Refazendo O Passado. escrita por GRT, Juliana


Capítulo 19
Confiança


Notas iniciais do capítulo

boa leitura !!



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 *Lumus*

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Mais uma semana se passou e tudo continuava na mesma, exceto pelo fato de que Tiago estava considerando a possibilidade de Lily não o ter traído, mas ainda assim não fora falar com a garota e Harry, infelizmente, piorara.

Mas isso não vinha ao caso no momento o que importava agora é que Tiago Potter descia lentamente as escadas do dormitório masculino, estava meio angustiado e confuso, tinha que admitir: Lílian fazia uma falta tremenda, seu coração apertava só de pensar nela. E ele estava começando a pensar que a garota, talvez, realmente não o tivesse traído, não era possível que todos dissessem que não e ela o tivesse feito, mas ele ainda tinha que percorrer um longo caminho para finalmente enxergar a verdade. A não ser que algo mudasse isso.

Quando chegou ao Salão Comunal entristeceu-se ao perceber que a lareira estava praticamente apagada (as madeiras estavam a dois minutos de virarem cinzas) olhar a lareira ajudava a pensar, mas como ela já estava apagando Tiago sentou-se o mais distante possível assim se alguém descesse não o perceberia ali. Assim como ele não percebeu certa pessoa sentada na sua frente, porém do outro lado do salão.

Suspirou baixinho, tinha feito muito isso ultimamente, enterrou o rosto nas mãos. Definitivamente, não sabia o que fazer. Ficou ali, sem se mexer, com a respiração pesada até ouvir um barulho nas escadas.

*****

Harry acordou assustado. Não conseguia respirar direito e suas pernas... Não estava sentindo suas pernas! O cansaço tomou conta de seu corpo ao mesmo tempo em que ele percebia que algo estava errado.

- Rony... – Tentou chamar, mas sua voz estava tão fraca que ele mesmo fazia esforço para escutar. Respirou com força, esse ato tão simples o fazia sentir ainda pior, porém o barulho do esforço para respirar pareceu acordar Remo.

- O que...?

- Remo... – Mais uma vez o som foi fraco e Remo ligou as luzes do quarto.

- Harry! - Exclamou agitado, e não era para menos, o moreno estava pálido, suado e o esforço que parecia estar fazendo para respirar era assustador.

- Não estou bem. – Apenas mexeu os lábios, fazendo de tudo para não desmaiar.

Remo correu até ele, queria ajudar, mas não sabia como.

- O que posso fazer para ajudá-lo?

- Os outros... Descer. – Conseguira falar, mesmo que muito baixo.

Remo começou a acordar os companheiros de quarto, menos Pedro, percebeu que Tiago não estava lá e não deu atenção a isso, tinha coisas mais importantes para fazer no momento.

- O que está acontecendo? – Perguntou Sirius sonolento.

- Harry não está bem.

Rony pulou da cama indo até a do amigo.

- O que há?

- Descer...

- Por quê? – Rony não entendia o porquê disso, se ele estivesse mal era muito melhor tratá-lo no dormitório do que no salão, onde alguém poderia vê-los.

- Pedro.

- Certo. Vamos ajudá-lo a descer.

- Acho melhor chamar as meninas. Elas vão saber o que fazer. – Disse Sirius.

- Vamos descer primeiro. – Optou Remo. – Você consegue andar? – Dirigiu-se a Harry.

- Não sinto... Minhas pernas. – falou num suspiro, ainda lutava para o negro tapasse toda a sua visão.

- Ai, meu Deus! – Exclamou Remo e, esquecendo do que dissera antes, fez um patrono falante o mandou ao dormitório feminino. Sirius e Rony foram em direção a Harry pondo cada um deles um braço de Harry por cima do ombro, levantando-o da cama e, sem muito esforço por Harry ser leve e eles serem dois, caminharam em direção as escadas as descendo logo em seguida.

Ao chegaram ao salão praticamente junto das garotas, Remo jogo um feitiço para as chamas se avivarem, mas não muito.

- Harry! – Gina correu até ele. – O que aconteceu com ele?

- Não está sentindo as pernas, parece com dificuldade para respirar e... Ele realmente não está bem e eu não sei o que fazer. – Explicou Remo, afobado.

*****

Lílian desceu as escadas do dormitório feminino lentamente, planejara ir para a Torre de Astronomia, mas um barulho nas escadas a fez se esconder num canto distante do Salão. Se fosse vista na torre, com ainda estava de uniforme, poderia dizer que estava fazendo ronda, mas isso não enganaria um aluno um pouco inteligente e como a lareira estava quase apagada ninguém a veria se estivesse longe de lá, ela, porém, conseguiria ver quem estava descumprindo as regras, assim como ela.

