Eu queria que você soubesse que amo o jeito que você ri

Eu quero te abraçar bem forte e roubar sua dor

Eu mantenho sua fotografia

E eu sei que me serve bem

Eu quero te abraçar bem forte e roubar sua dor

Broken – Seether

Vegeta passou a mão pelo rosto, pensando em tudo o que Piccolo lhe dissera.

Ele queria voltar, já não via mais sua vida longe daquela casa. Ele não queria ficar longe, queria sentir, não apenas mais uma vez, mas pra sempre, o cheiro e o toque de Bulma que não saia mais de seus pensamentos.

Sim. Ele sentia a falta dela.

Mas o que ele iria fazer?

Bulma deixou claro que não iria aceitar ele de volta daquele jeito. E então, deveria voltar novamente? Pra ela dizer de novo que não quer ele lá?

Ele não era o tipo de pessoa que ficaria indo atrás, ele já fez muito indo uma vez, e ainda por cima Bulma não o aceitou de volta. E agora?

Deveria mais uma vez superar seu orgulho pra tentar voltar? E o que garantiria que Bulma iria aceitar ele dessa vez, alias, e se ela não o quisesse mais? Se fosse isso, seria ridículo ele ir até ela pra tentar voltar de novo porque Bulma não o aceitaria.

E ele então suspirou fundo, cansado, confuso.

Quem ele deveria ouvir?

Sua mente e seu orgulho, dizendo que ele não deveria voltar mais, por que Bulma não o queria e que seria muito humilhante pra ele ir atrás de uma mulher novamente.

Ou ele deveria ouvir algo que ecoava dentro dele, mas nem ele sabia o que era exatamente, que insistia em querer voltar, que queria ter Bulma novamente em seus braços.

Estava muito indeciso.

E assim, decidiu levantar voo enquanto pensava no que fazer.

“Sua família precisa de você. Bulma precisa de você agora mais do que nunca. E você vai fazer o que? Deixar seu orgulho imperar no seu corpo como sempre?! Sendo egoísta?”

As palavras de Piccolo ainda ressonavam na sua cabeça.

Sua família precisava dele, sim. E ele sentia que precisava deles mais do que queria precisar. Eles simplesmente entraram na sua vida que agora parecia não ter mais volta.

Sentia que ele estava se apegando a eles.

Estava começando a aceitar isso.

“Volte pra sua casa e peça desculpa a Bulma, Vegeta. Conserte seu erro.”

Consertar seu erro. Seu erro.

Ele era o culpado por tudo o que estava acontecendo. Ele era o único culpado. Não era Bulma nem Trunks, ele era o problema, e se ele estava sofrendo por estar confuso sobre o que deveria fazer ou não, era culpa dele.

Ele só queria poder voltar ao passado e não ter saído de casa daquela forma. Ele só queria que nada daquilo tivesse acontecido.

Mas aconteceu. E agora ele precisava lutar para ter sua família de volta. Fazer alguma coisa pra mudar e continuar como estava antes.

E foi por isso que ele sem perceber acabou pousando na varanda do quarto de Bulma. Como ele fazia todas as noites quando Trunks ainda não tinha nascido.

A porta estava entreaberta e apenas uma luz fraca vinha de dentro.

Mas ele não entrou, viu do lado de fora Bulma deitada na cama, porem ela não estava dormindo, ela parecia estar... Chorando.

E aquilo fez Vegeta sentir um aperto no peito.

Bulma estava sofrendo, e ela estava sofrendo por culpa dele. Ele tinha feito a única mulher que viu ele como uma pessoa, um humano e não como um monstro que só sabia matar pessoas, sofrer. Ele a fez sofrer, mesmo ela não merecendo isso.

Fez isso por causa do seu orgulho, do seu maldito orgulho.

Bulma nunca teve medo dele, e isso o cativou. Ela era diferente de todas e por isso estava ali agora, sendo um fraco indo atrás dela novamente.

Mas ele não sabia o que fazer. Se ele entrava naquele quarto e tomasse Bulma em seus braços, ou se ele dava a volta e fosse embora. Pra sempre.

