Quinn P.O.V

_ MANHÊ, TIRA ESSE PIRRALHO DO MEU QUARTO. – berrou LeRoy e eu ouvi Liam chorar. Suspirei profundamente três vezes.

_ Beth, meu anjo, por favor, pegue o Liam. – pedi para minha filha que cozinhava comigo e ela assentiu, subindo calmamente as escadas – Puck, já fica alerta que daqui a pouco a Lyra chora. – disse para meu marido na mesa de café e ele fechou o jornal rindo, enquanto se aproximava de mim.

_ Sabia que você fica muito sexy nesse papel de dona de casa? – sussurrou ele no meu ouvido e eu arrepiei, enquanto ambos riamos.

_ Ah, qual é. – ouvi Beth reclamar, voltando para a cozinha – Cinco filhos não ta bom? E além do que, a Lyra só tem três meses. Esperem mais um tempinho, por favor.

_ Relaxa princesa, papai já deu a fabrica por encerrada. – garantiu meu marido, beijando nossa filha mais velha na testa, enquanto ouvíamos o chorinho começar no andar de cima – Epa, vou lá antes que o LeRoy surte.

Já fazem doze anos que eu e Puck nos casamos e nossos filhos mais velhos acabaram de completar seu 13º aniversário. O mau humor de LeRoy começou há cerca de quatro anos, quando anunciamos a volta de Miami para Ohio e só tendeu a piorar conforme a puberdade se aproximava e os irmãos mais novos nasciam.

Pouco depois de Kurt casar, eu engravidei de Sarah, nossa filha do meio. Quando ela nasceu os gêmeos já contavam sete anos e ficaram bastante enciumados. Pouco depois Beth assumiu bem seu papel de irmã mais velha, mas LeRoy sempre se manteve ciumento. Quando Liam nasceu, algumas semanas após retornarmos de Miami, só piorou e com Lyra agora, em plena puberdade, está quase insuportável.

_ Olha quem acordou. – ouvi a voz cantarolada do meu marido enquanto entrava na cozinha com o pacotinho envolto na manta rosa. Liam bateu palminhas de seu caldeirão, enquanto Beth pulava da cadeira e puxava a irmãzinha do colo do pai – Poxa, não posso mais nem segurar minha filha?

_ E eu sou o que? A filha do padeiro papai? – reclamou Sarah, entrando na cozinha. Por mais carinhosa que fosse com Lyra, perder o posto de menor princesa da casa a havia deixado meio taciturna.

_ Minha outra princesinha. – garantiu meu marido, a apanhando do chão e fazendo-a rir – Eu tenho três princesas, uma de cada tamanho.

_ Toma cuidado que daqui a pouco vem um ogro e leva a princesona ai da torre. – brincou LeRoy, aparecendo na cozinha com os fones de ouvido no pescoço.

_ Olha quem saiu da toca. – brinquei – Sente que o café já sai querido.

_ Panquecas! – gritou Liam, batendo seu garfinho na mesa.

_ Isso meu amor. – concordei, colocando o GIGANTESCO prato de panquecas na mesa – Acabando de comer, LeRoy ajude o Liam a se trocar, por favor. E Beth, ajude a Sarah. Noah, vistorie tudo e se arrume. Eu vou levar a Lyra mamar e arrumá-la. O batizado é em três horas. Todos entendido?

_ Sim capitã. – brincaram os gêmeos, batendo continência. LeRoy está bem humorado demais, deve querer um game novo.

Deixei a gangue se alimentando enquanto subia com Lyra. Chegando no quarto, sentei na poltrona para amamentá-la, enquanto me deixava divagar como todos os dias.

Lyra foi uma grata surpresa algumas semanas após Noah fechar definitivamente a fábrica. Como muitos homens, ele não prestou atenção as recomendações do médico e deu o serviço por concluído antes do prazo. Nove meses depois, tínhamos mais uma integrante na casa.

Depois que engravidei de Sarah, decidi sair do jornal de Miami e consegui um emprego na Vogue, mas o emprego perfeito: colunista. Pagava bem e eu não tinha que ir a redação, apenas mandava minha coluna para Mary, a editora, no dia combinado e pronto.

A oficina de Puck a essa altura já tinha quatro filiais no estado e três fora e ele abriu mais uma em Lima, onde outrora foi a de Burt. Ele viaja uma vez a cada duas semanas para ver as outras filiais, que agora já duplicaram, mas ainda faz questão de sujar as mãos.

_ Mãe? – chamou Beth da porta, aparecendo já arrumada – Pode ir se trocar, eu arrumo a Lyra.

Me espantei vendo o tempo que havia perdido e concordei, entregando a bebê a irmã e correndo até meu quarto. Noah não estava, provavelmente trocava Liam, pois LeRoy teria perdido a paciência. Me troquei apressadamente para poder ajudar meu marido e sai do quarto, mas me detive na porta de meu filho mais velho.

Apesar da casa ser minha, havia meses no mínimo que ninguém entrava no quarto de LeRoy, reservado que só ele. Hoje, a porta estava entreaberta e eu a abri. Tal qual foi a minha surpresa ao ver na mesa cabeceira uma das poucas fotos dele com Liam e no plano de fundo do notebook, uma foto das três irmãs.

_ Eu sei, estranho né? – comentou ele, saindo do armário – Não é porque eles me irritam que eu não os ame mãe.

_ Eu só queria entender o que te irrita tanto neles. – perguntei e ele suspirou.

_ Não é bem irritar. – admitiu ele – É só que eu não quero me apegar a eles. Eu lembro como você ficou triste quando tia Rachel e tio Finn foram embora para Nova York, ou tia Sant e tia Britt para Louisville. Eu só não quero ficar assim quando me separar deles.

_ Oh meu amor. – exclamei emocionada – Não preocupe-se com isso. Você só tem 13 anos LeRoy, tem muito tempo pela frente. Procure mais curtir o tempo que você tem com seus irmãos, porque é isso que importa.

_ Padrinho disse a mesma coisa. – admitiu ele, com um sorriso torto – Acho que eu posso tentar ser um irmão mais legal.

_ E um filho menos mal humorado? – arrisquei e ele gargalhou.

_ Vou ver o que posso fazer, prometo. – afirmou ele, me abraçando – Te amo mamãe.

_ Também querido. – respondi.

_ Oun, deixa eu morder vocês. – ouvimos alguém e de repente Beth estava sobre nós, seguida por Sarah e por ultimo Liam.

_ E agora o papai vem calmamente para não amassar a Lyra. – brincou Puck, segurando nossa filha com um braço e abraçando todos nós com o outro – Pronto, isso mesmo, abraço em grupo. E PUM DO PAPAI.

_ EEEEEEEEEEEEEEEECCCCCCAAAA. – gritaram os quatro saindo correndo, enquanto eu gargalhava junto de meu marido. Até o momento em que o cheiro me atingiu e eu tive que sair correndo, com ele nos calcanhares, porém mais lento.

Afinal, acho que podemos ser uma família comercial de margarina não?