Annie se senta sobre sua cama e abre a gaveta da sua mesa de cabeceira, a qual há muito ela nem havia tocado. Haviam se passado dois anos, dois anos desde que a guerra acabara, desde que ele se fora. Neste meio-tempo, ela o continuava amando tanto quanto antes. Finnick.

Ela vive sozinha, apenas com seu filho, Mabel. O nome vem da palavra "amável" em latim - uma das principais características de Finnick e também do garoto, que havia puxado muito ao seu pai, em todos os sentidos. E Annie o ama tanto quanto Finnick, mesmo que como mãe, não como esposa.

Os olhos dela percorrem a gaveta. Nada ali, apenas um envelope o qual ela nunca havia visto antes. É endereçado à ela, Annie percebe. A caligrafia é de seu homem - mesmo morto, Annie continua considerando-o como vivo. Porque ele está vivo em seu coração. Porque ela ainda sentia seus braços em torno de seu corpo, o calor de seus beijos. Ele é o que a mantem sã. Ele e tudo relacionado a ele, aquilo que a lembra que havia uma realidade e que ela tem que continuar de pé, para fazer tudo pelo qual seu 'marido' lutou valer a pena.

Ela abre o envelope, retira o papel e desdobra-o cuidadosamente. Ainda tem o aroma de Finnick. Ele tinha um aroma forte, doce e marcado, não era algo que se esvairia tão facilmente. Annie começa a ler a carta:

" Querida Annie,

                Não sei se voltarei deste Massacre Quartenário. Não sei se algum dia vou voltar a te ver, e odeio não saber. Gostaria sim de saber, gostaria que a resposta fosse positiva. Mas os ventos de mudança estão chegando, algumas coisas que infelizmente não posso te dizer acontecerão. Vou fazer de tudo para me manter vivo por você, para voltar para você. Fique bem, meu amor.

              E caso eu não volte, caso eu parta para um lugar melhor, por favor, seja feliz. Nós iremos nos encontrar novamente. Continue forte. Essa luta contra a Capital tem que acabar, e vai acabar. Você vai ver o sol raiar em um mundo melhor, eu lhe prometo. Porque é isso que você merece.

             Eu te amo, Annie. Nunca se esqueça disso. Te amo com cada batida de meu coração e te amarei até quando ele parar. Mais que tudo. E se eu vencer, saiba que foi por você. Eu te amo tanto!

            Feche os olhos tranquila, pequena. Porque quando o sol raiar novamente, estaremos sãos e salvos.

Com muito amor, Finnick "

Annie sorriu, e seus olhos se encheram de lágrimas. Foi quando o pequeno Mabel entrou no quarto.

- Mamãe, pô que chola? - Ele pergunta com sua voz de criança. Tem apenas dois anos e é a criança mais bela do mundo, Annie pensa. Ela acaricia os cabelos cor de cobre do garoto.

- Não é nada, pequeno. - E lhe beija a testa. - Só... lembranças. - Mabel sorri e assente. Annie pega o filho no colo e coloca-o carinhosamente no berço. Ela canta uma música infantil com uma voz doce até ele pegar no sono, e então, vai se deitar.

O cobertor cobre seu corpo transmitindo uma segurança que não sentia há dias. Toda a luta não havia sido em vão, e Finnick ainda está com ela. Ainda a ama. Ela sente isso, é uma força estranha e incomum, mas ela está mais certa disso do que nunca.

E, antes de cair em um sono leve para o caso de Mabel precisar dela, Annie vê um homem jovem parado perto da janela. Ele não parece ser sólido, mas parece real. Então, ele sorri.

- Até mais, Annie. Eu te amo.

- Eu também te amo, Finnick. 

Então, o sono a atinge. E durante ele, ela pôde sentir doces olhos cor do mar a fitando com amor.