Acampamento Pós-guerra escrita por Histórias do Seu Sátiro


Capítulo 1
Capítulo 1- A carruagem de Didi


Notas iniciais do capítulo

YAY! primeiro capítulo aqui, eu sou a Sabrina da história, se quiser falar comigo sou a http://seusatiro.tumblr.com/ e a Luana da história é a http://gaia-snow-voldy.tumblr.com/



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–Ela vai comigo. Disse aquele senhor um tanto careca, baixinho e gordo, com roupas de estrangeiro, bermuda cáqui, camisa havaiana, pochete com Guaraná, e sem contar aquele sotaque de americano que aprendeu a falar português pelo Google Tradutor.

Foi só quando ele disse isso que eu meio que “acordei”, isso acontece muito, me distraio, fico olhando para um ponto fixo e uma amiga minha dá um pisão no meu pé para eu acordar.

–Quem é você? Tem permissão para levar ela?

–Me chame de Didi, é a pedido dos pais dela, preciso levá-la.

–A autorização por escrito, sim? Disse ela com aquela voz seca e enjoativa de desprezo, provavelmente devido aos “quilinhos extras” do tal Didi, parece que ela se esquece de que também é gorda.

–Vamos lá, eu sei que ela não faz diferença nenhuma na sua aula!

–Bem, nisso você está certo...

Ela ficou me encarando, só daí notei que estavam falando de mim.

–Leve-a. Rápido, não deixe ninguém ver vocês saindo ou darei a ela uma expulsão imediata.

–Ela já vai sair daqui mesmo, venha aqui garota!

Eu levantei da cadeira, meio que tropeçando enquanto tentava guardar tudo na minha mala de volta, tropecei no meio da sala, mas uma força me puxou para cima, isso sempre acontecia comigo, eram como, asas na minha cabeça. Eu nunca caí de cara no chão, quando estou caindo essas “asas” me puxam para cima.

Fechamos a porta após eu sair da sala e saímos correndo pelo corredor.

–Onde estamos indo? Por que meus pais me chamaram? Quem é você?

–Já disse, sou Didi, venha rápido, os Pégasos estão esperando!

Ele corria bem rápido para um baixinho gordinho.

Mas eu corria mais, cheguei em menos de cinco segundos ao final do corredor de uns vinte metros, ele ainda nem estava na metade.

Adoro correr, eu até que sou bem rápida, correndo eu me sinto mais leve, é como se eu fosse levantar voo se desse um pulo, eu sinto o ar melhor, tenho total controle mental, consigo pensar melhor também.

Quando Didi chegou ao final do corredor ele parou, fez uma reverência para o nada e disse em voz alta:

–Vinho do bão até abre o chão.

Então um pequeno formigueiro foi se tornando maior, até liberar uma espécie de cratera no solo, onde havia uma, carruagem talvez?

Não sei se podia chamar aquilo de carruagem, era como se fosse uma garrafa gigante de vinho, com a boca da garrafa larga o suficiente para passar uma pessoa de um metro e setenta. O que puxava a carruagem eram quatro cavalos com asas, como ele havia dito mesmo? Era algo que soava como pé azul? Bem, eram cavalos, cor de vinho, um era lilás, acho que era fêmea.

–Oliva- ele apontou para a lilás- Azeitona- apontou para o que estava ao lado de Oliva, ele tomou fôlego, olhou para o chão, e apresentou os cavalos da frente:

–Castor e Pólux. Ele parecia muito triste em pronunciar esses nomes.

–Entra pela boca da garrafa ali, procura pelo Aaron, ele vai te explicar tudo.

Entrei pala boca da garrafa enquanto um garoto do lado direito da porta cantava “Vai descendo na boquinha da garrafa”.

A garrafa por dentro era toda roxa, aveludada, com bancos de cortiça, como se fossem rolhas.

Haviam em média trinta e tantas cadeiras lá, como num ônibus.

