Destino escrita por Callye Hiver


Capítulo 9
O pior pesadelo se realize


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM GENTE! DESCULPEM DESCULPEM DESCULPEM! Eu sei que demorei demais pra postar, mas entendam... ultimamente estou muito corrida >< Por favor, me desculpem mesmo. Mas pra compensar o cap ficou bem grandão :3



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Misaki acordara. Seus olhos doíam e estavam um pouco inchados por ter chorado até adormecer. Olhou por sua janela e percebera que já era de noite.

E que, fora isso, tinha transformado-se em Fuaky.

Lembrou-se, então, de que havia brigado com Rin, e...

Que Amaymon havia lhe beijado.

Apertou levemente Kumagoro, seu coelho de pelúcia.

- Rin, gomen... gomen... – Misaki fechou os olhos e lágrimas rolaram por suas bochechas. Não queria estar brigada com ele... e não queria que ele estivesse com raia dela...

Suspirou.

Era um suspiro triste.

- Kumagoro... você acha que eu devo ir me desculpar com o Rin...? – Perguntou, olhando para o brinquedo, como se ele realmente pudesse responder-lhe. – Mas... e se ele não quiser falar comigo...? – Ela abaixou as orelhas de gato. – Ele provavelmente está com muita raiva de mim... não vai querer me ouvir...

Ela enterrou o rosto no travesseiro, triste. E, como se Kumagoro pudesse falar, ela levantou-se abruptamente, fitando-o.

- Espera... você acha que ele vai me ouvir? H-honto...? – Ela começou a balançar levemente sua cauda de lobo. Mas e se ele-- tudo bem, tudo bem... eu vou falar com ele. – E, então, levantou-se da cama num pulo. Limpou os olhos lacrimejantes, mas eles continuaram inchados. Sem arrumar seu cabelo ou ajeitar as roupas, ela saiu do quarto. Como só tinham o Rin, Yukio e ela naquele dormitório, não ocupou-se em esconder a forma Fuaky.

Ela andava muito lentamente. Estava um pouco preocupada com a reação dele... definitivamente, tudo que havia lhe dito eram da boca pra fora. Não odiava-o... não conseguiria.

Mesmo que nunca admitisse, achava o Rin uma pessoa realmente incrível.

Logo, chegou em frente ao quarto dele. Respirou fundo.

Estava silencioso.

Será que ele está ai?” pensou.

Respirou ainda mais fundo.

Calmamente, sutilmente, ela bateu na porta com os nós dos dedos.

- Quem é? – Perguntou uma voz de dentro do quarto, fazendo suas pernas começarem a tremer.

Era o Rin.

- S-sou eu... – ela demorou alguns segundos para responder. Sua voz era tímida e baixa. Um pouco melancólica. – Misaki... – sua voz, agora, foi quase inaudível.

O quarto se silenciou por uns dois minutos.

Foram os minutos mais longos da vida da morena.

Então, ela ouviu a porta ser destrancada.

- Misaki? – Os olhos do garoto também pareciam um pouco inchados, mas menos que os dela. Seu cabelo estava completamente despenteado. – O que quer? – Não era possível dizer se sua voz era triste ou irritada.

- E-eu... – ela olhava para o chão. Não conseguia encará-lo. – É que—

- Fuaky? – Ele interrompeu-a, vendo as orelhas e cauda, e as mechas do cabelo. Ele, então, percebera que ela estava triste. – M-Misaki...? O que foi...? – Perguntara ele, apenas para ter certeza se não era outro motivo.

Ela não respondeu. Na verdade, recomeçou a chorar.

A morena correu em sua direção e pulou em cima dele.

- C-C-CALMA! – Ele deu alguns passos para trás e acabou caindo em cima de sua cama, com a garota chorando em seu peito.

- R-Rin... gomen! – Ela abraçou-o com mais força. Levantou a cabeça e o encarou, mas quase não conseguia enxergá-lo por causa das lágrimas. – E-eu não queria que o A-Amaymon me beijasse – começou a contar, entre soluços. – E-ele me beijou... e v-você viu... mas eu não... não queria beijá-lo... – mais uma vez, ela enterrou o rosto em seu peito. – O-onegai... me desculpe...

