu também não quero ir, mas... Mas... – dizia ela com dificuldade – Edward, é sério, para com isso – pediu num sussurro, mesmo que seus dedos estivessem enterrados nos cabelos arruivados de seu namorado.

– Não – respondeu ele simplesmente, continuando a mordiscar e beijar sua orelha e pescoço, como sabia que ela gostava, enquanto suas mãos desciam perigosamente pelas costas da morena.

– Edward... – disse ela entredentes, esforçando-se ao máximo para concentrar-se em seu objetivo. – Eu não vou demorar. Devo estar de volta no fim da tarde – informou, tentando levantar mais uma vez. E sendo impedida mais uma vez.

– O quê? Vou ficar a tarde toda aqui sozinho? – perguntou indignado, como se aquela fosse a pior coisa do mundo.

– Como você é exagerado, amor! E você não vai ficar sozinho – disse apontando para a porta do closet, onde uma bola de pelos laranja se espreguiçava. – O Jimmy te faz companhia – deu de ombros. Edward fez cara feia.

– Ficar com esse gato idiota é pior do que ficar sozinho – resmungou fazendo bico.

– Não fala assim com ele, Edward. Jimmy é um amorzinho – disse ela olhando para o bichano, que olhou para ela ao ouvi-la falar seu nome. – Vem cá, amor da mamãe, vem – chamou, sentando-se na cama e gesticulando com a mão e fazendo sons estranhos com a boca, que fizeram o gato se aproximar lentamente da cama. – Você vai ser bonzinho e cuidar do papai, não vai? – perguntou ao gato, fazendo carinho em sua orelha.

– Eu não sou pai dessa coisa feia – reclamou Edward, virando a cara para o animal.

– Para com isso, Edward! Até parece que nós vivemos grudados – irritou-se Bella.

– E é exatamente por isso que eu estou chateado. Você tem que trabalhar justo quando temos uns dias para nós. E no dia do seu aniversário – disse com raiva, cruzando os braços. Bella sentiu-se mais culpada ainda.

– Não, não fica assim. Nós ainda temos o fim de semana todo. E parte da segunda também, quando você chegar da faculdade – tentou animá-lo, abaixando-se para beijar seu rosto. – Não fica zangado comigo. Quando eu voltar, teremos o resto do dia e mais dois dias inteirinhos para você fazer comigo o que quiser – sussurrou em seu ouvido, depositando um beijo demorado logo abaixo de sua orelha e passando a mão pelo peito dele, fazendo-o ficar arrepiado.

– Hmm... Acho que gosto dessa ideia – disse ele, ainda se fazendo de difícil.

– Tenho certeza que sim. – Beijou-o mais uma vez nos lábios antes de se levantar. – Agora tenho que ir, já estou atrasada demais. Levanta também, não vai ficar o dia todo aí – disse ela, conseguindo levantar-se finalmente. – Edward! Levanta! – gritou quando viu que ele virou de bruços novamente.

– Não. Tem outra coisa querendo levantar aqui, e a culpa é toda sua – disse com a voz abafada pelo travesseiro, gesticulando para o meio de suas pernas.

– Você está impossível hoje – ela rolou os olhos, segurando-se para não rir, voltando à penteadeira e passando as mãos rapidamente pelos cabelos. Pegou sua bolsa que estava sobre uma poltrona e aproximou-se novamente da cama. – Edward! – esbravejou, puxando com força o lençol que o cobria, fazendo-o quase cair no chão.

– Argh, já levantei! – falou ficando de pé, um pouco cambaleante.

– Estou vendo. Já estou indo – anunciou ela irritada, dirigindo-se à porta.

– Bella, espera! – gritou Edward, assustando a morena, que se virou rapidamente e com os olhos arregalados.

– O que foi? – perguntou alarmada.

– Quero beijo – respondeu ele, rindo da reação dela e aproximando-se.

