My Dear Clove escrita por meerareed


Capítulo 2
A Colheita




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/233984/chapter/2

De todos os beijos que eu já dei, aquele foi sem dúvida o melhor. Os lábios dela eram macios e o seu hálito era quente e reconfortante. Aquilo tirou tudo que me preocupava da cabeça. Eu só estava pensando nela e naquele beijo. Enquanto nós estávamos nos beijando, ela tira a minha camisa e eu não hesito em tirar a dela também. Quando eu a coloco no meu colo, ela se afasta e diz:

– Nós não podemos fazer isso – Ela enxuga os últimos vestígios de lágrimas no rosto, veste a sua blusa e continua – Isso pode estragar a nossa amizade, sabia?

– É eu sei... Olha desculpa ter te beijado...

– Cato, não se desculpa. Isso foi bom, só que é errado...

– Foi bom? – Falo levantando uma sobrancelha e dou um risinho. Ela pega meu travesseiro e me acerta.

– Para com isso – Ela fala rindo, depois olha para baixo e continua – Aquilo foi verdade? Sobre me proteger?

– Claro que sim. Eu prometi que sempre iria te proteger, certo?

– É, mas não nesse caso. E todos os dez anos de treinamento? E a sua vontade de ter fama e honra? Cato, você não pode desistir de ganhar os jogos para eu voltar viva. Eu vou fazer de tudo para ganhar aqueles jogos, sabia? Então faça isso também. Não interessa os anos de amizade que nós temos. Só um vai sair vivo mesmo de lá. Então faça de tudo para ganhar aqueles jogos, pois é isso que eu vou fazer.

Ela estava certa. Todos os anos de treinamentos não podem ser em vão. Eu tinha a enorme vontade de ter fama e dinheiro. Eu sou ganancioso, e não posso e nem vou mudar isso.

– É melhor eu ir embora antes dos teus pais voltarem. Tchau. – Ela fala

– Tchau, baixinha...


***



Não consegui dormir essa noite. Depois do que aconteceu, o sono não quis aparecer. Hoje é a Colheita. É hoje que o meu futuro será cravado. Com morte, ou vitória.


Mas eu sou um Carreirista. Eu não posso simplesmente morrer para salvar uma garota, mesmo que essa garota seja minha melhor amiga.

Não fui para o treinamento ou para a escola. Não comi nada, não sai do quarto. Eu só saio quando dá a hora da Colheita


***



Clove estava linda. Cabelos presos, um vestido azul escuro, e maquiagem leve. Ela olhou para mim com um olhar desafiador e sorri. Eu retribuo.


Enquanto o prefeito do distrito 2 fala sobre a historia de Panem, olho para todas as crianças e adolescentes que eu conhecia. Algumas pessoas olhavam para mim e sorriam, outras levantando discretamente o polegar para mim. Elas sabiam quem teria se voluntariar esse ano e sabiam quem teria que ganhar: Clove, a garota inteligente e que nunca errava os alvos ou eu, o garoto brutal e sanguinário com uma força física suficiente para levantar 50 quilos ou mais.

– Vamos primeiro escolher as damas – A nossa escolta mexeu a mão no globo de vidro e tirou um papel - Clove Kentwell!

Ela nem precisou se voluntariar. Clove deu uma ultima olhada para mim, sorriu novamente e andou em direção ao Edifício da Justiça.

– Agora a vez de escolher nosso tributo masculino. - A moça foi em direção a outro globo de vidro, mexeu a mão novamente e tirou um papel. Ela leu e falou alto:

– Ângelo Solary.

Eu não reagi. A maioria das crianças ali me olhou com uma cara que dizia “Você não vai se voluntariar?”. Eu olhei para Clove, mas ela não olhou para mim ou demonstrou qualquer sentimento. Porém eu teria que me voluntariar.

– Eu me voluntário como tributo. – Eu falo alto e levantando a mão.

Saiu da fila e me dirijo até onde a nossa escolta e Clove está. Uma parte de mim está feliz. Depois dos 10 anos de treinamento, o meu momento finalmente chegou. E eu não vou deixar que uma garota, mesmo ela sendo a minha melhor amiga há anos, tirar a vitória das minhas mãos.

– Como é seu nome, querido? - A nossa escolta pergunta.

– Cato. Cato Handley.

– Ótimo. Parece que esses jogos vão ser ótimos, né? – Ela fala nos analisando – Muitos aplausos para os nossos tributos!

Eles aplaudiram muito. Eu sorrio e aceno para as pessoas. Clove faz a mesma coisa. Aquele era o nosso momento.

Após as velhas e chatas coisas que o nosso prefeito fala, e que no caso, nunca presto atenção, os pacificadores me levam para uma sala onde tem um grande sofá vermelho sangue. Me sento e espero os meus parentes e amigos. Os primeiros a se despedir são os meus pais.

