Além do Crepúsculo - VERSÃO ANTIGA escrita por Maiah Oliveira


Capítulo 4
Capitulo 3 - Despedidas Parte I


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam preparadas para a chegada em Forks!!!! Apreciem com moderação!!! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/231055/chapter/4

 

O mais triste de uma despedida é a incerteza de uma volta.

 

(Autor desconhecido)

 

 

 

—------------------------------------------------------------------------------------------------------

 

POV Bella

 

—------------------------------------------------------------------------------------------------------

 

 

 

O mês passou assombrosamente rápido para a minha infelicidade, no fim, a nesse momento tão odiosa lei da relatividade atuava contra mim. Fato! Pelo menos uma coisa boa tinha acontecido, papai e eu havíamos feito as pazes. Não que fossemos ficar naquele climão chato, que ficou depois do meu ataque ou que ficaríamos dias sem nos falar de qualquer modo, afinal não conseguíamos ficar sem nos falar por muito tempo. Só precisávamos de espaço e tempo para esfriar os ânimos, colocar a cabeça no lugar e nos entendermos para tudo ficar bem.

 

 

 

Eu entendi porque ele ficou tão bravo, ele havia se magoado com a minha atitude negativa, ele tinha esperado que eu ficasse feliz e vibrasse por ele como sempre fiz e minha reação contrária o desestabilizou, depois de compreender isso não foi difícil pedir e aceitar as desculpas. Afinal ele entendeu o meu lado também não que isso mudasse seus planos, de qualquer forma provavelmente não tão profundamente quanto eu em relação a ele, ainda assim era muito mais do que eu podia esperar quando não me abria totalmente nem mesmo com ele.

 

 

 

Minhas amigas receberam bem a notícia... Quer dizer elas receberam a notícia bem melhor do que eu. Tina ficou abertamente triste, como era tão próprio dela, diante da notícia de que íamos nos separar, já Lígia fingiu não se importar muito, como ela sempre fazia, mas eu sabia lê-la bem o suficiente para saber que ela se importava e muito e que estava tão triste quanto a irmã. Mas ao invés de lamentarmos até a minha viagem, decidimos passar a maior quantidade de tempo que pudéssemos juntas. Elas desmarcaram todo e qualquer compromisso que teriam e passamos o resto do tempo, como queríamos, grudadas. Fosse empacotando minhas coisas, indo ao cinema e fazendo muitas compras esse ultimo cortesia do cartão de credito do papai ele tinha me avisado que Forks era fria e meu guarda-roupa verão/verão carioca teria que ser substituído. É claro que não estouramos o cartão de credito dele, na verdade eu provavelmente só comprei um terço da roupa que meu pai havia dito que eu precisaria. Tinha resolvido que compraria o restante das roupas por lá mesmo, afinal o Rio não era conhecido pelas suas roupas de inverno, ainda assim gastamos um bom tempo escolhendo roupas e nos divertindo no processo.

 

 

 

Vovó junto com minhas tias organizou um bota fora em grande estilo, com direito a presença de praticamente toda a família. Devido às ridículas proporções da minha família a festa teve que ser feita na chácara do meu tio em Petrópolis. A festa de despedida, rapidamente se converteu em uma das maiores reuniões de família dos últimos anos, revi primos de terceira e quarto graus que nem lembrava que tinha conhecido. Tina e Lígia que obviamente foram convidadas junto com tio Hélio, pai delas, ficaram surpreendidas com o numero de convidados, que tirando os três, eram todos membros da família. Mas era como vovó dizia, quando a família Leoni dava uma festa, ela realmente dava uma festa. E essa com certeza entrou para os anais da família. Tinha tido absolutamente de tudo, desde karaokê uma verdadeira prova para nossos ouvidos, diga-se de passagem - passando por um jogo de mímica, até um barraco básico, algo que nunca faltava nas festas da nossa família. Ainda bem que vovó tinha marcado aquela festa para dois dias antes da nossa viagem, se não depois de virar a noite numa festa animada como aquela, não teríamos a menor condição de enfrentar uma viagem tão longa quanto essa.

