O Clube 5 escrita por marvinkira


Capítulo 16
O Duelo Final




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Quando entramos pela porta de ferro, ela rangeu, mostrando que era muito antiga. Joseph nem se moveu de onde estava, mas pudemos ver o resto do local. Parecia uma antiga capela, era grande, mas nem havia sinal de um crucifixo. Na verdade, a única coisa se havia naquele cômodo era bastante espaço, o altar no centro que ao mesmo tempo era a parte mais alta dali e dois corpos caídos no chão, decapitados. O mais próximo de Joseph estava perto do altar, o que deveria ter sujado-o com sangue.

-Bem vindos ao meu humilde laboratório. – Joseph disse rindo.

-Laboratório? – Lilith perguntou surpresa.

-É aqui que crio meus servos, a união do sangue humano e neófito, em um controle de infecção e certo vício por parte dos servos. – Joseph sorriu limpando o sangue da espada que estava ao lado dele – E então, o que querem de mim?

-Seu pai tirou a vida do meu, acho que é justo eu tirar a sua. – Lilith disse – E sua namorada tirou a vida do pai do Tiago, ele também quer uma doce vingança.

-A vingança move nações. – Joseph comentou rindo – Bem, a única coisa certa a se dizer em um momento desses é que se quiserem, venham buscar. – ele riu guardando o pano que limpava a lâmina da espada no bolso.

-Desgraçado! – eu tentei correr na direção dele, mas Lilith me segurou.

-Calma, temos que atacá-lo juntos. – ela disse e se virou para Eduardo, ainda transformado – Essa guerra não é sua, sua ajuda foi de grande valor, mas acho que seus familiares não vão gostar de te ver ajudando vampiros.

-Vocês são diferentes. – Eduardo disse, voltando a forma humana – E esse cara tem um preço alto entre os Transmorfos, se eu matá-lo, serei respeitado entre meus irmãos.

-Respeito não passa de idiotice na nossa raça. – uma voz surgiu na outra extremidade do local. Havia várias portas circulando o laboratório de Joseph, dando acesso ao local. Foi da porta atrás de Joseph que surgiu a voz e logo o dono dela surgiu, era um homem de uns trinta anos, cabelos grisalhos, pele parda, quase branca e olhos negros – Olá Costa, estive esperando pelo seu pai, mas como a neófita disse, os filhos pagam pelos pecados dos pais.

-Almeida! – Eduardo disse quase em um grunhido – Seu verme!

Dois lobos corriam na direção um do outros agora. Eduardo havia se transformado tão rápido que eu nem percebi, só o via na minha frente agora, correndo em forma de lobo negro. O outro lobo era cinza com alguns pelos brancos. Os dois começaram a se morderem, entre grunhidos e latidos.

-Bem, agora que consegui uma distração para o seu pequeno lobo de estimação, podemos nos concentrar na nossa luta. – Joseph disse sorrindo. Ele pegou a espada e a brandiu no ar, apontando-a na nossa direção. – Quem será o primeiro?

-Vamos juntos. – Lilith disse, fazendo sinal para eu segui-la. Eu corri junto com ela e na hora de atacá-lo, atacamos ao mesmo tempo, mas Joseph se defendeu do ataque, apenas rindo e pulando para trás.

-Que isso? Pensei que fosse capaz de fazer algo a mais. – Joseph disse sorrindo.

-Desgraçado! – eu disse e corri na direção de Joseph, que apenas desviou do meu inútil golpe de espada, dando-me um chute tão rápido e forte na barriga que se eu ainda respirasse, perderia todo o ar do corpo, mas isso não impediu o fato de eu sair voando para trás.

Eu senti alguma coisa me segurando para não bater na parede. Era Lilith. Ela me deu um cascudo na cabeça e disse:

-Temos que atacá-lo juntos, não caia nas armadilhas dele, idiota. – ela disse com raiva.

-Desculpe. – eu disse, sinceramente, com um pouco de medo e vergonha.

-Vocês formam um lindo casal. – Joseph sorria – Mas se ficarem esperando muito, eu terei que atacá-los.

-Ele é mais rápido que nós dois juntos. – Lilith disse para mim, encarando Joseph nos olhos – Fique de olhos abertos e não se afaste de mim.

-Certo. – eu concordei.

-Parece que vocês têm um plano. – Joseph disse sério pela primeira vez desde que chegamos lá – Então terei que lutar a sério agora.

Ele veio correndo tão rápido, que a única coisa que eu percebi foi o barulho da lâmina da espada dele desferindo um golpe na minha direção e por puro reflexo, e um pouco de sorte, eu consegui me defender com a minha espada.