Não... Por que logo ele? Por que logo Tiago Potter tinha que vir para o salão? Droga! Poderia ser qualquer um, menos ele. E o pior, ele parecia horrível e não parava de suspirar, Merlim, o que será que estava acontecendo? Ele parecia tão... Não, as sombras esconderam seu (belo) rosto e Lílian teve certeza que ele não sabia que ela estava ali, se soubesse provavelmente teria voltado direto para o dormitório assim como ela deveria fazer nesse exato momento.

Ela não deveria ficar ali, ouvindo o som de sua respiração pesada, ele a machucara, humilhara, ofendera e mesmo assim a ela não conseguia simplesmente levantar e ir para seu próprio dormitório por que... Por que... Não sabia o porquê. Não, ela não o tinha perdoado, mas, assim mesmo, seu coração batia mais rápido só por ele estar ali. Merlin, como conseguia ser tão idiota?

Fez-se essa pergunta mentalmente varias vezes até ver algo descendo as escadas do dormitório masculino e indo para o feminino, mas foi tão rápido que ela nem conseguiu ver o que era. Ficou alerta, mas não se moveu. Logo depois alguém descia as escadas dos dormitórios: Gina, Hermione e Maria vinham do feminino e Sirius, Rony, Remo e Harry, sendo carregado, vinham do masculino. Remo, com um feitiço, atiçou as chamas.

- Harry! – Lílian viu Gina correr até ele. – O que aconteceu com ele?

- Não está sentindo as pernas, parece com dificuldade para respirar e... Ele realmente não está bem e eu não sei o que fazer. – Explicou Remo, afobado.

Lílian fez menção de levantar, mas não o levantou, alguma coisa dizia para ela ficar ali e mesmo com as chamas atiçadas levemente ainda não conseguiriam enxerga-lá, Tiago pareceu ter pensado o mesmo já que agora ela não ouvia mais a sua respiração e não o enxergava.

- Mas... Mas... – Sussurrava Gina enquanto Rony e Sirius depositavam Harry no sofá.

- Frio... – Lílian ouviu uma voz fraca murmurar, demorou alguns segundos para perceber que era a voz de Harry. Hermione conjurou um cobertor para o moreno e se ajoelhou na sua frente, Lílian não viu o que ela fez por que a guarda do sofá tapava sua visão, mas ela provavelmente estava medindo a sua temperatura com a mão.

- São aqueles dois! _ Urrou Gina raivosa. “Aqueles dois?”, perguntou-se Lily, quem seriam ‘aqueles dois’?

- Não deve ser. Vocês não disseram que a situação dele tinha estabilizado? – Tentou Sirius.

- Sim, mas... – Lílian ficava cada vez mais curiosa e confusa. – Talvez, isso esteja acontecendo por que já faz muito tempo. Nunca teremos certeza por que isso nunca aconteceu antes.

- Mas e as pernas dele?

- Devem estar parando de funcionar como eu creio que cada parte do corpo fará se...

- Se eles não voltarem?

- Não diga uma bobagem dessas! – Berrou Gina, desesperada afagando os cabelos de Harry. – Eles têm que voltar. Ou eu os mato.

“Quem tinha que voltar? Do que diabos eles estão falando?”, essas perguntas rondavam a mente de Lily que assistia a tudo calada.

- Mas, ele tinha se “acostumado” com isso não tinha? – Perguntou Remo, preocupado.

- Eu acho que a situação passou muito tempo sem ser controlada, sim ele havia se acostumado, mas não a barreira que aguente um “futuro” duvidoso. Entendam que no início era como se o tempo estivesse em dúvida sobre o que aconteceria a seguir e agora, já se passaram duas semanas, para o tempo isso é o suficiente para achar que não tem mais alternativa.

- Não fale sobre o tempo como se ele fosse uma pessoa. – Bufou Gina, irritada.

- É como se fosse uma balança, Gina, quando viemos para cá estava em equilíbrio; quando eles começaram a namorar a vida, a energia, a saúde, tudo de Harry aumentou; quando terminaram pendeu muito para baixo e ele demorou um tempo para se acostumar e a balança pender levemente para baixo, mas depois o tempo foi pesando e agora está quase se encostando ao chão e... Quando encostar...