– Seu filho de uma... – Ela não pôde terminar, pois a boca dele já cobria a sua num beijo apaixonado.

O rapaz a segurou pela cintura, passeando as mãos pelas costas dela, mantendo-a bem junto de seu corpo, enquanto ela se rendia e passava suas mãos pelo peito dele até chegar aos cabelos que ela tanto amava repuxar e acariciar. Bella notou que aquele beijo estava tomando um rumo perigoso quando sentiu o membro de Edward já ganhando vida contra seu baixo ventre, e tratou logo de interrompê-lo, ou ela não sairia dali tão cedo e levaria uma bronca de seu diretor ranzinza.

– Edward... Eu preciso ir – murmurou, afastando seus lábios dos de seu namorado, que gemeu de insatisfação.

– Não demora – pediu antes de soltá-la.

– Vou tentar. Tchau – despediu-se antes de dirigir-se à porta novamente. – Ah, e não deixe cueca jogada no chão e nem toalha molhada em cima da cama – avisou, fazendo-o rir.

– Sim, senhora – respondeu e Bella saiu pela porta rindo.

Agora eles estavam juntos há quase um ano, e há quatro meses Bella conseguiu finalmente convencer Edward a ir morar com ela. Embora ela apresentasse cada vez mais razões convincentes a ele, o rapaz se sentia inseguro quanto a esse passo. Não porque não gostava da ideia, muito pelo contrário, ele a amava e isso era a melhor coisa do mundo, mas seu estúpido orgulho masculino dizia que não deveria ser daquele jeito. Ele chegou a cogitar comprar uma casa nova, com seu próprio dinheiro, para que não parecesse que ele estava se aproveitando da boa vida da namorada, mas depois várias conversas com ela e de pensar melhor, resolveu sair de sua pequena casa alugada e se mudou para a casa de Bella, que ficou radiante com a decisão. Mas ele fazia questão de ajudar em todas as contas, muitas vezes não deixando Bella pagar absolutamente nada. O dinheiro que ganhava com suas campanhas publicitárias em revistas e comerciais era suficiente para que ele pudesse ajudá-la e pagar as taxas de sua faculdade recém-começada.

A experiência de morar juntos estava sendo maravilhosa até o momento, e mesmo que passassem a maior parte do dia separados, sentiam-se realizados por dormirem e acordarem juntinhos. Eles descobriam cada vez mais coisas em comum ao longo da convivência, assim como descobriam pontos diferentes. Mas felizmente eles tinham maturidade suficiente para lidar com isso, deixando a vida a dois cada vez mais interessante e especial.

Edward ainda cogitou voltar para a cama, mas agora ela se encontrava ocupada pela bola de pelos preguiçosa que lambia uma das patas com muita despreocupação. Espreguiçou-se antes de dirigir-se à porta do banheiro do quarto e retirar sua samba-canção, esquecendo-se instantaneamente dos avisos de Bella e deixando a peça de roupa no chão na entrada do banheiro. Entrou já na intenção de tomar um banho gelado, tanto para despertá-lo por inteiro tanto pela ereção que sua namorada provocou antes de “abandoná-lo”.

Ao chegar ao box, parou com a mão na válvula do chuveiro e pensou um pouco. Já que Bella precisou trabalhar e o deixou sozinho, achou que merecia um pouco de alívio. Olhou ao redor, sentindo-se um garoto prestes a aprontar, e ligou a água quente, deixando-a correr um pouco por seu corpo nu e levando sua mão direita até sua ereção, envolvendo-a e começando movimentos de vai-e-vem ao longo de seu comprimento, fechando os olhos e visualizando sua namorada e seu corpo de curvas perfeitas que o excitavam, lembrando-se de como sua mão pequena e habilidosa o tocava e o deixava louco, e como seus lábios o envolviam e lhe davam prazer como nunca. Sua mão ficava mais frenética conforme sua necessidade, indo da base até à extremidade, roçando o indicador na ponta sensível. Encostou-se na parede, suas pernas ficando fracas quando sentiu que estava perto de gozar.

