Talvez Seja Você escrita por Yasmim Carvalho, L Escritora


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vocês estão? Espero que bem.
Boa leitura, nós falamos lá em baixo (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/229630/chapter/5

Capítulo 4

“Nunca consigo deixar o passado pra trás

Não vejo uma saída, não vejo uma saída

Estou sempre carregando esses peso nas costas”

(Florence The Machine – Shake It Out)

POV: Renesmee


O dia na escola tinha sido como no anterior. Jacob estava presente em todos os lugares que eu estava e Megan e sua turminha implicavam mais ainda comigo. Eu não me importava na real, mas sabia que Jacob ficava realmente incomodado com os olhares que eu recebia – ele obviamente sempre tinha sido um cara adorado e nunca tinha visto tão de perto o que é ser um “ninguém”.


Falei isso com ele, que ele não precisava andar com a “ninguém” da escola, mas ele disse que se elas implicavam comigo era porque no mínimo eu incomodava, porque eu era legal e realmente uma das garotas mais perfeitas que ele já tinha conhecido – mesmo sem atitude nenhuma quando o assunto era me defender.


Fiquei meio irritada com isso, mas decidi que era melhor esquecer, afinal de contas, eu não queria problemas, ainda mais com ele. Eu estava sempre falando para ele me deixar, que eu não era uma boa companhia, mas a realidade era que aquilo me proporcionada uma coisa gostosa na barriga e saber que pelo menos uma vez na vida alguém preferia ficar ao meu lado ao invés do da Megan, era reconfortante.


Sai finalmente do meu banho e coloquei um moletom qualquer, mesmo sabendo que minha tia provavelmente iria enlouquecer quando me visse.


A situação era a seguinte, meu pai tinha descoberto que minha mãe iria casar e com isso, ele tinha saído cedo do trabalho realmente transtornado. Minha tinha Alice tinha ido ao trabalho dele e descobriu que ele estava em casa, e com isso ela estava aqui desde cedo. Alice sabia que papai tinha um certo problema em relação ao álcool, e mesmo que a gente não conversasse sobre o assunto, ela conseguia imaginar que sempre depois que ele ficava inconsciente de bêbado quem cuidava de tudo era eu.


Deixei meus cabelos soltos e coloquei meus óculos novamente para sair do quarto. Eu precisava respirar fundo para conseguir manter meus nervos calmos e prosseguir para mais um dia daqueles, onde meu pai soltava algumas besteiras, chorava e vomitava, para depois apagar.


Cheguei ao bar da minha casa e vi minha tia ao lado do meu pai, tentando segurar seu copo e resmungando. Alice era mais baixa do que eu, mesmo com seus quase trinta anos e tinha uma aparência muito jovem. Porém, enquanto ela brigava com seu irmão mais velho, parecia uma mãe realmente chateada.


– Porque você está fazendo isso? – Escutei ela falando enquanto eu entrava silenciosamente na sala. – Não pensa na sua filha? No trauma que você está causando a ela? Por favor irmão, esqueça Isabella e viva a sua vida...


– Ela é o amor da minha vida. – Meu pai falava com a cabeça baixa e a boca encostada no copo de whisky. – Meu... Amor.


– Foda-se! – Alice exclamou exasperada.


– Tia. – A interrompi antes que ela começasse a gritar mais ainda com ele.


Meu pai não precisava de mais aquilo, ele já estava destruído o suficiente. Olhei para o chão e contei até dez, tentando segurar as lagrimas que beiravam em meus olhos. Não era a minha primeira vez com esse tipo de situação e eu duvidava muito que fosse ser o ultimo.


Enquanto isso, minha tia me olhava com lagrimas nos olhos, como uma mulher que começava a perder as esperanças. Era difícil para mim enxergar ela assim, sendo Alice normalmente tão feliz e saltitante.


– Você não precisa lidar com isso minha querida. – Ela disse para mim. – Por favor... Isso aqui não é pra você.


Ignorei as palavras dela e caminhei até meu pai. Eu precisava olhar nos olhos dele e pelo menos o fazer ir para a cama. O dia pelo jeito já tinha sido longo o bastante.


– Pai. – Chamei ele em voz alta. – Já deu por hoje, vamos. – Cheguei ao seu lado e lhe estendi a mão que ficou suspensa no ar, sem resposta dele. – Pai! – Chamei mais alto fazendo ele me olhar. – Já deu por hoje, vamos.


– Ela... – Ele balançou a cabeça. – Não me ama. – E começou a chorar.


