POV Hermione

Estava me preparando para a reunião dos monitores com a Profª McGonagall. Desci as escadas e John estava no salão comunal lendo um livro.
–Boa noite. -eu cumprimentei.
–Hey! Onde vai? -ele disse.
–Reunião de monitores. -respondi, me sentando ao lado dele.
–Eu quis dizer depois da reunião... -ele me olhou, com um ar debochado.
–O que quer dizer com isso? -gaguejei, corando. -E a propósito, você entregou o bilhete para o Malfoy? -perguntei, mudando de assunto.
–Sim. Ele pareceu muito feliz quando soube que era seu... E disse para eu te avisar que ele ainda quer se encontrar com você depois. Para.... estudar. -ele disse, rindo de mim.
–Para com isso! Ele só me pediu ajuda pois está com dificuldade na matéria e...
–Sei. -ele me interrompeu, sorrindo. Me irritei:
–Quer saber? Eu não te devo satisfações, e já estou atrasada. -me levantei e estava indo embora quando ele disse, sorrindo:
–Diga ao Draco que eu disse Olá.
Mostrei a língua como uma criança mimada e fui andando até a sala da diretora. Mas que garoto abusado! Será que estava tão na cara que eu estava saindo com o Malfoy? Quero dizer, a gente mal chegou a sair ainda. E ele realmente disse que queria estudar... Continuei andando até chegar a sala da McGonagall e entrei. Malfoy já estava lá, só faltavam os outros dois monitores.
–Boa noite, professora. -eu disse, e me sentei em uma das cadeiras.
–Boa noite, Srta. Granger! Queria aproveitar que você e o Sr. Malfoy já estão aqui para perguntar: estão tendo problemas ou está tudo ocorrendo perfeitamente nos turnos? -ela perguntou, olhando para nós dois. Trocamos olhares e dissemos:
–Está tudo bem.
–Que bom, fico feliz. -ela respondeu, e antes que pudesse esticar assunto, os outros monitores chegaram. Ela começou a falar sobre punições, pontos das casas, turnos, regras, e todas essas coisas que nós já sabíamos. Depois perguntou como estavam indo nossos turnos e fomos dispensados. Foi tudo bem rápido. Hoje era dia do garoto da Lufa-lufa e da garota da Corvinal irem monitorar, então eles foram para os corredores e eu fui até o sétimo andar. Fechei meus olhos e entrei na Sala Precisa. Malfoy já estava lá...
–Olá. -eu cumprimentei, sorrindo.
–Oi. -ele disse, e parecia nervoso.
–O que foi? -perguntei, me sentando ao seu lado.
–Ahn, nada. Então, quer me ajudar em História da Magia? Eu realmente preciso de ajuda, e os testes estão chegando, você sabe... -ele respondeu, mudando completamente de assunto.
–Tudo bem, vamos lá. -abri o livro que estava em cima da mesa e comecei a explicar tudo que o professor tinha dito na aula passada. Eu já estava falando sem parar por um bom tempo quando percebi que ele estava olhando pra mim e sorrindo sem nem ao menos prestar atenção.
–Malfoy! -gritei, e ele se assustou.
–Ahn, o que foi? -ele disse, confuso. -Desculpe, estava distraído. Ah, isso não vai dar certo... Não estou com cabeça para estudar. O que quer fazer?
–Bem... -eu comecei a pensar. O que eu poderia fazer sozinha em companhia de Draco Malfoy? De repente a cena de nós dois deitados juntos no sofá me veio a cabeça e eu corei.
–O que foi? -ele perguntou, rindo de mim.
–Não é nada, ok? Ahn, que tal conversarmos? -eu disse, mudando de assunto.
–Claro! -ele disse, ainda sorrindo. -Sobre o que quer falar?
–So-sobre... nós. O que...? O que está acontecendo? -eu perguntei, gaguejando, e corando mais uma vez. Mas realmente precisávamos falar sobre isso.
–Eu... não sei. -ele respondeu, sincero, olhando em meus olhos. -Só sei que me sinto bem perto de você. -ele terminou, sorrindo. Sorri também.
–Isso foi fofo! -eu disse. E a grande surpresa foi Draco Malfoy corando. -O que? Draco Malfoy, você está vermelho por alguma coisa que eu disse? -eu perguntei, rindo. Ele começou a rir comigo, ainda vermelho.
Ficamos lá, rindo de absolutamente nada por um tempo, e conversando sobre coisas inúteis até que ele ficou sério de repente.
–Ahn, eu acho que devíamos ir dormir. -meu sorrido murchou rápido o suficiente para ele perceber.
–Vai acabar ficando tarde demais, e acho que... não é uma, ahn, boa ideia passarmos a noite aqui de novo. -ele explicou, e ele tinha razão, mas não pude deixar de ficar triste.
–Nos veremos amanhã a noite, certo? -perguntei, fazendo bico.
–Claro, temos monitoria! -ele respondeu, me lançando um grande sorriso, que eu retribui.
–Então tá. Ahn, tchau Draco. -eu disse, acenando e virando de costas. Estava andando até a porta quando ele me puxou pela mão:
–Espera, Granger! -parei.
–O que foi? -perguntei confusa. Sua mão ainda segurava a minha quando ele me puxou para um abraço rápido.
–Boa noite. -ele sussurrou, eu meu ouvido, e foi embora, me deixando sozinha no silêncio da Sala Precisa, onde era possível ouvir até as rápidas batidas de meu coração.