 

 

 

Agora lá estava eu no aeroporto Tom Jobim, ladeada pelas minhas melhores amigas e meu primo Miguel. Meus pais e William que por sinal estava lendo um livro só para variar - andavam mais a frente acompanhados de minha avó e minha tia Ana Maria, mãe do Miguel. Eles eram os únicos membros da família presentes, todos os outros estavam confortavelmente em suas casas, por razões obvias. Toda a minha diversão pelas lembranças da festa e pelo papo agradável que estávamos tendo, se esvaia a cada passo que eu dava em direção a área de embarque. Depois de me despedir do meu quarto, da minha casa - ou melhor apartamento - da casa da minha avó e como Bella fez antes de ir para a cidade de Spoon, também me despedi até mesmo do sol escaldante do Rio que nesse verão tinha estado mais quente do que nunca e mesmo detestando o calor exagerado e as altas temperaturas, sabia que sentiria falta disso como de qualquer outra coisa meramente familiar. E isso era só mais uma prova, do quanto essa mudança estava sendo difícil para mim. Eu que nunca tinha saído do estado do Rio de Janeiro agora não só estava mudando de casa, de cidade, como de país, de língua e amigos, isso se eu tivesse a sorte de encontrar algum na nova escola, algo no que eu não apostaria nem um centavo.

 

 

 

A vozinha irritantemente educada no alto falante anunciou pela segunda vez o número do nosso vôo me fazendo acordar para a minha dura realidade, minha nova realidade. Meu estômago deu um perigoso tombo que me trouxe um forte enjoou, tudo parecia assustadoramente real, agora mais do que nunca. Tudo ia mudar, minha vida nunca mais seria a mesma e isso me amedrontou e deprimiu ao mesmo tempo. Em poucos minutos eu teria que me despedir dos meus amigos, da minha família.

 

 

 

Senti a mão de Tina apertar a minha como se pudesse sentir meu estado de espírito num intento de conforto que não funcionou muito, mas que de qualquer forma me fez sentir agradecida, só por ela mostrar o quanto se importava comigo. Não a olhei, sabia que se a olhasse naquele momento romperia em lágrimas e provavelmente ela também.

 

 

 

Já estávamos perto da fila de embarque por isso todos pararam. Era a hora.

 

 

 

Vai dar tudo certo Tina me olhou com uma fraca animação acompanhada de um sorriso apagado Você vai ver terminou mais confiante.

 

 

 

Você sempre foi a mais otimista de nós três respondi, eu não estava tão confiante de suas palavras quanto ela.

 

 

 

E você sempre foi a drama queen de nós três Lígia disse com seu famoso ar de suficiência.

 

 

 

Sorri.

 

 

 

Ela sempre foi a drama queen de toda a família, afinal é a nossa princesinha Miguel corrigiu irreverente como sempre, enquanto apertava dolorosamente minhas bochechas.

 

 

 

Dei um soco de leve em seu ombro, me soltando dele. Ia sentir falta disso... muita falta.

 

 

 

Vou sentir falta de vocês externei meus pensamentos com uma voz tremida por conter o choro.

 

 

 

Nós também, amiga! Tina respondeu com a voz se possível mais tremida que a minha.

 

 

 

Abraço em grupo! Miguel praticamente gritou, pegando nós três e espremendo num abraço apertado.

 

 

 

Quando nos separamos Tina estava claramente chorando, como eu e Lígia para a minha surpresa parecia secar uma lágrima inconveniente.

 

 

 

Você tá chorando? perguntei quase descrente. Nunca em mais de quatro anos de amizade havia visto Lígia derramar uma lágrima sequer e nós tínhamos passado por poucas e boas.

 

 

 

Claro que não, tá louca garota! ela respondeu num tom que variava entre o alarmado e o irritado Foi só um cisco que caiu no meu olho.

 

 

 

Eu, Tina e Miguel, trocamos um rápido olhar conhecedor, que Lígia nem percebeu.

 

 

 

Claro, essa era minha segunda opção disse num tom falsamente serio que ela pareceu ignorar.

 

 

 

Mais uma vez a voz do além anunciou nosso vôo, acabando com nosso breve momento de diversão. Minha tia e minha avó se aproximaram de nós para se despedirem de mim.

