Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 30
Capítulo 30 - Entre Pais e Filhos


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente eu quero agradecer a fofa da AliceHCullen pelas recomendações mais que perfeitas que ela fez nessa fic, na primeira fase de Família Cullen e em Saltitante. Ah você deixou muitos autores felizes! Obrigada!!
E agora, um capítulo novinho para vocês, espero que gostem!



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Esme estava no meio de seu show particular, pulando, gritando e cantando em meio a coreografias super elaboradas – por ela mesma – quando a porta foi aberta e ela parou estática com o microfone – que na verdade era a escova de cabelo – na mão.

- Esme! Está surda? Estou batendo a sua porta faz horas, menina!

- Oh... Desculpe pai...

Ele bufou, olhando para o teto e sorrindo depois, Esme nunca ia mudar e essa carinha de criança pidona que ela fazia sempre que era pega fazendo arte era a prova disso.

- Não deveria estar estudando?

- Mas estou – ela tentou se justificar.

- Querida, posso ser distraído, mas você não faz música na faculdade, isso eu tenho certeza, pois pago seus boletos mensalmente.

Ela sorriu, jogou a escova de cabelos na cama e foi abraçá-lo.

- Faço artes cênicas, papai. Esqueceu?

- Que não é música, até onde sei – ele coçou a cabeça meio perdido, enquanto era abraçado por ela.

- Não mesmo, papai. Em música eu aprenderia tocar, em artes cênicas aprendo a atuar. E veja só, eu serei Evita Péron na próxima peça.

- Ah... Isso justifica a Argentina e esse seu meio espanhol. Juro que estava tomado de medo que você tivesse planos de fugir para o México com seu novo namorado.

Esme riu, seu pai só queria parecer sério, mas era sempre cômico, até quando preocupado. Mas logo ela foi tomada de curiosidade, afinal, o que seu pai estava fazendo ali mesmo?

- Papai... – ela cantarolou. – Fiz algo de errado? – e lhe olhou com olhinhos do gato de botas enquanto apertavas as mãos uma contra a outra.

Nathaniel riu da atitude da filha e acariciou seus cabelos.

- Não que eu saiba. Andou fazendo algo que tem motivos para esconder? – ele estreitou os olhos para provocá-la, fazendo de conta que suspeitava de algo.

- Ah pai! Claro que não! Eu, hein?! Que povo mais desconfiado nessa casa... Já não basta a mamãe me dando broncas, agora o senhor também? – ela cruzou os braços e fez beicinho.

- É... Eu soube... – ele riu e a puxou para se sentar na cama... Ou melhor, no palco? – Mas, na verdade, estou aqui para lhe perguntar uma coisinha.

- Pergunte... – ela fez a deixa com a mão.

- Sabe se seu irmão foi demitido?

- O quê? – ela ficou pasma. – Como assim? – ela perguntou surpresa e completou com um pensamento furioso “ah, eu mato o Carlisle se ele demitiu meu irmão!”.

- Não sabe de nada?

- Não, mas eu posso ligar para... – mas ele a cortou.

- Não precisa, minha linda. Eu falarei com seu irmão.

- Pai – ela o chamou quando ele levantou da cama, – não fique bravo com o Rafa...

- Não estou. Na verdade, eu recebi um telefonema de um amigo meu, ele disse que havia recebido o currículo de seu irmão. Mas fiquei confuso, pois podia jurar que ele já era contratado pelo outro hospital, não apenas residente – e Nathaniel coçou a cabeça. – Talvez estivesse enganado... Mas, enfim, eu só tenho que avisá-lo sobre a entrevista, já que ninguém consegue falar com ele e acho que a culpa é de sua mãe.

Esme riu com aquilo, claro que dona Sarah monopolizava o telefone, e ela sempre tinha que ficar nos chats se quisesse falar com as amigas.

- Ah, está bem. Não queria que ficasse bravo com meu irmãozinho...

- Vocês dois brigam feito cão e gato, mas não se desgrudam – ele comentou e coçou a cabeça da filha.

- Ah, somos demais, vai?

- São sim. Agora pode continuar seu estudo... ou show... – ele disse confuso, mas logo desistiu de tentar entender. – Enfim, continue de onde parou que eu vou falar com seu irmão. Quero uma nota máxima da minha aprendiz de Madonna.

- Evita Péron, papai.

- Conheço ela só como a Madonna no cinema, então dá na mesma.

Esme riu e assim que o pai saiu do quarto ela foi ao resgate de seu microfone improvisado para continuar.

