Os Jogos Vorazes De Primrose escrita por Bolinho de Arroz O RETORNO


Capítulo 2
A colheita


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, gostaria de agradecer pelas review que vocês me mandaram. Fiquei muito feliz com todas elas e emocionada por demais vendo que vocês queriam realmente que eu continuasse com essa fanfic. Todas vocês me estimularam a continuar... E olha o que eu fiz com vocês!!
Ah!!!! me desculpem pela demora absurda para postar esse capítulo!! mas eu preciso que vocês entendam: no domingo dia 17 tive que fazer a prova (vestibular) de uma universidade que eu quero entrar no ano que vem. Na semana anterior à prova eu não pude entrar no computador porque minha mãe ficou me enchendo o saco pra eu deixar a internet de lado e estudar para a prova. Na semana seguinte, no rio+20 eu não entrei porque na semana seguinte(essa semana de agora) eu teria que fazer 4 provas no colégio(matemática, física, história e química) e, além disso, eu tive que lutar por uma causa maior do que eu!(é, eu jogo no pottermore.com - conhece?- e eu sou da grifinória. E daí?, vc pergunta. Bem, o ponto é que vai ter a taça das casas do dia 5/7/12 e a grifinória estava perdendo para a sonserina. Eu sou grifinoriana e não podia deixar a minha casa perder para as cobras! Não justo para elas! Aí eu fiquei o feriado praticamente inteiro jogando feito uma louca desvairada) E, nessa semana, como eu disse, tive que estudar para as provas, e só pude estuda rna terça e na quinta a tarde, pq na segunda, quarta e na sezta eu fico no colégio até tarde. Assim só sobrou agora para eu postar esse capítulo.
Mas não me matem! Eu não vou demorar nunca mais para postasr a minha fic.
Peço que vcs compreendam-me e não fiquem irritados.
Mais uma vez MIL PERDÕES!!!
Enfim, sem mais delongas, o capítulo.
PS.: quem quiser me adicionar no pottermore a minha conta é ProphecyAsh12731 add lá!!
PS2.: Eu tenho amigos da sonserina, ok? nada contra a casa delas, mas é que luto pelo bem de minha própria casa. Se vc for da sonserina me add também! ^^
PS3.: MUITO OBRIGADA - NOVAMENTE - PELAS REVIEWS LINDAS!! ADOREI TODAS!!!



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— Obrigada por ter dado o vinho pra gente.

— Não foi nada. — Disse Peeta sorrindo. — Fico feliz por ter ajudado.

Estávamos conversando na sala, eu já tinha trocado de roupa, pois meu vestido branco havia sido manchado pelo sangue de minha irmã. Segurava gelo entre minhas mãos, tentando aliviar a dor causada pelas queimaduras. Minha mãe lavava os panos, que estavam todos ensanguentados, Gale voltou para a floresta para buscar a caça que tinha abandonado lá no desespero de trazer minha irmã para casa à tempo de ser tratada, e minha irmã estava no nosso quarto, recuperando-se do ocorrido.

— Como você aprendeu tudo aquilo? — Perguntou-me, admirado.

— Eu não sei. — Refleti. Nunca tinha pensado nisso. — Sabe, eu conheço remédios e chás e gosto de fazê-los. Acho que eu sei dessas coisas porque minha mãe trabalhava em um boticário quando eu era menor e eu sempre prestava atenção em tudo o que ela fazia. Mas faz muito tempo.

— Não parece que sua mãe trabalhava num boticário... Ela parecia estar perdida no meio daquela loucura toda.

Fiz cara de séria. Ele ia começar a se desculpar, achando que tinha ofendido minha mãe com seu comentário. Falei com uma voz sombria.

— Ela deve estar enferrujada.

Rimos juntos. Olhei pela janela e vi que já era tarde.

— Acho melhor você ir para casa. Pode ser perigoso você sair mais tarde.

— Não tem problema não, eu moro perto daqui... A não ser que você queira que eu vá embora. — Disse ele já se levantando do sofá.

— Não! — Falei rapidamente, levantando do sofá e me pondo à sua frente, com as mãos estendidas num gesto que o impedia de sair dali. O gelo que estava momentos antes em minhas mãos caiu no chão. Aquele movimento repentino assustou-o, assim como à mim. Pareceu que eu estava desesperada para que ele continuasse por mais algum tempo comigo. Senti o calor tomar conta de minha face. — Q-quer dizer, se você quiser ficar não tem problema não!