 

 

 

É melhor não ficar com essa carinha triste vovó disse segurando meu rosto - senão quando as aulas terminarem, nem vou fazer aquele bolo enorme de chocolate que te prometi quando você vir passar as férias aqui.

 

 

 

Ela estava claramente emocionada com a despedida, mas se mantinha firme, a única coisa que eu podia fazer era seguir seu exemplo.

 

 

 

Tudo bem vovó disse sorrindo realmente ao lembrar que passaria as férias aqui.

 

 

 

Vamos, Bella! papai chamou.

 

 

 

Peguei minha bagagem de mão com Miguel e olhei por um longo minuto para os meus três amigos juntos.

 

 

 

Tina se agarrava a Miguel que tinha um dos braços em torno da sua cintura, Lígia estava logo do outro lado de Miguel com um braço dele sobre o ombro, algo que ela nem parecia notar.

 

 

 

Gravei aquela imagem na minha memória.

 

 

 

Até logo, então!

 

 

 

Até, miga! Tina respondeu.

 

 

 

Até, moça e vê se arranja logo um gato novo nessa tal de Forks! todos rimos do conselho de Lígia.

 

 

 

Juízo hein, mocinha. E nada de seguir o conselho da destrambelhada da minha cunhada, não quero nenhum marmanjo perto da minha priminha.

 

 

 

Hunf! Olha só quem fala! disse com deboche.

 

 

 

É e destrambelhada é a mãe Lígia falou e deu uma cotovelada na costela dele que fez uma careta de dor que pareceu genuína, Lígia sempre soube bater muito bem Ah, desculpa tia! ela disse logo depois de perceber que minha tia estava ali, o que fez todos nos rimos mais.

 

 

 

E assim que chegar tem que nos mandar um e-mail Tina disse em tom de ordem.

 

 

 

Pode deixar comigo, chefe disse batendo continência e dando um tchau a todos.

 

 

 

Me virei e quase corri para a fila de embarque, sabia que se olhasse para trás só tornaria as coisas mais difíceis.

 

 

 

—------------------------------------------------------------------------------------------------------

 

§§§§§§§§

 

—------------------------------------------------------------------------------------------------------

 

 

 

Eu estava exausta e não era para menos, ficar quase dez horas com o traseiro enfiado numa cadeira mesmo que fosse acolchoada era mais cansativo do que eu tinha suspeitado. A maior parte do voo eu tinha ficado acordada ouvindo meu mp4, totalmente ligada, apesar de não ter dormido quase nada na noite anterior. E na hora que eu estava quase pegando no sono meu pai me acordou dizendo que já estávamos em New York e que teríamos que pegar outro avião para Port Angeles.

 

 

 

Perfeito!

 

 

 

Como se não bastasse passar uma vez por aquela situação no detector de metais tive que enfrentar aquilo de novo. Meu pai tinha me olhado culpado, o que fez eu me sentir um pouco melhor, não que eu gostasse de vê-lo se sentir culpado, mas me confortava saber que se ele pudesse, eu não estaria passando por aquilo de novo.

 

 

 

Aquela situação pela qual eu tive que passar duas vezes no detector de metais. Foi que eu simplesmente não podia passar pelo detector de metais graças a um atestado médico, que me liberava de uma situação, ainda mais constrangedora, assim o guarda enfezado do detector como eu carinhosamente tinha denominado, os dois rabugentos com quem eu tive que lidar, tinham sido obrigados a usar o detector portátil em mim. O motivo desse escarcéu todo, com o atestado, os guardas e o odiado detector, era por causa de uma pequena placa metálica de titânio, que eu tinha na minha linda cabeçinha.

 

 

 

Quando eu tinha 11 anos, estive a ponto de morrer quando caí do quarto andar da casa da minha avó. A queda foi tão terrível que rompi vários ossos na cabeça e infelizmente em outras partes também - e sofri o que os médicos chamam de traumatismo craniano. Pelo que os médicos disseram, foi muita sorte minha, ter sobrevivido a queda e voltado do coma em que fiquei logo depois da cirurgia. Tinha perdido um ano na escola por causa disso, mas com a ajuda do Miguel consegui me recuperar nos estudos, foi nessa época que nós tornamos incrivelmente próximos.

