Hermione Granger - Reencontrando os Pais escrita por ro1000son


Capítulo 8
Capítulo 8: Usando a Rede de Flu


Notas iniciais do capítulo

Os personagens principais pertencem a J.K.Rowling.



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Se dissessem para Hermione, há alguns meses atrás, que depois de tempos difíceis ela poderia sorrir novamente, provavelmente iria ignorar porque, na realidade, ela sempre detestou discussões inúteis. Depois de tudo que ela passou ao lado de Harry e de Rony, ver o senhor Donnwall e os filhos, que eram o exemplo de pessoas que vivenciaram o combate ao terror em outras épocas, felizes e contentes vivendo naquele rancho era bastante inspirador. Aquele homem, depois de lutar ao lado do pai e do tio dele, seguiu adiante com a vida como um simples fabricante de varinhas e construiu um lar com os filhos gêmeos com poderes especiais, tendo amigos vivendo à volta deles. Era justamente isso que Hermione pensava: no exemplo daquela família, onde o dono da casa contava mais sobre aqueles tempos sombrios na Austrália, mas vez ou outra fazendo umas piadinhas.

— E foi assim que descobrimos os planos deles. Enquanto os trouxas estavam em guerra, eles os expulsariam da Austrália e subjugariam os aborígenes, tornando este continente um lugar exclusivo de bruxos. Tudo em nome de uma nova ordem onde os bruxos dominariam. Acho que agimos na hora certa. Mais um pouco e eles teriam conseguido. Como disse antes, o mal sempre aparece, em qualquer época e por qualquer um. Cabe às pessoas de bem vigiar e tomar a decisão certa quando preciso – Disse, ao encerrar o assunto.

— Senhor, o Eric contou que sua esposa também tinha poderes... – o clima de descontração cessou e o homem se calou com a pergunta que Harry não terminou e o garoto se tocou que estava fazendo uma pergunta bastante pessoal. Hermione notou que os gêmeos olhavam receosos para o pai, provavelmente já haviam percebido quando o moreno iria entrar nesse assunto e se aquietaram antes de qualquer um. O senhor Donnwall não esboçou reação alguma. Apenas olhou pensativo para Harry e depois para os filhos dele por alguns segundos.

— Eles contaram, hein? - apenas perguntou ele.

— Senhor, não precisa falar sobre... - quis corrigir Harry, mas o homem o interrompeu com um sorriso.

— Não tem importância. Sério. Foi há muitos anos e acho que sobrevivo se eu falar um pouco sobre ela.

O homem se aprumou na cadeira e levou mais uma garfada à boca. Os gêmeos olhavam atentos para o pai enquanto jantavam. Até o Rony ficou tenso, esperando pelo que viria. Para Hermione, estava claro que o senhor Donnwall não se sentia bem falando da esposa falecida, embora os gêmeos tivessem dito que ele contava melhor sobre a história deles. Depois de algum tempo, o dono da casa parecia concordar com alguma coisa e começou a falar.

— Sim, sim. Ela tinha poderes especiais, além de ter sido uma pessoa fantástica. Ela era sensitiva sim, mas uma sensitiva diferente. Ela podia localizar pessoas apenas sentindo os sentimentos delas. Nunca soubemos exatamente como fazia, nem ela mesma sabia como, mas ela nos ajudou muito a localizar os bruxos que queriam dominar a Austrália naquela época.

“Foi ela que deu o nome do nosso rancho. Nossa família sempre se referiu a este lugar de nossa casa, e só. Como ela gostava de nomes aborígenes, ela chamou o rancho de 'Cardinia', que traduzindo seria 'Aurora'. Nós gostamos do nome e ele pegou. Mamãe gostava muito dela, e ela e minha irmã ficaram muito apegadas.”

O senhor Donnwall fez uma pausa para beber mais um gole do suco. Todos estavam esperando silenciosamente que ele continuasse ou desse fim à conversa.

— Ela sempre teve uma saúde delicada - disse ele depois de algum tempo. - Talvez por causa do que podia fazer, nunca soubemos direito. Quando me casei com ela, alimentava esperança de termos filhos, mas não falava com ela sobre isso justamente por causa da saúde dela. Quando engravidou, eu vi que ela ficava fraca semana após semana. Mas ela queria, queria muito, dizia que amava quem carregava na barriga. Quando estava com sete meses de gestação, ela precisou ser internada na Casa de Stainbrow, nosso hospital bruxo, em Melbourne, até quando fosse dar à luz.

O homem fez outra pausa com um breve suspiro. Depois de algum tempo, e de cabeça baixa, ele continuou.

— Mesmo os curandeiros não dando esperança alguma, ela quis continuar, queria que esses meninos nascessem – disse apontando para os filhos dele. – Apesar de estar muito debilitada. Ela morreu duas horas depois de eles nascerem, me pedindo para que cuidasse deles, incondicionalmente.

O dono da casa estava de cabeça baixa e não precisou muito para todos entenderem que aquela conversa havia terminado. Continuaram com o jantar em silêncio por algum tempo até que Rony – sempre ele – quebrou aquele clima ruim.

— Me desculpe, senhor Donnwall, mas aquelas galinhas enormes não saem da minha cabeça...

Todos riram dele e novamente o clima estava descontraído. Então, ele continuou.