Seguro minhas lagrimas e finjo que só tem eu e ele ali. Não posso chorar, não é hora de ser a boba Resnesmee.


– Isso não importa papai. – Dou um abraço nele. – Temos um ao outro, isso que é o importante.


– Só você... – Ele começa a soluçar. – Me ama. – E no meio do nosso abraço faço ele levantar e vou guiando-o para a porta para chegarmos no quarto mais próximo.


Minha tia assiste toda a cena calada, apenas como uma boa telespectadora. Coloca meu pai na cama e ele apaga rapidamente, como sempre. Cubro seu corpo que se encolhe como eu feto indefeso e apago todas as luzes deixando que pelo menos em seus sonhos ele encontre a paz não vivida no mundo real.


Tia Alice está ali na porta me esperando e parece muito triste. Assim que me vê, me da um abraço apertado e murmura coisas como “minha garota forte” e dessa forma, sinto uma parte da minha energia que antes tinha sido sugada retornar para meu corpo, apesar de não me sentir em momento algum como a garota forte. Sou apenas a garota viva e isso me basta.


– Eu não sabia querida, não sabia que as coisas estavam desse jeito. – Ela fala quando me solta e me guia até a cozinha.


– Está tudo bem Tia. – Abro um sorriso que parece mais uma careta. – Tudo bem.


– Não precisa mais mentir para mim, eu vi tudo hoje. – Sentamos em volta da mesa. – Desde quando você aguenta tudo isso?


– Faz pouco tempo.


– Resme meu amor, preciso que seja sincera. – Alice segura minha mão. – Seu pai precisa de ajuda, não adianta encobri ele.


– Tia, deixe meu pai, por favor. – Sussurro. – Ele não precisa de mais coisas em sua vida.


– E você, precisa? – Ela aperta minha mão. – Você é só uma garota, não merece isso, seu pai precisa de... – Escutamos a campainha tocar e ela para. – Eu dispensei as empregadas, não queria ninguém vendo a situação, fica aqui que eu vou vê quem é. – E saiu.


Levantei e peguei um copo de leite. As coisas estavam mudando rapidamente em poucos dias. Minha situação com meu pai tinha sido totalmente exposta para minha tia sorridente Alice, que estranhamente estava agindo como uma mulher seria que eu nunca tinha visto.


Escutei vozes e percebi que uma era a da minha tia e a outra de um homem. Sai da cozinha indo até a sala e encontrei Jacob sorrindo para tia Alice que mesmo com os olhos duros, sorria.


– ... E eu queria saber se ela poderia ir à festa. – Peguei o ultimo pedaço da frase dele.


– É claro que ela pode! – Alice respondeu. – Você na verdade chegou em uma hora maravilhosa. – Pigarreei para que eles vissem que eu estava presente.


Fosse qual fosse o assunto deles, eu não iria à festa alguma, não tinha pique e muito menos vontade de encarar pessoas insuportáveis que eu já encarava durante o dia. Inevitavelmente só em pensar em encarar aquelas pessoas meu rosto todo se transformou em uma mascara de desaprovação. Sem me preocupar nem um pouco com o que Jacob poderia falar, encarei seus olhos demonstrando que ele não era bem vindo e pedindo silenciosamente que ele fosse embora.


– Resme meu amor, suba e vai se arrumar. – Tia Alice sorriu forçadamente para mim e fez um sinal com as mãos para que eu subisse. – E você, Jacob, certo? – Ela pegou ele pela mão. – Senti-se ai, nós já voltamos.


– Oi Nessie... – Ele sorriu para mim e seus olhos pareciam brilhar, não percebendo que o único que parecia feliz na sala era ele. – Eu sei que é em cima da hora e tudo mais... É só que você não me deu o seu número e surgiu essa festa...


– Sinto muito Jacob, mas não posso ir. – Interrompi o que ele falava.


– Mas... – Ele olhou para Alice sem entender e passou a mão nos cabelos. – Por favor. – Murmurou.


– Já voltamos Jacob, nós de um segundo. – Alice falou na minha frente e começou a me guiar em direção à escada.

Me movi de acordo com o que ela coordenava, mesmo achando que nem se o homem mais influente do mundo aparecesse na minha frente eu iria ceder. Não tinha condições para esse tipo de evento idiota ou muito menos disposição.


Entramos no meu quanto ainda em silêncio e Alice fechou a porta caminhando para meu armário. Ela passou direto pelos vestidos e pegou um saia preta, uma camiseta branca com a bandeira dos Estados Unidos e um tênis para mim.