E ele se virou... Decidindo ir embora pra não fazer mais mal àquela terráquea que ele inexplicavelmente sentia tanta falta.

Não poderia voltar. Não depois de ter a feito sofrer.

Ele não a merecia sendo sua companheira, ou Trunks como filho.

Por isso sentia-se fraco, como nunca se sentira em toda sua vida. Não fraco de forças, mas fraco por dentro, era algo que ele não sabia explicar.

E olhando para o céu estrelado decidiu ir embora. Talvez fosse melhor assim.

Caminhou até a beira da varanda para alçar voo quando algo o fez paralisar.

_ Vegeta?

Ele não ousou se virar.

_ O que está fazendo aqui?

E ele sentiu-se sem chão, mas não respondeu, deixando o silencio permanecer no local por alguns minutos.

_ Vamos Vegeta, me responda! – Bulma falou com os olhos lagrimejados.

Então ele suspirou fechando os olhos, procurando uma resposta adequada para a pergunta dela.

_ Não se preocupe Bulma. Eu já estou indo embora. – respondeu sem se virar para vê-la. Olhar novamente para aqueles olhos azuis seria muito difícil pra ele naquele momento.

Bulma sentiu um nó na garganta e não conseguiu falar nada de imediato.

_ Então... Está indo embora novamente? É isso?!

Vegeta ficou paralisado. Bulma era a única que sabia deixa-lo assim.

_ Não. Eu nunca voltei na verdade pra ir embora novamente. Pelo o que eu me lembre, você não me aceitou de volta.

E mais uma vez. Silencio.

Bulma sabia que ele tinha razão. Infelizmente.

_ V-vegeta. Não é bem assim. Você sabe que não é bem assim.

E Vegeta se virou, encarando Bulma profundamente em seus olhos, um olhar que a deixou confusa.

_ Não é bem assim, o que, Bulma? Você disse com todas as letras que não ia me aceitar de volta! Agora quer colocar a culpa em mim por não ter voltado?! Eu sinceramente não deveria ter voltado, nem antes e nem agora. Aliás, eu não sei o que estou fazendo aqui ainda, eu já deveria estar bem longe desse planeta! – e dizendo isso Vegeta se virou novamente pra sair dali, mas a pequena mão de Bulma o impediu segurando seu braço.

Ele poderia ter ido, Bulma não tinha forças pra pará-lo, ambos sabiam disso. Mas ele parou.

_ Eu só não queria que você voltasse e fizesse isso novamente...

E Vegeta mais uma vez, virou-se para ouvir o que Bulma estava falando.

_ Eu sei, Vegeta, que a gente combinou que Trunks não iria mudar nada entre nós, que a gente não iria ficar juntos como um casal de verdade por causa dele, e que isso não iria interferir em nada. Mas... Eu não posso mandar no que eu sinto. Quanto mais nós ficamos juntos mais eu queria estar com você, e agora com Trunks, mesmo prometendo o que prometi, não pude impedir o que comecei a sentir. Por isso quando você disse que ia embora eu me senti mal... Porque eu alimentei esperanças de que depois que tudo isso passasse nós iriamos conseguir ficar juntos como uma família. Eu fui idiota, eu sei... Você não tem culpa de nada, você e eu não somos um casal, nem nunca fomos, você é livre pra fazer o que quiser...

Vegeta se sentiu desconfortável, sem saber exatamente o porquê. Mas ele precisava dizer alguma coisa.

_ Você queria o que, Bulma? Eu estava confuso, cansado, estressado! Eu tinha recém-acabado de voltar de uma luta onde eu fui humilhado por todos, onde eu vi Kakarotto morrer, onde eu vi meu próprio filho morrer. Eu quase estraguei tudo! E fui salvo por aquele filho idiota do Kakarotto!! Isso é muito... Muito humilhante pra mim! Eu, o príncipe dos saiyajins, sendo salvo por um pirralho mestiço!!! Eu queria entender o que era aquilo que estava me incomodando dentro de mim, que foi capaz de me fazer enfrentar Cell sem pensar em mais nada, depois que o vi matar Trunks. Eu fiquei fora de mim Bulma. Eu só queria matar Cell por ter tirado a vida de Trunks... – Vegeta pareceu perder o ar ao falar tudo aquilo, e depois, respirou fundo trazendo novamente o ar aos seus pulmões.