— Sério, não acreditei quando eu vi, mas quando elas pularam em mim, eu tive que acreditar, e dar o fora dali bem rápido. Eu tinha arrastado a lata com a ração delas para o meio do galinheiro, como seus filhos me disseram para fazer, e esperei.

— Verdade - disse Eric, interrompendo Rony. - E quando ele estava bem no meio do galinheiro, ficou procurando as galinhas, perguntando “Onde estão?”. Aí eu disse a ele: “Olhe pra cima”, porque os poleiros estão quase no teto. Ele levou um baita susto, vocês tinham que ver.

— É, eu também me assustei, mas ele berrou quando viu as galinhas - atiçou Harry, dando gargalhadas.

— Fazer o quê? Eu pensei que elas já estavam em cima de mim - observou o ruivo.

— E elas pularam de susto por causa de você, Rony - disse Eric. O irmão dele estava ao lado, às risadinhas. - O estranho é que elas foram direto para a ração, mas ele ainda estava debaixo delas... E quando colocamos a outra lata que arrumamos, ele pôde sair de lá.

— Bem na hora. Você poderia ter se machucado, Rony - disse Hermione, se virando para o namorado.

— Sem arranhões - disse ele, ao levantar as mãos para o alto num gesto displicente.

— Essas galinhas já foram motivo de muita discussão - falou o senhor Donnwall, entrando na conversa. - Os trouxas pensariam que estamos colocando hormônios, se as vissem, e os bruxos que viram pensaram imediatamente que se tratava de uma poção ou magia nova.

— É. Pra sorte do Rony, as galinhas não ganharam dentes nem garras... – brincou Eric.

— O que é então, senhor? - perguntou Harry.

— É só ração. Claro, não é qualquer ração. É um tratamento à base de plantas especiais que aprendemos com nossos amigos aborígenes. Na verdade, nada de especial. O mais importante é o manejo. Vê esses presentes? - ele apontou para os ornamentos iguais aos da sala de estar que também enfeitavam a sala de jantar. Hermione havia reparado nelas antes, mas não havia pensado em perguntar porque elas estavam ali. - São presentes de uma tribo muito antiga, que quase ninguém conhece. São os Quendaroo, um povo que vive escondido nos arredores do Deserto Simpson. São poucos os bruxos que sabem da existência deles e não sei de algum trouxa que saiba dessa tribo, porque eles se esconderam quando os trouxas chegaram nessas terras quando da época do 'descobrimento'. São muito pacifistas e territorialistas, mas quando algo os ameaça, sempre tomam a decisão mais acertada. Eles nos ensinaram muitas coisas úteis como tratamento com animais e proteção para o rancho.

— E como vocês conheceram essa tribo, senhor? - perguntou Hermione.

— Bom, meus filhos descobriram. Há uns seis anos, no meio de um trabalho para o ministério, eles se depararam com um fazendeiro trouxa que queria represar um rio próximo a uma parte do terreno deles. Ele iria causar uma migração de animais e prejudicaria essa tribo. Meus filhos os ajudaram da melhor forma possível.

Hermione, que prestava atenção ao senhor Donnwall, voltou a atenção aos gêmeos, pois Eric iria dar mais detalhes.

— Segundo Mamul, o curandeiro deles, foram as orações deles que nos enviaram para lá. Eles não gostam de matar; como meu pai disse, são pacifistas, e outra tribo talvez fizesse assim. Então eles pediram ajuda aos deuses deles e nos encontraram. Precisavam que alguém resolvesse o problema deles sem ter que expulsar os trouxas ou matá-los.

Hermione entendeu que Eric estava enrolando, talvez procurando um meio mais fácil de dizer o que fizeram, enquanto que Téo somente olhava e concordava com tudo que o irmão dizia em meio às risadinhas.

— Então, o que fizeram para ajudá-los? – perguntou ela.

— Nós ocupamos o terreno que iria alagar com outra coisa. Se não tivessem como represar a água, não teriam como construir nada.

— Mas então? – quis saber Harry. Ao que o senhor Donnwall interveio, mostrando contentamento.

— Então que meus filhos resolveram a situação trazendo parte de uma montanha de um canto remoto do mundo e colocando justamente no lugar que seria alagado. Aqueles trouxas até hoje não sabem como uma montanha foi parar ali.

— Uau, mas como fizeram isso? – Rony perguntou a Eric, que respondeu displicentemente.

— Nós desaparatamos.

— Como assim? Com a montanha e tudo?

— Sim. Meu irmão ficou em uma ponta e eu na outra e desaparatamos com a montanha para aquele lugar.

— Está falando sério? – perguntou Hermione.

— Claro. Sei que é difícil de acreditar. Mas lembram sobre o que falamos na caminhonete mais cedo? Se nós dois nos concentrarmos, podemos desaparatar carregando um monte de coisas.

— Brilhante – observou Rony.

— E vocês viajam muito? – quis saber Harry.

— Um pouco. Na maioria das vezes fazendo trabalhos especiais para o Ministério. Tem quem goste da nossa ajuda...

— É isso mesmo. Volta e meia eles são necessários para algum trabalho especial pelo que conseguem fazer. Quanto ao caso dos Quendaroos, até hoje penso que aquele trouxa queria mesmo era construir algo de fachada para algum negócio sujo. E meus filhos foram lá e acabaram com a festa dele. Tenho muito orgulho desses dois aqui. Como eu disse antes, o mal aparece de várias formas. Resta que pessoas de bem vigiem e façam o que é certo.

