Santuário escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 6
Traçando planos




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- Tem certeza de que você não vem?

- Tenho.

- Bah, deixa disso, cara! Vai ficar de pirraça com a Mônica agora?

- Não é por causa da Mônica, acontece que eu não vou perder meu tempo ajudando aquela fada do mato.

- Não é só ela que a gente tá ajudando!

- Tô nem aí! Quando eu precisei, ela não quis me ajudar, então eu não devo nada pra ela.

Cascão desligou o celular aborrecido com a mesquinharia do amigo. Desde quando ele deu para ser tão vingativo?

(Mônica) – Ele não vem?

- Não. O careca tá de birra agora.

- Ninguém merece! Então vamos ter que agir sem ele.

A turma inteira estava reunida no parque do limoeiro, onde tinha espaço para todos. A situação era urgente e contava com a ajuda do maior número de pessoas possível. Após colocar todos a par do problema, Mônica procurou convencê-los a ajudar.

- Olha gente, esse lugar é muito importante para Nina e as outras ninfas. Se esse parque aquático for construído, eles serão prejudicados. E se eles forem prejudicados, não vão poder nos ajudar no futuro. É isso.

(Marina) – Eu não sabia que aquele lugar era tão importante assim...

(Mônica) – Mas é. E então, eu posso contar com vocês?

Os outros começaram a conversar entre si e Mônica viu que nem todos pareciam com boa vontade para ajudar. As atrações do parque aquático pareciam convidativas demais e eles sabiam que se ajudassem Nina, o parque não seria construído. Por outro lado, se o que Mônica tinha falado era verdade, se as ninfas fossem prejudicadas os humanos também seriam. DC virou-se para Mônica.

- Se é assim, pode contar comigo. Oposição é comigo mesmo!

(Nimbus) – Vou ajudar também.

(Franja) – Fiquei sabendo que há um grupo ambientalista lutando contra a construção do parque aquático. Podemos nos juntar a eles. Eu posso ajudar na pesquisa pro espécies em extinção.

(Marina) – Eu vou fazer cartazes para conscientizar a população.

Embora entendessem a situação, Denise e Carmen não pareciam muito felizes com a idéia de não terem mais o parque aquático.

- E como fica o parque, amore?

- Denise, isso é importante!

- Eu sei, mas...

Ângelo interveio.

- Há um bem maior aqui, Denise. Esse parque pode ser construído em outro lugar, mas o santuário é único. Se for destruído, não haverá como construir outro.

- Não?

Ele respirou fundo para não perder a paciência com aquela lontra. Inteligência não era mesmo o forte dela. Titi também não estava lá com muito boa vontade. Sem o parque, como ele iria conhecer garotas novas?

- Por favor, nos ajudem! Eu entendo que esse parque é importante para vocês, mas se for construído, vamos perder nosso lar. – Nina apelou, tentando comovê-los e aquilo pareceu ter surtido efeito.

(Titi) – Escuta, por acaso tem muitas ninfas iguais a você nesse lugar?

Ingênua como era, Nina não havia percebido o brilho maldoso no olhar do rapaz e Ângelo se esforçou para não levá-lo até cem metros de altura e depois soltá-lo de lá de cima. Ele já tinha ficado muito irritado quando Titi a viu pela primeira vez e precisou afugentar o amigo de perto dela para que Nina não tivesse de suportar suas cantadas ridículas.

- Sim, tem muitas ninfas, gnomos, elfos...

Ele estufou o peito, tentando mostrar valentia.

- Então pode contar comigo pro que der e vier... ai! – um tapa foi dado na sua cabeça pela Aninha, que tinha percebido muito bem as intenções do ex.

(Aninha) – A gente vai ajudar sim, numa boa e sem nenhuma segunda intenção, não é Titi?

Seu olhar assassino fez com que o rapaz concordasse. Ao ver que todos estavam dispostos a ajudar, Mônica decidiu enumerar as tarefas e dividi-las entre a turma.

- Vejamos... podemos fazer cartazes, talvez distribuir folhetos... Denise, será que dá pra você publicar essa campanha no seu blog?

- Claro, gatz. Ecologia está totalmente in hoje e meu blog vai bombar com mais acessos!

- Que seja...

