Romeu e Julieta escrita por Yuna Aikawa


Capítulo 19
Ato III


Notas iniciais do capítulo

Cena V



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- E.. Eu... - O Uchiha estava corado.

 Todos estavam em silêncio, ansiosos pela resposta. Os dois haviam se aproximado muito nos ensaios, era uma dúvida de todos se alguém já havia se declarado ou não. Hinata interrompe o clima de suspense, dizendo que estava na vez deles entrarem no palco. "Eu te respondo no intervalo", prometeu Sasuke, entrando no palco - quarto de Julieta - junto da Hyuga.
 

     Hinata — Já vai partir? O dia ainda está longe.
     Sasuke — Olhe, querida, para aquelas estrias invejosas que cortam pelas nuvens do nascente, o dia está começando. Ou parto, e vivo, ou morrerei, ficando.
     Hinata — Não é do dia aquela claridade, acredite em mim. É algum meteoro de pegasus que o sol exala, para que te sirva de tocha esta noite e te ilumine no caminho de Mântua. Assim, espera. Não precisas partir assim tão cedo.
     Sasuke — Uhn... Me quer aqui? Que importa que me prendam ou matem? Não quero sair do seu lado. Direi que aquele ponto acinzentado não é o olho do dia, mas o pálido reflexo do diadema da alta Cíntia. Ficar é para mim grande ventura; partir é dor. Vem logo, morte dura! Julieta quer assim. Não, não é dia.
     Hinata — É dia; foge! A noite se abrevia. Depressa! Oh! Quisera agora que a noite fosse eterna, pois o término dela nos separa. Oh vai! A luz aumenta a cada instante.
     Sasuke — A luz? A escuridão apavorante.

 Temari entra no palco.
    
     Temari — Senhora!
     Hinata — Ama?
     Temari — Sua mãe se dirige para cá. Seja prudente; já raiou o dia, como podereis ver.

Sai do palco. [n/a: Poxa.. Como a Ama aparece nesta cena ;P...]

     Hinata — Então, janela, que o dia entre no quarto e a vida fuja.
     Sasuke — Adeus, adeus! Um beijo, e desço logo. - (Desce.)
     Hinata — Já foste? Meu senhor! Amor! Notícias quero ter todas as horas, porque um minuto encerra muitos dias. Fazendo a conta assim, ficarei velha antes de ver de novo o meu Romeu.
     Sasuke — Ainda estou aqui, sabe? Adeus. Não deixarei passar um só momento sem te mandar contar o meu tormento.
     Hinata — Oh! Pensa mesmo que ainda nos veremos?
     Sasuke — Não o duvides, estas dores se transformarão em sorrisos um dia, farei o impossível para estar ao seu lado, Hinat.. Julieta.
     Hinata — Oh Deus! Vendo-te assim, tão longe, só parece que estás sem vida, dentro de um sepulcro. Ou vejo mal, ou estás, realmente, pálido.
     Sasuke — Pode crer-me, querida; de igual modo tu me pareces. Adeus! Adeus! - (Sai.)
     Hinata — Ó fortuna! Todos os homens te chamam de inconstante. Se for mesmo, espero que em vez de o seqüestrares muito tempo, logo o farás voltar.
     TenTen (dentro) — Ó filha! filha! Já está de pé?
     Hinata — Quem é que está me chamando? Mãe? Não se deitou ainda ou já acordou tão cedo? Qual o motivo que a faz vir agora?
 
TenTen entra no palco.