— O senhor deve ficar muito preocupado quando eles estão longe, senhor Donnwall – comentou Hermione.

— Nem tanto – respondeu ele. - Tenho muita confiança neles. E sempre me mandam recados de onde estão.

— Isso me lembra uma coisa. Seus pais devem estar preocupados, Rony. Acho que seria bom dar notícias a eles - sugeriu Hermione. Assim que ela sugeriu, notou que os gêmeos olharam para ela com muito interesse, mas não deu importância a isto, pois se virou para o senhor Donnwall para perguntar - O senhor tem algum meio de nos comunicar com os pais deles, lá na Inglaterra?

— Eles têm telefone, senhorita?

— Não - respondeu ela, fazendo coro com Rony.

— Suspeitei - disse o homem, taciturno, e os gêmeos estavam mais interessados na ideia. Depois ele perguntou: - Que tal uma chave de portal?

— Inviável - respondeu Hermione, prontamente, antes que Rony e Harry sequer esboçassem alguma reação. - Nenhum de nós aprendeu a fazer uma, não teríamos como voltar.

— Concordo... Então sobra usar a Rede de Flu. Sei que é muito longe, mas vamos ver se não teremos problemas, assim que terminarmos o jantar – brincou ele.

Como o jantar estava bom, continuaram com as conversas animadas. O senhor Donnwall, Eric e Rony ficaram revezando nas piadas. O jantar era carne com batatas e uma salada bem variada acompanhada por um magnífico suco de abóbora que, sabiam os Donnwall, é um dos sucos preferidos entre os bruxos britânicos. Quando todos terminaram, o senhor Donnwall lembrou Hermione sobre mandar o recado para os Weasleys e movimentou a cadeira dele em direção à sala de estar. Hermione, Harry e Rony o seguiram, juntamente com os filhos dele. O homem se dirigiu até uma estante com diversos ornamentos trouxas e aborígenes e, no meio dela, estranhamente, um pequeno caldeirão preto enferrujado e amassado nas bordas. Ele pegou a varinha e deu duas batidinhas na borda do caldeirão fazendo o interior deste se iluminar.

— É o caldeirão comunicador do papai- disse Eric, sentado no sofá ao lado de Téo, respondendo a uma pergunta mental de alguém. - É uma ligação direta com o ex-ministro australiano.

— Verdade. Andrew Godfrey foi um dos melhores ministros dos últimos tempos e, por acaso, foi meu amigo de infância.

— E ele pode ajudar? - perguntou Harry.

— Pode, claro. Sempre que preciso de algo, recorro a ele.

Não demorou muito e ouviu-se alguém respondendo de dentro do caldeirão. Hermione não viu o rosto dele porque precisava estar mais perto, mas dava pra notar que havia uma alegria indisfarçável na voz dele.

— Boa noite, Shan, meu amigo. Que posso fazer por você?

— Boa noite, Andy. Acho que sabe que estou com Harry Potter e os amigos dele aqui em casa.

— Mas claro. Ele está aí com você?

— Sim, está. Senhor Potter, aproxime-se, por gentileza.

Harry se aproximou, pouco acanhado, daquele caldeirão estranho. Nem mesmo Hermione sabia que era possível que alguém usasse um caldeirão para falar com outra pessoa, porém lembrava, em se tratando de magia, que muita coisa era possível.

— Prazer em conhecê-lo, senhor Godfrey. - disse Harry, gentilmente.

— O prazer é todo meu, senhor Potter. Gostaria de estar aí para apertar sua mão. Acho que você já sabe das notícias que existem nos jornais sobre vocês, hein?

— É... Eu faço ideia.

— Acha que tem problemas em fazer uma ligação de Rede de Flu para a Inglaterra? - perguntou o senhor Donnwall.

— Absolutamente. Para onde é? - perguntou o ex-ministro. O senhor Donnwall olhou para Harry esperando que ele respondesse, que olhou para Rony repassando a interrogação. O ruivo imediatamente se aprumou para falar em voz alta.

— A Toca, senhor. Em Ottery St. Catchpole, na Inglaterra.

— Ah, sim. Anotei aqui. Entrarei em contato com o Ministério agora mesmo. Acho que o Rumfrey está de plantão hoje, ele está me devendo uns favores... Volto a falar em alguns minutos, Shan.

— Tudo bem, Andy. Aguardaremos.

O senhor Donnwall e Harry se afastaram do caldeirão que escurecia o interior, se virando para Hermione e Rony. Ela já estava achando estranho o quanto parecia que Harry estava ficando à vontade naquela casa.

— Ok, o que vamos fazer? Vamos os três e veremos como eles estão? - perguntou Harry. Hermione discordou dele.

— Não precisa. Um de nós vai e informa como estamos. E não pode demorar, porque irão fazer muitas perguntas ou irão querer vir também.

— Verdade - disse Rony. - Minha mãe, às vezes, é bem paranoica.

— Não fale assim dela - retrucou Hermione.

— Mas é a verdade...

— Acha que tem problema se eu for, Rony? - perguntou Harry, um pouco esperançoso demais do que Hermione pensava. Ela já imaginava por que.

— Não vejo porque não. Antes você do que eu. Se minha mãe me pegar pra fazer perguntas não vou durar dez minutos.

— Você entregaria tudo na segunda pergunta, Rony - observou Hermione, fazendo os gêmeos rirem. Balançando a cabeça, ele concordou desgostoso.