–Desculpe por ele, filho de Hebe, sabe como é, agem como jovens, para sempre, fala com o moleque aí de trás, o Aaron. Disse um garoto ruivo batendo a mão na testa como sinal de desprezo. O que ele disse? Hebe? Acho que já ouvi esse nome antes

–Ou talvez seja só a desculpa dele para poder ser idiota. Disse um garoto com cabelos castanhos cacheados, com olhos azul-esverdeados do disse o garoto do lado esquerdo da porta, ao lado de um que estava dormindo muito profundamente.

Aaron acenou e fez sinal para eu me sentar com ele. Era um garoto que parecia alto, mas não tinha certeza porque ele estava sentado, cabelos pretos, estilo topete, olhos azuis, azuis penetrantes, a pele bem clara, um tanto corada.

–Olá, meu nome é Aaron- disse ele com o mesmo sotaque de Didi, mas acho que esse era britânico, não interessa, só que ele tinha um sotaque muito mais bonito- você tem alguma pergunta em especial para eu esclarecer?

–Onde estamos indo?

–Nova Iorque, visitar nossos pais e mães.

–Mas, meu pai e minha mãe estão em casa não estão?

–Nossos verdadeiros pais e mães, vocês sabe algo sobre mitologia?

Neguei com a cabeça.

–Bem, os deuses gregos, quando têm filhos com mortais, nascem semideuses, ou seja, meio deus meio humano.

–Mas, os deuses gregos não existem.

–Você terá de rever seus conceitos, pois, você, é filha de um, você é uma semideusa.

–Não... Não, eu não sou. Fiquei encarando ele na esperança que ele fosse rir e gritar “Pegadinha do malandro!!!”, mas, nada, ele continuou me encarando.

–Sim, você é.

Minha cabeça começou a girar, como assim? Eu? Filha de um Deus?

Todos estavam apoiados nos bancos e rindo da minha reação, não sei quanto tempo fiquei lá de boca aberta, só, com todos rindo e o Aaron meio tímido, sem saber direito o que fazer.

–Quando chegarmos você vai descobrir quem é seu pai, e tudo vai se esclarecer Daqui só eu e o Haiden sabemos quem é o nosso pai. Ele apontou para um garoto do fundo do ônibus, com a pele bem pálida, longos cabelos negros, despenteados, ao lado de um garoto baixo, com um nariz muito grande para a cara, corte de cabelo estilo Beatles, mas todo embaraçado, que estava no mais profundo sono.

–Quem é seu pai?

–Zeus- ele pegou um pedaço de papel no bolso- pegue essa cartilha, vai te ajudar a entender, é um resumo da história dos deuses e o papel de cada um na Terra.

–Você que fez?

–Sim, prazer Aaron Wikipédia. Ele estendeu a mão e eu comecei a rir.

–Sabrina Julia, me chame de Julia- apertei a mão dele- e por que estamos indo para Nova Iorque? Se vamos ver os deuses não devíamos ir para a Grécia, Roma, algo do tipo?

–Leia sua cartilha, último parágrafo, Artigo: Localização dos deuses atualmente, esse foi escrito por mim.

Baixei os olhos e procurei pelo último parágrafo.

–Empire State Building?

–É.

A carruagem parou, os cavalos relincharam e começamos a afundar, Aaron se levantou e começou a contar as pessoas do ônibus.

Ele se sentou logo após acabar de contar.

–Faltam sete aqui só tem onze.

–Sete semideuses?

–É, contando esse que o Sr. D saiu buscar.

–Sr. D? Ele disse que era Didi!

–Didi?- Ele riu- Não, não, esse é o deus grego Dionísio.

Procurei por Dionísio na minha cartilha.

–Deus do vinho? Ele deve ser um bêbado! Por que está dirigindo?

–Calma, calma, ele está meio que de castigo, só Coca Diet, por isso que está tão emburrado.

–Ah, tá então.

–Quer suco de uva?

–Anh? Ah, tá, quero sim, por favor.

Ele se levantou e foi até o final do ônibus, perto do banheiro, lá avia uma pequena torneira com copos, ele encheu dois copos.

Quando olhei para cima notei que a parte de cima do ônibus, antes roxa, agora estava com um pedaço transparente.

