Goodbye, Goodnight, For Good escrita por MayonakaTV


Capítulo 1
Sweet dreams.


Notas iniciais do capítulo

De onde saiu Kaya com Kyo? Sei lá mano, EU SHIPPO KAYA COM TODO MUNDO D: -Q
Booooa leitura e deixem reviews (reviews, não taquem pedras pra não acertarem meus óculos!). Dependendo do que falarem aqui, eu começo a planejar meu próximo assassinato. q



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É difícil definir os limites de um homem perdidamente apaixonado. Mais difícil ainda definir os limites de um homem terrivelmente magoado, e impossível achar um limite quando o homem em questão ainda se encontra no meio-termo.

Para o vocalista jogado de qualquer jeito na cama de lençóis negros, ultrapassaria seu limite assim que esvaziasse o copo que tinha em mãos. Fitou o objeto que balançava na destra, encarando sem muito interesse o sutil movimento do líquido acastanhado dentro dele. Era uma quantidade pequena, mas suficiente para tirá-lo da consciência que jurara manter para o que faria dentro de algumas horas.

Desistiu. Se o álcool é um veneno, talvez servisse para matar tudo aquilo que ninguém conseguia tirar de dentro dele.

Kaya... – Murmurou para si próprio, aproximando o copo da boca e virando-o de uma só vez.

Você me deixa doente!

O que era para ser apenas mais uma aventura tornou-se uma cruel armadilha. Uma prisão que havia durado um ano inteiro, e só naquela madrugada ele havia conseguido encontrar a chave que o libertaria daquele martírio. A chave que sempre estivera, literalmente, em suas mãos e ele, cego de amores pelo cantor, não tinha sido capaz de enxergar.

Fora capturado por seu sorriso. Por sua beleza, por sua voz, por seu perfume de rosas. Esquecera-se de que rosas têm seus espinhos, e deixou que os espinhos da rosa branca chamada Kaya lhe atassem a mente e o coração. Por um ano, deixou-se enredar naquele espinheiro bravo e, capturado no êxtase de amar tão bela criatura, não pôde sentir a profundidade dos ferimentos aos quais se submetera.

Você me deixa doente!

A canhota pegou o celular a seu lado, acendendo o visor. Sua intenção era verificar o horário, entretanto, perdeu-se em devaneios com a foto que até então vinha usando como protetor de tela. Na imagem, um ao lado do outro, Kaya e ele sorriam abertamente. Quando ele, Nimura Tooru, havia oferecido a outro que não fosse Kaya tal sorriso apaixonado?

A primeira lágrima rolou por sua face e, a partir dela, várias outras tomaram liberdade de fazer o mesmo. Encolheu-se, abraçando os próprios joelhos e deixando seu pranto ganhar corpo e voz.

– Eu te odeio... Eu te odeio...!

Você me deixa doente!

Engoliu o choro à força junto a um grande gole de uísque reposto no copo. Tinha sido realmente útil deixar a garrafa a seu lado na mesinha de cabeceira. Secou o rosto com o tecido áspero da regata que trajava e procurou se recompor. Não passaria a imagem de fraco. Depois de um longo ano sofrendo sem saber, aquele momento era seu.

Sentado no meio da cama, tinha os olhos fechados e os ouvidos trabalhando a todo vapor, centrado nos sons externos. Ouviu a porta bater. Os excêntricos chaveiros se chocando com o tampo de vidro da mesinha de centro quando a bolsa fora jogada sobre a mesma, as conhecidas plataformas batendo no piso do corredor e um enjoativo cantarolar que aos poucos se aproximava da porta.

– Kyo? – Chamou o vocalista, curvando o tronco para olhar dentro do cômodo.

A cabeça do menor voltou-se na direção do loiro. As lentes azuis brilhavam com vivacidade, enquanto o largo sorriso característico do mais alto lhe dominava a face. O mesmo sorriso traiçoeiro pelo qual havia se deixado enganar um ano antes.

Kyo apenas sorriu-lhe de volta.

Eu irei dilacerar esses olhos de diamante que eu não aguento ver

O loirinho adentrou o quarto. Seus cabelos platinados reluzindo à nesga de luz da lua que iluminava o local. Aproximou-se da cama, subindo no colchão e engatinhando sobre o corpo de Kyo. Tocou-lhe a face com delicadeza, fazendo o menor suspirar até, percebendo a vermelhidão do rosto do companheiro, segurá-lo entre ambas as palmas, erguendo-o para a luz.

– Kyo? Estava chorando?

A desculpa já estava na ponta da língua.

– Dor de cabeça.

