Duas Metades escrita por Miss BaekYeollie


Capítulo 2
Two


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo, e claro, final... Espero que gostem ;)



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Capitulo Dois 


Pov. Percy*



[..] No dia seguinte acordei um pouco atrasado. Me arrumei rápido e fui pro quarto de Annabeth. Bati na porta e a esperei. Ela abriu a porta sorridente e logo veio pro meus braços. Eu a segurei e senti seu cheiro, fazia tanto tempo que eu não reparava naquela mulher, aquela mulher que já tinha dedicado anos e anos de sua vida pra mim. Ela certamente tinha envelhecido nesse tempo, seus cabelos estavam criando uma leve camada cinzas nas pontas e seus cabelos nunca mais foram os mesmos ou tiveram os seus cachos exuberantes, acho que resultado de nossa vida e de suas preocupações. Nosso casamento teve um impacto muito grande sobre ela, por um momento se passou pela minha cabeça se eu era culpado daquilo tudo ou se tinha feito algo realmente tão ruim assim. Preferi não pensar, então a carreguei pra fora de casa, ela foi pro trabalho e eu pro meu.



[...]No quarto dia quando eu a levantei já senti uma certa intimidade com seu corpo, seus braços a me rodearem já estavam se tornando familiares. Essa era a mulher que se dedicou anos pra mim. Muitos anos.


[...]No quinto dia a mesma coisa. Bati na porta de Annabeth e a mesma veio pros meus braços. Estava ficando cada dia mais fácil segurar ela em meus braços, eu não contei nada a Rachel sobre aqueles momentos, nada. Tudo que eu reparava ficava guardado somente pra mim. Era realmente já comum carregar ela, eu achava que até meus músculos já enferrujados estavam mais firmes por causa do exercício matinal, pelo menos eu pensava assim.


Certa manhã, eu bati na porta do quarto de Annabeth e vi vários vestidos dela jogados na cama. Me encostei na porta e fiquei a observar ela. Ela olhava pra todos os vestidos e suspirava. Sua expressão estava triste. Ela sentou na borda da cama e disse:

–Todos meus vestidos estão grandes pra mim. - E então eu percebi que ela realmente vinha emagrecendo bastante, e descobri de onde estava vindo a verdadeira facilidade de carregar ela nos últimos dias.



Pov. Annabeth*


Esses dias estão sendo maravilhosos, Percy mesmo não compartilhando de meus sentimentos igualmente, era simplesmente diferente, eu não sabia descrever, mas eu podia ver que ele ficava diferente comigo em seus braços. Estar nos seus braços era muito bom, eu me sentia segura, completa e feliz. Meus filhos estavam mais perto de mim e eu aproveitava cada minuto como se fosse o último. Pois eu queria estar pronta pra o que viesse a seguir depois da morte. Eu queria que se me perguntassem “Se você pudesse voltar no tempo teria feito algo diferente?” Eu queria poder responder "Não,minha vida foi perfeita do jeito que foi”. Você podia pensar  “Ela se contenta com tão pouco” Ou “Como alguém pode se conformar com a doença?”. Mas alguém me disse que tudo que Deus faz é bem feito.Todos temos caminhos e missões pra seguir, mesmo que não saibamos quais são eles. Viver sem medo de ser feliz é um caminho e através dele talvez conheceremos a verdade que tanto buscamos.

E quando eu me encostava em Percy, aspirava seu cheiro e tentava o guardar na memória, eu me sentia feliz. Fechava os olhos e lembrava das nossas noites de amor, de nossas recordações. Eu ainda me lembrava de quando as crianças eram menores e fomos a praia. Nicki corria pela praia e Percy corria atrás dela. Enquanto eu e Chris andávamos rindo dos dois. Era lembranças assim que me faziam me sentir bem e com o sorriso no rosto todos os dias.

Mas nem tudo as vezes era assim.

Depois de uma semana meus vestidos estavam grandes demais pra mim. Acordei e me arrumei rapidamente. Quando fui pegar uma roupa pra ir trabalhar peguei meus vestidos e os joguei em cima da cama. Mas nenhum ficava bom em mim, todos grandes demais. Olhei pra um vestido em particular. Eu me lembrava dele, era meu favorito. O vestido que eu usei em um de nossas saídas. Ele era preto e bastante detalhado, ele sempre marcou minha cintura essa que eu não tinha mais. Suspirei e me sentei na cama.

–Todos meus vestidos estão grandes para mim.- Coloquei minhas roupas de volta no guarda-roupa e vesti um shortinho e uma blusa soltinha. Fiz uma maquiagem leve e vi Percy me olhando encostado na porta. Ele estava me olhando diferente, como a tempos eu não via.

–Está pronta?

–Sim. Vamos.- Eu disse me levantando e indo até ele.


Pov. Percy*



Eu fiquei ali na porta do quarto admirando ela fazer tudo o que fazia todos os dias. Ela olhava pro espelho triste e quase sem vida, com suas expressões que eu sabia que eu estava causando. Bateu um remorso, eu não queria a ter a machucado, aquela nunca foi minha intenção. Quando ela me viu eu perguntei:

–Está pronta?

–Sim.Vamos.- Ela disse se levantando e vindo até mim. Eu tive vontade de a abraçar e assim o fiz, toquei seus cabelos de leve e ela somente se apertou contra mim. Quando eu iria tocar seu rosto, Chris entrou no quarto.