O que ele não imaginava era que enquanto isso, Bella xingava com a mão na testa enquanto voltava para o interior da casa depois de olhar a hora em seu celular e vasculhar sua bolsa em busca as chaves de seu carro e não encontrar. Passou rapidamente pela sala, topando com Kate, sua empregada, que carregava uma pilha de roupas nos braços.

– Bom dia, dona Bella – cumprimentou a mulher de uniforme azul-escuro, cabelos pretos presos num rabo de cavalo e pele clara. – Vai sair? – indagou. Bella diminuiu seus passos.

– Bom dia, Kate. Vou sim, tenho coisas do trabalho para resolver hoje. O que faz aqui? – quis saber a morena, lembrando-se de eu havia dispensado a serviçal.

– Na verdade, já estou de saída. Lembra que a senhora me pediu que viesse passar a roupa para ficar com fim de semana livre? – questionou, seguindo a patroa pelas escadas.

– Oh, sim. Obrigada, Kate.

– Que é isso, é o meu trabalho – deu de ombros, dirigindo-se ao quarto de serviço para deixar a roupa para que Edward e Bella guardassem depois. – Aliás, feliz aniversário – felicitou, fazendo Bella sorrir.

– Obrigada – agradeceu sincera, com um sorriso tímido. – Agora, se não se importa, preciso correr para o quarto e pegar minhas chaves, ou meu diretor vai zunir no meu ouvido – revirou os olhos.

– Claro, senhora. Até segunda-feira – despediu-se antes de ir deixar as roupas em seu destino.

Bella entrou apressada em seu quarto e vasculhou-o com o olhar até avistar as chaves de seu carro sobre sua penteadeira. Correu até lá e pegou, mas seus olhos não deixaram de notar a peça de roupa de Edward jogada no chão perto do banheiro, que tinha a porta entreaberta.

– Merda, Edward. – Ela bufou e revirou os olhos, indo pegar a cueca do chão para por no cesto de roupa suja.

Quando ergueu o corpo para sair dali, a morena congelou no lugar. Pelo espaço da porta do banheiro e através do box de vidro que estava completamente aberto, pôde ver seu namorado de costas, gemendo baixinho, encostado à parede, seu braço fazendo movimentos que fizeram seu rosto pegar fogo e seu baixo ventre se contorcer. Hipnotizada e boquiaberta, ela assistiu os músculos da bunda e das coxas de Edward se contraírem e relaxarem à medida que ele jogava a cabeça sutilmente para trás e chamava baixinho pelo nome dela. Ela estava ofegante, assim como ele, que sentia suas pernas fraquejarem. A morena estava quase invadindo o banheiro quando seu celular vibrou em sua mão, indicando mais uma ligação do estúdio. Respirou fundo e virou-se para sair dali sem ser percebida por Edward, deixando a cueca dele no cesto de roupa suja antes de seguir cambaleante para seu carro, ligando o ar-condicionado e segurando o volante com força ao entrar nele.

No caminho para o trabalho, Bella começou a se perguntar se Edward fazia aquilo com frequência. Porque se a resposta fosse sim, isso poderia significar que ela não tem sido o suficiente para ele, afinal ele não era mais um adolescente na puberdade que se masturbava com a frequência com que respirava. Um aperto se formou em sua garganta ao pensar que ele poderia se cansar dela e de sua vida cheia e corrida e ir procurar o que não tinha em outro lugar. Em outra mulher. Seu coração falhou uma batida antes de ela afastar esse pensamento e decidir-se a mudar isso. Nem que ela tivesse que sacrificar o que mais prezava e se orgulhava. Edward era mais importante, sem sombra de dúvida.

