(Damon)

Eu estava transtornado de verdade, aquela conversa tinha
sido terrível demais, eu não conseguia evitar, por mais que eu quisesse, não
chorar foi impossível. Eu odiava o jeito como as palavras de Elena sempre me
atingiam, boas ou ruins, elas sempre me causavam emoções que eu não podia
controlar, isso me irritava, gosto de tudo sob controle. Eu continuei corredor
a fora até que parei na frente do quarto do meu irmão, Stefan estava, como
sempre se enrolando com a gravata. Enxuguei as poucas lágrimas que apareceram
no meu rosto, ele não me veria assim, principalmente porque o motivo era a
futura mulher dele.

-Hey! Uma forcinha aqui não seria nada ruim. – ele me pediu
fazendo bico.

-Quando vai aprender a fazer isto sozinho?

-Nunca! Só um dos filhos prestou atenção quando mamãe
ensinou.

-Ela está orgulhosa de você Stef, se tornou um homem de bem,
cumpridor de deveres, responsável e será um bom substituto nos negócios da
família quando papai se for.

-Obrigado irmão, eu não teria chegado tão longe assim sem
você, quer dizer você foi um monte de coisa pra mim, mãe, pai, amigo,
confidente, sem falar em todos aqueles conselhos sobre mim e Elena, sem você
padrinho, este casamento não saia.

Sorri sem jeito.

-Ela tem um temperamento bem forte, você viu a cena de ontem
com a Rebekah? Até agora estou boquiaberto.

-O mais hilário foi a reação da mamãe, ela não esconde como
não gosta de sua noiva.

-Essa foi a explicação que sua noiva me deu, ela também não
curte a Rebekah.

-Falou com ela?

-Claro! Eu não falo sempre?

-Como ela está? Digo a aparência...

-Como sempre Stefan. Sua futura mulher é linda.

-Não tanto quanto a sua era.

Certo ele não devia ter dito aquilo.

-Desculpa não devia ter dito isso.

-Não mesmo.

De repente fomos interrompidos por Caroline, que entrou
afobada no quarto, parecia que ela tinha corrido quilômetros.

-Senhor Salvatore... O senhor precisa... A senhorita
Elena...

-Calma Caroline não entendemos nada. – Falei pra ela.

-A senhorita Elena está no meio de uma crise nervosa, eu não
sei o que houve, ela simplesmente não consegue parar de chorar, não sei o que
faço.

Stefan saio do quarto abruptamente, quase atropela a pobre
moça na porta. Eu o segui.

(Elena)

Eu não aguentava mais chorar, mas não conseguia parar, algo
estava quebrado dentro de mim, eu me sentia tão mal, era tão ruim, era tão
estranho, isso tudo por que tinha discutido com Damon? Custava a crer. Tudo só
piorou quando eu vi Stefan surgir branco feito cera diante de mim, sentando-se
ao meu lado na cama e logo atrás dele Damon me olhava desconfortavelmente
especulativo. Ah vá, ele não sabia por que eu estava assim?

-Meu amor o que há de errado?

Stefan estava aflito, e o fato de eu não saber a resposta me
frustrava e me fazia chorar ainda mais, para desespero dele que virou-se para o
seu irmão suplicante.

-Damon, por favor, me ajude com isso, sei que você não
gosta, mas pelo amor de Deus, veja o que há com Elena.

Damon tirou os olhos do irmão, me olhou profundamente, mesmo
com as lágrimas embaçando minha visão ainda podia fitar naquele olhar tanto
quanto ele me fitava. Ainda com os olhos fixos em mim ele disse:

-Eu preciso que todos saiam, tem gente demais aqui.
Caroline, desça até a entrada e pegue minha maleta em meu carro, você Stefan me
espera te chamar do corredor.

Stefan rapidamente acentiu, era óbvio que ele confiava no
irmão dele, em mim também, naquele momento uma ideia boba de que isso era um
erro dele passou rápida na minha mente e eu a expulsei. Ele podia confiar nos
dois certo? Certo.

Todos seguiram as ordens dele e segundos depois eu estava
sozinha com Damon em meu quarto outra vez.

-O que você tem? – sua voz era muito dura, muito fria, de
alguma maneira aquilo me deixou pior. Não respondi, não havia parado de chorar
ainda.

-Vamos lá Elena, se acalme. O que você está sentindo?

Ele veio pra perto agora assumindo o lugar que Stefan
assumira segundos atrás. Pegou em uma de minhas mãos e a acariciou. Aquilo foi
gostoso.

-As vezes eu esqueço como você é emotiva por trás desta pose
de durona que você exibe. Nossa conversa foi inoportuna, eu sinto muito. –Ele
pareceu sincero,mas a dureza na voz ainda estava lá. – Hoje é um dia muito
especial para você e meu irmão, então não vamos estragá-lo certo? Deixemos de
lado esta confusão toda ok? – Desta vez ele sorriu, foi forçado, mas um sorriso
todavia e eu gostei muito daquilo.

-Você realmente me odeia? – finalmente falei entre soluços.

-Vamos esquecer isto.

-Damon...

-Elena...

Ele não iria falar mais nada sobre aquilo e eu também não
queria mais tocar nisto, me fazia mal.

-Vamos lá, fique calma, está tudo bem.

Daí ele fez uma coisa, soou muito natural e simples pra ele,
mas pra mim foi um choque terrível. Ele se aproximou de mim e beijou minha
testa. Ele nunca tinha feito isso antes, o máximo era um beijo no peito de
minha mão em sinal de educação. Aquele novo toque me fez abrir um sorriso largo
e sincero. Qual era o meu problema? Parecia uma criança que acabava de ganhar
um chocolate do nada e estava toda boba.

-Estamos bem? – ele me perguntou.

-Sim.

-Ótimo! Vou chamar seu noivo.

Aquilo me puxou de volta. Stefan estava no corredor
esperando por notícias minhas e eu simplesmente delirando com o beijo do Damon.

-Caroline já deve estar chegando com minha maleta, eu volto
pra verificar sua pressão.

-Está certo.

Ele se foi e logo atrás dele Stefan surgiu no quarto outra
vez.