Vais Ser a Minha Salvação? escrita por AnnieKazinsky


Capítulo 13
Denuncia




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Noite anterior:

Ouvia-se o som do mar a bater na areia, estava revolto, estava uma noite gélida de céu limpo, e a lua nova tornava difícil a visão.

A luz ao longe circundava a ilha como um farol, e a estática dos poderosos feitiços de protecção faziam-se sentir mesmo a dez metros da velha muralha. Ele sabia que não poderia avançar muito, pois seria violentamente repelido e soaria um alarme pela ilha toda. Se ele não conhecesse bem aquele sistema de protecção estaria bem preocupado... mas a verdade é que sabia bem cada passo daqueles complexos feitiços, afinal fora ele e Harry que os decidiram, na altura em que ainda era auror. O seu único medo, de momento, era que Harry Potter tivesse renovado e reforçado os feitiços e que tivesse encontrado algum bem mauzinho. Sabia bem como Potter era cuidadoso e consciente da quantidade de Devoradores da Morte que estavam lá dentro...

Mas a verdade é que ele não precisava de passar a linha. Parou de caminhar, já sentia um frio intenso nos pés e tinha os dedos enregelados; estava a dois metros da barreira. Agora bastava-lhe esperar...

Olhou em frente, vendo os recortes macabros das torres marcados pelas luzes, e apesar de só existirem três Dementors na fortaleza, havia uma vasta neblina gelada que circundava Azkaban; odiava aquela prisão infernal com todas as suas forças...

“Hei... “ chamou uma voz sua velha conhecida. Um homem alto encorpado e louro, fardado como guarda apareceu nas trevas. “Que raio de horas para vires aqui... porque não mandaste logo uma coruja ao Harry se o queres ver? Não devias estar aqui... já não és auror... tens autorização do Harry? Ninguém entra e ninguém sai sem autorização... disse o Harry..... tu estavas lá...”

Ron revirou o olhar.

Sim... Cormac McLaggen continuava um chato arrogante.

Nunca iria mudar - estúpido, convencido e ainda por cima tinha-se formado auror.

“Ouve McLaggen... eu não pretendo passar a linha de segurança... diz-se só uma coisa... alguém sabe que vieste aqui?...”

“Não tive tempo de avisar... estou em ronda... mas quando voltar tenho de escrever um relatório... sabes como é...” disse Cormac de peito inchado. “ Mas diz lá o que queres... é de noite... e já te disse que o Harry não esta na ilha...” calou-se abruptamente. Os olhos dele estreitaram-se ao ver a varinha de Ron apontada ao seu rosto.

“Meu... o que fazes?”

“Imperio!” disse Ron sem hesitar. Os olhos do outro ficaram subitamente vazios. Ron esboçou um sorriso torto. Moveu a varinha e Cormac deu meia volta obediente.

Ia voltar para terra.

Hesitou, lançando um olhar à fortaleza.

E com um novo gesto de varinha um fraco feitiço bateu na protecção. Um alarme alucinante ecoou pela ilha.

Com um sorriso malévolo caminhou para a praia onde um pequeno barco esperava por si.

A primeira parte estava feita...

 

**

 

Actualidade:

 

Ela estava destroçada. As lágrimas salgadas desciam-lhe pelo rosto.

Naquele exacto momento odiava-o. Mordeu os lábios desalentada, passou as mãos pelos cabelos enleados.

Ah, como se sentia frustrada!

Estaria certa ao duvidar dele?

Ele realmente parecia mudado.

Era possível... era mesmo possível.

Sentou-se na sua cama pousando o rosto nas mãos.

Chorou.

Soluçou.

Moveu-se devagar, puxou o edredão e viu um brilho metálico. Pegou no objecto e avaliou-o. Era a aliança prateada dele.

Fitou-a uns momentos.

Suspirou com dificuldade.

Seria tarde para ir atrás dele?

Seria?

Sim...

Sim... era demasiado tarde.

Não.

Não era.

Levantou-se de repente.

Tinha de engolir o orgulho, ele tinha-o feito.

Errara ao falar com ele daquela maneira, tinha de tirar aquela história de Ron a limpo.

Mas seria depois...

Vestiu a primeira coisa que encontrou e ia directamente para o Beco Zurzidor, não podia mesmo desistir, já tinha chegado a um nível em que se iria tornar demasiado doloroso perder o amor da sua vida. Vestiu-se rapidamente ia atrás dele. Limpou as lágrimas, tentando conter-se, e desmaterializou-se.

Nevava levemente.

A casa dele parecia morta. Não haviam luzes nas janelas.

“Alohomora” murmurou apontando para a maçaneta. Nada.

Boa, Hermione... parece que tens 13 anos... Bateu à porta.

Nada...

Bateu de novo.

O silêncio imperava.

Merda! Das duas, uma: ou ele não tinha ido para casa... ou estava escondido para não lhe abrir a porta.

Chorou. Bateu com força na porta.

Perdeu a conta do tempo que ficou ali a porta dele, com esperança de que ele aparecesse...

Soluçou.

Acabou.

Ponto final.