— Verdade... Vai logo você, Harry. Você sabe que é de casa - respondeu o ruivo, fazendo o amigo dar um sorriso de orelha a orelha. Certamente a saudade de ver Gina era maior que a vontade de ficar perto de Hermione e Rony nessa viagem. Ela devia imaginar que se surgisse uma oportunidade do amigo dar uma escapadinha para ver a amada não iria perder tempo. De repente, Eric entrou na conversa.

— E, se por acaso, não tiver ninguém na casa? Não seria melhor deixar algum bilhete?

— Sempre tem alguém lá em casa - respondeu Rony. Pelo que parece, Eric não ficou satisfeito.

— Certo. Mas se eles estiverem ocupados com outras coisas e não virem o Harry?

Rony se preparava para dizer a mesma coisa que antes, mas Hermione foi mais rápida em concordar com Eric.

— Ele tem razão, Rony. Talvez seja necessário, se acaso eles estiverem fora.

— É, pode ser - disse o ruivo. - O senhor tem um papel que a gente possa usar, senhor Donnwall?

Antes que o dono da casa pudesse responder, Eric se levantou num salto, dizendo “Deixa com a gente!”, e, junto do irmão, correu para a sala além da pequena biblioteca, parecendo prestativos demais. Uma olhada rápida foi o suficiente para Hermione perceber que não havia papel na sala. Mas... Espera um momento! - pensou Hermione - Qualquer um de nós poderia conjurar um... Deixou esse pensamento de lado assim que viu que os gêmeos já estavam voltando com um papel comum usado por trouxas e uma caneta, entregando-os à Hermione que, de pronto, agradeceu e começou a redigir um bilhete.

— Muito bem. Senhor e senhora Weasley - começou ela a escrever. - Rony, Harry e eu estamos bem. Estamos na casa dos Donnwall, que foram indicados pelo Ministério. Eles são bastante hospitaleiros. Ainda não encontrei meus pais. Parece que saíram em uma viagem e amanhã vamos atrás deles, tentar encontrá-los ou obter alguma informação - depois levantou o olhar para os amigos para perguntar. - Vocês querem deixar alguma mensagem?

— Ah, só escreve aí que mandei um beijo. - disse Rony sem jeito.

— Você já escreveu tudo... Talvez eu encontre alguém pra deixar um abraço. Que foi? - disse Harry, ao ver que Rony olhou pra ele com desconfiança. Também já devia imaginar que Harry pensava em ver a Gina.

Hermione terminou o bilhete mandando votos de saúde e paz que, depois de escrito, entregou-o a Harry que ainda precisava esperar pelo contato do ex-ministro. Por sorte, naquele momento ouviu-se um batucar vindo de dentro do caldeirãozinho do senhor Donnwall; era o tal ex-ministro que vinha dar a resposta. Engraçado porque o senhor Donnwall foi atender ao chamado como se fosse uma ligação telefônica de trouxas. Cumprimentaram-se informalmente e o senhor Godfrey começou a dizer o que interessava.

— Tudo certo, Shan. A ligação já está feita, mas é preciso que seja uma passagem completa, por causa da enorme distância.

— Ok, Andy. Obrigado pela ajuda. Amanhã nos falamos mais.

— Até mais – despediu-se o ex-ministro.

— Passagem completa, Hermione, como assim? – perguntou Harry, enquanto o senhor Donnwall dava as costas para o caldeirão.

— Isso, Harry, significa que não pode ficar com parte do corpo em um lugar enquanto usa a Rede de Flu para conversar em outro.

— Está pronto, jovem? – quis saber o senhor Donnwall ao chegar perto de Harry, que pensava em alguma coisa, pois olhava ao redor procurando por algo. Hermione olhou para os gêmeos, mas eles apenas olhavam para Harry com bastante interesse sem esboçar reação alguma.

— Senhor, me desculpe, mas acho que falta alguma coisa. Aqui tem lareira?

De repente, os gêmeos imitaram Harry na procura pela lareira, obviamente se divertindo com a piada.

— Pois é, pai. Acho que me esqueci de avisar que roubaram nossa lareira... – Disse Eric.

— Não tem graça, Eric.

— Desculpe pai.

— Me acompanhe, Potter. Vou lhe mostrar por onde você vai.

O senhor Donnwall se virou para a sala de jantar, onde fica a porta para a saída, e todos o acompanharam. Ele dizia que não faziam uso de lareira no rancho. Utilizam um sistema de aquecimento parecido com os usados nos Estados Unidos. Eric brincava dizendo que se a casa pegasse fogo, seria somente no porão, ao lado da sala de fabricação das varinhas que o senhor Donnwall usa. O dono da casa passou pela porta saindo da sala de jantar dando em uma área anexa a casa. Virou à direita indo para um anexo maior, provavelmente usado em pequenas festas. Com um estalar de dedos, o senhor Donnwall iluminou o ambiente e Hermione estranhou quando ele mostrou o lugar onde Harry utilizaria a Rede de Flu, mas não falou nada.

— Aqui está, jovem.

Harry ficou com cara de quem não acreditava no que estava vendo. Rony começou a rir, junto com os gêmeos. Demorou alguns segundos até que Harry colocasse em palavras o estranhamento dele.

— Senhor, isto é uma churrasqueira.

— Isso mesmo – disse o homem, sorridente.

