Santuário escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 8
Quando a morte espreita...


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo poderá ser um pouquinho tenso. Mas só um pouquinho.



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O sol ainda não tinha nascido, mas muitas ninfas já estavam prontas para as lutas daquele dia. Nina era uma delas. Antes de cumprir suas tarefas, ela recebeu uma visita rápida de Ângelo.

- O que faz aqui tão cedo? – ela perguntou visivelmente feliz por vê-lo. Era uma boa forma de começar o dia.

Embora tivesse vontade de abraçá-la, ele procurou manter a compostura e agir como apenas um amigo.

- É hoje que a turma vai fazer aquela manifestação em frente à construtora. Espero que isso ajude a conscientizar a população.

- Eu também. Os outros humanos vão continuar examinando nossas matas?

- Sim. Imagino que isso possa ser meio desagradável para vocês, mas é necessário para ajudar a salvar esse lugar.

- Nós entendemos. Ah, olha! O sol vai nascer! Eu adoro ver o nascer do sol!

Os dois ficaram em silêncio, contemplando o nascer do sol junto com outros habitantes do Santuário. Era o começo de um novo dia, novas aventuras e mistérios. Cada dia era único e dois dias nunca eram iguais. Poderiam ser parecidos sim, mas iguais nunca.

Enquanto Nina observava o nascer do sol, distraída, Ângelo a observava pelo rabo do olho. Os raios do sol incidiam sobre seu rosto delicado, destacando ainda mais seus olhos cor-de-rosa. Sem nenhum aviso, ela virou-se para ele e ambos se olharam por um tempo. Quando isso acontecia, era fácil eles se perderem nos olhos um do outro.

O trinado de alguns pássaros fez com que ele voltasse a realidade e desse um jeito de acabar logo com aquilo.

- Bom, tá na hora de ir. Você sabe, vou ter um dia cheio...

- Já? O sol ainda não terminou de nascer... eu gosto de ver até o fim.

- Foi mal, é que hoje eu tenho muita coisa pra fazer mesmo. Eu tenho que proteger o pessoal. A manifestação é pacifica, mas sei lá, muita coisa pode acontecer. A gente se vê mais tarde.

Sem esperar que ela falasse alguma coisa, ele saiu dali rapidamente, lutando contra a vontade de ficar ali e continuar contemplando a paisagem junto com ela. Ele teve que respirar fundo várias vezes para manter a serenidade e não deixar que sentimentos proibidos invadissem seu coração. Ele era um anjo e anjos não podiam ter emoções humanas. Mais do que nunca seus amigos precisavam da sua proteção e ele não podia falhar com ninguém.

Nina ficou olhando o anjo se afastar até perdê-lo de vista. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela se esforçou para segurá-las. Não era justo chorar por causa daquilo e ela tinha que entender as razões dele.

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Por volta das quatro horas da tarde, havia uma quantidade considerável de manifestantes em frente à construtora. Eles carregavam faixas, cartazes, gritavam palavras de ordem e faziam barulho com tambores e algumas vuvuzelas.

- Abaixo o parque aquático! Não afoguem os animais! – eles gritavam a todo instante. A policia tinha sido acionada e acompanhava a manifestação a distância, prontos para entrarem em ação caso as coisas saíssem do controle.

Mônica, junto com o resto da turma, também fazia parte da manifestação apesar da resistência dos seus pais. Levou algum tempo para convencê-los de que ela não iria correr nenhum perigo.

- Ah, por favor, né? Eu já fui pro espaço, viajei para outras dimensões, enfrentei monstro gingante... o que tem de mais participar de uma manifestação?

Depois de pensar muito, seus pais permitiram que ela participasse sob a condição de que não iria se envolver em confusões e nem que iria enfrentar os policiais.

DC estava do seu lado, junto com Toni e Felipe. Todos tentando mostrar mais valentia e disputando a atenção da Mônica. Magali distribuía docinhos para as pessoas, junto com folhetos falando sobre a importância de preservar o Recanto do Paraíso e Cascão ajudava fazendo bastante barulho. Cascuda, junto com Aninha e Maria Melo, procurava conseguir assinaturas para um abaixo-assinado enquanto os outros rapazes paravam os carros para dar folhetos aos motoristas.

Cebola assistia tudo de longe, bastante preocupado com a segurança da Mônica e torcendo para que ela não cismasse de ir para cima dos policiais. Não seria hora de ele entrar em cena? Aquilo podia ficar perigoso e ele não queria que ela enfrentasse nenhum perigo sozinha.

Ângelo também acompanhava tudo, atento para qualquer coisa que pudesse colocar a vida de alguém em risco. Por enquanto as coisas pareciam tranqüilas.

“O quê? Ela de novo? Essa não!” ele sentiu arrepios desagradáveis quando viu D. Morte caminhando entre as pessoas com a foice sobre o ombro e ele ficou ainda mais alerta. A presença dela geralmente significava que alguém seria levado e ele torcia para que não fosse ninguém da turma. O último encontro entre eles ainda estava na sua memória e às vezes ele se lamentava por não ter podido fazer nada para ajudar aquele pobre rapaz.

Ela estava em frente à construtora, observando a manifestação sem ser vista. Dava para ver os garotos da turma da Mônica bem a frente de tudo e ela sabia que Ângelo a observava de longe, preocupado com sua presença.

Minutos depois, um carro elegante chegou abrindo passagem entre os manifestantes e dele desceu o dono da construtora. Mônica não resistiu e chegou mais perto do sujeito.

- Você não tem vergonha de tentar destruir um lugar tão importante quanto aquele? Por que não constrói esse parque em outro lugar?