Do que Diabo, Hermione estava falando? Sim, Lily entendera que era uma metáfora e mesmo assim não fazia sentido.

- Pára! Eles vão voltar antes disso, sei que vão. – Gina parecia estar fazendo uma reza. – Como você se sente? – Perguntou carinhosamente a Harry.

- Sono...

- Não, Harry! Você não pode dormir.

- Sobre eles voltarem... – Maria intrometeu-se. – Eu... Eu acho difícil. Tiago, todos sabemos, é muito cabeça dura e Lily está realmente magoada com ele.

“Mas, o que...?”, perguntou-se Lily. “O que meu relacionamento com Tiago tem a ver com isso, Deus? O que tem a ver com a saúde de Harry?”.

 Se não soubesse como Tiago era silencioso quando queria teria certeza que ouvira um remexer desconfortável do outro lado do salão.

- Que belos pais, hein? Será que eles não percebem o que estão fazendo? Não, Gina, claro que não, que idéia besta, eles estão ocupados demais com eles mesmos

Lílian poderia sentir a raiva que emanava de Gina, mas não podia se preocupar com isso agora: ‘Que belos pais, hein?’ O que aquela frase significava? “Ora não seja burra, Lílian, você sabe o que significa” e ela sabia, é claro (naquele momento percebeu que sempre soube). Viajantes do tempo, um a cara de Tiago, mas com seus olhos, a incrível forma com que sentia que tinha um elo com ele, o jeito como ele sempre apoiara o namoro, o modo que ficou com o término dela e de Tiago, mas... Aquilo não era possível, não podia ser! Ela tinha que odiar Tiago com todas as suas forças não podia descobrir que tinha um filho com ele por que isso provavelmente significava que eles se casaram, que se amavam. E ela não poderia aceitar isso, não queria. Aquilo era quase como jogar na sua cara que eles se amavam e que iam ficar juntos e, pior que isso, ela não poderia estar feliz (como estava no momento) com essa perspectiva.

- Não... – Murmurou, mas no silêncio do salão eles pareceram ouvi-la e todos os pares de olhos se levantaram para ela.

- Quem está ai? – Perguntou Rony. – Saia agora! E nos diga o que ouviu.

Pensou em ficar quieta e fingir que não ouvira nada, mas então, se lembrou que eram seus amigos que estavam escondendo um segredo “cabeludo” desses dela e ficou com raiva, que tipo de amigos escondiam isto de alguém?

- Sou eu. – Disse dura, levantando.

- Oh, não! Essa é a voz da...

- Evans? – Foi à voz de Tiago quem perguntou e ambos chegaram juntos onde a luz da lareira oferecia claridade. Os outros os encararam de olhos arregalados, ele não poderiam ter ouvido. – Você estava aí o tempo todo?

- Não, não. – Respondeu irônica. – Aparatei do meu quarto para cá, agorinha, não ouviu não? – Terminou fria.

- Vocês... Vocês ouviram? – Perguntou Hermione trêmula.

- Não, nos ensurdecemos por um momento. E eu realmente não queria ter ganhado essa “surpresa”, sabe? Meus amigos poderiam ter me contado. – Falou Tiago raivoso (era óbvio que ambos tinham ouvido e entendido, aliás, aquilo dançava balé na frente deles a tanto tempo que se sentiam tolos por não terem descoberto antes).

- É e... – Começou Lílian, também raivosa, mas Gina a interrompeu.

- Vocês ficam aí, dizendo que não somos bons amigos e blá, blá, blá será que não percebem como Harry está mal? E que é essencial que vocês dois se acertem para ele ficar bem? Vocês não sabem tudo o que ele sofreu e o porquê de estarmos aqui, então não julguem sem antes saber toda a verdade. – Gina pareceu mais enraivecida do que eles dois juntos. Os dois murcharam, sabiam que Gina tinha razão e que eles estavam brigando por coisas bobas.

- Por que vieram para cá? – A voz da garota saiu como um pedido de desculpas.

- Isso cabe a Harry contar. – Respondeu Gina, sem dó. – Mas ele não vai ter condições no momento, não é mesmo? E sabem por quê? – Se levantou e encarou os dois duramente. – Por culpa de vocês, se não ficassem brigando nada disso teria acontecido e Harry estaria bem. Vocês são uma dupla de idiotas, mesmo!

- Olhe aqui...

- Olhe aqui você, Tiago Potter. Vocês vão subir agora e se acertar, entendidos?