Se você já viu uma churrasqueira deve entender como ela é. Havia pedras pelos quatro lados fazendo um grande espaço para carvão, se parecendo mais com um tanque de água. Atrás dela havia uma mureta grossa com pedras como se fosse um pedaço de uma grande muralha. Acima dela, havia uma espécie de grelha por onde se posicionavam as carnes, que Eric retirou deixando o carvão à mostra para que Harry colocasse o Pó de Flu.

— Churrasqueira, senhor? E pode?

— Claro que pode. Mas não na hora que estivermos assando um carneiro – brincou Eric.

— Não tem graça, Eric – disse o homem, mas Hermione notou que havia uma leveza na voz dele. Pelo menos dessa piada ele gostou. Depois se voltou para Harry para explicar: – Não sei se você sabe, mas o Pó de Flu pode ser usado em qualquer lugar que se utilize o fogo. Só na Inglaterra é mais comum usar em lareiras, pois a maioria das casas tem a sua.

— Preciso... – Harry ficou sem jeito de perguntar, mas fazia gestos querendo saber se precisava subir na churrasqueira.

— Não precisa. Diga para onde quer ir, jogue o pó e o fogo o engolirá – respondeu o senhor Donnwall.

— Queria que houvesse uma palavra melhor para isso. – disse o moreno.

— E tem. O fogo o engolfará – disse Eric, rindo junto do irmão.

— Vai, Harry. Não deve ser pior que na Inglaterra – animou-o Rony, mas ele apenas abanou a cabeça.

Todos tomaram distância quando Harry fez o que o senhor Donnwall indicou. Ele disse ‘A Toca’ em alto e bom som, jogou o pó e o fogo colorido o puxou para dentro da churrasqueira. Depois estavam todos olhando uns para os outros.

— Rony, vamos lá – chamou Eric. – Quer jogar uma partida de xadrez enquanto esperamos?

— Claro – respondeu Rony, radiante com o convite. Eles seguiram na frente enquanto o senhor Donnwall convidava Hermione para tomar mais um gole de suco enquanto conversavam e aguardavam que Harry voltasse. Da sala de estar onde se encontravam, a garota podia ouvir o namorado dando exclamações maravilhadas sobre a coleção de tabuleiros de xadrez que os gêmeos tinham em casa. Também, o dono da casa se mostrou um ótimo interlocutor, deixando a conversa sobre a vida na Austrália bastante atrativa.

Não demorou muito para que se ouvisse aquele estrondo característico quando se usa a Rede de Flu para saber que Harry estava de volta. Antes que Hermione e o senhor Donnwall fossem ao encontro dele, o moreno já aparecia na sala de estar, ainda espanando o restante das cinzas provenientes da churrasqueira.

— Harry, como foi lá?

— Tudo certo, Mione. Estavam certos em fazer o bilhete; não havia ninguém lá.

— Estranho Harry. Depois a gente vê o que faz – observou a moça, olhando diretamente para os olhos de Harry.

— Cadê o Rony?

— Estão com meus filhos na sala deles, logo depois da biblioteca. Estão jogando xadrez. Você gosta?

— Sim, vou lá – e seguiu para onde estava Rony e os gêmeos, deixando Hermione e o senhor Donnwall.

Embora a conversa com o senhor Donnwall fosse agradável, Hermione estava se perguntando por que A Toca estaria sem ninguém. Não se lembrava de ter visto, ou sabido, daquela casa sozinha em algum momento, a não ser quando foi preciso ficar na casa no Largo Grimmauld. Ela notou que Harry entendeu que ela não queria discutir o assunto na frente do dono da casa naquele momento e que precisaria discutir com eles sobre isso mais tarde.

Terminada a noite de conversas agradáveis, e a ‘hora de jogos de xadrez’ para Harry e Rony, os visitantes foram apresentados aos quartos onde iriam dormir. A casa parecia um pequeno hotel com doze quartos no segundo andar. O senhor Donnwall recomendou que Harry e Rony dormissem no mesmo quarto enquanto Hermione ficaria com um separado. De brincadeira, ele enfatizou, olhando para Rony, que “meninos e meninas vão dormir em quartos separados”. O garoto ficou muito vermelho e tentou se explicar.

— Mas eu não estava pensando em nada...

— Tudo bem, Rony – interrompeu Eric, tentando acalmar o ruivo. – Meu pai falou sério, mas não tão sério.




Hermione estava prendendo os cabelos, se preparando para dormir, quando ouviu baterem na porta do quarto. Tinha alguém em mente quando abriu a porta e encontrou justamente o ruivo em quem estava pensando.

— Oi. Vim desejar boa noite. Posso entrar? - perguntou Rony, se fazendo de acanhado.

— Mas é claro que pode - respondeu ela, dando espaço para o outro entrar.

Ele entrou e, assim que a garota fechou a porta, Rony a abraçou e a beijou tão fortemente que parecia que não se viam há semanas e o pouco do juízo que os dois teriam naquele lugar foi para o espaço. Enquanto ele a abraçava pela cintura, ela o abraçava pelo pescoço num beijo envolvente e cheio de amor, parecendo que o tempo não significaria nada naqueles minutos a sós que não tinham há algum tempo, desde que rumaram para esta viagem. Depois de poucos minutos de beijos e carícias, os dois pararam para respirar e, cabeça com cabeça, sentiam a respiração um do outro.

— Me desculpe se não estou lhe dando muita atenção, Rony.