– Foi ótimo, vencedor – Meu pai fala dando um riso e apertando a minha mão. Minha mãe aparece logo atrás dele, sorrindo para mim.

– Cuidado com os perigos na Arena, o.k.? – Minha mãe fala me abraçando.

– Mãe, eu sei me cuidar. Logo estarei de volta e quando eu voltar, voltarei vencedor. – Falo segurando os ombros dela e sorrindo. – Se quiserem, já podem arrumar as coisas para a mudança, pois quando eu voltar, nós vamos viver na vila dos vitoriosos.


Eu dou um último abraço neles e eles saem. Depois deles, um menino branco de cabelos morenos entra na sala. Patrick, meu amigo do centro de treinamento.


– Hey, campeão! – Ele me dá um murro no braço. – Preparado para matar todo mundo?

– Claro que estou, idiota. Porque acho que me voluntariei? – Eu falo rindo e ele também ri.

– Cuidado com certos perigos na Arena – Ele fala

– Como assim “certos perigos”? – Eu pergunto confuso

– Você mais cedo ou mais tarde irá descobrir. Tchau, baitola – Ele sai acenando para mim.

Depois desses, nenhuma pessoa a mais veio se despedir de mim. Então, os pacificadores me tiraram do Edifício da Justiça e me colocaram dentro do carro junto com a nossa escolta e a Clove, que estava feliz, pois estava se controlando para não sorrir muito

***

Assim que entramos no trem, a nossa escolta nos levou para um vagão com uma mesa. Sentados, um homem forte estava nos encarando e uma mulher estava sorrindo para nós. Todos os dentes dela tinham pontas afiadas com ouro. Enobaria. Ela matou um tributo rasgando seu pescoço com os dentes quando esteve na arena. Quando se tornou vitoriosa, teve os dentes modificados para que cada um deles terminasse numa ponta e fossem banhados em ouro, assim seus dentes seria uma arma quase indestrutível. Ela me dava arrepios, mas ao mesmo tempo, eu a admirava muito. Pelo menos, até conhecer ela melhor. E o homem forte que devia estar com 40 anos se chamava Brutus. Ele nunca ficava fora de uma luta. Eu já o vi na academia muitas vezes. Ele sempre ia lá vê os adolescentes treinando.

– Enobaria... Brutus... – Clove fala com admiração. Clove sempre me contou que achava o modo de como eles ganharam muito legal.

– Oh, sim queridinha. Vocês sabem meu nome, mas eu não sei os seus. Então diga-me, qual são os seus nomes? – Enobaria fala.

– Cato e...

– Clove – Ela olha para mim com desaprovação, olha novamente para Enobaria e sorri.

– São carreiristas, certo? – Brutus fala – Eu já vi vocês no centro de treinamentos.

Nós assentimos. Ele nos avalia e fala:

– Eu fico com o garotão – Enobaria fala apontando para mim. – Você fica com a baixinha, Brutus.

– Sem problemas – Ele olha para Clove – Espero que não me decepcione.

Clove olha para ela com raiva. O nível de admiração que sentíamos por ela, acabou de diminuir.

– O que você sabe fazer, baixinha? – Ela continua.

– Eu atiro facas. – Ela fala em um tom meio agressivo e olha para Enobaria com os olhos semi-cerrados. Clove olhava para Enobaria como se ela fosse seu pai, e Clove odiava seu pai.

A escolta do distrito 2 chegou até nós e nos chamou para ver as reprises da colheita. Dei graças a Deus por ela ter feito isso, pois presumiria que Clove iria pegar uma faca e para atirar em Enobaria por ter a chamado de baixinha.

Na sala vimos todos os vídeos. Não fiquei de olho em todos os tributos, só vi os carreiristas do 1, eu e Clove, que por acaso estávamos muito bem, a garota ruiva do 5, o garoto forte e a pequena menina do 11 e a garota do 12. Admiro-a por ter feito o ato de se voluntariar para salvar a irmã dela, pena que ela vai morrer na cornucópia.

– O.k. Chamem os carreiristas do 1 para se aliarem com vocês e chamem também o garoto do 11. Vocês são os mais fortes, eu acho... - Enobaria fala olhando com desaprovação para Clove - Então as chances de vocês vencerem são boas.

– As chances deles vencerem são ótimas. Eu já vi ambos treinando e posso afirmar que qualquer um de vocês podem ganhar. – Ele fala olhando para mim e para Clove.

Eu olho para Clove sorrindo. Ela retribui o sorriso. Brutus olha para nós e em seguida, levanta e se afasta, chamando Enobaria para conversar. Presumo que é sobre mim, já que eles estão de olhos fixos na minha direção. Se for sobre mim, porque eles não falam na cara? Quer saber, eu cansei deles. Saio de lá sem falar nada e vou até o meu quarto. Quando olho pela janela, percebo que estamos do distrito 1 e logo de manhã, estaríamos na Capitol.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tá uma merda, mas tá ai.
Me falem o que acharam, ok?