Os lábios se uniram em um beijo luxurioso. A partir dali, seria como sempre foi, sexo regado a um prazer real e um amor inexistente. Kaya nunca estivera interessado em qualquer coisa relacionada à vida de Kyo fora da cama.

Pois tinha atuado muito bem nos últimos trezentos e sessenta e cinco dias daquele relacionamento de aparências.

As mãos fortes distribuindo apertos lúbricos e nada carinhosos pelas coxas de sua rosa, arrancando-lhe gemidos libidinosos. Conhecia cada ponto daquele corpo como se fosse o seu próprio, e da mesma forma que gostava de um pouco de dor, sabia que Kaya também gostava.

Era de certa forma bom para seu ego pensar que os outros viam aquelas marcas e sabiam que tinham sido feitas por ele. Mesmo que, todas as noites, Kaya ganhasse marcas que se sobrepunham àquelas.

Manchas rubras na pele de papel...

Eles chamam isso de tragédia

Um movimento conjunto, o girar dos corpos invertendo as posições. Em conjunto com as pernas, os braços do mais alto envolviam o corpo de Kyo em um abraço sufocante. Os quadris ondulavam contra seus semelhantes forçando um contato direto. Movimentos animalescos, retribuídos com gosto pelo vocalista do Dir en Grey, que esfregava seu baixo-ventre ao do outro com igual desejo.

– Koi...

Aquele gemido carregado de luxúria acariciando os tímpanos de Kyo, chamando-o pelo apelido carinhoso do qual ele tanto gostava.

Lembrando as noites em que

Você sussurrava pra mim tão suave,

"Para sempre meu coração é seu."

Como todos os outros incontáveis amantes de Kaya também deviam gostar.

Compreenda que estas palavras morreram.

As unhas bem-feitas do loiro se cravaram nos bíceps desnudos do namorado, descendo por eles em arranhões impiedosos. As pálpebras cerradas em resposta a um toque indiscreto abaixo da saia do vestido e os joelhos se aproximaram discretamente, prendendo a mão do moreno entre suas pernas. Entendido do recado e com muita dor no coração, Kyo se pôs a massagear o membro do maior por cima do fino tecido da boxer branca.

Gemidos baixos ecoando pelo cômodo. O prazer estampado em cada traço daquele rosto tão feminino. Nenhuma vergonha, nenhuma sombra de culpa.

Tão belo. Tão... Kaya.

À medida que a vida desaparece dos seus olhos (desaparece dos seus olhos)

Tudo o que posso dizer

É que pode não ser tarde demais

Se eu não posso ser amado, então ninguém deveria ser.

Eles o chamavam “A Rainha do Amor e da Decadência.”

Com razão.

(Seu rosto me dá nojo)

Pense nisto como se eu suavemente beijasse

(Sorria e sustente suas mentiras)

Seus ensanguentados lábios de vidro mais uma vez

(Esta confiança quebrada)

– Eu te amo...

Kyo sorriu. As pontas dos dígitos deslizaram pelo rosto delicado do amante, acariciando-lhe a bochecha.

Os dedos deslizaram pela linha do maxilar do rapaz, desceram-lhe pelo queixo e, por fim, fecharam-se no pescoço do loiro que, ao perceber que aquilo era real, arregalou os olhos e começou a se debater.

– Kyo...! Me solta!

Nesta noite, esta coisa que você chama de "amor" morre

(Se tornará sua morte)

O maior levou as duas mãos àquela que o sufocava, tentando afastar-lhe os dedos do pescoço. Com a tentativa de defesa, um largo sorriso tomou forma nos lábios finos de Kyo. Um sorriso sádico.

À medida que a vida desaparece dos seus olhos, desaparece dos seus olhos...

Tudo o que posso dizer

É que pode não ser tarde demais.

– Tooru, pára... Pára agora!

Gritos estrangulados, entrecortados pela falta de ar que aos poucos se manifestava nos músculos cada vez mais tesos, doloridos.

– Não.

Tente novamente, faça isso perfeito, faça isso perfeito

Faça-me valorizar isto,

Ou morra por tudo que eu me importo.

Com a agitação, uma joelhada certeira nas partes íntimas de Kyo o desordenou por um segundo.

Vadia! – Gritou ele, enraivecido e descendo sua pesada destra em um fortíssimo tapa contra o rosto alheio.

Lágrimas começaram a correr pelo rosto do maior, em cujo lado esquerdo estendia-se a vermelhidão procedente à bofetada.

– Kyo... P-Por quê?

Eu coloquei isto fora muito tempo

Mas nunca é tarde demais

– Por Die... – O moreno conteve sua explanação, comprimindo os lábios a fim de conter o pranto que se formava em seus olhos castanhos. Tola tentativa, uma vez que bastou abrir a boca para recitar a lista de personalidades com quem Kaya o havia traído (pelo menos das que tomara conhecimento) para as lágrimas lhe rolarem face abaixo. – Yoshiki, Gackt, Kamijo, Masashi, Asagi...!