Rin fitou-a por um momento.

- Ei... Misaki... – ele colocou a mão entre as orelhas dela, o que a fez erguer o rosto novamente

Ele, então, sentou-se, deixando-a ajoelhada em frente a ele.

- Não chore... – ele limpou suas lágrimas. Então, a abraçou.

A outra ficou surpresa com o gesto. Lentamente, ela o abraçou, também.

- Misaki... sou eu é quem lhe deve desculpas. Eu é que agi daquela forma quando vi vocês se beijando. Não quis te ouvir falar... – ele fazia cafuné na garota enquanto falava. – Me desculpe.

Ela abaixou as orelhas.

- Está tudo bem, Rin... também é culpa minha... – ela apertou o abraço.

E, então, eles ficaram ali, abraços, por alguns minutos.

- E-então... – ele a soltou e ficou encarando-a. – Já que... nos resolvemos... será que você iria ao baile comigo...? – Ele abriu um leve sorriso.

Ela fitava-o. Respirou fundo.

-  H-ha—

- Ah, antes de me responder... – começou ele, cortando-a. – A sua opinião sobre o Amaymon mudou?

- R-Rin, de novo com isso...?

- Me responda... – ele parecia sério.

Ela suspirou.

- Não.

Rin ficou sério.

- Misaki...

- Rin! Me diga o porquê de você odiá-lo tanto assim!

- Acho que você não vai mudar de opinião mesmo se eu falar...

- Diga logo – ela estava séria.

- Ele é filho de Satã, também – falou.

- Sim, eu já sei disso...

- Misaki... ele não é um demônio como eu... ele é mau...

- Como você pode ter tanta certeza?

- Porque... é que... AAH – ele colocou as mãos na cabeça. – Apenas confie em mim.

- Gomen Rin... mas não posso confiar em você se sequer tem uma justificativa.

- Bom... então... – ele levantou-se da cama. – Acho melhor não irmos ao baile. – Ele abriu apontou para a porta, num gesto para ela sair.

Ela mexeu a cauda, irritada.

- Certo. – Ela levantou-se, irritada, e saiu. Mas, ao invés de voltar para seu quarto, decidiu procurar Amaymon.

Ou era o que ela queria que fosse.

Misaki estava encostada em uma árvore.

A mesma árvore.

Fechou os olhos, tristemente.

Ela já estivera ali...

No seu primeiro dia na Seijuuji.

Quando Rin a viu.

Quando ele descobriu sobre sua forma Fuaky.

Quando ele não deixara que ela chorasse.

E...

“Baka. Quer saber? Meu pai, a pessoa que eu digo ser meu verdadeiro pai, não importando o sangue, é um padre. O padre Shiro Fujimoto. Ele morreu na minha frente. E a culpa é minha. E eu não estou me culpando por ele ter morrido na minha frente... a culpa é realmenteminha. Se eu não tivesse gritado com ele, aquele velhote ainda estaria vivo.”

...quando ele a confortara como ninguém.

- Rin... – sussurrou, para si mesma.

Ela definitivamente não queria estar brigada com ele... mas não podia simplesmente aceitar o que ele queria que ela fizesse sem um motivo concreto.

Algumas poucas lágrimas rolaram com suas bochechas, novamente.

- Droga... de novo? – Ela tentava limpá-las com a manga de sua jaqueta, e então, sentiu uma mão em seu ombro.

Rin?

Virou-se rapidamente e...

- Misaki? O que faz aqui? – Era Amaymon. Ele agachou-se ao seu lado.

- Ah... y-yo Amay... – ela voltou a fitar o céu estrelado.

- Já é tarde para estar aqui fora a essa hora, não acha?

- Não.

- Mas-- - ele parou de falar agora que finalmente tinha notado as orelhas e a cauda dela. Sussurrou para si mesmo: - Fuaky... – e abriu um sorriso estranhamente largo.

- Disse algo? – Ela voltou a olhá-lo. O sorriso dele desfez-se no mesmo instante.

- N-nada! É que... ahn... o Mephisto me falou sobre essa forma Fuaky... – riu, meio nervoso.

