Depois De Um Final Feliz escrita por Gabi Alves


Capítulo 7
Humanos




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Entrávamos no shopping e o cheiro de humanos já começava a me invadir, era forte, mas dava para disfarçar.

Tia Alice ia entrando em uma loja, e me recusei a entrar.

– O que foi? – Ela me perguntou.

– Não é melhor deixarmos os vestidinhos e saias de lado? – propus.

– Vai vestir o que para ir á escola?

– Tia Alice... Pela primeira vez... Deixe-me escolher? – Eu sabia que esse era o ponto fraco dela. Ela nunca, nunca mesmo deixava alguém escolher. E recusar os conhecimentos de moda dela era o mesmo que tentar matá-la.

Para minha surpresa, ela concordou.

– Só hoje. – Eu sorri e comecei a andar pelo shopping “Enfim livre” Pensei.

Ignorei algumas lojas que minha tia quase chorou. Hoje minhas compras foram diferentes. Camisetas, calças jeans e tênis. Claro, que eu deixei tia Alice dar uma sofisticada nos acessórios. Mas estava bem mais normal do que de costume. Ela ficou em silencio enquanto eu escolhia, e seu respeito pela minha decisão me emocionou, dava vontade de dizer “Desculpa tia, pode escolher todas as minhas roupas!” Mas era melhor eu me manter calada.

Enquanto eu passava algumas blusas no caixa, um garoto que passou, olhou para mim. Retribuí o olhar, mas ele me encarou mais do que a cortesia lhe permitia. Quando ele percebeu que eu também o encarava. Ele corou.

– Nessie! – Tia Alice me deu um cutucão.

– Tá, já parei. – reclamei, e fui para a fila para pagar o estacionamento. Alguém me cutucou de leve nas costas e me virei para ver quem era. O garoto que havia me encarado atrás da loja. Um garoto um pouco mais alto do que eu, um cabelo liso jogado casualmente para o lado. Seus olhos claros me encararam.

– Te espero no carro – Tia Alice disse, saindo.

– Oi, prazer sou Zac – Ele estendeu a mão para mim. Apertei-a controlando a minha força o máximo que eu podia, hesitante.

– Qual o seu nome? – Ele me perguntou. Seu cheiro invadiu minhas narinas e prendi a respiração.

– Renesmee.

– O que? – Revirei os olhos para sua evidente descrença para meu nome.

– Pode me chamar de Nessie.

– Nunca vi você na cidade, Nessie – Ele disse me olhando atentamente.

– Me mudei há pouco tempo... Bom, preciso ir, Zac. – Comecei a andar.

– Espere – Ele me chamou – Pode me passar seu número de telefone?

– Ta bom – Entreguei meu cartão onde já havia meu numero escrito.

– Obrigado, agente se vê por aí.

– Tá bom, tchau. – Fui andando com pressa para o estacionamento.

Entrei no carro e bati a porta.

– Não devia sair distribuindo seu telefone para qualquer um – Resmungou tia Alice.

– È só um idiota qualquer – Dei de ombros. Ela riu.    

– Há coisas que você não sabe... Quando um garoto te pede seu telefone, ele provavelmente está te paquerando.

– Eu sei.

– Então porque está tão indiferente com isso?

– Os garotos humanos são idiotas. – Fiz uma leve careta.

– Quem te disse isso? – Tia Alice olhou para mim.

– Jacob.

– Só podia ser... – Ela disse rindo.        

– E se ele te ligar? – Ela perguntou.

– Eu tenho um celular, mas nunca o tirei da caixa... È provável que eu não atenda. – Eu disse rindo.

– Seria bom você ligar seu celular pela primeira vez... Agora que você vai para a escola, você vai ter amigos. E é assim que os adolescentes se comunicam.

– Como se comunicavam antigamente? – Perguntei.

– Cartas e funcionários que eram pagos para exercer a função de mensageiro... Não era muito agradável.

– Não devia ser... Bom, vou ligar meu celular hoje então... Tia, como que é a escola? – Não pude deixar de fazer a pergunta crucial. Além do que eu vira nos filmes e livros, eu queria saber como era a escola para um vampiro.  

– No começo é muito difícil... Jasper ainda está se acostumando, mas ele quase já perdeu o controle – Ela admitiu – Ele se esforçou muito... Por mim. – Seus olhos brilhavam enquanto ela falava do tio Jasper – Bom, iremos ás aulas sem chamar atenção, temos que ser discretos, quando eu prever que alguém irá olhar para a mesa na hora do almoço, nós nos comportamos como humanos...

