- Desculpe, eu não estava olhan... – O menino tentou se justificar, mas quando me viu, ficou paralisado.

                - Fred, me ajuda levantar – Eu pedi.

                Ele não se moveu. Tentei levantar, mas o meu braço doía muito, e eu caí novamente. Ele me observava, sem mover sequer um músculo, como se eu fosse o seu pior pesadelo, que acabara de se tornar realidade. Era bem capaz d’eu começar a chorar naquele momento. A dor era insuportável, e ele não queria me ajudar. Parecia que ele não respirava.

                - Por favor – Pedi com lágrimas nos olhos.

                Ele pareceu acordar do transe, e me levantou, me colocando em seu colo. Não falou nada, e me levou à Madame Pomfrey. Antes que ela pudesse perguntar, ele murmurou:

                - Ela caiu. Acho que deve ter torcido o pulso, ou talvez quebrado, não sei.

                Ela franziu a testa para mim, e começou a examinar o meu pulso. Estava inchado e doía muito. Fred me olhava como se ele estivesse em um pesadelo muito ruim, e eu estivesse o desafiando a sofrer mais. Olhei para o chão, e desejei que o Draco estivesse ali. Ele diria algo para me fazer sentir melhor. Mas se ele estivesse ali, ele e Fred brigariam, e eu não queria isso. Sorri quando lembrei que o Draco ficou vermelho quando dei um beijo na bochecha dele.

                Então a dor cessou. Levantei os olhos, ainda sorrindo. E Fred me avaliava com o olhar. Um olhar triste passou por seu rosto e ele voltou a sua seriedade.

                - Volte para o seu dormitório, e tire uma boa noite de sono – Madame Pomfrey me disse. – Amanhã, antes de ir para as aulas, passe aqui. E não levante cedo demais. Ao que parece, você não dorme bem faz um tempo. Ok, Querida. Até amanhã.

                Desejei boa noite e me levantei. Fred fez o mesmo, e nó andamos silenciosamente pelos corredores. Eu não sabia o que dizer, se é que tem algo para dizer em um situação como essas. Suspirei. Entramos pelo quadro da mulher gorda e iríamos cada um para seus dormitórios. Quando ele disse com a sua voz rouca:

                - Boa noite. Durma bem.

                Olhei para ele, e senti meus olhos ficarem marejados.                

                - Boa noite, Fred. E obrigada – Eu disse. – Por tudo.

                Ele sorriu de lado, e subiu. Fiz o mesmo e desmaiei em minha cama. Sonhei que estava numa festa. Em uma festa com o Draco. Nós dançávamos, e todos nos olhavam. Eu não estava com vergonha. Eu dançava valsa com ele, e ele ria junto comigo. E no final da dança, ele me olhou nos olhos e senti sua respiração se misturar com a minha.

                Senti os raios de sol, e lembrei que tudo aquilo foi um sonho. Um lindo e maravilhoso sonho. Mas não passava daquilo. Levantei relutante e fui me arrumar. Era impressão minha, ou minhas vestes estavam um pouco mais curtas? Minha saia batia um dedo acima do joelho, e eu me lembro que ontem, ela estava mais longa. Ainda estava sonhando?

                Meu pulso ainda latejava um pouco, mas tava tudo bem. Eu ia lá, assim que terminasse de ajeitar as minhas vestes eu iria. Deixei meus cabelos soltos, mas hoje, eu resolvi usar um feitiço, para que eles não armassem tanto.

                Desci para o salão comunal, e lá estavam sentados Rony, Harry e Gina. A menina dava tantas risadinhas que eu soube o que acontecera com as minhas vestes. Olhei para o outro lado, e Fred estava sentado entre Jorge e Lino. Ele me olhou, olhou para a minha saia com um olhar de desaprovação, mas não disse uma palavra. Era bem capaz d’eu começar a chorar, então passei pelo quadro da mulher gorda, e pude ouvir as gargalhadas de Gina. Ela me paga.

                Eu segurava meu pulso, e pude perceber que a dor se tornava mais intensa. Quando Vejo Malfoy no fim do corredor. Ele sorria, mas me olhava preocupado.

                - Oi, - Ele disse chegando mais perto. – O que aconteceu com o seu pulso?

                - Ah, longa história –respondi. – Você vem comigo na madame Pomfrey?

                - Claro – Ele respondeu.

                Sorri para ele.

                - Você me deixa fazer uma coisa? – Ele me perguntou.

                -Faça – Eu respondi.

                - Vai ficar com raiva de mim?

                -Não, fale.

                Ele hesitou por um segundo lento demais.

                - Você tá uma gata.

                Eu ri e ele me acompanhou. Chegamos na enfermaria, e Madame Pomfrey sorriu para mim.

                - Pensei que não viria – Ela disse.

                Tocou no meu pulso com a sua varinha e conjurou alguns curativos.

                - Você vai ficar boa. Você só torceu um pouco. Podem ir para a aula – Ela sorriu.

                Minha primeira aula do dia era poções, com a Sonserina. Draco não me pediu explicações. Nós nos sentamos juntos, e quando o professor Snape entrou, ficou paralisado.

                - Mas que...?