Rainha Dos Mares escrita por Serendipity


Capítulo 2
2. Beijo um estranho de cabelos escuros




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Capitulo 2 – Beijo um estranho de cabelos escuros

Estávamos sem dinheiro, sem armas e já havia escurecido, o que com certeza, não ajudava em nada. A verdade é que eu me sentia praticamente nua sem nenhum tipo de proteção.

Por sorte, nenhum monstro nos atacou e depois de quase quatro horas andando, Argos apareceu com a van para nos buscar. Possivelmente, Quíron sentiu nossa falta e mandou que fosse nos procurar.

Nota mental: comprar um carro, porque definitivamente, eu não quero voltar a andar aquilo tudo a pé. Sinceramente, nunca achei que acampamento fosse tão longe de New York.

Quando finalmente chegamos ao acampamento, ainda tivemos que ouvir um longo sermão do deus do vinho sobre nossa irresponsabilidade (como se ele não tivesse nos abandonado lá) e acabamos por perder o jantar.

Eu estava cansada, com dores no pé e agora, com fome. Então, fiz a única coisa que ajudaria a melhorar o meu mau-humor: fui tomar um banho no lago.

Alguns diriam que é imaturo e irresponsável, mas não me importei. Simplesmente tirei a roupa e entrei na agua gelada, sentindo todo o meu corpo amolecer. Era uma sensação estranha, mas mesmo assim, boa. Não sei ao certo quanto tempo fiquei lá. E pra ser sincera, não me importei com isso.

Quando comecei a sentir frio, me virei para nadar até a margem e me surpreendi ao ver um homem sentado ao lado das minhas roupas. Cogitei a ideia de ficar ali, afinal eu não sabia quem ele era, mas a agua estava ficando cada vez mais fria e eu já estava ficando cansada. Então, tomei impulso e fui em sua direção, agradecendo mentalmente por não ter tirado as peças mais intimas, como fazia as vezes.

Enquanto nadava em direção ao píer, observei melhor o homem desconhecido. Ele estava sentado e com os pés dentro da água. Usava bermuda jeans e uma camisa branca meio aberta. Era bonito, apesar de aparentar ser mais venho. Talvez uns 30 ou 35 anos. Tinha pele clara, cabelos escuros e parecia ter olhos azuis ou verdes.

Quando cheguei ao píer, voltei a colocar a roupa, mesmo com o corpo úmido. Virei-me para voltar ao chalé, mas o homem segurou meu braço. Senti algo estranho, um tipo de formigamento onde ele tocava.

–Posso ajuda-lo? – perguntei, com a voz um pouco rouca.

–Sente-se aqui – respondeu, sem me olhar.

Uma pessoa normal teria recusado, mas nunca fui considerada uma pessoa muito normal, então, me sentei ao seu lado e coloquei os pés dentro da água, como ele.

Ficamos em silencio por um tempo, apenas olhando o sol nascer. Era, provavelmente, a vista mais linda que eu já vira.

–Nunca havia visto você no acampamento – comentei

–Não sou um campista – respondeu ele, sorrindo – Sou... um amigo de seus avos.

–Você é um deus?

O homem não respondeu, mas continuou sorrindo.

–Tem quantos anos?

–17 – respondi, mesmo achando a pergunta estranha.

–E morra no acampamento?

–Sim. Eu morava com meus pais no Arizona, e vinha ao acampamento apenas nas férias. Mas depois da guerra, decidi ficar permanentemente aqui.

–Estava no Arizona quando a guerra aconteceu?

–Sim

Silêncio, depois outra pergunta estranha:

–Você namora?

Pensei em Josh, filho de Apolo. Ele era legal, bonito e beijava muito bem. Havia também alguns boatos que ele me pediria em namoro, mas o pedido ainda não tinha rolado.

–Não – respondi por fim

–Não? É estranho uma garota tão bonita ainda estar solteira.

Eu corei

–Hãn... Obrigada – falei, olhando para minhas mãos.

Eu não era do tipo que gostava de receber elogios, por que nunca sabia ao certo que o fazer ou responder.

Ficamos em silêncio por um tempo, até que senti os dedos dele tocarem meu rosto. Eu sei que devia me afastar, mas a sensação ter seus dedos tocando minha pele era boa demais para que eu fizesse tal coisa. Era loucura, eu sei, mas na hora, não me importei. A única coisa que eu queria era sentir mais de seu toque.

Olhei pra ele, tão bonito e familiar com aqueles olhos azuis.

Estremeci quando seu polegar tocou meus lábios e senti uma súbita vontade de toca-lo também, me agarrar ao seu corpo e sentir seus lábios tocarem minha pele.

Não sei se o estranho conseguia ler mentes, mas fez exatamente o que eu queria: passou um dos braços ao redor da minha cintura, me puxando contra seu peito musculoso e simplesmente me beijou.


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Notas finais do capítulo

Então, mais um cap pra quem pediu... E obrigada a todas que deixaram reviews ;*