No dia seguinte, eu e Kyle fomos a pé para a escola ao invés do Tyler nos levar. Queríamos andar um pouco, sentir a brisa gostosa da manhã, conversar (como se nós nunca conversássemos), só nós dois. Quando chegamos na escola, ninguém disse nada. Parecia que todos tinham esquecido que aquilo aconteceu. Tudo voltou ao normal estranhamente rápido. Fomos até nossos armários e pegamos nossas coisas. Estávamos andando até a sala e o sinal bateu, então ficamos ali perto, esperando nossos professores chegarem.

Então, vi uma coisa diferente. Annie e Tyler, de mãos dadas, conversando animadamente. Olhei para Kyle, também estava observando o possível novo casal, com uma expressão surpresa. Os dois chegaram até a porta das salas e os professores também, então dei um selinho em Kyle e quando estava entrando na classe, observei Annie beijar Tyler. Eles deram um sorriso e ela entrou na classe, me cumprimentando.

- Oi Klo! Você tá melhor? – disse ela me abraçando.

- To sim, obrigada Ann. – respondi com um sorriso. – Mas... o que tá acontecendo entre você e o Tyler?! – meu sorriso se alargou e eu arregalei os olhos, o que formava uma expressão de alegria e surpresa.

- Ahh... – ela parou pra pensar. – ontem ele me levou para almoçar naquela lanchonete aqui perto, depois fomos dar uma volta e nos beijamos. Hoje ele chegou e me cumprimentou com um beijo e ficamos de mãos dadas. Não sei o que tá acontecendo. – ela quase vomitou as palavras, de tão animado e rápido que ela falou.

- Ahh meu Deus! – quase gritei, fazendo o professor, que acabara de entrar na sala, olhar para mim em uma expressão repreendedora.

 Fomos até nossas carteiras e ela ficou falando a aula inteira sobre o dia anterior, de como o Tyler era lindo, romântico, sobre o beijo, de como ele era atencioso e blá blá blá. Eu ri.

- Do que você tá rindo sua louca? – a expressão de Annie era confusa.

- Você toda apaixonadinha aí, é engraçado! – ri mais ainda.

O professor só não chamou minha atenção pois ele tinha dado exercícios para fazermos no livro, então ele não estava explicando. Olhei para ele só para ter certeza de que ele não iria brigar comigo. Porém ele estava sentado em sua cadeira com cara de poucos amigos, apenas esperando os alunos terminarem de fazer os exercícios, então continuamos a conversar.

- Eu tive que aguentar você falando do Kyle, agora é minha vez. – disse ela com um sorriso.

- É justo. – admiti.

O sinal bateu e fomos para o refeitório. Chegando lá, Kyle me puxa e me leva para um lado mais escondido da escola, onde os casais vão para se beijarem. Ele colocou suas mãos na minha cintura e eu entrelacei as minhas em seu pescoço.

Então ele se aproximou e me envolveu em um beijo feroz, porém apaixonado. Sua língua explorava cada canto de minha boca e minhas mãos passeavam por suas costas. Ele apertou um pouco suas mãos em minha cintura, o que me deu arrepios. Quando começamos a perder o fôlego, ele beijou meu pescoço, mas logo voltou a atenção para minha boca. Então ouvimos o som estridente do sinal e fomos para a sala de aula.

No meio do caminho encontramos com Tyler e Annie, que ficaram tirando sarro de nós pois estávamos com os lábios mais avermelhados devido ao beijo. As últimas aulas passaram rápido e fomos para casa. Chegando lá, assustamos ao ver Meredith colocando o almoço á frente de um homem. Não demorou muito para eu reconhecer Mason, o psicólogo da clínica de reabilitação que acompanhou-a até o julgamento de meu pai.

Cumprimentamos os dois e dissemos que não estávamos com fome só para os dois almoçarem á sós, e que depois almoçaríamos. Subimos as escadas e chegando ao nosso quarto, Kyle comentou:

- Você acha que... – ele parou e me olhou com cara de suspeito. Sabia o que ele queria dizer.

- Não sei, no dia do julgamento ela disse que voltaria tarde, eles podem ter feito alguma coisa. – deduzi.

- Alguma coisa tipo... – ele juntou as duas mãos e fez um gesto indicando que eles teriam feito “besteira”. Eu ri com seu comentário maldoso.

- Alguma coisa tipo ter ido jantar, seu pervertido! – falei enquanto jogava uma almofada nele e ria.

- Ei. – ele me chamou, pegou minha mão e entrelaçou a minha com a dele. Eu cheguei mais perto.

Demos aquele beijo mais-que-selinho-menos-que-língua e voltamos a conversar normalmente.

- Quando foi sua última prova? – eu perguntei.

- Na segunda, e a sua?

- Vai ser nessa sexta. De história. – fiz uma careta. Eu fiquei de recuperação de história no último trimestre, preciso estudar mais.

- Nossa, no último dia de aula? Eu ia ver com você se a gente não podia matar aula na sexta – Kyle fez uma carinha de bad boy e depois abriu um sorriso no canto da boca.

- Não dá mesmo mô, preciso ir pra fazer a prova. Mas é na primeira aula, então eu faço a prova e vou embora. – sugeri.

- Tudo bem então. – ele disse com um sorriso.

Então ouvimos alguém bater na porta. Mason entrou no quarto em seguida.

- Obrigada pelo o que vocês fizeram. – ele disse quase num sussurro. – eu gosto de ficar á sós com a sua mãe, ela é uma ótima companhia. – ele sorriu. – preciso ir agora, tenho muito trabalho na clínica. – ele disse e nos despedimos.

Nos olhamos e trocamos sorrisos, eles se gostavam, assim como eu e Kyle e Annie e Tyler.

Estava tudo finalmente dando certo na minha vida. Todos os meus medos, minhas inseguranças e meus pesadelos foram esquecidos devidos à pessoa que entrou na minha vida há tão pouco tempo e já me conquistou de um jeito que eu não conseguiria descrever certamente nem se tentasse. Acho que o amor é assim. A gente se machuca, a gente sofre, a gente ri, a gente chora. Mas, se é amor de verdade, a gente não abandona e nem esquece, é como se a pessoa se tornasse uma parte de você.

 Você não consegue viver mais sem seus sorrisos, abraços, beijos, palavras consoladoras e juras de amor. E eu acho que o que eu sinto por ele não é apenas paixão, é amor. Eu amo o jeito dele, eu amo seu sorriso, eu amo sua voz, seus toques, amo tudo nele. E o que começou com uma amizade inocente acabou me transformando de um jeito avassalador e eu não consigo imaginar o que eu teria feito sem ele aqui.

Ele me salvou.