Ela abaixou as orelhas.

- Entendo... – e enterrou o rosto nos joelhos.

Eles, então, ficaram em silêncio por alguns minutos.

- Ei, Misaki... você está bem...? – Ele tocou sua orelha.

- N-não toque! – A morena levantou a cabeça rapidamente, mexendo a orelha tocada involuntariamente, arrepiando-se.

- Gomen – ele riu. – Hey, diga-me... o que aconteceu?

Ela suspirou.

- Só outra briga com o Rin, não é nada...

- Se não é nada então porque está aqui, com essa cara tão triste?

A morena abaixou suas orelhas, sem respondê-lo.

Amaymon a abraçou.

- Olha... o Rin é apenas um idiota que me odeia. Não ligue para o que ele diz ou acha. Não fique chorando por ai por causa dele... você merece gente melhor – e sorriu.

- H-hai... – ela o abraçou também. – A-anou, Amaymon... lembra quando você me convidou para o baile...? – Seu rosto corou levemente quando mencionou o baile.

- Sim...?

- É que e-eu... etto... – ela estava respirando rápido. Algo em sua consciência dizia para não fazer isso, que seria um erro... que, realmente, deveria escutar Rin.

Mas seu orgulho gritava mais.

- Sim...? – Essa fala teve um singelo tom de esperança.

- E-eu... – “Não...” - ...q-quero ir com você... – “Idiota... você não pode fazer isso com o Rin...

- H-honto? – Ele se afastou um pouco dela, sorrindo.

Não faça as coisas sem pensar! Diga que não!

- H-hai... – ela estava corada.

Amaymon deu-lhe um beijo rápido, fazendo-a corar bastante.

- Que bom... – sorriu.

- É-é... – ela deu um sorriso torto.

- Bom, agora... por favor, vamos voltar até o dormitório... – o de cabelos verdes levantou-se e, segurando as mãos da garota, a levantou também. Logo, começaram a andar na direção do dormitório feminino.

- M-matte! – Disse a outra, fazendo-o parar. – Eu não fico nesse dormitório... ele está lotado...

- Onde você fica, então?

- N-no dormitório masculino antigo... – ela abaixou as orelhas, corada, apontando para o prédio.

- ...Ah... – exclamou o garoto, sem animação. – Vamos, então. – E ambos andaram até lá.

Amaymon, então, levou-a até a frente de seu quarto. Antes de entrar lá, Misaki pôde ver que Rin já havia ido dormir, pois a luz de seu quarto estava desligava.

Será que fora a poucos segundos?

Ou será que fora após a segunda discussão deles?

Talvez ele apenas tivesse desligado a luz para fingir estar dormindo, para que a garota não o incomodasse novamente...

Mas ela não queria descobrir.

Na verdade, tinha medo.

Medo de ele estivesse fingindo para Misaki não falar com ele.

Medo de que ele estivesse com ainda mais raiva dela.

Medo de, talvez, encontrá-lo chorando...

Por causa dela.

- Pronto – falou Amaymon, interrompendo seus milhares pensamentos daquele instante.

- A-ah – ela sorriu. Sua forma Fuaky já havia sumido. – A-arigatou – agradeceu. – Até amanhã, então.

- Até... – ele sorriu, abrindo a porta do quarto dela.

Ela sorriu gentilmente, mas parecia um sorriso um tanto forçado, e entrou no quarto, fechando a porta.

Desabou em sua cama e abraçou Kumagoro.

- Pedir desculpas para o Rin não foi exatamente uma das melhores ideias do mundo... – contou ao coelho, fitando o teto. – Por quê? Bem... nós nos entendemos de início, estava tudo bem... e eu iria ao baile com ele novamente – ela abriu um sorriso gentil. – Mas... – seu sorriso, agora, transformou-se em um rosto sem expressão. – Brigamos novamente... por causa do Amaymon. Ahn? Você acha que eu estou errada em ainda confiar nele? Você também? – Ela ergueu o coelho acima de seus olhos, encarando-o como se fosse um ser vivo. – Você também está do lado daquele... idiota? Vai dizer que não irá mais dormir comigo... ah, obrigado, ao menos isso – e, falando isso, encerrou a “conversa” com o brinquedo.