Ela gritava, tentando chamar a atenção do sujeito que procurava ignorá-la e abrir caminho entre os manifestantes. Assim como os outros humanos que estavam no local, Mônica também não viu a presença de D. Morte e não percebeu quando ela se aproximou andando calmamente. Ângelo ficou apavorado e saiu de onde estava, indo até para perto da Mônica.

- Ângelo? O que foi?

- Nada não, só quero acompanhar tudo de perto. – ele falou olhando para D. Morte, que não se alterou nem um pouco com a presença dele.

Com muito custo, Vladmir conseguiu entrar na sede da construtora e a manifestação ainda durou um bom tempo, fazendo bastante barulho e chamando a atenção de várias emissoras de TV. Repórteres apareceram para entrevistar os manifestantes e Denise não perdeu a chance de aparecer na televisão e conseguir alguma publicidade para o seu blog.

Somente quando a manifestação acabou e o grupo foi se dispersando é que Ângelo conseguiu se acalmar. Mônica também tinha ido embora junto com os amigos e tudo estava voltando ao normal gradualmente. Quando viu que as coisas estavam mais calmas, ele resolveu ir falar com D. Morte para tirar aquela dúvida da cabeça.

- Oi, Ângelo. Que bagunça vocês fizera, heim?

- D. Morte, por que a senhora tava rodeando a Mônica?

- A Mônica? – ela desatou a rir com a cara de confusão que o rapaz tinha feito. – não, rapaz. Não é por causa da Mônica que eu estou aqui.

- Ufa! É por causa de quem então?

- Digamos que esse assunto ainda está em aberto. Nossa, está fazendo um bocado de frio, não?

- É...

Ela tirou um relógio do bolso e depois voltou-se para ele.

- Ainda dá para eu fazer umas compras. Me acompanha? Acho que vou precisar de ajuda pra carregar as sacolas.

- Mas eu...

- Anda, rapaz. Fica tranqüilo que eu não vou levar mais ninguém hoje.

Mesmo hesitante, ele foi atrás dela. Pelo menos ela não pretendia levar a Mônica como ele tinha pensado antes. Teria sido uma grande tragédia para todos. 

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Ela voltava para casa conversando animadamente com a Magali sobre a manifestação daquele dia.

- Nossa, Mô! Você foi muito valente enfrentando aquele sujeito, viu?

- Ah, mas alguém tinha que falar umas verdades praquele engomadinho, né? Quem ele pensa que é pra sair construindo em qualquer lugar sem nenhuma consciência?

- Ele é muito arrogante, nem parou pra ouvir ninguém, foi entrando direto!

Cebola, que até então as acompanhava de longe, resolveu aparecer.

- Cebola? Onde você esteve o dia todo?

- Bom, eu já vou indo. Daqui a pouco tá na hora da janta. – Magali saiu dali apressadamente para deixá-los sozinhos e também porque não queria presenciar a milésima briga entre eles.

Quando viu que estavam sozinhos, ele começou.

- Você correu um grande risco hoje, sabia? Já pensou se algum policial te prende achando que você ia bater naquele homem?

- Ele bem que tá precisando levar umas bifas mesmo, viu?

- É, só que você não pode fazer isso.

- Claro que não, seu bobo! Eu não resolvo mais as coisas assim.

Os dois continuaram andando e Cebola voltou a falar.

- Eu só não entendo por que você tem que andar com o DC pra baixo e pra cima!

- Porque diferente de CERTAS pessoas que preferem ficar fazendo pirraça, ele tá me ajudando.

Ele fingiu ignorar a provocação e continuou.

- Duvido que ele só esteja te ajudando com boas intenções.

- Eu heim! Agora você deu pra pensar besteira?

- Só tô falando o que vejo. E ainda tem o Felipe e o Toni. Você sabe que aqueles dois não importam com essas coisas, então devem estar nessa por sua causa.

- Bem, pelo menos eles acham que eu sou importante a ponto de gastarem um tempo por minha causa.

- Hump! Você sabe muito bem por que eu não quero participar disso.

- Tá, tá... você ainda tá de birra com a Nina e quer descontar tudo não ajudando a salvar o recanto do Paraíso.

- Você esqueceu que quando minha irmã precisou, ela ficou de fora com aquele mimimi de que não era trabalho dela?

- Larga de ser teimoso, criatura! Ela não fez nada por maldade!

- Não interessa se foi ou não por maldade, só sei que se não fosse pelo Ângelo, minha irmã teria morrido afogada!

- Que coisa feia, viu? Por causa disso agora vai ficar de picuinha com ela pelo resto da vida? Poxa, deixa isso pra lá!

Ele se indignou.

- Agora vai me dar lição de moral, é? Pelo menos eu tenho razão pra ficar zangado com a fada do mato, diferente de você que tá de implicância com a Irene até hoje por causa de um ciuminho bobo. Quem é mais pirracento aqui, heim?

- Olha que eu te esgano! A Irene é outro assunto!

- Mas é a mesma coisa! Você não se entende com ela, que nem te fez nada e acha que eu tenho que fazer as pazes com a fada do mato que recusou a salvar minha irmã!

Mesmo discordando da atitude do Cebola, Mônica não teve como responder aquilo. De certa forma, ele não deixava de ter razão.

- Minha casa tá aqui. A gente se vê amanhã então. – ela entrou rapidamente sem falar mais nada, deixando-o na calçada sentindo-se frustrado com aquela discussão.

O objetivo dele era arrumar uma forma de se entender com a Mônica, não desencadear mais uma discussão desagradável. Aquele clima entre os dois não estava nada agradável e ele não sabia como melhorar as coisas sem ter que dar o braço a torcer em relação a Nina.


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Notas finais do capítulo

Poxa, será que os leitores sumiram?



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