 

 

 

Quando chegamos a Port Angeles, estava frio como gelo. Dei graças aos céus por ter deixado um grosso casaco na minha bagagem de mão e o juntei ao cardigã roxo que vestia. Mas o pior não foi o frio, foi a chuva fina que caia e deixava um rastro úmido no ar. Mau sinal, muito mau, aliás, porque eu odiava chuvas e começar meu primeiro dia na minha nova casa com chuva, não pressagiava nada de bom.

 

 

 

Tivemos que pegar um carro de aluguel para chegar a nossa nova casa. E nesse mesmo momento eu estava dentro do quentinho do carro observando a paisagem exageradamente verde.

 

 

 

Linda, com certeza. Mas verde demais para o meu gosto. Talvez porque fosse tão diferente da minha cidade, apesar do Rio de Janeiro ser conhecido pelas suas belezas naturais, ainda era uma cidade grande, onde as áreas verdes eram bem estudadas e ordenadas para se adequar a cidade - e não o contrario - criando vários pontos verdes. As árvores disputavam espaço com edifícios e casas, pontilhando a cidade com verde. Aqui ao contrario, a cidade ou nesse caso a estrada parecia disputar um espacinho no meio de tanto verde. Até mesmo as árvores que sempre me pareceram tão iguais agora eu notava, eram muito diferentes das do Brasil.

 

 

 

O verde do Rio era tão colorido e diverso, diferente desse que só variava em seus tons. O verde não era figura tão predominante a não ser em lugares como o Jardim Botânico e a Quinta da Boa Vista, mas mesmo quando o verde era o ator principal do cenário, as cores coadjuvantes eram muito bem representadas e vistas. Aqui, diferentemente de qualquer parque ou reserva natural que eu já tinha visitado, o verde não era só o ator principal, mas parecia atuar um grande monólogo e as árvores eram tão desordenadas e se espalhavam por tantos cantos, tirando a própria estrada, que logo se percebia que tudo aquilo era totalmente natural e eu apostava que aquelas árvores estavam aqui a bem mais de dois séculos, totalmente preservadas. Até mesmo o ar desse lugar era diferente, mais limpo o que fazia minhas narinas arderem um pouco pela pureza dele.

 

 

 

Agora vendo esse cenário verdejante, não consegui deixar de recordar uma passagem de Crepúsculo, logo no primeiro capitulo quando Bella chega a cidade de Spoon e descreve o que via pela janela do carro patrulha de Charlie. Como era mesmo? Ah, sim me lembrei...

 

 

 

Era lindo, claro, não podia negar isso. Tudo era verde: as árvores, os troncos cobertos de musgo, os galhos pendurados formando uma cobertura, o chão coberto com plantas. Até mesmo o ar ficava meio verde ao passar pelas folhas.

 

Era muito verde - um planeta alienígena..

Excerto do Livro Crepúsculo

 

 

Um planeta alienígena...

 

 

 

Nossa que estranho... era exatamente como Forks parecia. Era como se Bella tivesse descrevendo tudo que eu podia ver com os meus próprios olhos nesse momento. Um arrepio frio passou pela minha espinha e eu balancei a cabeça tentando afastar a tola ideia que passou pela minha cabeça. Afinal deviam existir milhares de cidades nos Estados Unidos que eram exatamente assim.

 

 

 

Finalmente chegamos ao nosso destino, o que me afastou de vez dos meus absurdos pensamentos.

 

 

 

O carro parou e todos nós descemos com nossos respectivos guarda-chuvas e qual não foi a minha surpresa ao dar uma boa olhada na casa. Como eu tinha esperado havia aquela cerquinha branca e um lindo gramado, com pequenos arbustos e muitas folhas, como nos típicos filmes americanos que eu costumava ver na sessão da tarde. Havia também duas grandes árvores em cada lado do gramado que era dividido por um curto caminho de tijolos vermelhos expostos. Mas o que me surpreendeu e paralisou foi a casa.

 

 

 

Era uma casa em estilo vitoriano, com um alpendre com colunas torneadas, adornado delicadamente, janelas de guilhotina em vãos salientes, de estrutura assimétrica, ao estilo da época, adornada com detalhes sinuosos e elegantes, pintada de branco, com detalhes em turquesa e rosa pálido, com um telhado cinzento, era romântica e delicada, simplesmente...