Os dois ficaram em silêncio, o orgulho ainda era grande demais, mas ao olharem para Harry e ver seus olhos verdes semi-abertos implorando por aquilo, ambos disseram juntos:

- Só por ele.

Tiago tomou a frente e caminhou para o dormitório masculino, Lílian o seguiu. De cabeça em pé.

*****

Silêncio. Silêncio e mais silêncio era o que tinham nos dois primeiro minutos dentro daquele quarto, nenhum dos dois tinha coragem de falar nada. Tiago jogou um feitiço imperturbabilizante na cama de Pedro, ninguém precisava ouvir sua conversa.

Lílian permaneceu de pé vendo Tiago jogar o feitiço e enterrar o rosto nas mãos, ambos sabiam que ele tinha que começar a falar, por algum motivo essa era a sua função.

- Lílian eu...

- Agora é Lílian? Pensei que fosse Evans. – Tiago respirou fundo e destapou o rosto, encarando-a, sabia que ela tinha toda a razão em atacá-lo com ironias e palavras duras, mas mesmo assim era difícil para ele.

- Por favor, agora não.

- “Agora não” o que?

- Não vai implicar com bobagens agora, vai?

- Era a minha intenção.

- E Harry?

- Harry só vai ficar bem se nos acertarmos, não que eu tenha intenção de fazer isso, mas para nos acertarmos vai ter que ser totalmente.

Mais alguns minutos de silêncio e Tiago voltou a falar:

- Você não me traiu, então. – Não era uma pergunta.

- Trai sim, a propósito sai com Sirius semana passada, sabia? – Ironizou.

- Pare com isso, por favor. Pare com as ironias, eu realmente quero que você...

Lílian bufou, Tiago teria que rebolar para ela pensar em conversar com ele. Ele fechou os olhos, decidindo o que faria a segui, ou melhor, se faria o que queria fazer, mas tinha medo. Lílian era importante para ele então talvez fosse a melhor escolha a se fazer, iria falar sobre seus sentimentos, o que não costumava fazer muito seguidamente.

- Olhe... Eu... Eu sempre me senti inseguro em relação a você, só com você, sabe? Você sempre me esnobou e eu fazia de tudo para te agradar e quando você finalmente aceitou apenas falar comigo, nossa! Foi um prêmio, o prêmio que eu esperei durante anos. – Ele levantou-se para que pudesse fitá-la nos olhos. – Então, ficamos amigos e aquilo seria o suficiente para mim, mas eu tinha lutado tanto para conseguir você que não poderia desistir naquela hora, simplesmente não podia. Aí você saiu comigo, um encontro de amigos, mas que mudou muita coisa, não é mesmo? – E Lílian soube a que Tiago se referia, realmente se sentira diferente com relação a ele depois daquele encontro. Mas ela não poderia fraquejar agora, os olhos sinceros de Tiago não a fariam ceder. – Você foi ao baile comigo, eu sabia que tudo mudaria depois daquela noite, nos beijamos e você despertou em mim sensações totalmente inesperadas e novas. Você me disse que estava apaixonada, lembra? E... Eu teria morrido feliz se tivesse morrido naquela hora mesmo. – Quase sorriu nessa hora, quase. – E as semanas de namoro foram às melhores que eu poderia ter pedido a cada dia eu me apaixonava mais, a cada dia amava mais você, sempre tão perfeita... – Levantou a mão com a intenção de tocar seu rosto, mas perdeu a coragem no meio do caminho e guiou a mão até os óculos, arrumando-os. – E então...

- Você estragou tudo. – Terminou ela. – Estragou tudo, me disse coisas horríveis, me humilhou na frente de nossos amigos...

Tiago tinha vontade de se bater só pela dor que continha na voz de Lílian.

- É eu estraguei tudo. Como o idiota que sou. Fiquei cego, te xinguei, te humilhei, te fiz chorar, não confiei em você...

- De acordo com você: Tiago Potter nunca confiou em Lílian Evans. – Interrompeu com raiva, mas ela não poderia negar: estava fazendo aquilo por orgulho, desconfiança e raiva por que Tiago já havia sido perdoado há muito tempo.

- Eu falei aquilo por impulso, será que não consegue entender? – Perguntou, exasperado. Tudo o que queria era que ela o entendesse e perdoasse, queria tê-la nos braços novamente.

- Não pareceu. Pareceu que sempre pensou aquilo e doeu, doeu muito, Tiago. – Nenhum dos dois percebeu o uso do primeiro nome.