Ele ficou um pouquinho vermelho também, mas sentou-se no sofá, sorrindo timidamente. Sentei-me. Ele ficou me encarando pelo que podiam ser segundos mas me pareceram ser séculos. Aqueles olhos...

Até que ele rompeu a nossa conexão, olhando para baixo e pegando o gelo para mim. Quando ele foi me entregar o gelo nossas mãos se encostaram leve e rapidamente, deixando-nos ruborizados por mais um longo espaço de tempo.

Um silêncio tenso instalou-se no local. Desesperada para que aquela atmosfera que nos envolvia se dissipasse, falei a primeira coisa que me veio à cabeça.

— Onde você mora? — Perguntei curiosa de verdade. Nunca tinha visto ninguém como ele por aí.

— Na padaria, sou o filho do padeiro.

— Ah! Você é Peeta Mellark! — Realmente a casa dele não era muito distante da minha, mas eu não ia muito para o lado de lá, já que não tinha dinheiro suficiente para comprar nada. Mas as vezes eu, assim como minha irmã, íamos para lá só para trocar a caça dela por comida. Mas sempre tínhamos o cuidado de comercializar apenas quando o pai dele estivesse sozinho em casa. A mãe de Peeta não gostava muito de nós. Em contrapartida o seu pai era sempre bem educado e atencioso. — O seu pai é muito legal. — Disse sinceramente.

Ele ia dizer algo, mas Gale entrou na sala na hora. Estava carregado de animais mortos, todos em um saco em suas costas, parecia uma versão macabra do papai Noel... Imagino-o descendo pela chaminé com um sorrisinho demoníaco estampado na face e assustando criancinhas dizendo "Ho, ho, ho, Feliz Natal!". Se bem que, se ele aparecesse aqui no distrito 12 é bem possível que as crianças ficassem felizes, tendo, enfim, um pouco de comida para suas barrigas famintas.

No saco haviam vários animais pequenos e um grande, parecia, sei lá um veado... ou um cervo. Na verdade eu não sei a diferença. Só sei que o grande tinha chifres na cabeça. E que em um dos chifres tinha sangue.

— Esse bicho...? — Não consegui terminar a frase.

­— Sim, — Respondeu-me Gale. — foi esse antílope quem cortou a perna da Katniss. — Ah... então o dito cujo é um antílope!

— E como isso aconteceu? Sempre ouvi dizer que Katniss Everdeen nunca erra o alvo. — Disse Peeta. Olhei para ele com cara de interrogação. — Que foi? Sua irmã é famosa! Quase uma lenda. — Ele falou animadamente, com os olhos brilhando.

Nós dois rimos.

— Enfim... — Disse Gale se estressando. Parece que ele não gostou tanto da companhia de Peeta como eu. — Nós caçamos muitos coelhos e esquilos, como vocês podem ver. — Disse indicando a caça com um movimento de cabeça. — Aí, quando nós decidimos voltar, apareceu o antílope e Katniss quis capturá-lo. Eu disse que não era boa ideia; afinal, já tínhamos muita caça. Mas ela não quis me ouvir. O antílope estava muito longe da gente, então ela foi sozinha para mais perto dele, só até a distância necessária para que as flechas o alcançassem sem as árvores atrapalharem, e eu fui reunir nossa caça, preparando tudo pra gente sair. Parece que ela atirou na direção dele, mas ele ouviu algum barulho que ela fez e começou a correr em direção à ela. As flechas dela tinham acabado e eu não tinha o que fazer. O animal abaixou a cabeça para atingi-la e ela puxou uma adaga de sei lá onde. Enfiou a adaga no pescoço dele matando-o na hora, mas não antes de ele fazer o estrago na perna dela. O resto vocês podem deduzir. Peguei-a no colo e vim correndo o mais rápido que pude. Aí... você fez a mágica Prim. Fiquei muito impressionado!

Senti meu rosto ficar quente.

— Obrigada... Mas eu não teria conseguido fazer nada sem a ajuda de vocês.

— Aposto que conseguiria. — Disse Gale, desarrumando meus cabelos que na verdade já estavam desarrumados — Bem, eu preciso ir agora. Minha mãe vai ficar preocupada e eu preciso levar comida para minha casa.

