E o solstício inteiro foi assim: Hades olhava para Perséfone ( que agora sentava- se em um trono azul com flores coloridas que nasciam e movimentavam- se de acordo com o vento), e esta por sua vez, fitava o chão. Não olhava para frente nem para os lados, e seu rosto estava completamente vermelho.

Hades não queria deixar a tímida moça constrangida. De forma alguma. Mas era impossível resisitir a tentação de apreciá- la. O seu rosto, sua pele, seus cabelos...era tudo tão perfeito que nem parecia real. 

Ele viu várias vezes Deméter cutucando a garota e sussurando coisas como "Arrume esta postura" "Levante este rosto, está apaixonada pelo chão?" "Arg! Preste atenção no que Zeus está falando".

No minuto que Hades desviou seu olhar para ver os outros deuses, percebeu que alguém o olhava com os olhos brilhantes: Afrodite. Ótimo, perfeito. Provavelmente ela percebera sua atração por Perséfone e achara isso o máximo. Ela le lançou um sorriso que mostrava seus dentes incrivelmente brancos e erguera uma sombracelha. 

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Depois que tantas discussões entre os deuses, olhares desprezíveis para Hades e fascinações para Perséfone, finalmente acabara o Solstício. Hades saiu depressa antes que Afrodite aparecesse e falasse alguma baboseira relacionada de como o amor era lindo. 

Ele deu uma última olhada para Perséfone, que estava sendo apresentada por sua mãe para Poseidon, com Atena ao lado, observando- a interessadamente. 

Talvez sem querer, Perséfone olhou para Hades, e rapidamente desviou o olhar, com vergonha e arrependimento, e mais uma vez, com o rosto vermelho. 

Hades resolveu assim partir, descer para o submundo e ali ficar por mais um ano. Esqueceria Perséfone de vez, afinal, ela não se interessaria pelo Deus dos Mortos, um deus escuro e sombrio. E assim vez, desceu para o submundo, mas a cada dia que passava o seu amor por ela só aumentava.