- E tudo o que você me dizia alguns anos atrás, hein Lílian? Isso não conta? Não conta o fato de você também ter me humilhado milhares de vezes? Também doía.

- Me desculpe. – Pediu, sabendo que ele tinha parte da razão. – Mas, tem uma coisa: eu não te namorava, nunca havia dito que te amava. Agora, você sim, você tinha feito todas essas coisas e vai ser bem difícil reconstruir a confiança que eu tinha em você, Tiago. Só estou fazendo isso por Harry. – Era mentira e ela sabia disso.

- Eu não. – Respondeu Tiago prontamente. – No início era por ele, agora não. Eu estou fazendo isso por mim mesmo. Por que eu preciso, preciso de você.

- Precisa tanto de mim que nem ao menos pediu desculpa. – Murmurou, a cada momento sua barreira ficava mais fraca e seu coração estava amolecendo. Tiago abriu a boca e nada saiu, o fato era que ele não era acostumado a pedir desculpas, nunca fora, mas agora era para Lily e ele precisava fazer isso. Abriu a boca novamente e... Nada. – Está vendo? Você não consegue então não quer. Olhe, acho que termos conversado já é o suficiente para Harry ter voltado ao normal. Eu vou descer. – A verdade era que não queria chorar na frente dele, já não bastava machucá-la uma vez, tinha que fazer duas. Foi em direção a porta, mas a voz de Tiago a parou, mesmo que fosse muito baixa:

- Me desculpe.

- O que você disse?

- Me desculpe, por favor, me desculpe. Eu preciso de você e que para isso eu tenha que fazer coisas... – Ele ia dizer “humilhantes”, mas sabia que Lílian não gostaria. – necessárias. Ou loucas, ou... Eu faço qualquer coisa pra você voltar para mim. Perdoa-me?

Seus olhos suplicavam por aquilo, parecia ser sua última esperança. Lily caminhou hesitante em sua direção, há essa hora não existia mais nenhuma barreira (que ela mesma construira). O abraçou, assim, sem mais.

Ah, como era bom. Como era bom sentir o macio de seu cabelo, os braços transpassando suas costas, a respiração rápida, seu cheiro, sentira falta até de apoiar a cabeça em seu ombro. E, antes que ela pudesse conter, as lágrimas escorreram por sua face novamente. Como era possível ainda amá-lo, amá-lo tanto, sendo que ele lhe magoara e ela não conseguia mais confiar nele e, mesmo assim, o amava. Talvez fosse por conta dos momentos que ele lhe proporcionara, ou pelo seu jeito, ou pelo seu caráter e coragem ou... Ou simplesmente ele ser ele. Simples assim.

Quando o abraço finalmente acalmou Tiago disse o que desejara dizer desde o início da conversa:

- Eu te amo. Muito. – E limpou suas lágrimas delicadamente. Lily não esboçou reação nenhuma a não ser um pequenino sorriso. Tiago pensou bem no que diria a seguir, sabia que seria egoísmo de sua parte, mas não pode resistir: - Quer namorar comigo? Ou melhor, volta comigo?

O sorriso que Lílian tinha no rosto se destruiu e o olhou séria, se afastando:

- Olha Tiago, me desculpe, mas... Eu não sei se consigo. Não... Não consigo confiar em você novamente, tenho medo que a qualquer momento você me xingue de novo e me vire as costas... Não consigo. E, você sabe, que para mim ou um relacionamento tem confiança ou não tem relacionamento.

Tiago ficou bravo consigo mesmo, sabia que Lílian tinha razão, talvez devessem esperar, afinal, Harry ao nasceria naquele exato momento, mas mesmo assim ele não pôde resistir. Mesmo sabendo que estava agindo errado, de forma egoísta, sem noção... Ele poderia ficar a noite toda dizendo que estava errado e seus motivos para isso e mesmo assim disse:

- Tente? – Seus olhos imploravam por isso enquanto ele se aproximava da garota novamente. – Por favor, tenta confiar em mim. – Comprimiu os lábios um contra o outro. – Sei que estou sendo egoísta, mas é que... Não consigo mais ficar longe de você, talvez você não sinta o mesmo. – Lílian quase gritou: “SIM, EU SINTO!”, mas conteve-se não podia expor seus sentimentos sem ter confiado em Tiago cem por cento. – Mas, eu preciso de você, Harry precisa de nós... – Baixou a cabeça, não queria que a garota visse as lágrimas que se formavam na borda de seus olhos (não iria chorar e pedir desculpas na mesma noite, nem pensar.). E, com a voz engrolada, pediu uma última vez: - Por favor, Lil.