Nessa hora Lilith desferiu um golpe contra Joseph, cortando a manga da camisa dele. Joseph se afastou de nós dois.

-Parece que não poderei lutar com os dois juntos. – ele disse olhando o corte que Lilith fez na camisa – Foi por pouco. – ele riu em deboche.

-Vem aqui de novo e da próxima eu acerto. – Lilith respondeu sorrindo.

Joseph parou de sorrir na hora e se virou na minha direção.

-Sabe de uma coisa, eu não iria fazer isso, mas só por diversão, eu vou matar sua prima, qual é mesmo o nome dela? Blair? – ele disse sorrindo maliciosamente – Mas não estou certo se eu a mato, ou se a transformo para ser minha escrava, que decisão difícil.

-É um truque. – Lilith me disse. Mesmo assim, era difícil me segurar. Blair era a única família que eu possuía agora.

-Bem, seu pai era tão fraco que nem teve graça matá-lo, espero que sua prima seja mais durona que ele. – ele sorriu com aquele jeito malicioso, olhando-me nos olhos.

Para mim, aquele foi o limite. Consegui me safar dos braços de Lilith, que tentava me segurar para não avançar em Joseph. Nesse instante o tempo parou. Eu corri na direção dele, Joseph estava parado no mesmo local. Nossas espadas se colidiram e Joseph me deu uma banda, fazendo com que eu caísse com tudo no chão. Ele apontou a espada na direção da minha cabeça, iria me decapitar ali mesmo.

Foi então que eu vi a sombra de Lilith surgindo e parando o movimento da espada de Joseph com a dela. Joseph pelo que parecia era mais forte que Lilith também. Com força bruta, ele tirou a espada de Lilith da mão dela, jogando-a para o lado. Lilith me pegou e jogou na outra direção, enquanto Joseph encravava a espada no peito dela, imobilizando-a.

-Não! – eu gritei.

-Tarde de mais. – Joseph pegou minha espada que estava caída no chão, aos pés dele – Uma namorada pela outra. Diga adeus a Grimson.

Eu iria perder Lilith, assim como perdi minha mãe, meu pai e agora Lilith. Eu era fraco e inútil, não salvei meu próprio pai, minha mãe morreu por minha causa e agora, a pessoa que tinha tirado minha vida tediosa, que tinha mudado minha vida para sempre, iria morrer por minha causa também. Isso me fez pensar na oferta da Besta.

Minha cabeça começou a doer e eu urrei de dor, o que chamou a atenção de Joseph, que parou na hora a execução de Lilith. Ele me encarou boquiaberto.

-Mas, o que está acontecendo? – Joseph perguntou.

Nem eu sabia. Mas a dor havia sumido do mesmo jeito que surgiu. E todo o meu corpo parecia novo em folha, eu me sentia super poderoso, parecia que tinha acabado de me alimentar com sangue. Mas não era a Besta, eu tinha controle sobre o meu corpo ainda.

Joseph largou Lilith ali mesmo, com a espada ainda encravada no peito e veio correndo na minha direção. Mas diferente de antes, eu podia até vê-lo correndo, parecia uma pessoa normal, um humano correndo. Ele pulou na minha direção, pronto para me atacar com a espada, mas estava lento de mais. Eu apenas desviei de seu golpe e dei um soco com toda minha força no rosto dele, fazendo com que Joseph voasse longe e atingisse a parede, quebrando-a e entrando no outro cômodo. Ouvi um choro de cachorro nesse cômodo, a luta de Eduardo estava ocorrendo ali.

Andei até Lilith e tirei a espada do peito dela. Ela me olhou assustada.

-Tiago, é você? – ela me olhava intrigada.

Como assim se era eu? Olhei pela parte limpa da lâmina da espada de Joseph. O meu reflexo emitido pelo metal mostrou dois olhos completamente vermelhos, os olhos da Besta. Por isso a pergunta de Lilith. Mas eu estava no controle.

“Nós dois somos um só agora.” – ouvi a voz da Besta – “Você era tão fraco, digno de pena e iria morrer. Se morresse, eu morreria também. Por isso me uni a você.”

-Sim, sou eu. – respondi a Lilith – A Besta disse que se uniu a mim.

-Nossa. – ela me disse com os olhos arregalados – Como você se sente?

-Super bem. – eu respondi, mas um cheiro conhecido ainda estava na outra sala – Tenho que ir. Fique aqui e se recupere.

Corri na direção do buraco que Joseph havia feito. Era um enorme lago de esgoto. Era largo e não muito fundo, mas alto o bastante para três pessoas ficarem em pé, uma em cima da outra.