– Então você sab--

Os dedos comprimiram um pouco mais o pescoço fino do loiro que, com a obstrução da fala, engasgou-se.

– Cala a boca.

Dedos brancos

Apertam como olhos vermelhos

Queimam

Os dedos femininos voaram aos cabelos do menor, puxando-lhe os fios em intenção de causar o afastamento. Foi inútil. Podia ser mais alto, mas isso não fazia dele o mais forte.

Eu ranjo meus dentes e termino

O que eu sei que deve ser

Feito para matar a sua memória

A tentativa de se libertar de seu algoz apenas duplicou a fúria deste. Seus pensamentos se chocavam furiosamente, fazendo-o desistir de acreditar que sairia dali vivo. Aquela não era uma simples punição para assustá-lo, a sequência de traições ferira o coração de Kyo de tal maneira que, naquele momento sem qualquer resto de orgulho que pudesse salvar, só o que lhe restava era a vingança. Ele estava mesmo disposto a matar.

As lágrimas continuaram a correr à medida que seu ar se esvaía. Seu destino estava selado.

Dedos brancos

Apertam como olhos vermelhos

Queimam

– Enquanto eu te esperava madrugada após madrugada, você ia para a cama com todos eles...! Todos eles! Um ano sendo usado por você, rosa... – A voz embargada do moreno, somada a seu rosto lavado pelas lágrimas ardidas, cortava o coração de Kaya. Pena que era tarde demais para se arrepender de seus pecados. – Um ano inteiro sendo seu palhaço!

Eu ranjo meus dentes e termino

O que eu sei que deve ser

Feito para matar a sua memória

– Eu te amava tanto, mas tanto...

O indicador da canhota acariciou os lábios cheios do rapaz de cabelos platinados. As pupilas do maior se dilataram ao gesto, expressando sua confusão.

E você disse que isso seria para sempre...

Você disse que isso seria para sempre.

Depois de hoje o silêncio vai assombrar você

Não haverá perdão

Para o que você fez

A mesma mão deslizou pela bochecha avermelhada de Kaya, e logo após foi levada à companhia da que lhe apertava o pescoço, tentando acelerar o processo de asfixia.

– Agora acabou, Tatsuya. – Levantou a cabeça, encarando-o de forma assustadora. – Pare de se debater e morra logo.

Depois de hoje o silêncio vai assombrar você.

Não haverá perdão

Para o que você fez

E você disse que isso seria para sempre...

O maior agonizou pela última vez.

E você disse que isso seria para sempre!

A mão pálida caiu sobre o colchão. Os olhos ainda adornados pelas lentes jaziam abertos, opacos.

Kaya estava morto.

Lentamente, as mãos de Kyo em torno do pescoço alheio foram se afrouxando, as marcas de seus dedos se sobressaíam na pele alva. O menor saiu de cima do corpo sem vida do igualmente vocalista.

Escorregou para fora da cama, estendendo o braço sobre a mesinha de cabeceira e reavendo o copo ainda ocupado pelo líquido marrom translúcido. Os pés descalços o levaram em direção à porta, diante da qual parou e ficou a encarar o corredor vazio.

A cabeça se voltara para o corpo estendido sobre a cama. O vestido branco a contrastar com os lençóis negros. O rosto delicado, levemente arroxeado. A boca entreaberta e um filete de saliva a lhe escorrer pelo canto dos lábios.

Após um sorriso de canto, Kyo deu um último gole na bebida, tornando a dar as costas ao cadáver após sussurrar, no mesmo tom de falso carinho um dia usado por aquele que agora se achava morto entre os travesseiros.

– Boa noite, meu querido Kaya.

Eu não esquecerei as palavras que você disse

Antes de virar suas costas

Adeus, boa noite, por bem...

Lembre do meu rosto quando você sentir a dor.

Diga adeus.

(...)

A doce respiração foge... Sufoque nas mentiras que foram seu último adeus.

Ouça minha voz como se dormisse.

Durma bem, boa noite... Sufoque nas mentiras que foram seu último adeus...

Eu encontro prazer em sua decadência,

Eu ansiosamente assisto você desaparecer.

Eu não posso explicar o que está acontecendo dentro de mim.

Eu não me recuso mais a lutar.

Tudo que eu sei é que eu tenho que ter certeza.

Ter certeza de que você nunca mais acordará de novo.


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Notas finais do capítulo

Nyah ferrando minha formatação bonitinha e. Comentários? ;;



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