— Tudo bem, eu entendo. Você está preocupada com seus pais. Eu também estaria. Eu que peço desculpas se estou parecendo um bobo enquanto estamos aqui.

— Como sempre, não? - os dois riram com a brincadeira dela. - Mas acho que não consigo mais resistir a você. Acho que não quero mais ficar sem você, em momento algum.

— É bom saber disso - disse o ruivo, se empolgando.

— Seu bobo... - falou Hermione, puxando o namorado para mais um beijo apaixonado. Não demorou muito e mais alguém bateu na porta, quebrando o clima dos dois.

— Acabou a hora das visitas, Don Juan - pôde-se ouvir a voz de Eric do outro lado. Hermione riu, interrompendo o beijo.

— O que foi? - perguntou Rony, sem entender.

— Ele está imitando um carcereiro trouxa, Rony.

— Tá, já vou... - disse o ruivo, sem vontade nenhuma. Hermione abriu a porta para o namorado sair e viu Eric com os braços cruzados, fingindo aborrecimento, mas com uma risadinha típica dele.

— Obrigado, viu? - falou Rony para Eric, rispidamente, quando passou pela porta e saiu em direção ao quarto onde dormiria. Eric não saiu do lugar e continuava rindo da situação. Depois, ele se virou para Hermione.

— Perdão por isso. É que papai é mesmo rígido com as regras dele.

— Tudo bem, boa noite - disse Hermione e Eric respondeu com uma mesura, enquanto seguia para o quarto dele. A garota fechou a porta, se encostando na mesma para guardar para si mais esse bom momento que o namorado lhe proporcionou.

— Espero que você não tenha visto nada - ainda ouviu-se Rony reclamar. Eric concordou, brincando.

— Absolutamente nada.

— E quem é esse tal de Juan? - Rony ainda perguntou, mas a garota não ouviu se Eric respondeu.

Depois de um suspiro, voltou para a cama, para se deitar, tentar deixar de lado a preocupação com os pais e relaxar para o próximo dia que certamente seria cheio. Ficou mentalmente planejando o dia: teriam que sair cedo do rancho, voltar à Canberra, procurar o restaurante onde os pais dela estiveram antes de viajarem e saber o máximo possível antes de seguir para Sydney. Com um pouco de sorte, iriam atrás do navio - isso se de fato houvesse um cruzeiro para os pais dela terem embarcado. Ainda planejando o próximo dia, Hermione pensou ter ouvido aquele barulho característico de chamas quando se usa a Rede de Flu. Já estava pronta para se levantar e conferir, mas deixou de lado por causa do cansaço e pelo fato do barulho ter sido muito baixo e rápido. Provavelmente foi só imaginação, pensou ela. A churrasqueira ficava na área atrás da casa, depois da varanda, e bem distante do quarto onde ela iria dormir, poderia ser qualquer coisa que ela teria confundido, concluiu ela. Tirou esse pensamento da mente e se deitou, colocando a cabeça no travesseiro. Uma boa noite de sono era tudo que precisava, no momento.




E então Hermione estava correndo. Sabia que era ela mesma, mas não sabia onde ou porque havia tanto mato em volta de onde estava e o sol deixava o lugar muito quente no que parecia uma tarde escaldante. Ela via os animais - cangurus, avestruzes, vacas e bois, lobos, camelos e outros animais grandes e pequenos que passavam muito rapidamente - correndo na direção contrária a ela; não entendia o porquê disso, mas sabia que não era o que importava no momento. Só sabia que precisava correr, mesmo sem saber exatamente para onde. Logo que viu ao longe uma casa branca enorme e em ruínas, percebeu que era para lá que precisava ir. O que aquela casa tinha de especial ela não sabia. Apressou-se mais, desviando dos animais que quase não notavam que havia uma pessoa estranha no meio deles e correndo em sentido contrário. Quando chegou perto da casa, notou a grande porta de madeira apodrecida e parcialmente destruída que se abria parecendo uma boca de um monstro horrível; não teve medo, não precisava disso - não agora. Tinha em mente que devia entrar naquela casa para procurar o que precisava encontrar. Acreditava que os pais estariam esperando por ela, dentro daquela casa.

Entrou e imediatamente viu que estava muito escuro e frio naquele ambiente, em contraste com o sol que castigava quem estava do lado de fora. Como poderia explicar isso? E porque estava sozinha? Onde estavam Rony e Harry? Percebeu que não havia tempo para perguntas. Correu pelo enorme corredor escuro, de paredes esburacadas e empoeiradas, rumo a outra grande porta em que podia se ver uma luz pela fresta. Com dificuldade, empurrou a porta com toda força que conseguiu e, quando cruzou a soleira, conseguiu parar diante de um enorme despenhadeiro, quase caindo dentro dele. No fundo do imenso buraco, viu um rio que serpenteava entre as pedras e nele havia grandes e estranhos animais que ela reconheceu de uma foto vista não faz muito tempo. De repente olharam para cima, bem na direção de Hermione – ela sentiu que eles a olhavam nos olhos. As feras abriram as enormes bocas, cada uma com dois enormes dentes dos lados, e, ao mesmo tempo que o fundo do buraco se aproximava dela, juntos deram um grito ensurdecedor.