Dia do Baile de Gala

Era o dia do baile. Não teriam aulas naquele dia.

O dia estava azul, mas levemente nublado. O sol era fraco.

Era o tipo de dia que Misaki adora ver ao acordar.

Era um dia de outono.

Não muito frio, e nem muito quente.

Um dia bom para ficar deitada na cama.

A morena dormia silenciosamente. Ela abraçava seu bicho de pelúcia, cujo qual não conseguiria dormir sem. A coberta estava puxada até a altura de seu nariz.

Era costume da garota, afinal, cobrir quase o rosto inteiro quando dormia.

Mas, tinha algo de diferente de quando ela costuma acordar...

- R-Rin... – começou a falar a morena, baixinho, sonhando. – Não... vá... – enquanto dizia, suas orelhas  de Fuaky mexiam-se.

Fuaky?

Ela nunca havia acordado nesse modo.

Exceto, é claro, nas semanas após ter transformado-se nisso.

Quando tinha pesadelos costumava acordar sempre no modo Fuaky.

Mas, é claro, apenas pesadelos horríveis, que poderiam fazê-la chorar.

- Rin... m-matte kudasai... – continuava, quase inaudivelmente. – Por favor... não vá... e não... me deixe... – a ponta de sua cauda agora era vista também, mexendo-se, fora das cobertas. – Estou sozinha... eu quero... estar com você... Rin, aonde você está indo...? R-Rin...! Rin...! – Sua voz ficava mais alta e medida que pronunciava o nome dele. – RIN! – Chamou, gritando, e levantando-se abruptamente. Seus olhos estavam lacrimejados. Sua respiração era rápida e alta.

Lentamente, sua respiração voltava ao ritmo normal. Limpou as pequenas lágrimas que estavam presas em seus olhos com as costas da mão.

- Um... sonho...? – Perguntou retoricamente a si mesma. – Não... não foi um sonho. Foi um pesadelo. E... – ela fez uma pausa. – A minha realidade... – ela abaixou as orelhas e deitou-se novamente.

Ela não podia dormir o dia todo...

Mais cedo ou mais tarde, acabaria encontrando-se com Rin.

Se não o visse no dormitório, o veria no baile.

- Não... ele não tem acompanhante... – falou a si mesma.

Não. Ele chamou a Shiemi.

Shiemi...

A garota fechou os olhos, bufou, e os abriu novamente.

Misaki definitivamente não gostava daquela garota...

Mas... não tinha prova de que ele havia chamado ela...

Já fazia dois dias que eles haviam brigado no quarto dele. E desde então, nunca mais se falaram. As vezes, se viam nos corredores. Ou ao menos sentiam a presença um do outro, pois, na verdade, sequer se olhavam.

Respirou fundo.

Tinha o dia todo para poder descansar ali, afinal o baile seria só a noite... se dormisse não sentiria fome. Poderia comer no baile.

Abaixou suas orelhas.

- O que você está fazendo, Misaki? – Perguntou a si mesma, rindo amargamente. – O que é isso? Está fugindo de um garoto? Evitando-o? Desde quando você é esse tipo de pessoa? – Ela riu novamente. Suspirou. – Levanta logo daí, idiota – e o fez.

- Nyaah, que horas será que são...? – Falou ela, saindo do banho, enxugando os compridos cabelos. Sua forma Fuaky já havia desaparecido.

Já estava trocada, faltava apenas secar seu cabelo. Olhou para o relógio. Faltava apenas meia-hora até o baile. Chegou até a frente do espelho e viu-se. Era a primeira vez que usava um vestido longo. Passou as mãos pelo comprido cabelo. Sorriu. Ela se parecia com a protagonista do livro Fallen, tirando pelos olhos.

A garota saiu de seus devaneios quando ouviu alguém bater na porta. Andou em direção até ela e a abriu.

Era Amaymon.

- Pronta? – Perguntou ele, sorrindo.

- H-hai – respondeu, um pouco corada. – Demo... o baile não é daqui meia-hora...?

- Eu quis chegar mais cedo... mas parece que ainda faltar secar o seu cabelo né?