— Eu já vou sair também. — Disse Peeta se levantando do sofá. Deu um beijo em minha testa (deixando-me vermelha como um tomate, diga-se de passagem) e estendeu a mão para Gale, que hesitou um pouco mas acabou aceitando o aperto de mão. — Ainda tenho que inventar uma desculpa sobre o porque de eu ter saído correndo de casa com uma garrafa de vinho na mão. — Ele franziu um pouco a testa, preocupado. Mas logo sua expressão voltou ao normal. — Bem, até mais. Deseje melhoras à sua irmã por mim.

— Espera! —Ele parou, olhando para mim. — Hmmm, isso do vinho... Seus pais vão brigar com você? Quer que eu vá lá explicar? Ou... Ou então eu posso pagar pelo vinho! Me dê um tempo que eu consigo o dinheiro!!

Um sorriso suave brotou em sua face angelical, mas ele pareceu tentar segurar o riso. Como assim?! Ele acha que eu não sou capaz de conseguir dinheiro??

— Fique calma, não precisa fazer nada não. Meu pai vai entender. — Mas seus olhos estavam diferentes...

— E sua mãe? Ela vai entender? — Seu olhar ficou sem expressão. Bingo. Sua mãe não iria gostar nada disso.

— Vai sim. — Ele continuava com aquele olhar, mas com um sorriso confiante em seus lábios. Só podia estar mentindo, mas eu nada disse. Se ele queria deixar as coisas assim, então que ficassem assim.

— Bem, então obrigada pelo vinho novamente! Se precisar de alguma coisa é só pedir!

— Obrigado. Bem, tchau! Tenho mesmo que ir.

— Até!

Gale ficou calado, sentado no braço do sofá velho enquanto cutucava as unhas com uma adaga. Depois de Peeta ter saído ele guardou a adaga e voltou-se para mim.

— Posso ver Catnip rapidinho? — Ele gosta de chamar minha irmã desse jeito, não sei porque. É coisa deles.

— Claro! — Disse sorrindo.


~*~


Acordei ouvindo um barulho na cozinha de vidro se quebrando. Assustei-me, já pensou se é ladrão?!? Seria bem difícil porque... O que ele vai roubar da gente? Não temos quase nada...

Peguei a primeira coisa que eu vi pela frente e fui correndo silenciosamente em direção à origem do som para enfrentar o possível ladrão. Me escondi atrás da porta, ouvindo o que estava acontecendo lá. Parecia uma voz feminina praguejando e gemendo. "Que coisa mais estranha de se ouvir..." Coloquei a vassoura, que tinha pego no momento de desespero, apoiada na parede e entrei na cozinha, pronta para dar um sermão em alguém.

Encontrei Kat tentando se apoiar na mesa da cozinha se esforçando para não demonstrar a sua dor... E também vi os restos mortais de um copo espalhados pelo chão da cozinha. Cruzei os braços na frente do meu corpo.

— Kat. — Disse com a sobrancelha erguida e batendo o pé no chão.

— Ah merda, você acordou! — Exclamou minha irmã, lutando para se manter em pé. Ela estava com suas roupas de caçadora.

— Pare de se mexer Katniss! — Fui em sua direção, tentando ajudá-la a voltar para cama.

— Não posso ficar aqui, não entende? Preciso caçar! Aliás, nem está doendo! — Via a determinação nos olhos dela, assim como uma dor mal disfarçada... Kat nunca foi uma boa mentirosa.

Assim que encostei nela percebi que sua pele ardia.

— Kat, você está com muita febre. Mal pode andar sem se escorar em nada, imagine caçar. — falei calmamente, esperando que ela visse a razão em minhas palavras.

— Mas eu preciso-

— Não precisa não — cortei-a.

— Mas...

— Nada de mas. Você precisa descansar! — vi que ela começava a protestar, interrompi-a colocando minha mão em sua boca — Ouça-me: você não precisa sair para caçar hoje. O antílope que você caçou pode nos alimentar por hoje e amanhã, talvez até mais um dia se tomarmos cuidado. Além disso ainda temos o leite e o queijo da Lady. Sem falar nos coelhos e esquilos que o Gale disse que vai trocar no Prego por feijão, arroz e o que mais a gente precisar.

O Prego é como se fosse um mercado negro do nosso distrito. Kat e Gale vão para lá quase todo dia para trocar sua caça por outros alimentos, já que a caça na floresta é ilegal. Mas os pacificadores sabem dessa atividade deles e nem fazem nada. Na verdade, acho que eles até gostam, tendo um pouco de comida descente feita com carne. Minha irmã e seu amigo conhecem praticamente todos lá do Prego.