[...]

Eu tinha decidido não pensar no quão bizarro e estranho esses encontros estavam sendo, e em como Malfoy não era mais o Malfoy e tudo mais. O que importa é que isso não me traz nenhum mal e pronto. Foi tudo perfeito, e eu não sei mais quais são os sentimentos dele em relação à mim. E muito menos os meus sentimentos... Foi uma longa noite de sono, mas recheada com diversos sonhos estranhos que envolviam o Draco. Além de minhas noites e meus pensamentos, o loiro ainda queria invadir meus sonhos?
–Bom dia! -uma voz estranha me tirou dos meus pensamentos.
–Ah, olá Ginny! -eu disse, achando estranho. Então ela voltou a falar comigo agora?
–Onde estava ontem a noite? -ela perguntou. Meu Deus, essa garota não perde nada.
–Reunião de monitores. Atrasou um pouquinho... -eu respondi. Mentir estava ficando cada vez mais fácil, estava até convincente.
–O que está acontecendo, Mione? Você está estranha. -ela perguntou.
–Você que está! Me ignorou essa semana inteira. Tive que arranjar novas companhias... -eu disse.
–Me desculpe, não tive tempo, todos os meus amigos estão exigindo atenção. -ela parecia sincera. -Mas que companhia nova você arranjou, heim? -ela perguntou, sorrindo diabolicamente. Essa ruiva não perde nada mesmo.
–John Anderson, primeiro ano. Grifinória. -respondi, séria.
–Hum, sei. Só ele? -ela perguntou, sorrindo. Contar ou não contar? Não. Pelo menos não agora.
–Sim, só ele, Ginny. -respondi. -Ninguém mais nessa escola quer saber de mim. Nem você fala comigo mais... -eu disse, fazendo drama. Atingi o ponto certo, ela esqueceu o assunto e ficou me dando várias desculpas até me convencer. Fomos para o Grande Salão juntas e pra primeira aula também, enquanto conversávamos botando o papo em dia. É claro que eu deixei de fora todos os meus encontros com o Malfoy, mas eu sabia que uma hora eu teria de falar. Ela entenderia que ele mudou? Eu espero que sim. Nossa primeira aula era de Poções com Sonserina. Eu já estava me sentando numa mesa com Ginny quando Malfoy apareceu, com uma cara meio brava.
–Com licença, Weasley. Granger é minha dupla nessa aula. -ele disse, tentando ser educado, sem sucesso. Ela olhou pra mim como se estivesse questionando a atitude dele, mas ainda assim obedeceu. Eu havia me esquecido que éramos uma dupla nas aulas de Poções agora...
–Não precisava ter falado assim, Malfoy. -eu disse, baixo.
–Assim? Assim como? -ele perguntou, com seu antigo ar de superioridade que me dava nojo.
–Sabia que eu não podia confiar em você. -eu disse, grossa. Sua expressão murchou na hora.
–Não, não, me desculpe, por favor. Eu só estava... ahn, com ciúmes. -ele disse, corando mais uma vez. Não pude deixar de sorrir. Ele sorriu também e percebi que estava tudo bem.
–Conversaremos depois, então... -eu disse, rindo da sua cara. Malfoy com ciúmes? De mim? Isso estava ficando uma loucura. Mas eu achei fofo... Sua pele, branca como a neve, ficava linda quando ele corava e... Não. Eu não posso pensar isso. Argh, mas que droga. É tão difícil lutar contra isso. Meu sorriso bobo toda vez que pensava nele, o frio na barriga sempre que estávamos sozinhos. Eu não sei mais o que está acontecendo entre nós. Ah, e é claro que Ginny percebeu que estava rolando alguma coisa entre nós. Eu precisava dar um jeito nessa garota, e rápido, antes que ela desconfiasse de algo... Imagina se ela conta pro Rony ou pro Harry? Eles me matam. Mas nesse momento, Slughorn começou a tagarelar sobre poções e eu fui obrigada a prestar atenção.

[...]

