Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 37
Capítulo 37 - Loucos Por Todos Os Lados




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Bella pegou as flores e elas entraram de volta no apartamento. Enquanto Alice corria pegar um vaso com água para colocá-las, Bella se sentou na sala e pegou o cartão para ver quem teria lhe mandado um presente tão perfeito.

- Aposto que foi seu ruivinho! – Alice cantarolou chegando com o vaso.

Bella sorriu e abriu o cartão, mas suas feições foram mudando com o tempo, até que ela o deixasse de lado e Alice visse que havia algo errado ali.

- O que foi?

- É ele... Deus, ele... Alice, é ele! – ela balbuciava, sem conseguir terminar a frase de forma coerente.

Alice pegou o papel e começou a ler, sussurrando mais para si mesma do que para a amiga, no final das contas.

- Oh, meu Deus!

- É ele mesmo, eu sei que é! – Bella diz já com os olhos rasos d’água. – Ele não vai me deixar em paz...

  

- Calma – Alice tentou não demonstrar o nervosismo, embora estivesse a ponto de explodir. – Não está assinado. Pode não ser nada. Pode, não sei, ser um engano, não? – ela tentou dar margem a possibilidade, mesmo que inexistente.

- Um engano? E que justamente queria que o entregador falasse comigo? Alice, por Deus, é ele! Não precisa estar assinado para eu saber.

Alice respirou fundo e estava realmente temerosa, mas precisava fazer algo para apaziguar as coisas, então pensou em pegar seu telefone para ligar para o namorado, mas desistiu ao lembrar que ele estava sem celular.

- O que eu faço? O que eu faço? – Bella começou a andar de um lado para o outro. – Minhas malas! Vou fazer minhas malas e deixar a cidade!

- Não vai não! É isso o que ele quer, te desestabilizar.

- Viu, até você concorda que é ele! É o Jacob! – Bella acusou.

- Eu não disse isso!

- Disse sim! Ai, Deus! Ai, meu Pai! O que eu fiz pra merecer isso? O que eu fiz? – Bella estava impaciente.

Alice a parou e pegou-a por ambos os braços para que a encarasse.

- Vamos esperar o Rafa chegar e iremos à delegacia, ok? Isso é uma ameaça, independente de quem for.

- Não vou estragar a noite de vocês. Ainda mais em uma delegacia...

- Deixe de palhaçada Bella. Isso é sério. Muito sério! Agora, sente-se aí que vou dar fim nas flores e te trazer um copo de água.

No momento em que ela se sentava, a porta foi aberta e ela quase deu um salto do sofá. Mas, para seu alivio, era apenas Rafael que chegava.

- Oi Bella... – e ao notar o rosto dela, uma preocupação cresceu em si e não resistiu à pergunta. – O que houve?

A garota até tentou falar alguma coisa, mas logo estava aos prantos e ele acabou por se sentar ao lado dela tentando acudi-la com um abraço.

- Foi seu chefe? A Alice? Luiza? Algo assim? Aliás, cadê a Alice? – ele começou a dizer olhando para os lados, em busca da única pessoa que poderia ajudar naquele momento.

- Estou aqui, amor – ela voltou da cozinha com um semblante preocupado.

- Sabe o que houve? – ele perguntou, enquanto Bella ainda chorava agarrada a ele.

- O cachorro Jake deu o ar da graça de novo...

- O que aquele infeliz fez a você? – ele afastou a garota sutilmente de seus braços para olhar em seu rosto, mas foi Alice quem se manifestou ao pegar o papel da mesinha.

- Ele a mandou flores e isto... – ela entregou o papel e se sentou do outro lado de Bella, acariciando o cabelo da amiga que soltava Rafael naquele instante, e lhe entregou o copo de água.

Ele começou a ler o bilhete e ficou alarmado. De todas as possibilidades de coisas que poderiam fazer a garota chorar, essa era aquela com a qual ele não gostaria de esperar.