O que eu vi foi um pouco estranho, pois o local era escuro e a Besta enxergava tudo em vermelho no escuro. Mas pude ver um lobo de pelos escuros correndo na direção de Joseph. Era Eduardo. O outro Transmorfo estava caído com a cabeça virada para trás. Almeida estava completamente acabado.

Joseph estava meio perdido no escuro. A única luz desse local era a da entrada. Corri junto com Eduardo na direção de Joseph. O olfato dele era muito melhor que os dos vampiros. Quando Eduardo pulou em cima dele, prendendo-o no chão, eu finalizei, cortando a cabeça de Joseph, que gritava e mostrava os dentes pontudos para Edu, com a própria espada dele.

-Isso foi pelo meu pai. – eu disse cuspindo na cabeça decapitada de Joseph, que rolou água adentro.

“Eu disse que formávamos uma equipe e tanto” – a Besta ria – “Agora eu não vou fazer mais nada por você”

O salão se tornou completamente escuro para mim. Segui com Eduardo ainda transformado em lobo para fora dali e nos encontramos com Lilith no laboratório. A camisa dela estava com um enorme buraco feito pela espada e seu sutiã aparecia.

-Temos que ir andando. – ela disse, ao ver eu e Edu surgindo – A polícia está aqui em cima, Jamie acabou de me avisar. Eles limparam lá em cima e vão selar o esgoto. Temos que correr, isso vai voar pelos ares em menos de cinco minutos. A saída eu sei onde é. Sigam-me.

Eu, Edu e Lilith corremos pelo caminho que usamos para chegar até o laboratório de Joseph. Quando chegamos à bifurcação, pegamos o caminho da esquerda, quando um forte som de explosão surgiu e uma enorme chama surgiu atrás de nós. Estávamos a poucos metros do buraco que dava saída ao túnel, quando saltamos para a saída, junto com a explosão.

Caímos no mar. As ondas estavam muito fracas e era a praia do Flamengo. Nadamos até a areia e olhamos um para a cara do outro. Os cabelos de Lilith quase atrapalhavam sua visão.

-E agora. O que vai acontecer? – perguntei para ela.

-Só o tempo nos dirá. Mas o que eu quero saber é o que você vai fazer agora? – ela me olhava com uma sobrancelha erguida.

-Estava pensando no que fazer, meu pai está morto, não sei se poderei enterrá-lo, mas o que eu mais quero fazer é estar com a minha única família que restou, Blair. Vou contar a verdade para ela. – eu disse.

-Blair vai entender, ela é forte. – Eduardo disse – Eu tenho que ir.

-Mas você está pelado! – eu disse percebendo agora.

-É. Irei em forma de lobo. – ele disse.

-E não vão ver um lobo enorme andando pela rua? – perguntei.

-Humanos até agora nunca viram os vampiros e os transmorfos. Eu irei tomar cuidado, irei pelos telhados. – ele disse se afastando da gente rapidamente.

-Ele está com pressa. – eu comentei, levantando.

-Ele fica assim quando fala da Blair. – Lilith comentou.

-Como assim? – perguntei.

-Se nosso maior rival se tornou nosso aliado, achei que seria melhor te contar logo, ele gosta dela pelo que parece. – Lilith disse entre ombros.

Eu fiquei com a boca aberta com essa notícia. Lilith riu com minha reação.

-Vamos indo, irei com você, talvez Blair tenha certa confiança em mim. – ela disse.

-E ela não confia em mim? – perguntei.

-Não é isso. Uma mulher vampiro como exemplo, pra ela acreditar. – Lilith disse.

-Entendo. – eu disse – Mas ela já desconfia de mim faz tempo. Ela deve saber só espera que eu fale. Mas será um choque muito grande, ao mesmo dia dizer que meu pai morreu e que sou um vampiro. Ela suporta isso?

-Como Eduardo falou, Blair é forte. – Lilith disse – Mas é melhor você confiar nela, pois a decisão é sua, e se ela se tornar uma ameaça para nossa raça, teremos que caçá-la.

-Certo. Eu cuidarei dela. – eu disse coçando a cabeça.

-Vamos. – Lilith disse ficando em pé também – Tiago.

-O que? – perguntei.

-Você tem sorte, mesmo quando o mundo parece acabar você tem uma esperança. – ela disse sorrindo.

-Obrigado. – eu disse sem entender muito.

Mas logo entendi, Lilith se jogou em meus braços e me beijou pela primeira vez. Não demorou muito, foi sujo e com areia na boca, mas foi um primeiro beijo incrível.

-Certo. Agora vamos passar lá em casa primeiro que quero tomar um banho e trocar de roupa. – Lilith disse.


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