POV Draco

Agora que as coisas estavam indo bem, a ruiva aparece para estragar tudo. Eu estava avançando na minha... ahn, amizade com a Granger. E agora aquela Weasley idiota vai acabar descobrindo sobre nós, ou pior, contar para o irmãozinho dela. Foi um esforço muito grande ser educado quando mandei ela dar o fora do meu lugar. Porque ela é minha dupla, e não dela. Ela deixou a Hermione sozinha todo esse tempo, e agora ela já arranjou companhia... Não quero perdê-la. Apesar de ter pedido desculpas por ter sido meio grosso, fiquei de cara fechada a aula inteira, ciente de que teríamos que conversar sobre isso hoje à noite. E ela teria q ue me prometer que a Ginny não ia ficar sabendo de nada. Ontem eu estava extremamente nervoso, por algum motivo. Até parecia que nunca tinha ido à um encontro. E aquele abraço fez eu me sentir nas nuvens... Tive que fugir antes que falasse alguma besteira. Minha vontade era ficar lá com ela a noite inteira. O que estava acontecendo comigo?
O resto das aulas foi normal e entediante, mas eu não conseguia entender a matéria de História da Magia. É irônico, mas parece que eu teria que pedir a ajuda dela mesmo. Encontrei o John na hora do almoço:
–Bom dia, amigo! -eu disse, cumprimentando. Me sentei e começamos a conversar sobre as aulas dele, e suas matérias preferidas. Eu me lembro do meu primeiro ano... Apesar de tudo que aconteceu, Hogwarts é mesmo o meu lar! Sempre foi.
–Mas e então, a Mione tirou suas... dúvidas ontem? -ele perguntou, rindo maliciosamente.
–Não. Ainda estou com dúvidas... -respondi, tentando ficar sério, sem sucesso.
–Hum, então isso significa que vocês vão ter que se encontrar por mais algumas vezes? Você sabe, pra ela te ajudar com a matéria. -ele perguntou, rindo da minha cara, e eu corei de novo. Isso estava acontecendo muitas vezes ultimamente. Draco Malfoy não fica vermelho.
–É, é provável que sim. E porque isso te interessa mesmo? -perguntei, sendo rude, mas ele começou a rir da minha cara e não respondeu. Estava passando dos limites.
–É melhor parar com isso, Anderson. -ameacei, sério, mas ele continuava rindo de mim. Como um garotinho tão novo já tinha entendido coisas que não estavam claras nem para mim ainda?
–Vocês se amam. Porque não admitem logo? Vai ser mais fácil para todos. -ele disse, numa voz baixa e séria.
–Eu... eu não sei. Parece tão... errado, entende? Se você tivesse nos conhecido alguns anos atrás, perceberia o quão bizarro é essa situação. Granger saindo com Malfoy? O que a escola inteira pensaria? Além disso, ela meio que tem alguém fora da escola. Weasley. Irmão daquela ruiva... Costumavam ter vários Weasleys estudando em Hogwarts, mas todos se formaram. Mas Rony sempre foi amigo próximo de Mione, desde que tínhamos a sua idade. E ano passado rolou um clima entre eles. É claro que eu não me importava porque eu não conhecia a Granger direito, e ela não me conhecia de verdade. Só conhecia meu lado arrogante... -expliquei. Ele parecia compreender.
–Bem, de qualquer jeito, vocês deviam se resolver logo, pois se quiserem ficar juntos terão que enfrentar a escola inteira. -ele disse. E o pior é que ele estava certo... Eu falaria com ela hoje a noite, mas eu ia precisar de ajuda.
–Será que pode conversar com ela, John? Eu tenho medo de ela... ahn, não sentir o mesmo. -eu disse, vermelho de novo. Eu não podia evitar, era a primeira vez que eu me “apaixonava” de verdade. Estive com outras meninas, claro, mas não era amor verdadeiro. Pelo menos eu achava que não.
–Malfoy, sinceramente? Ela te ama. Eu vejo a forma como ela cora quando eu falo de você, e a preocupação e interesse dela em saber o que você disse, e o sorriso dela, e a ansiedade quando está saindo para te encontrar... Eu não entendo muito bem disso, e não sei o que rolou entre vocês dois, mas eu ela está completamente apaixonada. -ele disse, convicto. E eu estava com um sorriso bobo no rosto, imaginando tudo isso que ele disse. Ah, o que eu não daria para ser da Grifinória agora, heim?
–Haha, você está apaixonado também! -ele disse, rindo da minha cara.
–O que, eu? Não. Não. Ahn, acho que não. -eu gaguejei, confuso.
–Sim, Draco, você está apaixonado pela Hermione! -ele disse, sorrindo e me deixando sozinho, com meus pensamentos bagunçados. Malfoys amam? Eu não sabia disso. É tudo muito novo pra mim, mas eu tinha que fazer algo e tomar uma atitude. Rápido...