- Alice, pegue os documentos de Bella e vamos à delegacia agora. Isso é uma ameaça, a propósito, pegue roupas para vocês duas, vocês dormem em casa hoje.

- Amor, eu não posso... Amanhã eu começo a trabalhar e... – Alice disse num sussurro, não conseguindo completar, pois no fundo se sentiu uma insensível no segundo após dizer aquilo.

- Eu também, eu também trabalho, não-não posso ir... – Bella começou a dizer, mas soluçava a cada nova palavra.

- Discutimos isso depois – ele intercedeu. – Agora, Alice, os documentos da Bella, por favor.

- Sim. Volto em um minuto.

Rafael pegou o papel e o guardou no bolso. Não demorou para que Alice voltasse com sua bolsa e a de Bella. Logo, os três estavam a caminho da delegacia. Havia um mandato de restrição para que Jacob ficasse longe de Isabella, mas o bilhete indicava que ele não andava seguindo a lei.

* * * * *

No final da tarde, Jasper chegou em casa e encontrou os filhos na sala assistindo televisão. Tudo parecia na mais perfeita paz. Jane parecia bem melhor do que quando ele havia saído de casa e Alec também parecia estar bem, no entanto, preferiu não tocar no assunto.

Gertrudes logo estava por perto para recebê-lo e ele não resistiu a questioná-la sobre as crianças. “Pelo menos ela será sincera, não?”, pensou consigo.

- E como se comportaram? – ele apontou para a sala.

- Heide esteve aqui com Jane, ela a distraiu bastante durante a tarde. E Alec, bem... ele leu muito, jogou muito e ficou muito sozinho, como sempre – ela revirou os olhos.

- Então, resumidamente, eles não brigaram, não destruíram as coisas e não estão depressivos? – ele foi apontando cada uma das coisas, como se a contasse com os dedos enquanto o fazia. – Para mim está bom. Quase posso dizer a Lucy que esqueça essa historia de babá.

- Olha lá, hein?! Não ouse! Eu estou velha, quero minha aposentadoria e eles terem se comportado hoje não os faz bons meninos todos os dias. Se demitir essa moça, antes que ela peça para sair, eu mesma me demito, senhor Whitlock! – ela disse séria e em tom normal de voz, embora estivesse firme em suas palavras.

- Ok, ok, foi só um comentário infeliz. Eu não falei sério – ele disse levantando as mãos em rendição, e ela percebeu ali que ele estava de bom humor.

- Tudo bem, está perdoado – ela entrou no clima. – Mas, e como foram as coisas na empresa?

- Bem... – e a vendo encará-lo com desconfiança, ele continuou. – Foi bem sim, fechamos um contrato!

- Ah, Edward fechou? – ela disse, começando a andar para a cozinha. Mas Jasper a seguiu pronto para corrigi-la.

- Não, eu fechei. Edward estava salvando uma garota viciada em trabalho de um monte de sacos de lixo e uma batida de cabeça... Porque é tão difícil esse povo acreditar na minha capacidade de trabalho, hein?

- Eu não duvido da sua capacidade, meu menino.

- Ah, sei... – ele cruzou os braços e ficou encarando-a.

- Sabe, quando faz essa cara de menino emburrado eu lembro na hora de Jane e Alec. Depois tem gente que quer me convencer que vocês crescem! – ela disse sorrindo. – Até Edward ainda é meu menininho e vocês não admitem isso.

- Deixe-o saber que você chama ele de “menininho”.

- Duvido que ele diga algo para mim – ela respondeu levantando o nariz, com pose de quem manda. – Coloco vocês de castigo e olhe lá. Aposto que Elizabeth aprovará na hora e Marie também, basta eu fazer dois telefonemas...

- Fazendo terrorismo comigo, não é? Devia era fazer com os dois que estão ali na sala – Jasper sussurrou a última parte, mas Gertrudes apertou a bochecha deles.