– E como vai ser comigo, Seth e Jacob na mesa? Você não tem como prever se alguém vai olhar para nós.

Ela fez uma careta.

– Talvez eu tenha alguns vislumbres, mas as visões não serão seguras... Bem, eu não sei como vai ser.

A essa altura ela já estava estacionando perto de casa.  

– Eu acho que vai dar certo – Eu disse descendo do carro.

– Eu poderia saber se alguém não me incapacitasse – Ela disse com uma falsa careta para mim. Eu ri.

Corremos rapidamente para dentro de casa.

– Dessa vez vocês foram rápidas – Meu pai disse quando entrávamos.

– Nessie não me deixou escolher – Tia Alice disse ressentida.

– O que comprou? – Tia Rosalie perguntou enquanto já abria as sacolas.

– Onde está Jacob? – Perguntei procurando por ele.

– Foi se deitar – Minha mãe respondeu.

– Atá – Subi as escadas até o quarto dele.

Abri deliberadamente a porta, em silencio. Ele já estava dormindo. Sentei-me ao lado dele na cama, e fiquei o olhando dormir.

Jacob... Meu irmão de coração... Eu não sabia o que seria de mim sem ele. Ele era a única pessoa que me apoiava independentemente do que eu fizesse... Esforça-se tanto por mim...

Eu acariciei de leve seu rosto.

Ele dormindo parecia um menino, infantil, inocente... Meu amigo, tão importante para mim... Eu acho que não poderia viver sem ele.

Eu tocava levemente em seu rosto e ele despertou. Abriu os olhos e olhou para mim.

– Nessie... – Ele sussurrou.

– Desculpe por te acordar – Sussurrei.

– Não, tudo bem – Ele sorriu de leve. Sorri de volta.

– Só vim dizer Boa noite.

– Boa noite – Ele disse sonolento.

– Durma – Acariciei seu cabelo para ele voltar a dormir.

Ele deitou a cabeça em meu colo, e logo estava dormindo de novo.

Depois de um tempo precisei tirar a jaqueta de frio. Jake era muito quente e eu já estava suando.

Sua pele morena era tão linda, macia, assim como seu pelo de lobo. Eu ás vezes me perguntava como... Um lobo daquele tamanho cabia dentro de seu corpo – Não que Jacob não fosse grande, imenso na verdade.

Ouvi meu pai abrindo um pouquinho a porta do quarto de Jake.

– Já está na hora de ir dormir Renesmee... – Ele disse sussurrando.

– Tá bom – Eu deitei a cabeça de Jake no travesseiro e andei até meu quarto, com meu pai atrás.

Inesperadamente eu virei e o abracei. Ele me abraçou de volta acariciando meu cabelo. Antes que eu percebesse uma lágrima caiu de meus olhos. Meu pai se espantou.

– Por que está chorando? – Ele perguntou alarmado.

– Pai, porque eu sou diferente de todo mundo? Porque eu sempre tenho que ser A Exceção?

– Por que está dizendo isso? – Ele se sentou na cama ao meu lado.

– Eu não sou uma vampira. – Eu funguei – Eu não sou loba, nem humana, nem igual aos híbridos eu sou. O que eu sou então?!

– Você é Renesmee... Que é especial. Para mim e para todos. Você é encantadora, tão especial que é diferente de todos. Por isso as pessoas te amam tanto, por você ser do jeito que você é. – Meu pai disse olhando em meus olhos.

– Mas e se eu não quiser ser especial, pai? E se eu quiser ser igual a todo mundo?

– Ninguém é igual a todo mundo... Todos são diferentes... À sua maneira.

– Posso te pedir uma coisa? – Olhei para baixo.

– O que?

– Vocês podem parar de me tratar como se eu fosse de vidro?

– O que? – Meu pai estreitou os olhos.

– Parar de pensar que qualquer hora eu posso morrer. E a família inteira ficar excessivamente preocupada se eu vou morrer um dia ou não. Pararem de ficar me tratando como se eu fosse, sei la, doente.

– Doente? – Ele espantou-se.

– Você entendeu... – Eu dei de ombros. – Só quero que me façam sentir como se eu fosse normal... Por favor.

– Eu entendo... – Ele me abraçou. – Nós te tratamos assim, porque nós te amamos, e você é a coisa mais importante para nós.

– Não quero que deixem de amar, e muito menos que não me achem importante... Só... Quando forem se preocupar demais comigo, não me contem.

– Tudo bem – Ele respondeu. Meu pai foi mais compreensivo com meu surto de histeria do que eu pensava.


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