* * * * *

Outra filha no quarto era Jane, mas Jasper deu com a cara na porta quando tentou vê-la.

- Trancada? – ele sussurrou para si, depois deu dois toques na madeira e decidiu chamá-la. – Filha? Está aí?

- Estou... – ela se limitou a responder, mas não houve nenhum sinal de passos.

- Queria falar com você, meu amor.

- Não quero conversar, pai – ela respondeu seca.

Jasper olhou para o teto frustrado e tentou manter a calma, “ela está doente, carente e eu serei um cretino se gritar com ela”.

- Jane, meu anjo, papai precisa saber se está melhor...

- Quero ficar sozinha, eu estou bem – ela disse sentada em sua caba, abraçada aos próprios joelhos.

- Por que não acredito nisso, hein? – ele tentou soar brincalhão para tentar mudar o comportamento da filha, mas não deu certo.

- Porque nunca acredita em mim mesmo – ela deu de ombros no quarto, mas não tinha como ver a cara pasma do pai no corredor.

- Filha, isso não é verdade – ele disse pausadamente, mas espantado do que revoltado com a frase dela.

- Viu, agora sou mentirosa também.

- Não, Jane, não é isso... Escuta, abra a porta, vamos conversar, ok?

- Já disse, não quero conversar. Quero ficar sozinha! – ela disse um pouco mais alto, quase como se quisesse gritar, mas não conseguisse.

- Acho que deveria dar um tempo para ela... – era Gertrudes, que passava no corredor naquele momento.

- Mas... – Jasper tentou relutar, porém nada lhe veio em mente.

Gertrudes colocou a mão no ombro dele, que suspirou pesaroso encarando o chão.

- Deixe que eu cuido dela, ok? Ela só está se sentindo doentinha e sabemos como nossa princesinha costuma ficar emburradinha quando está mau, não? – ela disse docemente...

Jasper apenas concordou com a cabeça. Seus pensamentos eram culposos demais para tentar argumentar contra aquilo. Ele se perguntava como poderia não ter certeza se havia sido ou não um bom pai até então, perguntava-se o que estava fazendo o tempo todo quando deveria estar presente. De certa forma, não culpava a filha, pois tinha certeza de que ela estava praticamente certa e que ele estava dando aos filhos esse tempo todo a impressão de que não ligava para os dois.

* * * * *

Alec correu ao computador e abriu o circuito interno de câmeras para ter certeza do que havia visto. Ele retornou as filmagens para ver o que havia se passado ali e agora via claramente que só havia uma comparação ali, os longos cabelos de ambas. Olhando para a foto ao lado de seu computador, uma onde ele estava com a mãe e um urso de pelúcia gigante que havia ganho aos seis anos, ele via que o cabelo de Maria era até mais escuro e bem mais liso.

Ele se aproximou do encosto da cadeira, coçando os olhos e tentando colocar a cabeça no lugar. “Não tem comparação, não tem... Eu devo estar louco”.

Um estalo e logo teve um relance do motivo do espanto, ele voltou às filmagens para o último dia de vida de sua mãe e parou a imagem quando ela andava no corredor. Agora sim ele via o que havia acontecido com a irmã: as roupas eram as mesmas, os cabelos estavam iguais.

“Ok, que a moça tem cabelos castanhos, os da minha mãe eram pretos, isso é um tom levemente mais claro... Mas é compreensível no calor da emoção”, ele congelou as imagens e pensava ao vê-las.

- Jane deve estar arrasada... – ele pensou ao seguir com a cena.

Logo ele viu o motivo da aflição da irmã, Maria a havia chamado no pé da escada e a filha havia apenas aparecido ao topo e dito que estava ocupada. A mãe até disse que esperava, mas ao olhar no relógio viu o quanto estava atrasada e pediu para Jasper levar os dois até a escola. Ela se despediu dele, de Alec e gritou um tchau para Jane, que não respondeu...

Alec ficou olhando a cena e uma frase lhe veio em mente, que saiu como um sussurro baixo para si mesmo.

- Ela não se despediu...

E ele ficou ali olhando para a tela, pensando se contaria ou não para o pai o que havia descoberto. A irmã poderia não estar conseguindo aguentar às pontas por sentir remorso, ou ele estava vendo demais?

Alec levantou, mas parou segurando o encosto da cadeira e meditando. “É uma boa ideia eu contar que tenho acesso a isso?”, e logo a palavra “Não!” gritou em sua mente e ele voltou a se sentar, encarando a tela do computador e o vazio de sua mente enquanto não sabia como agir.