Em casa, Edward terminava de vestir uma camisa enquanto esperava seu computador ligar, para que pudesse adiantar seus trabalhos da faculdade. Jimmy continuava sobre a cama, esparramado curtindo um soninho, e Edward bufou ao ver aquilo. Aproximou-se da cama e puxou o lençol bruscamente, como Bella havia feito com ele mais cedo, arremessando o gato para fora da cama, que apenas saiu andando tranquilamente até um canto do quarto e deitou-se novamente. O rapaz revirou os olhos e começou a arrumar a cama, indo até a cozinha ao terminar para buscar algo para comer. Fez um sanduíche simples e encheu um copo com suco de laranja antes de voltar para o quarto com seu lanche e encontrar o bichano sobre a mesa do computador, arranhando o teclado.

– O que pensa que está fazendo, sua peste? – perguntou o rapaz entredentes, mesmo que fosse impossível o gato responder. Repousou o sanduíche e o copo sobre a penteadeira de Bella e correu para tirar o animal de lá. – Saia daqui! – rosnou, afastando o gato com a mão para o lado, que logo pulou da mesa. Felizmente, não havia causado nenhum dano ao aparelho, e Edward começou a fazer seu trabalho enquanto comia.

Porém, não foi uma tarde muito produtiva. Hora ou outra Edward se via obrigado a levantar e repreender Jimmy, que não parava quieto um segundo e miava sem parar. Foi preciso muito esforço para que o rapaz resistisse à tentação de pegar um travesseiro e sufocar o animal para que o deixasse em paz. Era quase como se o bichano soubesse que poderia atazaná-lo o quanto quisesse, pois não levaria bronca, uma vez que Bella não estava lá e não acreditaria que ele estava se comportando mal. Pouco antes das seis horas, Edward finalmente terminava suas tarefas e respirava aliviado, embora Jimmy continuasse se enroscando em suas pernas e miando ininterruptamente. Ele pensou em ligar para Bella, já que já fazia um bom tempo que ela estava fora de casa, mas decidiu esperar, afinal ela deveria estar perto de chegar, pois já estava anoitecendo. Só então ele percebeu de que não tinha nada preparado para jantar. Droga, era o aniversário de sua namorada e ela ainda seria obrigada a cozinhar quando chegasse exausta. O rapaz tomou mais um banho rápido e dirigiu-se à cozinha, vasculhando os armários e a geladeira até decidir preparar a lasanha que Bella adorava.

E mais uma vez, o trabalho se tornou difícil devido à bola de pelos que não o deixava em paz, subindo na bancada, roçando nas pernas de Edward fazendo-o se desequilibrar algumas vezes, arranhando objetos e móveis. O ruivo já não aguentava mais e estava prestes a pisar no gato até ele morrer quando seus olhos passaram por uma prateleira onde havia um pacote grande de ração para gatos.

Claro! Essa peste laranja não me deixou em paz o dia todo porque está com fome! Como não pensei nisso antes? Bateu na testa antes de pegar a tigela de Jimmy e enchê-la com o conteúdo do pacote. O bichano atacou a comida com tudo, devorando com vontade. Edward riu da cena e de sua estupidez, e colocou a lasanha no forno.

Enquanto esperava assar, voltou até seu quarto e entrou em seu closet, vasculhando as gavetas até encontrar uma caixinha preta de veludo. Seu coração acelerou ao pensar no que ele faria com aquilo. Era um grande passo. Ele já guardava o objeto há algumas semanas e estava esperando o momento certo para usá-lo, e por algum motivo decidiu que seria hoje. Bella já o havia alertado de que não queria presentes, mas ele a ignorou, é claro. Com um sorriso bobo no rosto, ele guardou a caixinha no bolso de sua calça de flanela e tornou a descer as escadas, chegando à cozinha e encontrando a tigela do gato vazia e virada no meio da cozinha, enquanto o bichano rodeava o forno, de onde já se podia sentir o cheiro da lasanha quase pronta.