“O apelido não”, pensou Lílian desesperada. Apenas Tiago a chamava de Lil os outros diziam “Lil’s” ou “Lily”, mas “Lil” não, “Lil” era só ele e ela decidiu tentar, tentar a voltar a confiar nele, não só por Harry, mas por ela mesma.

- Hey. – Chamou levantando sua cabeça. – Talvez, eu possa fazer isso. Por que, bem, por que... – Não conseguiu terminar, mas Tiago pareceu ter entendido.

- Mesmo? – Parecia uma criança a qual o natal chegou mais cedo. – Então posso fazer uma coisa?

- O que? – Tiago não respondeu se aproximou dela, pondo uma mão na sua cintura. Deixando bem claro o que queria, mas não fez mais nada até Lily entender e mostrar que concordava (Lily passou meio hesitante, os braços pelo pescoço de Tiago.).

E ele, finalmente, a beijou e... Nossa! Como era bom sentir os lábios dela, que tinham um sabor tão bom que ele não conseguia descrever; uma de suas mãos embrenhou-se nos cabelos ruivos sedosos e cheirosos (mesmo que naquele momento ele não pudesse sentir, e nem precisava já decorara), sentiu os dedos de Lily tirarem-lhe os óculos, bem melhor; beijou-a com mais saudade e ternura ainda, fazia tanto tempo que não sentia os lábios dela nos seus que senti-los novamente era um misto de alívio e alegria. Desgrudavam os lábios apenas para pegar um pouco de ar e voltavam a se beijar (tanto que nem viram a porta ser aberta e se fechar novamente). Suas mãos antes na cintura agora desvendavam as costas de Lílian com habilidade, a garota tinha uma mão em seus cabelos e outra no tórax. Poderia ficar o resto da vida assim, mas lembrou-se que tinha que descer e ouvir uma longa história por isso desacelerou o beijo até ele se tornar apenas a junção dos lábios, lhe deu um selinho e disse ofegante e sorrindo:

- Temos que descer.

- É. – A voz da garota pareceu levemente decepcionada e ela se afastou e Tiago tentou focar a visão nela, sem êxito, já que a falta de óculos deixava a sua visão embaçada e meio vesga.

- Você está vesgo. – Disse Lílian, ela, por incrível que pareça, sempre achara aquilo fofo.  Mas ele não era muito vesgo, seu olho só puxava levemente para a esquerda. Sentiu algo ser posto na sua mão. – Seus óculos. – Disse a garota.

Agora, já de óculos pôde ver a situação em que Lílian se encontrava: a boca inchada e borrada de batom, que Alice a obrigava a usar, a blusa amassada e os cabelos meio despenteados. Não deveria estar melhor.

- Você está meio... Desarrumada. – Ela se virou para o espelho que sabia existir no quarto.

- Droga... – Resmungou começando a se arrumar, Tiago fez o mesmo. O único problema era que seu cabelo, uma vez levantado, se recusava a abaixar e seus lábios também não tinham jeito, nem os de Lily.

Por fim, eles decidiram descer assim: com os lábios inchados e Tiago ainda tentando abaixar os cabelos.

- Acho que devemos descer. A história parece ser longa. – Disse Lílian.

- É, - concordou – vamos.

E desceram para o que prometia ser uma história e tanto.

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*Nox*


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Notas finais do capítulo

N/A: Então, limdos? O que acharam da minha jogada? Pus as duas coisas que as pessoas mais queriam juntas? ~lê dançinha sem noção ~ O que acharam? Gostaram? Não?
Bem, de qualquer forma, gostaria de explicar uma coisa: vocês devem estar pensando que a Lily e o Ti deveriam ter tido uma reação mais O.O, mas minha intenção foi que eles já soubessem, tipo: eles sabiam lá no subconsciente. Como quando esquecemos uma coisa só que não sabemos, mas daí quando alguém toca no assunto a gente se lembra, entenderam? Em resumo: eles sabiam, mas ainda não tinham percebido.
Eles voltarão e não voltarão ao mesmo tempo, Tiago está perdoado, mas não re-confiado (eu inventando palavras).
Para postar o próximo cap quero chegar a 70 coments, ou seja, 12 comentários nesse, hein?
Beijos.
N/B: Olá , pessoal!!!! O que vocês acharam deste capí ? Achei que este cap ficou legal finalmente esses cabeças duras se acertaram !!! Esperando que tenham gostado , beijinhos até o próximo :D