–Notou já?- ele me entregou o copo e agradeci- tem suco de uva nas paredes, no meio de duas paredes de vidro, são essas exigências inúteis do Sr. D.

–Legal.

A boca da garrafa abriu e, rapidamente, um garoto entrou por lá e saímos voando.

–De acordo com a lista, agora estamos indo para a casa do avô de uma semideusa, já volto, vou ir falar com o garoto novo, já estou vendo que a viagem vai ser longa. Ele se retirou e acompanhou o garoto novo até um banco.

Tentei fazer algumas lições da escola, mas me distrai demais e passei os seguintes dez minutos desenhando, até que Aaron voltou de lá.

–Ele parece bem chocado, vai demorar um pouco para se acostumar.

–Estamos indo nos encontrar com os outros semideuses?

–Temos uma audiência com os deuses.

–E os outros?

–Mortos, todos. Disse ele com a voz um pouco roca, acho que pela sua expressão, ele havia assistido a morte de muitos.


–Acho melhor você ir para outra cadeira agora, vou ter de explicar para a próxima garota da lista, Luana, tudo bem para você?

–Tudo bem, até mais.

–Até.


No exato momento em que me sentei ao lado de uma garota com longos cabelos mel, ondulados, ela era muito parecida comigo, exceto pelos olhos azuis, ao invés dos meus verdes, e o rosto um pouco mais fino, a carruagem parou e uma garota entrou, antes mesmo de dar tempo de a carruagem afundar, ela parecia envergonhada, olhei pela janela de cortiça e vi alguém que acho que era a mãe dela, que estava muito brava falando com o Sr. D.

Ela falava tão alto que deu para ouvir de dentro da carruagem, mas não eram umas coisas muito legais para eu falar para vocês, a frase mais pura foi: “E agora, quem vai lavar minha louça? Devolve minha menina!”.

O Sr. D estava dando bons argumentos, (“Talvez só assim para ela arranjar um namorado”) o que fez a mãe da Luana sorrir e reconsiderar a ideia de mandar o irmão mais novo de Luana lavar a louça.

Dei uma olhada ao redor do ônibus, todos estavam assistindo ao escândalo da mãe da Luana, até Aaron, que já estava sentado com a Luana enquanto ela enterrava a cara num travesseiro de veludo roxo.

Depois que o Sr. D assumiu o posto de motorista dos pégasos e partimos céu adentro fiquei observando a explicação de Aaron para Luana, mas ele mais estava parecendo um disco de vinil todo riscado, ele ficava travando, todo corado, enquanto ela não entendia nada.

Eu e a garota do meu lado, Summer, decidimos fazer um concurso de desenhos, e de acordo com o Christian e o Mike, que estavam na nossa frente, ela ganhou, então ficamos tentando adivinhar quem era filho de qual deus, ela já era bem mais avançada nisso que eu, que tive que procurar por cada um na cartilha que Aaron me dera.

Depois disso dormi, passei um bom tempo dormindo acho, só acordei na hora que chegamos em um pequeno campo de futebol em Nova Iorque.

Quando saímos Aaron estava distribuindo uma mala para cada um, já haviam muito mais semideuses lá do que quando dormi, alguns estrangeiros, mas todos falavam grego então conseguíamos nos entender.

Peguei minha mala laranja e abri, lá dentro tinha uma camiseta laranja com o desenho de um Pégaso, escrita “acampamento meio sangue”, algumas barrinhas energéticas, um desodorante e uma adaga, bem simples, de bronze celestial de acordo com a cartilha, só para matar monstros, essa ideia me assustou um pouco.

Então fomos em direção ao metrô, aquele grupo, que parecia uma excursão escolar com crianças armadas, indo na direção do Empire State Building.

Ao chegar lá o Sr. D mostrou um crachá ao guarda distraído que se assustou e nos deixou entrar na hora.

Entramos correndo, porém em silêncio, e entramos num elevador, ninguém apertou nenhum botão, mas seguimos numa velocidade supersônica para o seiscentésimo andar do Empire State Building. O Olimpo.




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Notas finais do capítulo

Em breve iremos para o acampamento, e descobriremos de quem a Sabrina e todo o resto são filhos