– Por isso é gordo desse jeito. Gato morto de fome – reclamou Edward, estalando a língua e mais uma vez afastando o gato com a mão para ver o ponto da lasanha, que precisava assar mais um pouco.

O ruivo foi para a sala, retirando todas as almofadas do sofá e arrumando-as sobre o tapete, para que o casal pudesse fazer sua refeição num lugar confortável, e diminuiu as luzes, na tentativa de deixar o ambiente mais romântico para quando chegasse a hora. De repente ele estava ansioso, olhando para a porta da frente a cada minuto, mudando a arrumação da sala diversas vezes, até que precisou tirar a lasanha pronta do forno.

Assim que ele repousou a travessa de vidro quente sobre a bancada da cozinha, olhou para o relógio e viu que marcava 18h46. Perguntou-se quanto tempo mais demoraria para que Bella chegasse, e num timing perfeito, a porta da frente se abriu, e sua namorada entrava em casa, com uma expressão cansada e segurando alguns embrulhos. Edward praticamente correu até ela, ajudando-a a colocar as coisas sobre o sofá e puxando-a para um abraço. A morena sorriu.

– Nossa! Até que enfim! – murmurou com riso na voz.

– Será que você sentiu minha falta? – questionou ela, acariciando a nuca dele, que mantinha o rosto pousado na curva de seu pescoço.

– Não muito – respondeu ele brincando, buscando a boca dela com a dele, beijando-a suavemente.

– Que cheiro bom... – murmurou ela, de olhos fechados.

– Tomei banho faz pouco tempo – brincou Edward e Bella gargalhou.

– Não, bobo, estou falando de cheiro de comida – explicou, ainda rindo da cara dele, que ruborizou um pouco.

– Ah, sim. Fiz lasanha – anunciou e no mesmo instante os olhos de Bella brilharam e sua boca salivou.

– Sério? – indagou e Edward fez que sim com a cabeça. – Awn, meu amor! – Ela o beijou novamente. – Estou morrendo de fome. O almoço que ofereceram lá no estúdio estava horrível – comentou, segurando-se no ombro de Edward para retirar os sapatos.

– E essas caixas? – quis saber o rapaz, apontando para o sofá. Bella torceu os lábios.

– Algumas pessoas se lembraram do meu aniversário e me deram uns presentinhos – deu de ombros. – Quase morri de vergonha quando cheguei lá e tinha um bolo enorme e a equipe toda do programa cantando “parabéns a você”. Por pouco não saí correndo – contou e Edward riu e a abraçou novamente.

– Mas então... Aquilo que você falou sobre dias livres e fazer o que eu quiser com você ainda está valendo? – perguntou sugestivo, roçando seu nariz no dela. A morena soltou uma risadinha.

– Claro – respondeu, dando uma leve mordida no lábio dele. – Mas preciso tomar um banho primeiro – completou, afastando-se repentinamente, piscando para ele e subindo rapidamente as escadas.

Edward sorriu bobamente mais uma vez e voltou para a cozinha, pegando alguns pratos e talheres e arrumando-os sobre a mesinha de centro da sala, buscando a travessa de lasanha em seguida. Serviu a comida nos pratos e sentou-se esperando por Bella, passando a mão de leve pelo bolso onde se encontrava a caixinha preta.

O rapaz revirou os olhos ao ver Jimmy se aproximando, subindo em cima do sofá e mirando fixamente a mesinha, com cara de quem vai atacar. Edward prontamente levantou-se e tirou o gato de lá, empurrando-o para a cozinha, mas o bichano não desistiu. Tentou atacar a comida novamente, e Edward novamente o impediu. Mais uma vez. Outra. E outra. Por fim, o rapaz se irritou de verdade e abriu a porta da cozinha, empurrando o gato para fora e trancando a porta em seguida. Quando voltou para a sala, Bella terminava de descer as escadas, usando um vestido preto simples de alcinha, cabelos úmidos soltos e pés descalços.

