Ele me consome. Mais que qualquer coisa nesse mundo.

Ele arrastava-se dentro de minha alma, cavando um lugar dentro dela para permanecer ali, sem ninguém tirá-lo de lá. Sem eu tirá-lo de lá. Ele procurava tocar sua mão na minha própria sem ser empurrado ou sem deixar-me fugir do local e sem olhá-lo com tamanho ódio. Ele queria que aquilo desse certo. Ele queria nós dois juntos. Ele queria o que eu queria. O que eu nunca pensei que quisesse, mas, bem, isso mudou. Talvez meu pensamento pudesse ter me avisado isso antes, porém, só nos primeiros segundos da minha morte, ele alertou-me. Eu o amava. Eu correspondia o amor dele.

Mas isso soava tão inútil agora.

Eu estava frágil, em um mundo frágil. Nesse mundo, ele não existia. Eu não sabia onde ele estava. Mas não ali. Eu queria que ele aparecesse e dissesse que não consegue viver sem mim por nem mais um segundo. Eu queria dizer o mesmo para ele, se pelo menos ele estivesse ali.

– Damon! – Eu gritava, no meio da rua onde eu e ele nos encontramos pela primeira vez. Aquela lembrança, que voltara como um jato em minha cabeça, não queria mais ir embora. Tudo que eu pensava era naquilo e as outras lembranças retiradas da minha memória de repente. Lembranças que agora eram tão especiais e, ao mesmo tempo, tão dolorosas, por apenas saber que tudo que aconteceu naqueles momentos eram os momentos mais verdadeiros da vida de Damon e eu nunca havia pensado neles. Ele fez-me esquecer. Talvez para o meu bem, não sei. Mas, naquele momento, aquelas lembranças eram ruins. Ruins porque me fizeram arrepender-se de tudo que falei a ele algumas noites atrás. Ruim por ter escolhido Stefan, o irmão do vampiro que eu amava.

– Onde você está, Damon? – Chamei o seu nome loucamente. Esperneei. Fiz de tudo. Ele não aparecerá. Ele não vai aparecer. Ele não vai voltar. Ele foi embora.

E as lágrimas, agora, dançavam pelas minhas bochechas. Os sentimentos que eu sentia estavam cada vez mais fortes. Arrependimento, tristeza, indecisão, solidão, amor. O último se multiplicava a cada segundo que se passava. O amor que eu sentia por Damon crescia ligeiramente e eu não conseguia controlá-lo. Ele esfaqueava meu coração. Puxava minha alma. Machucava-me por dentro e por fora. Eu estava morta, mas aquele sentimento nunca mais iria morrer. Nem quando eu estiver com mil anos de idade. Esse sentimento sempre vai existir e crescer ainda mais dentro de mim.

E era esse o preço que eu estava pagando, realmente. Pelo amor que Damon achava que não era correspondido. Pelo o que eu o fiz sofrer. E eu odiava-me por isso.

– Mas eu preciso de você, Damon. – Sussurrei e atirei-me no centro da rua. Estava vazia, igual o meu morto coração cheio de sentimentos. As lágrimas estavam descontroladas e molhavam toda a minha blusa. Não tentei pará-las, na verdade, deixe-as deslizando por todo o meu rosto.

E eu não iria parar de chorar. Não até ele aparecer. Não até eu atirar-me nos braços dele.