- Eles são meus bebês, não posso discutir com eles. E, bem, o ponto é que eles dão trabalho sim, mas quando eu falo, me obedecem. Diferente de você, não?

- Mas eu sou uma pessoa exemplar.

- Muito! – ela ironizou. – Agora vá lá passar um tempo com seus filhos e tente colocar juízo na cabeça deles. Aquela moça que começa amanha não pode sair em um dia. Eu realmente preciso de ajuda aqui, sabia? Estou velha e cansada, não dou conta de tudo sozinha – ela disse com as mãos na cintura.

Jasper mexeu no próprio cabelo nervosamente, perdendo todo o ar de graça que estava até então e se desculpando.

- Eu sinto muito, muito mesmo, por isso. Eu sei que senhora merecia sua tão merecida aposentadoria. Na verdade, não foi justo de nossa parte mantê-la conosco por tanto tempo... Me sinto em dívida, de verdade. Me desculpe.

Gertrudes sorriu, ela sabia que ele estava sendo sincero, pois sabia analisar Jasper e Maria como se fossem seus próprios filhos.

- Eu não conseguiria deixá-los antes que estivesse velha demais para admitir – ela respondeu segurando o ombro dele. – Agora, por favor, fale com eles, sim?

- Eu falarei – ele respondeu, seguindo para a sala cabisbaixo.

Mas a cena de paz de outrora havia se mudado totalmente. Jane estava monopolizando o controle, mas o irmão tinha uma tática ainda melhor que a dela, estava em frente a televisão mexendo os botões pelo painel. Logo, nenhum deles assistia o que queria e o berreiro começava a tomar conta da sala.

- Ah Deus, dai-me paciência, porque se der força eu pego um pelo pescoço... – ele sussurrou consigo, ao ouvir o berreiro. – Só não mato porque amo demais... – completou assim que chegou a porta.

- Sai daí, seu imbecil! – Jane gritava tentando empurrar o irmão.

- Eu não saio! Já assistimos todas as besteiras da Barbie que você quis, agora é minha vez!

- Não! Meu filme não acabou! E não era Barbie, seu imbecil, eu não sou criança!

- Não é? – Jasper disse da porta, cruzando os braços para esperar que os filhos o encarassem.

- Pai, manda ela parar de implicar comigo! – Alec foi o primeiro a se manifestar.

- Ah, seu filhinho do papai! – Jane disse. – Foi você quem começou. Pai, o Alec fica me proibindo de ver o... – mas Jasper a cortou.

- Eu não quero saber, Jane. Também não quero saber quem começou, Alec. Eu não quero saber quem respondeu ao quê ou quem chegou primeiro. Nem me importa se estavam vendo filme, desenho ou qualquer outro tipo de programa. A única coisa que eu realmente quero saber é: porque, os dois tendo televisores em seus próprios quartos, estão aqui brigando na sala?

Alec e Jane abaixaram a cabeça na hora, mas ela ainda respondeu aos sussurros.

- A televisão daqui é mais legal...

- HA! Mais legal? – Jasper respondeu irônico. – Bom saber, pois vou tirar a do seu quarto agora.

- Não! – ela gritou em temor.

- Não grite comigo mocinha, eu sou seu pai.

Jane ficou emburrada e Alec não segurou a risada.

- E vou tirar a do seu quarto também, Alec – Jasper apontou. – Já que decidiram brigar, melhor eu dar para alguma criança que não tenha televisão, certo? Afinal, a da sala “é mais legal”. Ou será que o que é “mais legal” é deixar a coitada da Gertrudes preocupada com vocês? Hein? Agora eu estou esperando uma resposta e por que não tenho nenhuma?

- Porque não é assim que se fala com crianças – era Nettie que entrava pela porta naquele instante.

- Tia! – Jane sorriu e correu para abraçá-la.

- Nettie, não é uma boa hora.

- Jasper, eu posso ouvi-lo gritar lá de fora, certeza mesmo que acha que está agindo certo? – Jane colou nas pernas de Nettie em um abraço, torcendo para ser aparada, mesmo que no fundo ela soubesse que estava tão errada quanto o irmão.