A compreensão apareceu em seu olhar e eu continuei.

—Se você sair hoje só irá piorar e duvido que consiga caçar algo em seu estado — Ela me olhou com raiva; affs, esse orgulho dela ainda vai matá-la um dia... — Tudo bem, você conseguiria — disse rolando os olhos — Mas de qualquer forma não vale a pena você sair assim! Se ficar em casa você vai se recuperar enquanto temos alimento e sair para caçar quando não tivermos mais o que comer.

Vi que ela estava relutante mas concordou com um movimento de cabeça. Tirei minha mão de seus lábios e sorri. Kat parecia-se com uma criançinha birrenta.

— Tudo vai dar certo Katniss.

— Tudo bem, mas se não der eu vou caçar estando com a perna melhor ou não!

— Tá legal... Vamos, deixe-me te ajudar a voltar pra cama; aliás você nem deveria ter saído de lá. Até parece que eu não te ouviria tentando fugir. Você estava esbarrando em tudo!! — disse levando-a para o quarto, sustentando grande parte do seu peso.

Katniss riu travessa e eu não pude deixar de acompanhá-la. As vezes parecia que ela era a irmã mais nova...

Coloquei-a na cama que dividíamos e olhei a sua perna.

— O que você vai fazer? — Perguntou-me. Percebi que fazia uma cara feia enquanto observava sua perna.

­— Bem... — disse caminhando para a prateleira que ficava com materiais de primeiros socorros. — Vou apenas trocar as ataduras por outras limpas. Mas acho que não vai dar para você ir para a colheita. — Olhei-a rapidamente com o canto do olho, querendo ver sua reação.

Ela ficou com o olhar distante, muda. Deveria estar preocupada com seu melhor amigo. Ele tem grandes chances de ser sorteado para os Jogos Vorazes dessa vez. Se Katniss não fosse para a colheita ela não correria o risco de ser escolhida, o que é maravilhoso.

— Prim... — Chamou-me. Estranhei o seu tom de voz, parecia meio choroso ou talvez preocupado.

— Sim, Kat? — Olhei-a, parando de pegar ataduras e unguento.

— E se... se você for escolhida? E-eu preciso ir pra lá. Não posso deixar que te levem!

—Kat, — larguei o que segurava na cama ao seu lado, ajoelhei-me no chão e acariciei o seu rosto, colocando uma mexa rebelde de seu cabelo atrás de sua orelha — isso nunca iria acontecer. Eu só me alistarei uma vez por que você ficou me importunando. Agora se acalme. Deixe-me tirar suas ataduras.

— Será que eu consigo ficar melhor até lá? — Perguntou-me esperançosa.

— Se você deixar que eu troque suas ataduras, quem sabe...

— Tá esperando o quê? Troca isso logo!

Ri com sua reação.

Comecei a desenrolar as ataduras, separando os galhos que imobilizavam a perna dela, e, quanto mais eu fazia isso, mais ficava evidente que Katniss Eveerden não poderia participar da colheita.

— Nossa, está... — ela disse meio enjoada virando a cabeça para outro lado.

Concordei, a perna dela estava mesmo meio... hmm feia. Os pontos estavam muito tortos e a carne viva não melhorava muito a situação. O unguento deixava tudo com um aspecto melecado e o cheiro estava desagradável. Mas não tinha pus. E o cheiro não era de carne em putrefação, ou seja, ela estava bem.

— Bem, poderia estar pior. Você poderia não ter mais perna, ou então ela poderia estar com pus, sinal de que estaria infectada. Felizmente Peeta te salvou.

— Peeta? Foi ele quem veio ontem? — Ela disse com uma voz estranha, olhei o seu rosto. Ela estava pensativa, lembrando-se de algo.

— Já o conhecia? — Coloquei um pano velho em baixo de sua perna e limpei-a com uma toalha umedecida enquanto ela se segurava para não se mexer, agarrando-se ao travesseiro. Minha irmã é muito forte, física e psicologicamente falando.

— Sim — Disse ela tentando falar sem gritar de dor ou gemer. — Há muito tempo eu encontrei ele... e no colégio também, várias vezes, mas nunca conversamos.

Examinei a sua perna. Estava quente, e os pontos que eu dei poderiam estar melhores. Depois de limpar toda a sua perna passei o unguento cuidadosamente no local da sutura e ao redor dele também. Era impressionante que nenhum músculo tivesse sido atingido. Coloquei as novas ataduras e os galhos de volta no lugar, finalizando o trabalho.