Ela sorriu para ele, que não pôde evitar sorrir também. Mais uma vez ele se aproximou e a beijou.

– Você está tão linda... – sussurrou, arrastando os lábios pela mandíbula dela, inebriado com seu cheiro bom.

– Hm... Obrigada – agradeceu meio incerta. Por mais que tentasse, ainda não estava bem acostumada aos elogios de Edward. Ele riu antes de beijar seus lábios mais uma vez.

– Vem. Vamos comer.

Edward puxou-a pela mão e os dois sentaram-se e começaram a saborear a lasanha, trocando poucas palavras, carinhos e sorrisos. O rapaz contou a Bella sobre sua tarde e no quanto Jimmy foi implicante. A morena não conseguia parar de rir do namorado, imaginando as cenas que ele descrevia. Ele também quis saber como havia sido no trabalho, mas ela resumiu em pouquíssimas palavras e desconversou.

A certa altura da noite, eles abriram uma garrafa de vinho e ficaram apreciando a bebida calados, apenas sentindo a proximidade um do outro e trocando carícias. Edward achou que aquele era o momento para começar a falar, mas Bella foi mais rápida.

– Edward... – chamou baixinho, deixando sua taça com a bebida pela metade sobre a mesa e aproximando-se mais dele, olhando em seus olhos. – Eu queria te contar uma coisa... Uma coisa que eu pretendo fazer – começou nervosa e o rapaz passou a prestar mais atenção.

– O quê? – instigou, colocando uma mecha de cabelo dela detrás de sua orelha. Bella respirou fundo.

– Eu... Não vou mais renovar o contrato com o programa – disse de uma vez, desviando um pouco o olhar, sentindo um nó na garganta. Edward franziu a testa.

– Como assim? – quis saber.

– Bom... Eu comecei o programa com um contrato de dois anos, e quando ele expirou, fechei outro de mais um ano. Que está acabando e... Não vou fechar outro – explicou.

– Mas por que não? Você adora seu trabalho – disse ele, na tentativa de tirar aquela ideia da cabeça dela.

– Eu sei... Mas eu adoro você mais – sussurrou, seus olhos se enchendo de lágrimas aos poucos.

– Bella, eu nunca te pedi que...

– Eu sei. Mas eu acho que não tenho sido uma boa namorada para você. Meu trabalho está constantemente nos atrapalhando e... O modo como você ficou zangado hoje de manhã...

– Bella... – Edward a interrompeu, segurando seu rosto com as duas mãos, fazendo-a olhar para ele. – Tire essa ideia da cabeça. Não faz sentido você querer largar tudo o que você construiu, tudo do que você mais se orgulha e faz de melhor por causa de uma estupidez minha. Eu nunca poderia pedir isso a você, amor. Não faça isso – disse sério, observando uma lágrima escorrer pela bochecha dela.

– Mas eu...

– E nunca diga que não é uma boa namorada para mim. Você é maravilhosa. Eu não poderia querer mais nada nesse mundo – murmurou, passando seus polegares gentilmente pelas maçãs do rosto dela.

– Mas, Edward... Imagine a situação contrária. Você não faria a mesma coisa? Ou ao menos pensaria em fazer? – indagou com a voz embargada.

– Claro que eu faria! E tenho certeza de que você também não me deixaria seguir em frente com isso – respondeu firme.

– Eu só... Quero que a gente dê certo. Você é melhor coisa que já me aconteceu. Não quero perder você – disse ela chorosa.