 

 

 

Perfeita disse inconscientemente em voz alta olhando embasbacada para o meu pai, mal acreditando no que via.

 

 

 

Ele apenas me deu um largo sorriso agradado com a minha reação.

 

 

 

Sempre que papai voltava dos seus voos vinha carregado de fotos dos lugares em que viajava, já que não podia nos levar com ele. Eu e papai, particularmente, passávamos horas olhando detalhadamente cada foto e ele me contava a história de todas elas. Ele tirava foto de tudo, de pessoas, de lugares, da paisagem, de pontos turísticos, mas principalmente dos não turísticos, dos lugares onde realmente havia a essência da cidade, onde nós verdadeiramente a conhecíamos. E o que eu mais gostava era da diversidade arquitetônica, dos lugares em que ele visitava, era um estilo mais lindo do que o outro e o meu preferido era sem duvida o vitoriano, tão romântico e delicado apesar de um pouco pomposo. Papai sabia bem disso, por isso eu não podia acreditar que aquela casa tinha sido escolhida ao acaso.

 

 

 

Como? foi a pergunta mais inteligente que eu consegui formular, emocionada demais para pensar com coerência.

 

 

 

Linda, não é?! ele mais afirmou do que perguntou Estava meio abandonada porque fica um pouco distante da cidade e tive que reformá-la. Esse foi um dos motivos pelo qual atrasei nossa chegada aqui.

 

 

 

Deve ter sido muito caro essa foi a minha mãe sempre pratica e pé no chão falando.

 

 

 

Não tanto quanto parece querida, além do mais você esqueceu que recebi um bônus adicional junto com a minha promoção?

 

 

 

Ele lhe deu um olhar esperto, que fez minha mãe revirar os olhos. O que na estranha linguagem não falada deles significava, que estava tudo certo.

 

 

 

É incrível pai! consegui formular, recebendo mais um sorriso dele.

 

 

 

Nós vamos, ficar aqui na chuva mais quanto tempo? William perguntou já impaciente para entrar e provavelmente continuar lendo o livro que ele começou a ler quando embarcamos ainda no Brasil.

 

 

 

Liam tem razão, vamos entrar antes que peguemos um resfriado, além do mais vocês tem que ver a casa por dentro.

 

 

 

Eu é claro, fui a primeira a entrar e me surpreendi novamente, pelo interior da casa ser diferente do estilo atravancado e ostentoso das casas vitorianas. Quer dizer, a estrutura continuava a mesma por dentro com uma escada linda de mogno polido, logo depois do gracioso hall de entrada e a lareira é tinha uma lareira de verdade! com adornos também em mogno assim como os portais das portas que nesse caso eram pintados de branco. O que realmente diferenciava das casas nesse estilo eram os moveis, esses eram todos os nossos moveis que pudemos trazer para cá e alguns outros novos, o que dava ao ambiente uma familiaridade aconchegante. Mal podia acreditar que aquela casa era realmente nossa!

 

 

 

 

Papai logo nos levou para um tour por toda a casa. Passei ansiosamente por toda a parte inferior da casa, esperando para ver o meu quarto. Finalmente depois do que pareceu uma década subimos. Vi os banheiros, que graças aos céus eram dois, sem contar com o da suíte no quarto dos meus pais. Segui pelo quarto de Liam que, aliás, tinha ganhado um computador novinho, depois fomos até mesmo para o quarto de hóspedes. E àquelas horas eu já tinha certeza que papai estava demorando para chegar no meu quarto de propósito!

 

 

E onde está o meu quarto soltei cansada de ser educada e conter a minha ansiedade. Se ele queria que eu fosse direta então eu ia ser bem direta Já passamos por todos os cômodos desse andar e ainda não vi o meu quarto!

 

 

 

Ah, é mesmo ele respondeu com um ar de ausente surpresa, que fez Liam rir sob a respiração e eu bufar de impaciência.

 

 

 

Pai! chamei em tom de aviso.

 

 

 

Ele fez caso omisso da minha evidente irritação.