- Ah, iie – ela sorriu. – Meu cabelo seca sozinho.

- Ah, tudo bem. Bom... então vamos? Pode faltar meia-hora, mas já tem algumas pessoas por lá – ele sorriu e segurou a mão dela.

- D-daijoubu – a morena estava levemente corada, segurando a mão dele.

Quando saíram do quarto, encontraram-se com Rin.

E sua acompanhante.

- Aah, yo Misaki! – Sorriu a loira de olhos verdes.

A morena coçou a cabeça.

- Oi Shiemi – disse, num tom de mau-humor.

- Hm? Olá, Amaymon... – disse ao outro, mas com um tom de medo.

- Shiemi... – ele sorriu, e logo fitou o moreno por um tempo. – Rin...

- Amaymon – disse, com mais mau-humor do que a outra havia cumprimentando sua parceira.

Ele e Misaki não se olharam.

- Ah... bem... v-vamos para o baile, então? – Perguntou Shiemi, tentando soar numa forma animadora. A loira era otimista demais.

- Vamos – disse Amaymon, logo segurando a mão da garota. Rin fez o mesmo com a parceira. Ele e Misaki estavam o mais longe possível um do outro.

Logo, depois de alguns minutos andando – e de alguns selinhos que Amaymon roubava de Misaki, o que ele parecia fazer apenas para provocar Rin -, eles finalmente chegaram ao baile. Logo, os dois casais despediram-se, cada um indo para um lado do salão. Mesmo da mesa onde Rin e Shiemi estavam, ainda era possível ter uma visão da mesa onde Amaymon e Misaki estavam, mesmo que fosse bastante longe.

- Ei, Misaki... – disse o de cabelos verdes. – Está tudo bem?

- Eh? Como assim? – Perguntou ela, enquanto passava a mão pelos compridos cabelos, agora secos, desde a franja até as pontas, ajeitando-o.

- Você e o Rin.

- Ah... – disse, um pouco baixo, olhando a mesa. – O que tem ele?

- Bem... vocês nem se cumprimentaram, sequer trocaram alguma palavra – disse ele, apoiando sua cabeça na mão, entediado.

- Não é nada demais – disse, um pouco amarguradamente, porém, com um leve tom melancólico.

O outro deu de ombros.

- Ei, mudando de assunto... você quer dar uma volta? – Deu um sorriso, mas que parecia um tanto... assustador.

- Eh? Ah, bem... por que não? – Deu um sorrisinho, ignorando o fato do sorriso levemente psicótico do outro, achando ser coisa da sua imaginação. Logo ambos se levantaram e começaram a andar.

- Sei de um bom lugar pra... ver as estrelas! – Disse, dando uma pequena pauso antes de falar pra que era esse lugar. A outra assentiu, e logo seguiu o demônio, que andava em direção a uma pequena floresta que tinha ali.

- Rin? O que foi? – Perguntou Shiemi, com sua voz calma, porém um pouco preocupada, vendo que, de repente, o garoto ficou meio agitado.

Ele nada respondeu. Apenas seguiu com seus olhos – que estavam arregalados – Misaki e Amaymon seguirem pela floresta, até se perderem por entre as árvore. Então, sua feição mudou de surpresa, angústia e aflição para raiva.

- O que aquele idiota vai fazer com ela...

- Q-quem vai fazer o que com quem? – Perguntou a loira, olhando na direção onde o moreno também olhava, mas sem entender nada, então, quando ele bateu na mesa e levantou-se, ela se assustou.

- Shiemi... fique aqui. Eu não vou deixar o Amaymon fazer nada com a Misaki! – Disse em u tom alto, porém, de um jeito que apenas ela fosse escutar, e então, ele correu na direção de seu dormitório.

- RIN! AONDE VOCÊ VAI?! – Gritou ela, ainda sem enteder.

- EU PRECISO PEGAR UMA COISA – disse, e então, sumiu na escuridão.

- Bem... onde é esse lugar, Amaymon? – Perguntou a morena, sorrindo, enquanto segurava o vestido um pouco alto, já que era a primeira vez que usava algo tão comprido e estava com medo de pisar.