– Coloque isso. – Fiz que não com a cabeça e cruzei os braços. – Vamos, escolhi as roupas que você gosta, mesmo sendo saia e não um jeans velho. – Revirou os olhos.


– Tia, você sabe muito bem que não é isso. – Respondi.


– Resme, por favor. – Todo o semblante falsamente calmo desapareceu. – Eu preciso ao menos pensar que a sua vida não está desse jeito por causa do seu pai. – Ela morde o lábio inferior tão indefesa que sinto vontade de abraça-la. – Preciso acreditar que você se isola porque você quer... Não porque seu pai faz a sua vida um inferno.


– Minha vida não é um inferno. – Resmungo. – Tem gente que passa por coisas piores, como fome e...


– Resme, não é porque tem gente que passa por coisas “piores” que o que você passa se torna insignificante. – Balançando a cabeça, Alice caminha até mim e segura meus braços, na mesma hora, todos os centímetros a menos que ela tem parecem desaparecer e ela volta a parecer uma mulher grandiosa. – A situação aqui está feia. Por favor, apenas vá com o garoto, certo?


– Não quero...


– Eu sei, mas simplesmente vá! – Sua voz é tão cortante que não consigo dizer que não.


Por incrível que pareça, a todo um tom de alerta contido naquilo e imagino que muitas coisas passam pela cabeça de Alice, coisas que provavelmente me deixaria longe do meu pai.


Faço um sinal positivo com a cabeça e vou para o banheiro colocar a roupa que ela tinha escolhido, jogando uma jaqueta por cima e calçando meu tênis de todo dia.


Quando volto para o quarto Alice não está mais lá. Provavelmente está lá em baixo, com seu sorriso petrificado em seus lábios enquanto tenta fervorosamente agradar Jacob para que ele não saiba que vivemos em um “inferno”, como ela mesma diria. As coisas estão ruins, mas eu ainda consigo lidar com elas e não considero-as tão mal assim.


Desço as escadas e logo vejo os dois. Alice sendo um terço do que ela é sempre e agradando Jacob como pode, como uma mulher rica e bem criada, que nunca destrataria alguém mesmo com o mundo sob as costas.


Eu por outro lado permaneço com um rosto serio e de poucos amigos, torcendo para que Jacob perceba e me dispense. Infelizmente, nada feito. Assim que ele me vê, me da um de seus sorrisos de lado, o que me faz revirar meus olhos.

– Não precisa ficar com esse rosto Nessie, prometo que vai ser bom. – Faço que sim com a cabeça e paro ao seu lado. – E a propósito, você está bonita. – Mesmo chateada ainda, sinto minhas bochechas ficarem tingidas de rosa.


– Obrigada. – Respondo e olho para a minha tia. – Não vou demorar.


– Tudo bem querida, apenas leve o celular. – Tiro ele do bolso e balanço para ela ver que está comigo. – Vou ficar por aqui hoje, então avise quando chegar.


– Ta bom, até daqui a pouco. – Falo e bato a porta de casa. – Isso é uma péssima ideia. – Falo com Jacob assim que ficamos só nós dois.


– Não é não, essa é a oportunidade de você mostrar para todos que você é maravilhosa. É a oportunidade de eles te conhecerem de verdade.


– Jake, pare com isso. – Dou uma risada amarga. – Não quero que eles me conheçam bem, não faço questão. – Paramos em frente a um carro preto que eu suponho ser dele. – É seu?


– Sim, gosta? – Olho para o carro e dou de ombros, não sou muito boa nesse assunto.


– É bonito. – Jacob da uma risadinha e aperta o alarme do carro que destrava as portas.


– Percebo que o seu interesse por carro é grande. – Solta uma piadinha. – Vamos entre, temos um engarrafamento pela frente.


– Que animador. – Resmungo, mas quando olho para ele minha boca se desmancha em um pequeno sorriso.


– É animador sim, são alguns minutos a mais comigo, quer coisa melhor? – Ele balança as duas sobrancelhas e me faz soltar uma risada um pouco mais alta.


Bato a porta do carro e espero que ele de logo a partida. A noite não vai ser nada curta, isso é uma certeza.


(...)



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, o que estão achando? Esse Jake é um fofo né? hahahaha (quero um pra mim)
Mas tadinho do Edward, né? A vida dele nessa fic não será nada fácil, e ele vai precisar muito da ajuda da filha, mais ainda do que já tem.
Bom, obrigada pra quem ta lendo e deixando o comentário, eu e a Leka ficamos muito felizes mesmo.
Sejam bem vindos os leitores novos.
Beiijos. (Yasmim)