Eu realmente amava Isabella Swan desde a primeira vez que a vi, quando nos esbarramos na biblioteca do Forks High School logo que cheguei na cidade, há quase oito anos. Sua timidez extrema a afastava das demais crianças e fui considerado corajoso pelos amigos que eu já tinha conquistado em tão pouco tempo quando decidi me aproximar.

De início, Bella me ignorou. Vencida pelo cansaço, ela passou a me suportar ao redor. E quando descobriu que eu poderia ser um garoto legal, aceitou minha amizade.

Eu não a recriminava por tentar se resguardar, afinal não era fácil ser Bella Swan, filha de Charlie Swan, um pescador que dedicava mais tempo ao álcool que aos peixes depois de ser abandonado pela esposa, que o trocou por um forasteiro.

Não ajudava muito que eu morasse na propriedade mais cara da região e fosse um Cullen, ou seja, o herdeiro, junto com meus irmãos Emmett e Alice e meu primo Jasper, de uma das maiores fortunas da América.

Dentro dos seus limites, Bella deixava este pequeno detalhe de lado na maioria das vezes, mas de vez em quando, o “elefante branco postava-se bem no meio da sala”, e as discussões ficavam feias.

Não éramos o casal perfeito. Brigávamos muito. E foi em uma dessas brigas que meu futuro foi definido.

Eu sempre gostei de festas, principalmente aquelas regadas à bebida. Bella era avessa às badalações, mas nunca me proibiu de frequentar esses lugares. Todos sabiam que estávamos juntos e conheciam o modo como nos relacionávamos.

Bella nunca se permitiu deixar levar por uma vida de luxo que eu podia oferecer-lhe. O máximo que conseguimos concordar era eu pagar o jantar duas vezes por mês. Quanto ao resto, sempre dividíamos os custos e, por isso, eu optava por programas simples, como cinema, sorvete ou visitas à livrarias. Presentes? Apenas ao estilo “Faça você mesmo”.

Éramos vistos em público constantemente, exceto em festas, a menos que fossem organizadas pela minha família.

O estranho foi isso. Bella não ia, mas não me proibia de ir, porém, naquela tarde, percebi que ela estava estranha. Enquanto estudávamos para a prova de matemática, a última do segundo grau, ela parecia aérea, pensativa.

- Quando você vai me falar sobre o que a está incomodando? – perguntei jogando o lápis na cama e esticando as costas.

Bella pensou por um instante. – Não quero que você vá a festa de Tanya.

A festa de Tanya Denalli foi esperada o ano todo pelos formandos. Eram três irmãs e cada uma fez sua festa no último dia de aula. Tanya era a caçula.

- Por quê? – questionei. Quem sabe ela tivesse algo em mente que valesse a pena abrir mão do evento.

- Por nada, em especial. Eu só gostaria que você não fosse. – O modo como ela evitou meus olhos, ou como não sabia onde colocar as mãos me provou que havia algo por trás.

- Me dê uma razão – pressionei.

- Porque eu amo você – despistou, guardando o caderno, ainda com vários exercícios em branco.

- Você sempre me amou, mesmo quando fui a outras festas.

Olhou-me, séria. – Eu não quero que você vá.

Mantive meus olhos sobre ela. – Você não manda em mim – provoquei, na intenção de fazê-la falar.

Bella pegou a mochila e ameaçou levantar da cama.

- Volta aqui – a puxei para trás.

- Me solta, Edward – pediu, chorosa. – Eu só quero ir para casa.

Me surpreendeu que Bella estivesse magoada por causa de uma simples festa.

- Se você me disser por que não quer que eu vá à festa, então talvez eu não vá – ponderei. Eu sabia que não estava sendo justo com ela. Poderia simplesmente atender seu pedido, mas eu estava tão afim de ir na festa de Tanya.

- Não importa – sussurrou.

A abracei e tentei beijá-la, mas Bella virou o rosto.

- Qual o seu problema, hein? – perdi a paciência.

- Por favor, me deixe ir para casa.

A empurrei sutilmente, mas Bella não esperava por isso e por pouco não foi ao chão. Vi lágrimas escorrendo por suas bochechas, o que era um exagero, então apenas lhe dei as costas e fui para o banheiro de meu quarto tomar um bom banho para me arrumar para a festa de Tanya.

Quando terminei, Bella já tinha juntado suas coisas, arrumado minha cama e partido. A veria no dia seguinte, depois da festa, e conversaríamos decentemente.