- Eu posso ajudar a convencer as pessoas e você pode contar comigo, Moniquinha! – Toni apareceu na frente dela, dando seu maior e melhor sorriso para a irritação de Felipe, Tikara e DC. Aquele sujeito era muito irritante.

Felipe e Luisa decidiram falar com os patrocinadores e talvez eles até pudessem aparecer na televisão apoiando a campanha. Ao ver que seus primos estavam com boa vontade em ajudar, Carmen também decidiu falar com seu pai, que conhecia muitas pessoas importantes.

Mônica foi anotando a contribuição de cada um e também estava planejando conhecer o grupo ambientalista que estava protestando contra a construção do parque. Quanto mais pessoas, melhor.

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Cebola olhava tudo de longe, atrás de uma arvore, e não pode deixar de notar aqueles quatro patetas em volta da Mônica.

“Fala sério, foi só eu sair de perto pra eles ficarem urubuzando em cima da Mônica!” se ele tivesse se lembrado desse pequeno detalhe, teria aparecido na reunião. Por outro lado, ela parecia muito à vontade trabalhando e tomando decisões sem ele, o que o deixou chateado e com um sentimento ruim no peito. Se ela tivesse ligado e insistido, talvez ele tivesse mudado de idéia... mas não, aquela teimosa era incapaz de dar o braço a torcer!

“Ela se acha a grande líder, quero só ver como vai se virar sem minha ajuda!” pensando naquilo, ele resolveu sair dali e ir para casa, ainda remoendo seu aborrecimento.

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- Pronto, está entregue.

- Obrigada por ter me acompanhado até aqui.

- Imagina. Esse lugar é muito bonito mesmo! Parece que até o ar daqui é mais leve!

- É por causa da grande concentração da energia da Mãe Terra. O ponto onde tem mais energia é aquele lago.

Ângelo olhou para o lago e viu que suas águas brilhavam, emanando grande energia que as ninfas usavam para se recuperar da luta contra os monstros. E a medida que o sol se punha, o brilho se tornava mais acentuado.

Ao verem que Nina tinha chegado, outras ninfas e elementais se aproximaram dela ansiosos por notícias. Por mais que quisesse continuar ali junto com ela, Ângelo decidiu aproveitar-se daquela movimentação para ir embora. Se ambos tivessem continuado sozinhos naquele lugar tão bonito, poderiam ocorrer várias coisas com conseqüências terríveis e ele precisava ser forte para não fraquejar.

- Que pena... ele não quis ficar para a festa. – Tália falou ao ver o rapaz voando para longe.

Nina procurava disfarçar a tristeza da melhor forma que podia, pois entendia as razões dele.

- Ele é muito ocupado, tem muitos humanos para proteger.

- Se você diz. E olha, ele é bem bonitão mesmo, heim? Se fosse você, dava um jeito de agarrar esse pedaço de mau caminho!

Os outros seres mágicos dispararam a rir por causa do rosto vermelho de Nina, que saiu correndo atrás da amiga enquanto a música tocava e os outros dançavam alegremente.

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Quando alcançou as imediações do parque, ele deu uma última olhada para trás e viu um grande brilho no local onde ficava o lago. Seus ouvidos sensíveis também podiam ouvir a música e os risos que vinham de lá.

“Poxa, a festa deve tá boa mesmo... não, eu não podia ter ficado. Não perto dela...” ele deu um triste suspiro e continuou voando e olhando a cidade de cima. As luzes já estavam se acendendo e o tempo estava esfriando um pouco, coisa de que ele não gostava. O inverno estava chegando e ele voar com o tempo frio fazia doer suas asas. Sem falar que as nuvens ficavam mais frias naquela época do ano.

Ao olhar para o céu, ele viu que as estrelas estavam escondidas atrás das nuvens e um sentimento de depressão tomou conta dele. Aquele dia tinha sido um turbilhão de emoções diferentes. Alegria por ter encontrado Nina de novo, preocupação ao saber que o lar dela estava sendo ameaçado, calor e ansiedade quando eles quase se beijaram e especialmente tristeza e desamparo por saber que eles não podiam ficar juntos.

“Não... eu tenho que proteger as pessoas. É o meu papel e vou desempenhá-lo até o fim.” Ele era um anjo da guarda e por mais que gostasse de Nina, era preciso seguir sua missão sem queixas. Se não dava para ter os dois, o jeito era se conformar com o que a vida estava lhe oferecendo.


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