Edição 74 Jogos Vorazes Por Clove escrita por Lucia Ludwiig


Capítulo 26
O Último Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Gente... Não sei nem como descrever minha gratidão por vocês. É sério, agradeço a cada um que leu essa fic do começo ao fim. Só de saber que tenho ótimos leitores como vocês... me faz ficar feliz :) acompanhem as minhas futuras fics !
Boa leitura, Tributos !



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– Acorda, Clo!

– Não

– Sua comida vai esfriar.

– O que é?

– Eu achei um ganso!

– Blé!

– Oh! Deu um trabalhão pra conseguir, viu?

– Tô nem aí, eu tô com sono.

– Anime-se Clo! Hoje é o dia!

– ARGH!

Levanto e olho os lindos olhos azuis me encarando. Quer me matar de tanta beleza, Cato? Ele me oferece o tal do ganso, que por sinal, ainda estou tentando entender a presença de um animal como esse aqui na arena. Mordo um pedaço da coxa da ave e rapidinho já termino de comê-lo.

– Ai, ai Clove... Breve já estaremos em casa! – diz ele colocado o braço em volta do meu pescoço

– É verdade... Hoje, é o último dia da garota quente!

– Finalmente Clo! Em treze dias na arena, ainda não consigo acreditar que alguém vindo lá do 12 ainda esteja vivo.

– E o pior é que os dois estão vivos! Mas hoje, tudo irá se resolver...

– É... Ei, olha!

Ele aponta em direção à cornucópia, onde acaba de surgir quatro sacolas, uma para cada distrito. A bolsa do 12 é minúscula, enquanto a minha e de Cato é enorme.

– O que você acha que tem na nossa bolsa?

– Sei lá, mas ficaria muito feliz se fosse um porco! – ele me responde, rindo.

– Mas... O quê?! Inacreditável!

– É por isso que ela ainda tá viva!

A ruivinha sai da cornucópia, pega a bolsa e volta pra floresta. Reparo em uma trança muito familiar analisando a situação.

– É ela, Clove!

Não acredito! Simplesmente a minha ficha ainda não caiu que aquela idiota vai morrer... Agora.

– É a minha deixa, Cato.

– Cuidado viu?

– Tá bom.

– Qualquer coisa, me chama.

– Tá bom.

– E lembre-se de uma coisa

– O que?

– Volta pra mim

– Obrigada por se preocupar comigo, Cato. Vai ficar tudo bem, eu prometo.

– Eu sei.

– Até daqui a pouco.

– Até.

Saio correndo em direção à cornucópia, e rapidamente a vejo. Pego a minha fiel faca e atiro em sua direção, que erro por um triz. Ela atira uma flecha em mim, que acaba atingindo meu braço esquerdo, e desculpa, mas dói muito. Preciso ignorar isso, então atiro outra faca, mirando sua testa. Acerto perto do seu olho, fazendo abrir um rasgo em seu supercilio. Pulo em cima da garota, e ficamos rolando ali, no chão. Consigo me estabilizar em cima dela, mas por um descuido, solto seu braço, e ela empurra meu rosto com sua mão. Nojenta! Rolamos por mais um segundo, e ela fala algo como “minha nossa”. Finalmente, consigo ficar em cima dela, prendendo seus pulsos com os meus pés. Estou muito feliz por conseguir esse momento. A capital deve estar com os olhos grudados na tv, só pra não perder essa cena. Tenho muita vontade de gritar com ela, chama-la de idiota, imbecíl ou qualquer coisa do tipo, mas me contenho. Tenho que dar a Cato aquilo que eu prometi. Olho nos seus olhos e digo, com ar de vencedora:

– Onde está o Conquistador? – prendo mais ainda meus pés nos seus pulsos – Ah, entendi. Você vai ajuda-lo, não é? Que lindo. Pena que não pôde ajudar sua amiguinha. A garotinha. Qual o nome dela mesmo? Rue? – a idiota tenta se soltar, mas eu estou imobilizando-a – Sim, nós a matamos. E agora vamos matar você.