“Eu tenho só 13 anos, eu não quero ter que tomar decisões”, ele pensou consigo debruçando na mesa em frente ao teclado. Mas ele ficou ali apenas alguns segundos, pois ouviu passos e desligou a tela do computador rapidamente e correu ao banheiro.

- Alec? – Jasper abriu uma fresta da porta do quarto e olhou lá dentro. – Filho, está aí?

Ele rapidamente abriu e fechou a torneira da pia, molhando a escova e colocando pasta ali.

- Estou no banheiro pai, vou escovar os dentes, por quê?

- É, bem... Nada – ele disse, sem graça por não saber o que dizer.

Alec seguiu o figurino e escovou os dentes rápido, voltando ao quarto a tempo de ver o pai sentando na cama dele.

- Estou encrencado por causa dos chocolates? – sua primeira reação foi perguntar e se auto-defender antes mesmo da resposta. – Eu juro que foi sem querer, e se quiser eu vou...

- Não se preocupe, não é por causa disso – Jasper disse rapidamente, encarando as mãos depois, sem saber o que dizer e dando de ombros. – Chocolates caem...

Alec estreitou os olhos, achando a cena estranha, então caminhou até o pai e sentou do lado dele.

- Eu já sei, Jane te tocou? – e o pai só concordou com a cabeça, então Alec o abraçou. – Minha irmã é cabeça dura, pai. Não liga não...

Jasper retribuiu ao abraço do filho e então criou coragem para perguntar.

- Filho, sabe... Acha que eu tenho sido muito... ausente?

- Hein? – Alec estranhou a pergunta, mas logo entendeu. – Pai, se for levar as ideias absurdas da Jane a sério, o senhor vai pirar!

- Não tente me defender, só me diga o que realmente acha. Eu não vou ficar bravo, ok? Eu realmente só preciso saber.

Alec deu de ombros, ele realmente não tinha do que reclamar, pois sempre estava perdido mexendo em algum jogo ou na internet. Para falara verdade, só percebia que Gertrudes havia entrado em seu quarto quando percebia um pratinho com algo para comer o lado do computador ou refrigerante. De certa forma, ele mesmo se achava muito desligado para a vida social.

- Bem, pra ser sincero, pai... – ele parou, pensando isso, mas o pai entendeu o contrário a sua pausa.

- Tão ruim assim?

- Assim o quê? – e logo ele entendeu e se corrigiu. – Ah, não! Pai é o contrário, de verdade. Bem, eu sei que o senhor e a mamãe trabalham...ela  trabalhava... Bem, eu entendo que quase sempre seja corrido para os adultos – ele tentou completar a frase de forma sutil.

Ao ver que ele não conseguia responder uma pergunta sem incluir a mãe, mas só pensou depois que isso poderia trazer mais tristeza naquele instante. Já que estava na cara que algo que a irmã havia dito tinha chateado seu pai.

- Bem, na verdade, eu acho que não tenho o que reclamar não, pai... Bem, eu tenho os jogos mais legais do mundo, antes mesmo dos meus amiguinhos, e tenho um monte de coisas legais – ele tentou soar radiante. – Quem está se queixando mesmo? – e sorriu ao final.

Mas para Jasper a resposta de Alec era péssima, na verdade. Logo, ele pensava o quanto a presença dele e de Maria sempre foi substituída por coisas materiais, que no fundo só estavam ali para suprir uma falta e presença deles. E uma terrível constatação lhe veio em mente: “é verdade, eu sou mesmo um péssimo pai”.

Ele tentou sorrir para que Alec não ficasse triste, mas é claro que o filho havia notado. Porém, após um tempinho, ele se despediu, já que Alec disse que tinha prova e precisava estudar. Na verdade, ele precisava desligar o computador urgentemente. Jasper apenas pediu para que ele descesse depois para comer algo e não ficasse o dia todo trancado, Alec concordou com a cabeça e um sorriso singelo, mesmo que não pretendesse descer tão cedo.

* * * * *

Edward pagou a conta relutante, já havia demorado uma eternidade comendo o lanche e outra eternidade no minúsculo pudim, tudo para desfrutar da companhia, mesmo que não intencional, da garçonete e também para poder ver seus belos olhos e sorriso lhe perguntando se ele queria algo mais.