– Você não vai. Bella... Eu amo você. Amo muito. E mesmo que você tenha uma vida corrida por conta das responsabilidades e que a gente não passe o tempo inteiro juntos, nada me deixa mais feliz do que saber que no final do dia sempre vou poder dormir abraçado a você e ser o primeiro a ver seu rosto lindo quando outro dia começar – declarou, fazendo o coração de Bella disparar. – Eu tenho muito orgulho de você. Definitivamente sou um homem de sorte. E é por isso que... – começou a dizer, remexendo-se para pegar a caixinha de veludo em seu bolso. – Quero passar o resto da minha vida com você. – Abriu a pequena caixa, revelando um anel em ouro branco, com pequenos brilhantes incrustrados na superfície. Bella abriu um enorme sorriso, e mais lágrimas corriam por seu rosto. – Você aceita casar comigo? – perguntou, e Bella ficou muda por alguns segundos, alternando olhares entre a joia e Edward.

– Sim! Sim, é claro que sim, sim! – respondeu animada, jogando seus braços ao redor do pescoço do namorado, agora noivo, apertando-o contra ela. – Eu te amo tanto, Edward... – murmurou, salpicando beijos no rosto dele. – E eu quem sou uma mulher de sorte. Nem sei exatamente se mereço...

– Shh... – Edward a interrompeu novamente. – Já disse para você parar com isso. Aceite que somos dois sortudos – disse e Bella rolou os olhos.

– Ok, parei – assentiu e sorriu para ele, que pegou sua mão direita e deslizou o anel em seu dedo anelar, depositando um beijo carinhoso nele. A morena logo juntou sua boca à dele e o beijou profundamente, abraçando-o pelo pescoço.

Edward logo se empolgou e a puxou para seu colo, de modo que ela ficasse de frente para ele, uma perna de cada lado de seu corpo. Ele começou a beijar o pescoço dela, dando pequenas sugadas na pele sensível e sussurrando continuamente que a amava. Até que Bella lembrou-se de algo que lhe deu uma ideia. Ela começou a rir.

– O que foi? – quis saber ele, acariciando as coxas nuas dela.

– Hmm... É que... Eu... – gaguejou nervosa e envergonhada.

– Você o quê? – insistiu ele.

– Eu... Vi você hoje de manhã... No banheiro – confessou, evitando olhar para ele.

– Me viu no... Puta merda! – lamuriou ele, constrangido. – Eu... Eu...

– Não, não precisa ficar com vergonha. Foi sem querer. Me desculpe – pediu, mas não conseguia ficar séria. – Mas eu... Estava pensando e...

– E...?

– Eu queria... Hmm, retribuir – disse, dessa vez sem desviar os olhos dos dele, que brilharam em expectativa.

– Você quer... se tocar para mim? – questionou ele, ainda sem acreditar.

– Uhum – ela balançou a cabeça, tentando manter-se corajosa. – Olha, eu vou para o quarto. Espera uns minutinhos e vai, ok? – pediu. Ele assentiu e ela o beijou rapidamente nos lábios antes de subir as escadas.

Edward acompanhou-a com o olhar, encarando o espaço vazio assim que ela desapareceu com a boca entreaberta e os olhos arregalados em descrença. Após alguns segundos, ele sacodiu a cabeça e um sorriso malicioso surgiu em seus lábios, e rapidamente ele levou a louça suja para a pia na cozinha. Organizou novamente as almofadas no sofá e repreendeu-se quando percebeu que estava praticamente quicando de um lado para o outro feito uma menininha.

Quando achou que já tinha esperado o suficiente, apagou as luzes da cozinha e da sala e subiu as escadas um pouco rápido demais. Parou um pouco com a mão na maçaneta da porta de seu quarto, seu membro já se contorcendo dentro das calças com a expectativa. Ele entrou no quarto devagar, notando já na entrada o vestido de Bella jogado no chão. A única luz ali vinha do banheiro, que tinha a porta aberta pela metade, iluminando fracamente o quarto. Após fechar a porta atrás de si, Edward continuou a passos lentos, dessa vez avistando a calcinha da namorada no caminho. Então ele levantou o olhar, e lá estava ela, no meio da cama, recostada em alguns travesseiros, nua, com uma expressão nervosa.