- Estamos quase chegando... – disse, sorrindo, olhando para frente. Seu sorriso ainda era um pouco assustador, e as presas de demônio não ajudavam a acalmar os ânimos.

Logo, ambos chegaram até uma clareira.

- Venha logo, Misaki! – Disse o outro, com um tom de irritação em sua voz, segurando o braço da garota (que estava um pouco atrás, tomando cuidado com o vestido) com um pouco de força e puxando-a.

- A-AMAY! C-CALMA! – Disse ela, se assustando com o gesto e tom de voz do outro.

Ele quase  jogou no meio da clareira, o que a deixou meio irritada.

- EI! MAS QUE DROGA FOI ES-- - ela foi interrompida pelo intenso beijo que ele lhe dado. A garota arregalou seus olhos com isso.

Ele estava a beijando de língua.

Porém, o beijo durou apenas uns oito segundos. Quando ele se soltou dela, seu sorriso psicótico havia desaparecido, e então, um gentil sorriso voltou a brotar em seus lábios.

- Desculpe por isso – disse, referindo-se ao braço dela. – Está doendo?

- N... n... – ela queria dizer que não, que aquilo só havia a deixado irritada, mas não conseguia. Estava muito vermelha e muito surpresa com aquele beijo. Ela colocou a mão nos lábios, trêmula.

E então, ela parou de tremer e seu nervosismo foi embora, e no lugar disso, foi preenchido o medo, logo após ouvir uma voz, um sussurro inaudível talvez, de outro alguém, que não ppudesse identificar, mas que tivesse medo de saber quem era.

Lentamente, a morena virou-se para trás. Ela viu um lobo branco – algo que era estranho ali -, recoberto de...

- C-chamas... a-azuis... – gaguejou ela, fitando o animal. – Amaymon... p... por que ele não queima...? – Perguntou, com medo da resposta. Então, ela sentiu que seus braços haviam sido presos pelo garoto.

- Bem... só achei que... – ele se aproximou do ouvido da garota, e sussurrou: - Você quisesse conhecer meu pai.

Ela engoliu em seco com as palavras.

Satã.

Ele estava ali, diante de seus olhos, o maior demônio de todos.

- Então... é ela a tal Fuaky que você me falou? – Perguntou o demônio pela boca do animal. Misaki sentiu um arrepio. Tanto por ouvi-lo falando, tanto por ele saber quem ela era.

- Sim – respondeu o de cabelos verdes. – Você pode controlar o corpo dela, ela não é afetada pelas chamas.

- E como você pode ter tanta certeza?

- O Rin não chegaria tão perto dela se soubesse que poderia matá-la. Afinal, ele a ama, não é mesmo? – Começou a rir.

- Não se esqueça de que é pro causa do amor que eu preciso dela – disse, num rosnado, fazendo o filho de calar.

- P... por que precisa de mim...? – Gaguejou ela. A morena tentava se soltar, mas o outro era mais forte. Também tentava manter a calma, ou poderia ser possuída.

O lobo-demônio andou em direção da garota.

- Eu quero criar um mundo onde humanos e demônio podem viver juntos. – Contou. – Eu amei uma humana... Yuri... – disse, e um tom um tanto melancólico pôde ser ouvido ao dizer o nome da mulher. – Era isso que ela imaginava, e é que farei. Por ela, e por nós – falou. – Mas eu preciso de um corpo humano... um que não queime. Preciso do seu corpo.

Ela mordeu o lábio.

- E... se eu não quiser...?

- Você não tem escolha – riu.

Então, quando o demônio se preparava para entrar no corpo da garota, uma voz alta e bsatante sonora foi ouvida.

- DEIXE A MISAKI EM PAZ, SEU MALDITO!

A morena virou-se para a direção do som, aliviada, porém, surpresa e confusa.

- Mas... como ele... por que ele está aqui...? – Perguntava a garota para si mesma, sorrindo.

Então, uma forte luz azul, quase tão forte quanto as chamas do lobo, começaram a surgir por entre as árvore. Os três puderam ouvir algo pequeno que parecia se arrastar pela grama. Então, quando ele apareceu, os olhos de Misaki se arregalaram levemente, em alívio, esperança, e ódio de si mesma por não tê-lo ouvido desde o início.