Tinha de ser forte, agora.

Desmaterializou-se.

Foi para sua casa, parando nas escadas geladas.

Escorregou de susto.

Sangue?

“DRACO!!!”

 

**

 

Harry Potter andava pelo corredor de pedra do ministério. Ia ter com Kingsley Shacklebolt, o primeiro-ministro, que o chamara à sala de conferências. Ia com o nariz dentro da pasta dos relatórios dos guardas de Azkaban, queria saber se estava alguma coisa incorrecta ou se alguém tinha notado algo fora de comum. Quando chegou ao relatório de Cormac McLaggen. Parou no meio do corredor. Abriu tanto os olhos de surpresa que parecia ter sido atingido por um feitiço de inchar. A folha de relatório estava cheia de desenhos infantis, tipo arco-íris, casinhas, ovelhinhas, montes e um rio cheio de patos, ou lá o que raio era aquilo. Tinha de falar com Cormac, estaria ele a gozar com a situação? Cormac era insuportável, mas tinha-se revelado bom auror. Que espécie de partida era aquela?

Bateu a porta do gabinete de Kingsley. Entrou.

“Potter... parece que viste um fantasma...”

“Problemas em Azkaban...” confessou mordendo o lábio inferior. Kingsley assentiu.

“Nada ainda?”

“Nada... tenho de ir falar com os guardas pessoalmente… há um que me deixou preocupado...” disse olhando de lado para a pasta dos relatórios.

“Mas não foi sobre isso que te chamei aqui... temos uma informação fidedigna que foi roubado uma larga quantia de dinheiro de uma loja de Hogsmead... e essa fonte diz que foi o Sr. Malfoy que roubou...”

“Quê?...” disse Harry confuso. Kingsley levantou uma sobrancelha, surpreendido.

“Agora tens uma razão para ir interrogar aquele filho da mãe e oficialmente podemos soltar um mandado de captura para interrogatório...”

“....mas a fonte é fiável?...”

“Sim...”

“Quem é?”

“Por enquanto não posso dizer nada, Harry…”

Harry fez um ar de descrédito. Odiava não saber esse tipo de coisas. Quem seria a tal fonte que Kingsley confiava?

“Ok... falta achar o Malfoy...” disse Harry pensativo.

“Não pareces muito entusiasmado... tu que ainda a semana passada estavas ansioso por lhe deitar a mão...” notou o ministro. Harry encolheu os ombros.

A situação era outra. Como explicar isso ao ministro?

“Ok... eu vou...” quando sentiu algo aquecer dentro do bolso." Boa noite Kingsley..."

Tirou o velho galeão falso do bolso. Ele e Hermione tinham guardado a moeda para se comunicarem no caso de algo grave acontecer. Não acreditava no que via. Dirigiu-se ao salão das lareiras, jogou pó de Floo na mais próxima e gritou:

"S. Mungus!"

 

 

 

 

 

 

S. Mungus

 

Caiu numa lareira imunda, cheia de fuligem. Era mais que óbvio que naquele hospital não havia tempo para coisas fúteis como limpar as lareiras....

Como sempre, estava cheio de feiticeiros nas situações mais bizarras, mas Harry não parou para olhar. Foi ter ao balcão, passando pela fila enorme.

“Preciso saber em que andar está Hermione Granger...”

“Eiiiii! Ele não está na fila!” exclamou uma voz irritada.

“É verdade...” disse a recepcionista fitando Harry de sobrancelha levantada.

Harry fez um sorriso amarelo, desistiu e resolveu ir subindo os andares até encontrar alguém que lhe desse alguma informação. O facto de estar de uniforme de auror teria de lhe dar alguma vantagem...

Acabou por avistá-la no fundo do corredor.

“O que se passou?!” gritou Harry entrando pelo corredor adentro. Aliviado por ver que a amiga estava bem.

“Shhhhhhhhhh!” fez uma curandeira dirigindo-se a ele. Harry fez um sorriso tosco. Correu para abraçar Hermione.

“Encontrei-o deitado na porta da minha casa... havia um rasto de sangue na neve, e na minha porta… ele deve ter batido...” ela estava uma pilha de nervos. Chorava compulsivamente.

“Sim, mas...” perguntou Harry “Quem?”

“Não sei quem lhe fez aquilo... ninguém aqui me diz nada sobre o estado dele... ele perdeu tanto sangue, Harry...”

“Não, não é isso... estás a falar de quem? Quem é que está internado?” disse Harry com ar confuso. Hermione fitou-o admirada; estava extremamente cansada.

“O Draco, Harry...”

O corpo de Harry endureceu. Ficou em estado de alerta.

“O Draco? Como? O que se passou?”

“Acabei de dizer que não sei.... eu estive com ele... discutimos e ele saiu. Eu fui atrás dele mas desmaterializei-me... quando voltei encontrei-o à minha porta... estava um rasto enorme de sangue pela neve...” soluçou “... E ele... perdeu tanto sangue... tanto... mas ele respirava!” As lágrimas desciam sem parar. Harry abraçou-a, passando as mãos pelo cabelo dela.