–Pai já está na hora de você carregar a mamãe sim?-Eu sorri assentindo e Annabeth passou os braços ao redor do meu pescoço. Desci com ela e assim foram todos os dias.


[...]No último dia do nosso acordo eu não conseguia mover minhas pernas a andar com ela pelas escadas. Eu olhei em seus olhos e vi seus olhos cinzas tempestades a me olharem com tanta ternura e amor que eu me desmancharia somente com seu olhar. Esses dias me fizeram perceber que o que eu queria estava ali, sempre ao meu lado, sempre em meus braços, eu estava aprendendo que eu me afastei do meu amor, eu me afastei do que me fazia feliz. Sorri andando com ela em meus braços enquanto descia as escadas. Seu corpo magro a cada dia me estava deixando desolado, eu não sabia o porque daquilo. Acariciei seu rosto usando toda minha força pra sustentar ela somente com uma mão e ela fechou os olhos parecendo apreciar o momento.

A coloquei na calçada e ela disse pra mim.

–Hoje eu não irei trabalhar!

–Por quê?

–Eu simplesmente acho um ótimo dia pra ficar aqui e curtir minha casa e tudo que fica aqui.- Eu não entendi as palavras dela, mas mesmo assim sorri como nunca mais havia sorrido pra ela e toquei seu rosto. Beijei sua testa e ela estremeceu.

–Eu te amo, Percy. Sempre te amei.- Minha garganta travou naquele momento e eu disse:

–Eu sempre te amei minha pequena.- Ela sorriu e entrou em casa. Eu fiquei ali por um segundo pensando em minhas palavras. Não haviam palavras mais verdadeiras que aquelas, eu a amava, mas que a mim mesmo e não percebi. Entrei em meu carro, eu não queria ir trabalhar hoje também, então fui fazer o que meu coração naquele momento mandava e queria. Fui até meu novo endereço... pelo menos aquele que a algum dias atrás seria.

Assim que cheguei na casa de Rachel apertei a campainha e esperei. Ela depois de alguns segundos apareceu na porta e ela estava com um sorriso radiante.

–Percy, meu amor!-Ela se jogou em meus braços e eu a afastei. Ela me olhou, estranhando minha atitude.

–Hoje era pra você estar mais feliz, acabou o contrato. Ela vai assinar o divórcio e poderemos no casar. Será perfeito.

–Eu não quero mais o divórcio Rachel.

–Como assim? Você está com febre? - Ela tocou minha testa. Eu tirei sua mão e disse:

–Desculpe Rachel. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe.

Rachel percebeu que era sério e me deu um tapa no rosto, e logo em seguida bateu a porta na minha cara. Fiquei uns segundos ali e pude ouvir ela chorar alto. Desci e fui rumo ao meu trabalho.

Quando fui pra casa, minha casa, passei antes pela loja de flores e comprei um boque de rosas vermelhas pra Annabeth. Eu queria a ver e dizer que a amava muito e que pedir que ela me perdoasse por tudo que a fiz. Eu sabia que ela me amava, pois eu a amava do mesmo jeito. E ela fez questão de me dizer aquilo todos os dias. Sorri com a lembrança e sai do carro com o buquê na mão.
No buquê eu fiz questão de escrever algo no cartão. Escrevi: “Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe".

Cheguei em casa e subi as escadas rápido sabendo que ela estaria no nosso quarto. Encontrei ela deitada e sorri vendo seus cachos, na verdade poucos, mas mesmo assim lindos. Sentei na cama e toquei em Annabeth, ela estava gelada. Me desesperei no mesmo minuto e comecei a chamar ela. Ela não me respondeu, pois o amor de minha vida não estava mais ao meu lado. Eu o perdi. Annabeth estava morta.

Então eu entendi seus verdadeiros motivos, eu entendi o verdadeiro sentindo daquele pedido. Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Rachel para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nossos filhos dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando aos nossos filhos a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos dos meus filhos, eu era um marido carinhoso.

Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num
relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no
banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade mas não
proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo
de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los
próximos e íntimos.

Coisa que eu não fui. Naquele momento eu entendi o verdadeiro significado da frase: “A gente somente conhece o valor das coisas quando as perdemos”. Eu perdi o amor da minha vida e agora estava deixando as lágrimas caírem, vendo a minha felicidade fechar os olhos pra mim, assim como o da minha amada que dormia como anjo na nossa cama.

Beijei seus lábios lentamente e acaricie seu rosto.

Eu sempre te amei meu amor.Sempre. Somente me perdoe por ter sido burro demais pra perceber que a felicidade estava abaixo do meu nariz. -Eu sussurrei baixinho em seu ouvido.


Olhei pra mesa dela e vi um papel rosa. Caminhei até ele e vi sua letra elegante.


Para Percy Jackson.


Querido Percy,

Creio que quando estiver lendo essa carta já saiba e tenha concluído tudo o que eu quis com meus pedidos. Não quero falar muito e dizer muito além do necessário. Porque tudo que eu quis te dizer eu disse, e o mais importante . Somente o mais importante eu faço questão de repetir,  que são essas simples palavras. “Eu te amo”, essas eu diria sempre para você.

Não chore porque fui embora, e somente me perdoe por não ter falado nada a você. Achei melhor viver meus últimos dias com seus sorrisos e de meus filhos, do que o olhar de preocupação e pena.

Eu os amo.Com todo amor Annabeth Chase Jackson.



Fim


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Notas finais do capítulo

Comentem... Ah, chorando... Beijos