- Papai só estava meio... zangado – Alec, por outro lado, tentou contornar a situação.

- O que não justifica essa atitude, não? – ela respondeu e se virou para Jasper quando Jane soltou suas pernas. – Agora quem vai conversar aqui somos nós.

Jasper riu sem humor.

- Não pode tirar minha autoridade com meus filhos, por mais que você seja advogada.

- É verdade – ela sorriu ameaçadora e continuou, – só se você bater neles. Mas acho que você não teria tamanha coragem, não?

Jasper ficou pasmo e Alec percebeu que era a hora de subirem dali.

- Jane, vamos... – ele sussurrou.

- Mas eu quero ficar – ela respondeu no mesmo tom.

- Não quer não, vamos... – ele a puxou pelo braço.

- Para! – ela gritou.

Jasper olhou para os dois e depois para Nettie.

- Certo, então, me diga como agir – ele a desafiou.

- Nós estamos de castigo, estamos subindo – Alec disse rápido, desistindo de puxar a irmã que não hesitou em segui-lo.

Os dois ficaram olhando ambos subirem, até que Jasper virou as costas para Nettie e começou a subir as escadas também.

- Jasper – ela o chamou em tom normal, – precisamos conversar.

- Precisamos? Você vem aqui, tenta tirar a minha autoridade com meus filhos, me faz ameaças e agora quer conversar? Sério? – ele disse irônico, sem descer de novo os poucos degraus que já havia subido.

- Eles são só crianças...

- Podem ser meus filhos, mas a verdade é que se tornaram crianças perversas, que tem como esporte se livrar de mais e mais babás, ganhando até de uma escola inteira, em apenas algumas semanas. Eles precisam de um basta, Nettie! A verdade é essa, eles estão sem medidas! E, para mim, que sou o pai deles, dói ter de admitir que a culpa deles serem assim é minha, mas estou tentando acertar as coisas. Porém, se você e todos ficarem passando a mão na cabeça deles, aceitando passivamente cada vez que colocam os cachorros para correr atrás de alguém, como isso fosse à coisa mais natural do mundo... Então nada do que eu fizer vai funcionar – ele voltou a se virar e iria subir, até que ela tocou seu ponto fraco.

- Maria não ia querer você brigando com eles.

Jasper suspirou derrotado, parando para voltar a olhá-la.

- É, não iria mesmo... – ele falou mais para si do que para ela. – Mas eles não vão respeitar nenhum tipo de autoridade se cada vez que alguém lhes der uma ordem outra pessoa a questionar. E, a propósito, Maria não tirava minha autoridade e eu também nunca tirei a dela.

- Jasper, me desculpe. Sei que está perdido e tudo o que quero é ajudar. Eu vejo seu estado, o de Lucy e de todos. Sei que não deve estar sendo nada fácil e não era minha intenção atrapalhar ainda mais. Mas, veja só, eu posso tentar falar com eles e explicar as coisas, se quiser... – ela disse esperançosa.

- Se quiser – ele se deu por vencido.

Nettie pulou contente e chegou ao lado ele na escada.

- Mas antes, me desculpe, ok? Tentando ajudá-lo a não se sentir culpado depois, eu acho que agi meio mau, não?

- De fato.

- Me desculpa? – ela fez cara e carente, o que fez Jasper rir.

- Claro, está desculpada.

- Obrigada! – ela respondeu tão feliz que acabou abraçando ele no calor do momento. – Não ia aguentar ficar brigada com você.

- Ah... Nettie, menos, ok? – ele falou ao se referir ao abraço.

- Vou falar com eles! – ela pareceu não notar a situação anterior e saiu pulando escada acima.

Jasper ficou vendo ela subir as escadas a sua frente e concluiu: “Deus, eu sou rodeado de loucos...”, e acabou rindo daquele pensamento.


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