Claro que nessa hora sua mente pervertida queria tomar o controle da situação, mas ele se refreava e chutava-se mentalmente. “Idiota! Linda sim, mas que nunca vai cair num papo idiota seu, nunca”, e ele bufava triste mesmo que apenas internamente.

Logo, sua mente parecia seu amigo de bar em uma conversa informal de companheiros. “Me diga qual a graça de ter tanto dinheiro e viver sozinho?”, e ele olhou para o lado, como se realmente tivesse alguém ali antes de pensar o óbvio. “Se souber, conte-nos... Vai nos poupar muita coisa, já que ainda somos a mesma pessoa”.

E sua mente respondia em um complemento amargurado: “a mesma pessoa infeliz...”. E não havia como ele mesmo negar: “exatamente isso...”.

Edward pagou a conta depois que percebeu que não via mais sua musa em lugar algum. “Limite-se a vê-la e talvez não estrague tudo como já fez outras vezes”, sua mente lhe dizia.

Ele saiu derrotado da lanchonete, como não imaginava que aconteceria consigo quando chegou. Edward não havia sido sempre sozinho em sua vida. Houve um momento onde ele realmente acreditou que Tanya pudesse sentir algo verdadeiro, que realmente se importava. Mesmo que todos sempre tenham dito que ela era uma interesseira e isso se provou real no final das contas.

Chutando um papelzinho na rua, Edward saiu cabisbaixo. Não estava mais no clima e nem ao menos olhou para os lados ao passar pela porta. Tudo o que ele sabia é que sua vida estava na lama, e não havia uma perspectiva de melhora.

Ele já havia passado dos trinta e com certeza a garota por quem andava tendo sonhos loucos era muito bem comprometida. “Dane-se o que o doutor falou, aposto que ele não sabe tudo sobre ela...”.

Bella havia saído para levar o lixo para na parte de trás da lanchonete, pilhas e mais pilhas de sacos com um monte de restos de comida que faziam com que seu estômago revirasse. Era nessa hora que ela se arrependia do emprego, aliás, nessa e na hora de lavar banheiros.

Ela já levava seu terceiro saco para fora quando se desequilibrou e caiu, o enorme saco que estava em suas mãos parecia o Batman pela cor e por sair voando de encontro a latas e mais latas de lixo, causando um estrondo enorme que ecoou pelo lugar.

Na hora, aquilo chamou a atenção de Edward, que, sem medir as consenquências de seus atos, correu para o lugar de onde o som parecia vir. E ao chegar lá se deparou com a cena, a bela garçonete no chão, com uma mão na cabeça e a outra nas costas.

Ele correu até ela e lhe ofereceu ajuda, notando o como suas feições indicavam dor, e ao olhar ao redor ele entendeu que com certeza ela deveria ter levado um belo tombo prendendo seu salto em uma das grades de escoamento de água no chão.

- Moça, digo, Isabella. Está bem? Quer ajuda? – ele disse já se abaixando para apoiá-la.

Bella não teve nem tempo de responder que sim ou não, pois ele já a estava ajudando a levantar. Em seguida, antes que ela o agradecesse, ele já estava abaixado, desprendendo seu sapato de uma as grades. “Essas grades do mau”, pensava ela, ainda se orientando.

Edward ajudou-a calçando nela seu sapatinho, não sem antes reparar o como ela estava fofa com uma meia de bichinho que acabava no calcanhar para não aparecer no salto. Ele teve que rir com aquilo, ela não era só linda, também era surpreendente e espirituosa.

Bella corou, claro, quando percebeu que aquele era o belo ruivinho que havia atendido a poucos. “Edward”, ela se corrigiu sorrindo e tentando não parecer ingrata.

- Obrigada pela ajuda...

- Não há de quê. Aliás, se sente bem? Mesmo? – ele se aproximou dela e tocou em sua testa, bem no ponto onde ela segurava. – Porque acho que você ganhou um arranhão aí...

- Eu estou... Arranhão? Oh, Deus... eu... sinto.. – mas quando ela tirou a mão da testa e se deparou com o sangue tingindo a pele de seus dedos, seus sentidos começaram a desaparecer e a visão ficou turva.

Edward teve que pegá-la nos braços para que não caísse no chão novamente.


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Notas finais do capítulo

Eu também queria tropeçar e ser salva assim, ok, dispenso o lixo, mas achei fofo isso. Tenho que agradecer também a fofolete da IsabellaSCullen, nossa mega parceira de fics no Mereço Um castelo que deu um super help nesse capítulo.
Agora, amaríamos saber o que acharam, conta para a gente, vai? :)



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