Aproximo minha faca de seu pescoço, sorrindo. Quando vou dar o golpe fatal, algo acontece. Uma força totalmente fora do normal me ergue do chão e me imprensa contra as paredes da cornucópia. Não acredito que aquele infeliz do 11 me impediu de matar a idiota.

– Você a matou? – ele grita com muita raiva

– Não! – ele me segura pelo meu casaco, apertando um pouco meu pescoço.

– Eu ouvi você! – ele continua gritando

Não, não posso me dá o luxo de chamar Cato. Todos vão me chamar de medrosa e de covarde. Mas sabe de uma coisa? Acho que não deveria me importar demais com o que os outros pensam.

– Cato! Cato! – grito com todas as minhas forças

– Falou o nome dela! – ele continua

– Cato! – chamo-o novamente

– Falou o nome dela! – ele repete.

O garoto me joga como se eu fosse uma boneca contra a parede da cornucópia. Ele bate minha cabeça várias vezes e agora eu sei, é o fim.

Dizem que quando a gente está prestes a morrer, um filme da nossa vida passa na nossa cabeça. Agora eu posso dizer, sim, é verdade. A primeira coisa que vejo é um menino loiro, me chamando de baixinha e rindo de mim. É ele, o Cato. Depois, a imagem do meu cachorro todo ensanguentado. Dentre muitas lembranças, a que mais me interessa foi a última, quando o mesmo garoto que riu de mim senta ao meu lado, chorando. Mas o mais importante dessa lembrança, é que não se trata de uma lembrança, mas sim, a realidade. A dura realidade.

– Clove! NÃO! Por favor! CLOVE!

– Cato...

– Não me deixa, fica... Vamos vencer!

– Não Cato... Você vai vencer...

Minha cabeça lateja muito, não consigo mais me mover. Cato chora ao meu lado, pedindo pra ficar com ele, mas eu não posso. Eu já me sinto morta.

– Clove! Não diz isso... Você sabe desde o início que você ia vencer

– Não... posso...

– Clove! Não faz isso comigo! Clove! Por quê?

– Só um... apenas um... vence...

– E vai ser você, Clo! Vença!

– Você... Cato...

– Clove! Eu... É... Não seja teimosa...

– Não funciona assim, quando se trata da morte... – eu apenas sussurro.

– Não diz isso...

– Posso... Te... dizer uma coisa, então? – vejo-o chorar pela primeira vez

– Pode...

– Eu... Te amo...

– Também... Cato... – ele me beija.

Não consigo, ou melhor, não me permito falar nada a mais, além disso. É horrível, pode apostar, mas a pior parte é o sofrimento, saber que todas as pessoas que você ama são afastadas de você... Pela morte. Minha mãe e meu pai devem estar tristes com a minha partida, mas ainda sou jovem, eles podem ter outros filhos. A única coisa que importa agora é essa pessoa que me protegeu enquanto pôde; a pessoa que meu deu comida, que é a mesma pessoa que riu de mim... Sim, ele, Cato. Aprendi, que não é assim que as coisas funcionam, nem tudo está em nossas mãos. As vezes, quando conseguimos, alguém tira, só pra dificultar. Tiro por mim mesmo, que sempre desejei o sangue dela, mas agora, é o meu sangue que vejo partir... Ele foi o mais importante, mas agora, isso não importa. A morte não espera. E é ouvindo as canções dele, que encontro a hora de partir. É ouvindo a voz de Cato, que percebo que não tenho mais nada a fazer aqui, na vida. Continuo apenas olhando seus lindos olhos azuis, até que vou embora... Pra sempre.

FIM




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Notas finais do capítulo

Muuuuito obrigada por acompanharem minha fic! Vocês são os melhores! Vejo vocês na minha outra fic Edição 72 dos Jogos Vorazes e AH! Já ia esquecendo:
Que a sorte esteja sempre ao seu favor :)