     TenTen — Então, Julieta, como está?
     Hinata — Senhora, não estou boa.
     TenTen — Ainda a chorar pela morte de teu primo? Acaso quer com lágrimas tirá-lo do sepulcro? Assim, deixa isso. Alguma dor é indício de amizade; mas muito choro indica pouco espírito.
     Hinata — Mas deixai-me chorar tão grande perda.
     TenTen — Sinta a perda, apenas, não o amigo, cuja perda chorais.
     Hinata — Isso não é um ciclo vicioso? Sentindo a perda tanto assim, outra coisa não me resta senão chorar o amigo.
     TenTen — Sim, menina; não chore tanto pela morte dele, e sim porque está vivo o miserável que o matou.
     Hinata — Que miserável, minha senhora?
     TenTen — Esse vilão Romeu.
     Hinata — Vilão e ele estejam separados por milhares de léguas.
     TenTen — Esse assassino ainda está com vida.
     Hinata — Sim, e longe do alcance destas mãos. Oh! se eu pudesse vingar a morte do meu querido primo!
     TenTen — Ainda haveremos de vingá-lo; por isso não te aflijas. Pare com essas lágrimas. A Mântua, exílio onde se encontra o renegado, mandarei quem lhe dê uma bebida tão fora do comum, que logo ele há de fazer companhia para Tebaldo.
     Hinata — Nunca ficarei contente com Romeu sem o ter em frente – morto. Assim meu pobre coração lamenta a perda de meu primo. Se pudésseis, senhora, achar uma pessoa, ao menos, que levasse o veneno, eu o preparara de modo que Romeu, tomando-o, logo repousaria em paz.
     TenTen — Encontra os meios, que eu acharei esse homem. Mas agora vim trazer-te notícias mais alegres.
     Hinata — E em que consistem essas alegrias, minha senhora?
     TenTen — Bem, bem, menina; tens um pai zeloso, que para te livrar dessa tristeza excogitou um dia de alegria como nem tu esperas, nem eu própria poderia pensar.
     Hinata — Um dia de alegria? Oh! Vem a tempo! Mas, senhora, que dia será esse?
     TenTen — Filha, vê só! Quinta-feira, na igreja de São Pedro, o conde Páris, valente moço e nobre gentil-homem, se casará com você, finalmente.
     Hinata — Ora, por São Pedro, de mim ele não fará noiva alegre! Estranho tanta pressa. Dizei a meu senhor e pai que não quero casar; é muito cedo; e que, quando o fizer, prefiro mil vezes Romeu, pessoa que eu odeio, ao conde Páris. Eis aí novidade de primeira.
     TenTen — Aí vem vosso pai; dizei-lhe tudo isso vós mesma e veja as conseqüências.

 Entra Neji e Temari.