 

 

 

Vamos logo Henry, eu tenho muitas malas pra desfazer e todos nós estamos muito cansados para as suas brincadeiras mamãe disse num tom monótono e cansado, já bem acostumada com as brincadeirinhas do meu pai.

 

 

 

Certo, certo. Você realmente tem o dom de tirar a graça das coisas Fanny disse num tom entre o aborrecido e o irônico.

 

 

 

Me processe mamãe respondeu sarcasticamente dando um sorrisinho de lado, que fez meu pai sorrir.

 

 

 

Eu não pude deixar de sorrir com o pequeno intercambio de provocações deles. Mamãe podia não ter muito senso de humor, mas tinha uma língua afiada e rápida, sem falar na mente aguda, algo que curiosamente divertia muito meu pai. Eu e Liam sempre nos divertíamos com a relação deles. Era sempre assim entre os dois, viviam brigando ou trocando insultos e sarcasmos e tinham a relação mais perfeita que eu já tinha visto, apesar dos dois serem tão diferentes, ou talvez exatamente por serem tão diferentes.

 

 

 

Eu esperava fervorosamente ter a metade da sorte deles...

 

 

 

Vamos ou já mudou de ideia querida papai me chamou percebendo que mais uma vez eu estava fora de órbita.

 

 

 

Fiz uma caricatura de sorriso pra ele e voltamos a segui-lo enquanto se dirigia ao quarto de hospedes que eu sabia que não era meu, porque além de não ter nenhum dos meus móveis que foram trazidos para Forks, tinha uma decoração impessoal demais para ser meu. Passamos pelo quarto e já estávamos quase no fim do corredor quando praticamente em frente de um dos banheiros, papai parou de repente o que fez com que eu e Liam que estávamos logo atrás dele, esbarrássemos um no outro.

 

 

 

Aqui papai disse simplesmente estendendo os braços de forma abrangente.

 

 

 

Pai, para de suspense!

 

 

 

Henry, Bella está certa diga logo onde está o quarto dela pra gente descansar eu já estou morta depois dessa viagem.

 

 

 

Tudo bem Fanny ele deu um longo suspiro resignado, um pouco dramático demais, o que fez tanto eu quanto meu irmão rimos baixo O quarto da Bella está aqui... em cima disse apontando para o teto, fazendo que eu notasse pela primeira vez que havia uma corda que pendia dele.

 

 

 

Ele puxou a corda que estava ao alcance de qualquer um de nós e ela acabou revelando uma pequena escada de madeira dobrável que foi até o chão.

 

 

 

Aqui está o seu quarto disse apontando em direção a escada. Abri minha boca bobamente em total surpresa Pode subir primeiro, afinal o quarto é seu.

 

 

 

Eu não precisei ouvir uma segunda vez para subir rapidamente e dar uma boa olhada no meu novo quarto e se eu achei que não poderia abrir mais a minha boca, estava redondamente enganada. Diferente do que eu tinha imaginado, enquanto subia aquele pequeno lance de escadas, o quarto/sótão era grande, pelo menos um terço maior do que o do meu irmão, mas um pouco menor do que o dos meus pais. Se eu bem me lembrava da rápida imagem que eu guardei da casa, aquele sótão era como uma pequena torre e a forma alta, triangular e abobadada que o teto tinha, só confirmava isso.

 

 

 

O quarto era quase totalmente tomado por um papel de parede branco com desenhos de pequenos lilases por toda sua extensão, aliás, minha flor favorita. Para a minha surpresa minha cama não havia sido trazida como imaginei, no lugar dela, entretanto, havia uma grande cama de mogno com dossel, dessas bem antigas, dois criados mudos em cada lado dela, no mesmo estilo da cama e um antigo baú na frente da cama todo em mogno como a cama, com lindos adornos em torno dele. Uma penteadeira ficava no lado oposto da cama, com um armário ao lado que fazia as vezes de um rack com um som estéreo e a televisão uma das poucas coisas que quebrava aquela atmosfera clássica que havia no quarto. Eu sempre amei antiguidades e a maior parte dos moveis do meu quarto eram objetos tirados de antiquários. Só estava faltando a cama e agora eu tinha uma de dossel como sempre quis!