Hermione abriu os olhos de repente. Foi um sonho bastante estranho. Respirando rápido, provavelmente por causa do sonho, ficou apenas olhando para o teto. Não era o sonho mais assustador que já tivera, mas ficou muito perturbada por ele. Será possível que tivesse se impressionado com o que ouviu antes do jantar da noite anterior? Pensando bem, era possível sim. Lembrou que estava imaginando sobre o bunyip que o senhor Donnwall contou e é bem provável que acabou sonhando com algo parecido. Sabia disto porque estava lidando com um universo diferente do que conhecia em Hogwarts, ou da Inglaterra mesmo. Antes dessa viagem, apenas lera algumas coisas sobre a cultura e sobre os animais da Austrália, mas não havia nada sobre o animal que o senhor Donnwall falou. Talvez seja realmente como ele disse: não há muitos estudos sobre esse tipo de animal, então não se pode esperar muito dos livros neste caso. Olhou para o relógio; ainda estava cedo, mas não sentia mais sono. Se era por causa do costume de acordar cedo ou pela bagunça do fuso horário, não importava mais; Levantou-se e foi se arrumar para o dia que teria.

No corredor dos quartos dos Donnwall, Hermione apareceu com uma toalha molhada enrolada na cabeça. De repente deu vontade de lavar o cabelo e aproveitou o banho para isso. Naquele momento, queria ir ao quarto onde Harry e Rony dormiram, mas uma conversa na sala chamou-lhe a atenção. Não gostaria de ficar novamente espiando, não aqui. Mas ficou curiosa em saber por que o senhor Donnwall precisava falar tão baixo naquele caldeirão comunicador dele. Se encostou na parede ao lado, de forma que ninguém lá embaixo fosse vê-la ao chegar perto da escada.

— Já falei, eles estão lá em cima, Andy. Mesmo que estejam acordados, não devem descer tão cedo.

Então o caldeirão só funciona com o outro do ex-ministro, pensou Hermione. A garota apurou melhor os ouvidos, mas do caldeirão ouvia apenas murmúrios em que identificava apenas algumas palavras. Entre elas, 'Inglaterra', 'salvamento', 'incidente internacional' e 'ministério' denotavam uma estranha preocupação.

— Mas fique tranquilo. Eu sei das suas amizades e garanto que meus filhos farão o melhor. Ficou sabendo de algo sobre o que aconteceu ontem, sabe, com o caminhoneiro trouxa? - ela ouviu o senhor Donnwall perguntar. Hermione não pôde ouvir a resposta do ex-ministro. Depois, o dono da casa voltou a falar.

— Mas deveriam investigar. Meus filhos têm certeza de que aquele trouxa foi confundido. Olha...

Mais uma vez ouviu-se os murmúrios ininteligíveis da interrupção. Alguns segundos de pausa, mais murmúrios e depois o senhor Donnwall começa a responder algo.

— Calma, calma. Eu sei. Eles vão voltar à Canberra, antes de ir para Sydney. A senhorita Granger acha que pode conseguir alguma informação no restaurante que os pais dela frequentaram.

Mais murmúrios e depois, ao que parece, o senhor Donnwall interrompeu o ex-ministro.

— Não, presta atenção... Meus filhos sabem o que fazer... Ah, o Eric chegou. Ele pode falar com você sobre... O quê?

A pausa foi o suficiente para Hermione entender que Eric percebeu que ela estava ouvindo a conversa. Rapidamente, e mais silenciosamente possível, ela caminhou para o quarto onde Harry e Rony estariam. Bater na porta a denunciaria, por isso ela pediu aos céus que os garotos estivessem vestidos e prontos para descer. Abriu a porta num rompante e, para grata surpresa dela, com um suspiro de alívio, viu que os dois estavam arrumados e conversando animadamente. Quando olharam para ela, ficaram surpresos.

— Que foi Her... - perguntava Harry, quando ela fez sinal com o indicador para ele fazer silêncio. Ele e Rony ficaram sem entender, mas obedeceram. A garota se aproximou deles para falar em voz baixa.

— Quando estivermos fora daqui, e longe dos gêmeos, precisamos conversar.

— Sobre o quê? - perguntou Rony.

— Tem aquilo que você me disse ontem, Harry. De não ter ninguém lá n'A Toca. E eu acabei de ouvir o senhor Donnwall conversando com aquele ex-ministro. Foi estranho. Parece que o ministério daqui está fazendo alguma coisa com relação aos meus pais, e não queria que a gente ficasse sabendo.

— Acha que eles sabem de algo que não sabemos? - quis saber Harry.

— Isso também. Acho que o ex-ministro estava pressionando o senhor Donnwall por alguma coisa, ou algum resultado.

— E temos que conversar sobre isso longe dos gêmeos, porque senão eles ficarão sabendo? - questionou Rony. Hermione balançou a cabeça em resposta e completou.

— E não podemos pensar em nada disso perto deles.

— Ok - respondeu Harry.

— Vou tentar - disse Rony.

— Porque você está com essa toalha na cabeça? - perguntou Harry a ela. Por um momento, ele achou que a amiga havia se esquecido disso.

— Ah, sim. Lavei meu cabelo. Me diz que você tem um secador aí. Eu deixei o meu n'A Toca - os dois soltaram sonoras gargalhadas ao ouvirem essa súplica dela, mais ainda porque ela pensaria que eles teriam algo do tipo na mochila. Ela nem precisou se sentir ofendida, pois percebeu a gafe no momento que eles riram.