     Neji — Quando o sol morre, o céu chuvisca orvalho; mas na morte do filho de meu irmão chove torrencialmente. Então, menina, que goteira é essa? Ainda e sempre em lágrimas? Sempre a chover? Num corpo pequenino, quer imitar o mar, barcos, ventos? Pois teus olhos, a que de mar eu chamo, fluxo e refluxo mostram, só de lágrimas; teu corpo é o barco nesse mar salgado; teus suspiros, os ventos, que em conflito permanente com as lágrimas se encontram. Então, mulher: falastes-lhe a respeito de nossa decisão?
     TenTen — Sim, conversamos. Ela, porém, não concorda. Eu desejara que essa tola casasse com seu túmulo.
     Neji — Mais devagar, mulher! Levai-me junto! Não quer casar? E ainda agradece? Não se sente orgulhosa? Não se julga muito feliz por lhe termos obtido um noivo desses, tão digno?
     Hinata — Orgulhosa não estou, mas vos sou agradecida. Não posso ter orgulho do que odeio; mas agradeço justamente por esse ódio que significa amor.
     Neji — Que quer dizer tudo isso? "Agradecida" e "não agradecida", "orgulhosa" e também "não orgulhosa"... Não precisais agradecer-me os vossos agradecidos, nem mostrar orgulho dos orgulhosos ou o que quer que seja. Mas vai se casar com Páris, na igreja São Pedro. Caso contrário, te levo para lá dentro de uma carroça.
     TenTen — Ora essa! Ficou maluco?
     Hinata — Bondoso pai, de joelhos vos suplico, ouvirdes-me, paciente, uma palavra.
     Neji — Vai te enforcar, rapariguinha à-toa! Tipo desobediente! Já te mostro. Vai quinta-feira à igreja, ou não me encares nunca mais, nunca mais! Não me repliques coisa nenhuma. Basta! Não me fales. Pensávamos, mulher, que nossa dita era pequena, porque Deus só nos dera uma menina; mas vejo agora que esta já nos sobra e que com ela a maldição nos veio. Rameira à-toa!
     Temari — Deus do céu que a ampare! Procedeis mal, senhor, por insultá-la desse modo.
     Neji — Por quê, dona prudência? Guardai na boca a língua sabe-tudo.
     Temari — De mal não disse nada.
     Neji — Bom proveito.
     Temari — Não se pode falar?
     Neji — Paz, resmungona. Velha tonta! Guardai vossas sentenças para vossas iguais. Não precisamos delas aqui. [n/a: Que medo de Capuleto... Eu não queria um pai desses i.i~]
     TenTen — Estais muito agressivo.
     Neji — Dias e mais dias, a toda hora, de noite, o ano inteirinho, no trabalho, no jogo, só, no meio dos companheiros, tinha apenas uma preocupação: ver Julieta, enfim, casada. E agora que arranjei um gentil-homem de nobre parentesco, jovem, rico, de fina educação, de qualidades excepcionais, e tão proporcionado como melhor não fora concebível, lá vem uma coisinha choramingas, uma boneca cheia de lamúrias, ao lhe sorrir a sorte, declarar-me:"Sou muito nova”, “amar não me é possível”, “não desejo casar-me”. Pois não vou desculpar-vos, se não quereis casar. Procurai pasto onde bem entenderdes, que aqui em casa não ficará mais. Quinta-feira está perto; aconselhai-vos com o coração. Se fordes minha filha, vai a porra da igreja e se casará. Mas se o não fordes, enforcai-vos, ide pedir esmola, morrer de fome na rua, pois jamais hei de reconhecer-te e nunca quanto for meu te poderá ser útil. Reflete bem, Julieta. - (Sai.)
     Hinata — Não haverá piedade em meio às nuvens? Oh! Não me abandone, bondosa mãe! Adie esse noivado pelo prazo de um mês, uma semana; ou se impossível vos for tal coisa, preparai o tálamo nupcial no monumento em que Tebaldo se encontra sepultado.
     TenTen — Não digo nada; faze o que entenderes, que para mim não representas nada. - (Sai.) [n/a - Que família i.i.. Nunca mais digo que ela era mimada O: Credo x.x/]
     Hinata — Oh Deus! Ó ama! Como evitar isso? Conforta-me; aconselha-me. Oh tristeza! Como pensas, ama? Nenhum consolo?
     Temari — Sim, digo isto: Romeu está banido; o mundo todo contra nada, em como ele não retornará para vos reclamar. Ora, estando as coisas desse jeito, mais razoável me parece casar-se com o conde. Oh! Romeu, ao lado dele, não é mais do que um pano de cozinha. Uma águia, senhorita, não tem olhos tão penetrantes, verdes e bonitos como os de Páris.
     Hinata — Amém.
     Temari — Como?
     Hinata — Soubeste consolar-me maravilhosamente. Vai e dize a minha mãe que por haver deixado meu pai aborrecido, fui à cela de frei Lourenço, com o fim de confessar-me para ser absolvida.
     Temari — Como quiser. - (Sai,)
     Hinata — Oh demônio perverso! Que pecado será maior: trair Romeu ou desagradar meu pai? Vou ver o monge, ele saberá o que fazer. Vindo a falhar tudo, deixarei que a morte cuide de tudo.

 A Hyuga sai do palco, nervosa com o término desse ato, pois sabia que seriam os piores cinco minutos na cochia, os 18000 segundos mais lentos de sua vida. Afinal, Sasuke gostava mesmo dela ou era apenas um bom ator?


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