— Prontinho! — Disse sorrindo. — Fique aí enquanto eu lavo essas ataduras. E tente não mexer sua perna.

— Prim! ­— Chamou-me. Parei de andar e me virei para ela, esperando. — Você está... diferente. No momento em que você viu minha perna você mudou. Ficou mais séria, centrada, sei lá.

Não tinha reparado nisso, mas agora que ela estava falando...

— Acho que foi coisa de momento. — Comecei incerta, mas senti a verdade em minhas palavras e continuei. — Estava muito nervosa, mas também não podia fazer nada errado; era a sua vida que estava em jogo. As circunstâncias me fizeram agir daquela forma, mas saindo do "modo enfermeira" eu sou a mesma Prim de antes do incidente com o cervo.

— Antílope. — Falou sorrindo. Ela parecia mais calma depois de ouvir minha explicação.

— Tanto faz. — Sorri. — Ele já está morto mesmo. — Rimos.

Ela se mexeu um pouco na cama, procurando uma posição mais confortável e eu deixei-a. Fui no quintal lavar tudo e aproveitei que já estava lá e tirei o leite de Lady e escovei-a, passando pelo mesmo sofrimento que todo dia aquela cabra me proporcionava. Quando voltei para ver como minha irmã estava percebi que ela dormia. Coloquei um pano úmido em sua testa e saí silenciosamente, temendo por atrapalhar o seu merecido sono. Afinal, quem, sem dúvida alguma, trabalha mais naquela casa é a minha irmã, sempre responsável e cuidadosa conosco.

Fui até a sala ficar com a mamãe, que estava costurando a calça que o antílope havia rasgado e que eu havia cortado com uma faca, finalizando o trabalho do quadrúpede. Ela estava com um olhar distante... Como sempre. Desde a morte do papai ela ficou assim.

Sentei-me ao seu lado e tentei puxar conversa.

— Então mãe, tá difícil de arrumar o que eu fiz?

— Humhum.

— Que bom! Eu não sabia o que fazer, estava meio desesperada... a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi cortar a calça dela, para ver melhor o ferimento. — Disse, lembrando-me da noite anterior.

Como minha mãe não disse nada achei melhor deixá-la sozinha e fui me levantando. Mas ela segurou o meu braço, impedindo-me de fazê-lo.

— Prim... Você foi muito corajosa ontem. Estou muito orgulhosa de você.

Fiquei muito feliz. Faz muito tempo que minha mãe não fala algo assim para mim. Abraçamo-nos com força e ela sorriu para mim. Sorri de volta.

Buttercup apareceu lá e começou a miar, então saí para brincar com ele. Meu gato manhoso precisava de minha atenção.


~*~


Quando me dei conta já eram 13:23, faltando apenas 37 minutos para a colheita, a primeira colheita que eu vou participar, já que tenho apenas 12 anos, enquanto minha irmã, aos 16 anos já estaria na sua quinta. O nervosismo foi me atingindo. E se eu fosse escolhida? Sim, as chances eram poucas mas mesmo assim... Minhas mãos começaram a tremer. Não sabia o que fazer.13:33. Tá bom, eu tinha que me arrumar para sair. Fui tomar banho e quando voltei ao meu quarto vi que Katniss ainda dormia e que queimava de febre, pensei no que fazer para que ela melhorasse mas cheguei à conclusão de que o melhor a fazer era deixar ela piorar. Todos devem ir à colheita. Todos, exceto os que estão muito mal, quase morrendo. E os pacificadores iriam confirmar no final do dia se esse era realmente o caso. Então deixei ela daquele modo, depois da visita dos pacificadores eu daria um jeito nela.

Minha mãe, já vestida para a colheita com um vestido antigo seu — acho que da época em que ela trabalhava no boticário — separava uma roupa para mim. Ficou um pouco grande, mas ela ajustou com alfinetes. Resolvemos sair e deixar a Katniss dormindo, na volta e comemoraríamos o fato de que nenhuma de nós foi escolhida. Dei um beijo em seu rosto e olhei ao redor. Senti que esquecia-me de alguma coisa. Já estava saindo do quarto quando o reflexo de algo chamou minha atenção. Fui ver o que era e percebi que era o broche que Madge me deu. Peguei-o e prendi-o em minha roupa. Ela ficaria feliz se me visse usando-o.