Ela mordeu o lábio, ainda sorrindo, e então, começou a gaguejar o nome do garoto.

- R... R-Rin...

O garoto apareceu de trás das árvores. A Kurikara, a katana que selava os seus poderes de demônio, estava fora da bainha. A ponta estava caída no chão, cortando e queimando um pouco a grama. A cena parecia um tanto... psicótica.

Amaymon olhou o meio-irmão incrédulo.

- Por que está aqui?! Pensei que você estava com raiva dela! Que não se importasse mais com o que acontecesse com ela! – Gritava.

O moreno apenas apontou a katana na direção do outro.

- Eu amo a Misaki. Eu nunca deixaria que nada acontecesse com ela, muito menos algo em que você estivesse envolvido! SOLTE-A AGORA!

Amaymon começou a rir.

- Você lembra quem é seu pai? Ele precisa do corpo dela para abrir um portal para Gehena! Eu não irei soltá-la.

Rin, lentamente, direcionou seu olhar para o lobo branco que estava ali. Satã havia sentado-se, e ficou apenas observando.

- Você a pegou porque ela não queima com as chamas, não é? – Ele esperou que o animal-demônio assentisse antes de continuar. Mesmo que estivesse com um rosto de lobo sem expressão, era possível sentir que ele adoraria rir com um belo sorriso sádico no rosto, se o corpo lhe permitisse. – Se você quer possuir alguém, então... – ele fincou sua espada ereta no chão, dando um passo para frente, erguendo os braços, numa maneira que mostrava que ele não tinha nenhuma outra arma consigo. – Possua a mim.

Ao ouvir isso, Misaki e Amaymon arregalaram os olhos. O de cabelos verdes realmente não esperava que ele fosse fazer isso pela garota, já que, afinal, ele tinha muitas poucas chances de sobreviver caso fosse possuído.

Já, a morena, se assustou. Por que ele estava se sacrificando por ela? Por que ele estava fazendo isso por alguém... por uma pessoa que não quis ouvi-lo? Algumas lágrimas logo começaram a rolar pelas bochechas da garota.

- R-Rin... não...

Ele, finalmente, olhou na direção da garota.

Mais exatamente...

Nos olhos dela.

- Misaki, eu já disse, eu te amo... eu realmente não quero que você morra. Certamente, se você foi possuída, vão te matar. Eu não conseguiria suportar isso. – Deu um sorriso um tanto melancólico para a amiga. – Não chore. Eu vou ficar bem. – Calmamente, ele andou na direção da garota e beijou sua testa, e então, seus lábios, de um jeito doce.

Gentilmente, a garota retribuía ao beijo. Algumas lágrimas ainda escorriam de seu rosto. Estava tão concentrada nos lábios do demônio que não reparou que sua forma Fuaky havia aparecido. Talvez por tristeza, medo, amor...

Ou, quem sabe, as três coisas juntas.

Lentamente, o garoto soltou os lábios dos dela.

- Rin...

- Eu já disse que ficarei bem, baka. – Ele sorriu de forma confiante, mas logo, ele passou a sorrir de forma melancólica. – Minha baka...

Lentamente, o outro se afastou da garota, que ainda estava sendo segurada por Amaymon. Quando ele começou a se afastar, ela chorou mais, gritando o nome dele, para que não fizesse isso, mas ele apenas ignorou. Então, Rin deu um suspiro determinado, diante de seu pai.

- Venha. Possua meu corpo logo. E deixe ela em paz! – Gritou, ainda mais determinado.

- Claro – essas foram as últimas palavras que Satã disse antes de possuir o corpo de Rin, enquanto ignorava os gritos de desespero de Misaki.

Amaymon, então, a soltou. A garota caiu de joelhos na grama. Seu rosto brilhava por causa das lágrimas. Ela levantou sua cabeça e fitou o corpo do garoto. Agora, ele tinha um sorriso psicótico e cruel. Ela colocou a mão na boca.

Satã havia possuído Rin.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Sinto gente desesperada ai -q Mandem reviews e eu escrevo o prox cap bem rápido! ò3ó/