 

 

 

O sótão ficava na parte lateral da casa, graças a isso o quarto tinha uma forma engraçada, algo parecido com um hexágono. Havia janelas grandes que davam para a frente, a lateral e o jardim dos fundos da casa. Fui até uma delas para olhar o jardim dos fundos que eu não tinha visto e dei de cara com uma árvore, antiga e grande que eu supus ser um carvalho, cujos troncos grandes, longos e fortes se estendiam para bem perto da janela, tão perto que eu suspeitava, que se quisesse, com um pouco de esforço poderia descer por ela, não que eu fosse tentar de qualquer modo, a única experiência desagradável que eu tive com alturas, valeu por uma vida inteira, obrigado. Fui para a janela frontal e logo ao lado dela, havia uma escrivaninha com um computador novinho em folha, daqueles coloridos, na cor lilás, minha antiga estante de livros estava logo ao lado.

 

 

 

É meu? - perguntei admirada ainda olhando o computador.

 

 

 

Assim como antiguidades eu amava parafernálias eletrônicas e estava louca para trocar meu computador por um novo.

 

 

 

Claro, esse foi presente da sua avó, depois que ela ficou sabendo que o Liam tinha ganhado um do seu tio, ela resolveu comprar um pra você também e acabou ficando com o seu para manterem contado, eu não sei como a Amália vai se virar com um computador, mas estou curioso para saber ele riu um pouco. Realmente imaginar vovó mexendo no computador era uma imagem engraçada de se imaginar.

 

 

 

Obrigada, pai! disse pelo quarto.

 

 

 

De nada filha, toda princesa precisa de uma torre era uma clara provocação, pois ele sabia muito bem minha opinião um tanto feminista sobre princesas em suas torres esperando para serem salvas. E também sabia que apesar de mim mesma, eu adoraria aquele quarto de princesa - Era o mínimo que eu podia fazer ele terminou um pouco mais sério.

 

 

 

Todos no quarto entenderam bem o que ele queria dizer, principalmente eu, mas não deixei que qualquer pensamento deprimente passasse pela minha mente, pelo menos por hoje... Estava decidida a curtir um pouco a nova casa e meu novo quarto, antes de me preocupar e me entristecer com as consequências daquela mudança.

 

 

 

—------------------------------------------------------------------------------------------------------

 

§§§§§§§§

 

—------------------------------------------------------------------------------------------------------

 

 

 

Tinha tomado um bom banho e colocado um conjunto de moletom que fazia as vezes de pijama, a noite estava enregelante, esperava que o clima por aqui não fosse tão ruim quanto parecia.

 

 

 

Papai pediu uma pizza para comermos algo. Afinal a nossa despensa estava zerada. E eu realmente agradecia a Deus, por mamãe não me colocar no plano de compras que ela tinha estabelecido para o dia seguinte, eu sabia que depois daquela longa viagem ficaria fora de combate, por umas boas horas.

 

 

 

Comemos e depois papai me ajudou a levar todas as malas para o meu quarto, o que não foi pouca coisa, ele me deixou sozinha logo em seguida, para ajudar minha mãe. Finalmente fui direto para o computador e escrevi um e-mail para minhas amigas, Miguel e minha avó contando da minha chegada, da nova casa e do meu novo quarto e é claro agradeci a vovó pelo computador. Depois disso fiquei na minha nova cama antiga dobrando algumas roupas e o cansaço e estresse da longa viagem acabaram cobrando seu preço e logo o sono me venceu, sem eu nem me dar conta.

 

 

 

—------------------------------------------------------------------------------------------------------

 

********

 

—------------------------------------------------------------------------------------------------------

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Fiquei tão animada com as reviews que recebi que já estou postando esse cap. E já adianto que quanto mais reviews, mais rápido o próximo cap. sai desculpa se pareço um pouco mercenária quanto a isso, mas já fiquei muito chateada e já pensei seriamente em desistir de fic por causa de ninguém ou quase ninguém ler, isso realmente chatea. Mas eu gosto muito dessa história e quero escrevê-la, embora seja realmente difícil sem incentivo, eu quero saber que estou escrevendo não só para mim, mas para outras pessoas também, espero que entendam. Próximo cap. POV do Edward.