13:52. O movimento nas ruas era grande e todos se dirigiam para o mesmo local, a praça. Lá seria realizada a cerimônia como em todos os anos anteriores. Alistei-me e me dirigi ao local da cerimônia. Um palco foi montado na frente do edifício da justiça e em cima dele estavam sentados o prefeito Undersee e Effie Trinket, representante do distrito 12. Perto deles se encontrava uma cadeira, até então vazia.

14:00. Ficamos todos em volta do palco, tensos. O nervosismo me atingia com muita intensidade. Não consegui sequer assimilar os momentos seguintes. Se Kat estivesse comigo ela tentaria me acalmar, mas ela não estava. E eu não estava me acalmando nem um pouco com o discurso do prefeito sobre como surgiu Panem e o início dos Jogos Vorazes, história que estávamos cansados de saber.

Abaixei o meu rosto e tentei esquecer o que acontecia ao meu redor. As palavras do prefeito ficavam cada vez mais distantes e eu entrava em um estado de estupor. "É bem melhor assim, só ouço um zumbido ao fundo".

Houve um momento em que o zumbido ficou mais forte. "Ai, meu Deus! Devem estar escolhendo os tributos agora!!" Resolvi continuar em meu estado de transe, com os olhos fechados. Franzi as sobrancelhas, concentrando-me fortemente, até que... Baque! A garota que estava ao meu lado caiu por cima de mim, morrendo de rir.

Peraí, morrendo de rir?!?

Foi aí que eu olhei para cima e vi uma cena que... Bem, seria trágica se não fosse cômica. Um cara bêbado estava tentando se levantar do chão e todo mundo ria dele. Quando ele se finalmente se levantou sentou-se em uma cadeira aparentemente destinada a ele. Foi quando eu percebi que ele era Haymitch, o ultimo tributo vivo do distrito doze. Ai, que linda a imagem que ele passava para o mundo inteiro de como são os vitoriosos do 12.

Apesar de denegrir a imagem de nosso distrito, preciso confessar que eu ri um pouquinho também. Ah, fala sério, né? Quem não riria do velho bêbado?

Respirei fundo e voltei a me concentrar. Aquele showzinho dele só serviu para me distrair.

Podem ter passado minutos, ou horas, mas para mim pareceram apenas míseros segundos desde a queda de Haymitch até o momento em que o zumbido parou. Mas parou totalmente. Sabe, se caísse um alfinete no chão todos ouviriam e se assustariam com o som deste.

Suspirei aliviada. Já devia ter acabado. Quando olhei para cima vi que, na realidade, só estava começando. Effie estava com um papel na mão e lia o nome ali escrito.

— A garota que será o tributo do distrito 12 é — ela chegou o papel mais perto do rosto, franzindo a testa, com dificuldade para entender o nome ali escrito.

Um dos alfinetes que prendiam a minha roupa caiu no chão com um estrondo e todos ao meu redor me encararam. Dei de ombros. O que eu podia fazer? Não tenho culpa se ele não estava firmemente preso em minhas vestes... Todos voltamos a encarar a criatura bizarra que era Effie Trinket e prendemos a respiração, tensos. — Primrose Everdeen!



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Notas finais do capítulo

Ah, mais uma coisa... mtos de vcs falaram do tamanho dos capítulos. Alguns querem menores e outros, maiores. Já outros gostaram do tamanho do primeiro. Bem, é uma situação difícil mas eu vou tentar agradar a todos. Esse deve ter ficado um pouquinho grande, mas vou tentar diminuir o próximo, para compensar.
Bem, desculpem-me novamente pela demora.
BJKS!
PS4.:Eu coloquei a Prim para ficar naquele "estado de estupor" na hora da colheita porque eu achei que seria muito entediante se eu descrevesse a cerimônia toda novamente; acredito que vocês já tenham lido sua descrição no livro ou até mesmo visto no filme como foi (quer dizer, acredito que essa cerimônia tenha passado no filme - é o que vcs tão pensando mesmo... eu ainda não assisti o filme T.T). Espero a compreensão de vocês. Qualquer coisa, se quiserem, eu edito o capítulo descrevendo melhor o discurso do prefeito, a historinha de como surgiu Panem e o início dos Jogos Vorazes. É só pedir que eu acrescento tudo!
PS5.:Por favor, não me matem pela demora do capítulo!
PS6.:Eu adoro PS's!!!
PS7.: Acho que vcs perceberam, não?? ^^ KKKKKK