“Calma, miúda...” murmurou ele “Temos de perguntara alguém... ” viu um curandeiro sair do quarto e que foi ter com eles. Hermione ficou de olhos pregados nele.

“E então?” disse impaciente.

“Bem... fizemos o possível...” os olhos de Hermione encheram-se novamente de lágrimas “Ele está inconsciente... mas está estável...” e acenou com a cabeça para os deixar.

“Posso vê-lo?” disse Hermione de rompante.

“Peço desculpa, mas de momento não... é melhor deixá-lo descansar. Volte amanhã... descanse também...”

Hermione assentiu; chorava de novo. Harry estava confuso com a situação toda, quando o curandeiro o chamou de parte.

“Pois, senhor Potter, achei que gostaria de saber que temos o Sr. Malfoy internado... ele é procurado, não é?... Mandei uma coruja ao ministério ainda agora... Nunca pensei que viessem tão rápido....” disse o jovem curandeiro parecendo excitado com a situação. Harry hesitou. Mas compreendeu.

“Qual a razão dele estar internado?” perguntou fazendo ar superior.

“Magia negra, senhor... o que quer que o atingiu era para o matar... os cortes são profundos e um deles perfurou-lhe um dos pulmões...”

“E era...?” disse Harry impaciente, e o rosto do curandeiro ficou rosado. Harry percebeu: ele não sabia bem o que o tinha causado. “Posso entrar?”

“Não... o pacien...” o jovem hesitou por um momento antes de se desviar para Harry entrar. Hermione levantou-se da cadeira muito rapidamente.

“Desculpa Hermy... Só eu...” murmurou Harry.

O quarto estava meio escuro. Mas até a meio metro ele conhecia aquelas feridas. O famoso feitiço de Severus Snape.

“Demasiados Sectumsempras para uma pessoa só... tens mesmo azar, hein, Malfoy?” disse para a figura inerte na cama. Honestamente, surpreendeu-o que ele tivesse sobrevivido, e sabia-se lá quanto tempo ia aguentar. Aquele maldito feitiço era bastante difícil de sarar.

Saiu da sala, disse ao curandeiro surpreendido como tratar as feridas, agarrou no braço de Hermione e arrastou-a pelos corredores de S. Mungus. Saiu com ela pela entrada de visitantes, indo dar à rua da Londres Muggle junto a montra da loja abandonada.

“Porque me tiraste de lá?” perguntou ela extremamente irritada.

“Simples... o estúpido do curandeiro conheceu o Malfoy e chamou os aurores... e eu não quero que te apanhem lá à espera de noticias dele... sabendo quem és e que trabalhas no ministério... ele é procurado!”

Ela mordeu o lábio inferior parecendo perdida.

“Anda, vens para a minha casa...” murmurou ele.

 

**

 

“Achas que ele vai morrer?” disse Ginny preocupada, olhando para a carta que chegara há momentos atrás do ministério escrita pela mão do Ministro que dizia: Temos o Último Devorador da Morte!

“Não sei...” murmurou Harry suspirando folheando o novo profeta diário.

Hermione tinha finalmente adormecido no sofá. Chorara demasiado e fartara-se de murmurar qualquer coisa do tipo “a culpa é minha” e “não devia ter deixado ele sair”... Estava arrasada.

“Se ele sobreviver vai parar a Azkaban junto do pai... por isso... não sei o que era preferível...”

“Coitada dela...” disse Ginny tristemente “Ela não merece... eu não sabia que o Malfoy era o último deles...”

“O último à solta com a marca negra... é verdade... Draco foi o último a ser marcado pelo Voldemort...” disse revirando as páginas até que parou de folhear o jornal, levantou as folhas amareladas mostrando a Ginny uma foto de Draco Malfoy como haviam feito com Sirius Black anos atrás. Exceptuando que a foto de Malfoy mal se movia, só revirava os olhos de vez em quando e suspirada de desdém.

“Aqui dizem que finalmente o têm em custódia e que mal ele esteja estável que o levam para Azkaban...” murmurou lendo “Como raio as notícias chegam tão rápido àquela maldita redacção?” Ergueu os olhos verdes. Algo não batia bem naquela história. “Sabes do Ron?” perguntou a Ginny.

“Não o vejo há uns dias...”

“Foi ele que me contou que tinha havido um roubo na loja dos teus irmãos...”

“Roubo?... Mas eu não sei de nada!” exclamou Ginny indignada.

“Não sabias? Do roubo? Roubaram dinheiro da loja!... O Kingsley disse-me que o Malfoy tinha sido o culpado...”

“O quê?... Olha, Harry, eu acho isso muito estranho... acho que o Malfoy é demasiado orgulhoso para isso...” rebateu Ginny.

“Sim… eu penso de igual forma... Eu vou lá amanha falar com Percy e com o George...” disse Harry sombriamente. “E vou a S. Mungus ver como está o Malfoy...”

Fitou Hermione adormecida.

“Vamos lá desvendar isto...”

 


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Notas finais do capítulo

comentem malta! please:) digam o que acham e se tiverem ideias agradeço:)
Bj



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