Bulma olhou pra ele entendendo como ele tinha se sentido. Ela sabia que era muito difícil pra Vegeta falar essas coisas pra alguém. Ele realmente deveria estar se sentindo muito mal com tudo o que tinha acontecido, por isso tinha ido embora, por isso explodiu com ela quando ela ousou se aproximar.

Sentiu-se mal por ele. Mal por não ter aceitado ele de volta quando ele tinha voltado.

Mas agora, ali naquele momento, ela não poderia deixar ele se ir novamente. Ela tinha que agarra-lo com unhas e dentes pra o fazer ficar ali, com ela e Trunks.

E ela o abraçou, muito forte, não tão forte que faria o príncipe sentir algum tipo de dor, mas o suficiente pra fazer Vegeta ver o quanto ela queria ele ali.

_ Me desculpe, Vegeta! – ela disse em prantos. – Eu não deveria ter te culpado pelo o que aconteceu...

_ Você não tem que pedir desculpas, Bulma. – disse baixinho no ouvido dela, e inconscientemente a abraçou também. – Eu... – sua voz pareceu falhar.

Como pedir desculpas? Era tão difícil...

_ Eu... – tentou novamente.

Bulma olhou pra ele e viu nos olhos de Vegeta o que ele queria dizer, e quando o saiyajin abriu novamente a boca pra falar ela colocou um dedo sobre os lábios dele para calá-lo.

_ Shh... Não precisa dizer nada, querido. Eu sei! – concluiu a frase com um sorriso singelo.

Vegeta ficou meio confuso. E tudo o que aconteceu depois daquilo, foi seus lábios se encontrarem em um beijo ardente e cheio de desejo.

Foi um beijo diferente de todos os outros. Tinha saudade ali, paixão, carinho, e nenhum queria parar aquele momento.

Era uma reconciliação e eles sabiam disso.

Eles poderiam ter combinado de não ser um casal, mas mesmo assim, ali naquele momento, sabiam que de nada valia ter prometido o que prometeram, eles se queriam e agora não tinha nada pra impedir que eles ficassem juntos de verdade.

Não precisaram trocar palavras pra entender isso. Cada toque, cada olhar, cada beijo, era a verdadeira resposta.

Não tinha nada que impedia Vegeta de ir embora por aí, mas existia uma força maior que o fazia querer ficar.

Viver destruindo e matando raças já não tinha a mesma graça se Bulma não estivesse do seu lado. Ficar sozinho, já não era mais tão tentador.

Tudo o que fazia ele bem estava ali.

E só então ele percebeu...

O que o fez ficar naquele planeta nunca foi verdadeiramente por sua rivalidade contra Kakarotto, pois se fosse ele não iria mais querer continuar naquele planeta, por que Kakarotto estava morto, e Vegeta sabia que nunca mais o veria novamente, pelo menos era o que ele imaginava.

Seu eterno rival tinha morrido, e agora ele estava ali apenas por causa de uma mulher e de um garotinho de um ano.

E sinceramente? Ele não se importava com mais nada.

Iria lutar pra ficar sempre mais forte, por que afinal, ele era um Saiyajin. Mas agora, lutaria não pra superar Kakarotto, mas sim pra ser forte o suficiente e ele mesmo salvar quem ama quando fosse preciso, sem depender dos outros.

Era seu objetivo a partir daquele momento.

E assim, conforme o clima ia esquentando, iam seguindo pra dentro do quarto de Bulma até sua cama, que a partir daquele momento seria também de Vegeta.

Esqueceriam tudo o que aconteceu naquelas ultimas semanas, e começariam uma nova vida, agora, juntos.