Contudo, todo o desejo que ela viu no olhar do namorado enquanto ele se aproximava a fizeram deixar as inibições de lado, fechar os olhos e em seguida levar a mão esquerda até um de seus seios, que ela massageou gentilmente antes de descer a mão livre até seu sexo, abrindo suas pernas de modo a ter um bom acesso. Ela fazia movimentos circulares em seu clitóris, enquanto a outra mão continuava a acariciar seu seio, e um gemido escapou de seus lábios quando ela tocou seu ponto sensível com mais vontade.

Edward observava cada movimento seu totalmente hipnotizado, despindo-se lentamente. Quando deu por si, estava com sua mão acariciando seu membro, enquanto olhava cheio de tesão sua namorada se dar prazer. Quando ela introduziu um dedo em sua entrada e mordeu o lábio, gemendo baixinho, fazendo movimentos de vai-e-vem, Edward sentiu que estava praticamente perdendo a cabeça, e imediatamente quis que aquele fosse seu dedo. Melhor, seu membro, que pulsava cada vez mais.

Bella voltou a acariciar seu clitóris, espalhando sua umidade, e quando penetrou dois dedos em sua entrada novamente, Edward subiu na cama, ofegante, e puxou os braços dela, prendendo-os acima de sua cabeça, e a olhou profundamente nos olhos. As respirações pesadas dos dois se misturavam, e não demorou muito para que suas bocas se encontrassem num beijo sôfrego, cheio de paixão. A morena impulsionou os quadris para cima, completamente excitada, necessitando de Edward, que não perdeu tempo e posicionou-se melhor, penetrando-a lentamente, preenchendo-a, arrancando gemidos dos dois.

Ele começou a se mover e ela o acompanhou, passando suas unhas curtas pelas costas dele enquanto ele sugava seu pescoço com força em locais estratégicos. Mais alguns movimentos e gemidos e sussurros incontroláveis irrompiam pelos lábios dos dois pelo intenso orgasmo que os atingia.

O corpo cansado e saciado de Edward caiu parcialmente por cima do de Bella, e ela levou sua mão até os cabelos dele, afagando-os com ternura enquanto eles normalizavam as respirações. A morena fez menção de erguer a outra mão para abraçá-lo direito, mas sua atenção foi desviada para o anel que brilhava em seu dedo. Ela ficou apenas admirando por alguns segundos, um sorriso bobo brincando em seus lábios.

– Você quer mesmo casar comigo? – perguntou baixinho, meio sem pensar. Edward ergueu a cabeça para olhar para ela.

– Você ainda tem dúvidas? – questionou de volta, um pouco magoado.

– Não, é só que... Eu nunca pensei nisso. Sabe, casar... – disse, e pôs a mão no rosto de Edward antes que ele dissesse algo. – Não porque eu não quisesse isso, mas eu não esperava que algum dia encontraria alguém com coragem suficiente para me aturar pelo resto da vida – explicou, rindo um pouco.

– Eu até pensaria em uma resposta para isso, mas acho que não estou raciocinando direito devido ao que aconteceu agora pouco – disse rápido, fazendo Bella rir ainda mais.

– Se eu não conhecesse seus sentimentos por mim, diria com toda certeza que você quer casar comigo só pelo sexo – disse ela desafiadoramente.

– Claro que é! Você acha mesmo que eu te pedi em casamento porque você é inteligente, linda, talentosa, carinhosa e uma companheira maravilhosa? Que nada, é só mesmo pelo melhor sexo da minha vida – respondeu ele com falso desdém.

Os dois ficaram rindo um da cara do outro e quando perceberam, seus lábios já se moviam um contra o outro num beijo carinhoso.

– Você é um idiota – acusou Bella contra a boca de Edward, que sorriu.

– Mas você me ama – afirmou ele.

– Amo mesmo.

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