— Secador de cabelo... Bem, deixa eu ver... - brincou o moreno, mexendo na mochila, rindo ainda. - Não tenho. Desculpe. Talvez na próxima...

— Bem, deixa eu tentar - disse Rony, apontando a varinha para um armário no quarto só por brincadeira. - Accio secador.

Nada apareceu.

— Sem secadores... Porque não seca com um feitiço? - perguntou ele.

— E deixar meu cabelo armado? De jeito nenhum.

— Você pode conjurar seu secador... - disse o ruivo, sem entusiasmo.

— Muito longe para isso, Rony. Acabaria perdendo, ou então estragando.

Vencida, ela seguiu para a porta. Voltaria ao quarto onde dormiu para dar um jeito de secar o cabelo antes do café da manhã. Mas Harry a chamou e ela se virou para o amigo.

— O Rony me disse que Eric separou vocês dois ontem à noite. - disse o moreno, fazendo a amiga se sentir ultrajada.

— Rony, não acredito que você contou que estávamos nos beijando ontem...

— Ele não contou isso - defendeu Harry. - Só disse que Eric atrapalhou vocês dois.

Pronto, agora ela estava envergonhada.

— Er... Certo, desculpe - disse ela ao namorado e a Harry e se virou abrindo a porta, se atrapalhando toda. No momento que passava pelo corredor, quase trombou com Eric que acabava de subir a escada com um secador de cabelo na mão.

— Ah, claro. Não me surpreende - Hermione não entendeu porque ele resmungou isso, mas deixou passar. - Bom dia, Hermione. Acho que isso é pra você.

— Obrigada.

Ela pegou o objeto e Eric voltou a descer a escada. Hermione até queria ter uma pergunta pra fazer, mas sabia que se fizesse iria acabar levando àquele fato que não queria pensar perto dos gêmeos. Então, sobrou pra ela voltar ao quarto, secar os cabelos e terminar de se arrumar.

 

Depois de tomarem um reforçado café da manhã, os gêmeos arrumavam a caminhonete para a volta à Canberra. Do jeito que tratavam, parecia que iriam fazer uma viagem por toda a Austrália. Eric estava anotando algo em um caderno e Téo ficava conferindo o que estava na carroceria. Hermione até imaginou os dois fazendo uma checagem, do jeito que fazem os trouxas, do tipo “barraca, checado... roupas, checado”, mas sem falar uma palavra sequer. Enquanto aguardava, ela estava sentada na escada do lado de fora da casa grande, abraçada por Rony, com mochilas encostadas do lado, e Harry ainda conversava com o senhor Donnwall na área da porta da frente. Depois de alguns minutos, os irmãos terminaram a 'checagem' e disseram que estavam prontos.

— Muito bem, hora de ir. Passageiros que quiserem ir para Canberra, favor embarcar.

Hermione se levantou, juntamente com Rony. Os dois foram em direção ao dono da casa para se despedirem dele.

— Obrigada por tudo, senhor Donnwall. Espero poder retribuir essa gentileza um dia - disse ela.

— O seu sorriso já pagou tudo, senhorita. Como disse antes, é uma honra recebê-los.

Harry apertou a mão daquele homem na despedida dele.

— Obrigado, senhor. Como posso agradecer?

— Pode agradecer, senhor Potter, sendo você mesmo. Sendo o exemplo de coragem e astúcia que sei que você é, de tudo aquilo que li nos jornais.

— Espero poder vê-lo de novo - continuou dizendo Harry.

— Provavelmente, vamos nos ver de novo.

Depois foi a vez de Rony. Ele se aproximou, entregando um papel ao senhor Donnwall.

— Obrigado por tudo, senhor. Quando for à Inglaterra nos procure, aqui está como nos encontrar. Meus pais vão adorar conhecê-lo.

— Fico feliz, senhor Weasley. Tenho certeza de que são ótimas pessoas. Preciso mesmo visitar a Inglaterra de novo... - brincou ele, recebendo um papel com anotações de localização da casa dos Weasleys que Rony entregou.

Os três desceram as escadas enquanto os gêmeos subiam para falar com o pai. Se era para se despedirem ou receberem instruções não havia como saber, porque foi tudo muito silencioso. Logo todos entraram na cabine da caminhonete e Téo deu a partida para seguirem para fora do rancho. Não disseram muita coisa. Eric parecia querer descansar, porque se recostou no assento da frente como se fosse dormir, enquanto que o irmão dirigia também parecendo cansado, porém atento. Então Hermione aproveitou o momento para olhar novamente para o rancho dos Donnwall. Apreender cada imagem daquelas casas, daquelas pessoas e daquelas árvores parecia ser importante. Ela tinha certeza de que gostou do lugar, e Harry e Rony pareciam compartilhar da opinião dela. O veículo seguiu adiante, deixando para trás as casas, as pessoas e as árvores, para que Hermione seguisse adiante com o destino.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem, por favor. Tantas reviravoltas na minha vida, mas nunca esqueci dessa fic. Esse capitulo ficava martelando na minha cabeça semanas após semanas e por fim consegui achar um denominador comum para o que eu queria escrever para ele. Tinha uma discussões que colocaria neste que ficou para um próximo para que este não ficasse mais longo do que já está sem que prejudicasse a história. Espero que possam gostar. Agradeço, de coração, aos recados, às reviews e aos pedidos para continuar. Adoro vocês e o Nyah!Abraços.



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