Destino escrita por Callye Hiver
– Ei... o que é isso? - Ele apontou para ela.
Os negros cabelos da garota, que iam até cintura, possuiam três cores. Era preto até abaixo dos ombros, depois era roxo até a altura da sua barriga, e dai em diante, azul. A garota também possuía uma calda de lobo e orelhas de gato desse mesmo jeito.
– Isso...? - Ela mecheu as orelhas. Recolheu o coelho de pelúcia que havia deixado cair no chão. - ...Fuaky...
– Fuaky? - Repetiu o outro, confuso.
– Rin, sabe guardar segredo? - Perguntou a garota, sentando-se no chão.
– Sei... por quê? - Ele sentou-se frente a ela.
– Vou explicar tudo pra você, desde o início, o motivo do Mephisto me querer aqui.
O garoto observou-a. Deixou a Kurikara no seu colo. Ele notou que os olhos dela combinavam perfeitamente com ons tons de seu cabelo, já que - anormalmente -, eram azul e lilás.
Misaki suspirou tristemente. Abraçou Kumagoro, seu coelho de pelúcia, e começou a contar:
- Isso foi quando eu tinha uns 6 anos... e eu fiz uma coisa que não eu não podia fazer.
- E o que foi? - Perguntou ele.
- Rin, você sabe o que é alquimia? - Misaki costumava olhar nos olhos dele para falar, mas dessa vez, dizia cada palavra sem encara-lo.
- Não exatamente -respondeu.
- A lei da alquimia é a troca equivalente. Se eu quero algo, eu tenho que dar algo em troca disso, mas que valha o mesmo valor. E eu tenho que saber os vários círculos de transmutações que existem, também - explicava. - Eu nunca cheguei a conhecer meu pai de verdade, porque ele morreu quando eu tinha dois anos. Mas ele era um alquimista. Quando eu tinha 5 anos eu já sabia ler, então peguei os livros dele escondidos, junto com meu irmão mais novo e minha amiga, que era orfã e morava comigo, e lemos - ela pareceu abriu um triste sorriso com a lembrança. - Bem, alguns meses depois, meu irmão foi ficou doente.
- Ele ficou melhor?
- Não. Ele piorou. Piorou muito. Então... - Misaki fechou os olhos, como se tentasse não chorar, e continuou: - Então, um dia que minha mãe tinha saído para ir até algum lugar, eu fiz um círculo de transmutação humana. Eu, junto da minha amiga, iriamos ressuscitar meu irmão - ela ergueu e cabeça e olhou para as estrelas do céu. - Mas isso é o tabu da alquimia. Você não pode trazer alguém de volta de morte. Eu tinha estudado alquimia só por um ano, e achava que sabia de tudo - ela novamente fechou os olhos, mas dessa vez uma lágrima escapou. - Me responde, o que você acha que equivale à uma vida humana?
- ...Outra vida humana.
- Exato - ela suspirou. - Eu juntei os ingredientes que compõem uma criança de 5 anos, e em troca, eu estava dando os conhecimentos sobre o mundo. Os conhecimentos de duas crianças que só tinham vivido por 6 anos - ela riu amarguradamente.
- O que aconteceu? - Perguntou, apesar do garoto saber a resposta.
- Levaram a alma e o corpo da minha melhor e única amiga. - Ela suspirou. Fechou os olhos e mordeu o lábio, como se tentasse, com todas as suas forças, não chorar. - Como se não bastasse, ainda levaram meus olhos - ela olhou o chão. Seus olhos, novamente, tinham aquele brilho anormal.
- Mas como... - Rin estava completamente confuso agora.
- Minha mãe fazia boneca - a garota, pela primeira vez desde que começara a falar, olhou para ele. - Ela disse que tinha chegado e visto a cena. Que tinha entendido o que eu fiz. Então me levou pra um quarto e colocou olhos de boneca em mim. Ela disse que esses eram os únicos que.... "serviriam" em mim.
- E seu irmão?
- Quem disse que se pode reviver humanos? - Ela riu amarguradamente de novo. - Criei um Homúnculus, um humano artificial. Uma criatura sem alma, que minha mãe deu um fim de algum jeito que prefiro não saber - ela fechou os olhos e suspirou. - Naquele ano, eu perdi meu irmão e minha amiga... provavelmente foi isso que o Mephisto viu pra me querer como exorcista. São poucas pessoas que sobrevivem ao fazer uma transmutação humana. Não só crianças idiotas como eu, mas adultos também.
- E essas orelhas? - Perguntou.
- Tinham uns caras ai que queriam criar um exército. Uma mistura de um animal fofo, um feroz e uma pessoa humana. Mais exatamente meninas. Eles me sequestraram. Me misturaram com um gato e um lobo. - Ela tentava se lembrar. - Era algo como... o lado fofo era para distratir as pessoas. O lado feroz, que era obedeceria ordens deles, era pra matar. Mas deu errado. Um cara disse que era por causa dos meus olhos. A cor deles se fundiu com os animais, e acabou dando merda - ela deu de ombros. - Por causa disso eu não fui controlada e tenho essas três cores em mim. Ah, e como eles não sabiam que era uma alquimista, acabei destruindo tudo - ela riu.
- Então... o nome dessa mistura era Fuaky? - Perguntou ele.
- Sim - respondeu.
- Mas... porque eu não suas orelhas antes?
- Era plano deles também, fazer as orelhas e a cauda aparecerem quando bem entedessem. Óbviamente não posso mostrar isso quando eu quero. Só quando minhas emoções ficam mais... como dizer... fortes?
- Entendi - disse ele. - Quando você fica muito triste, como agora, ou muito feliz, as orelhas aparecem. Por isso quando eu e o Yukio fomos buscar você... sua mãe simplesmente deixou sem falar nada, e você nem a olhou quando íamos pro carro?
- Hai - respondeu. - Ela simplesmente deixou, pois sabia que eu iria querer ir. Não nos despedimos porque seria triste de mais, ir embora com a única amiga que tive durante dez anos desde aquilo.
- Incrível... - exlamou. - Agora diz ai, por que você não ficou surpresa quando viu as chamas em mim? Tipo, sei lá... são as chamas de Satã.
- Ah - ela riu. - Esses olhos me deixam ver coisas que os outros não podem. Como... ler almas, emoções, ver sombras ou almas, como preferir. Ou até mesmo - ela ficou de quatro e inclinou o tronco para mais perto de Rin -, ver auras demoníacas em alguém.
- E-então... você já sabia que eu era um demônio? - Ele corou a aproximadade repentina dela.
- Eu já sabia que você era filho de Satã, não só que era um demônio.
- E... mesmo assim, você quis dormir naquele quarto, ao lado do meu? Sabendo quem sou?
- Não precisei ler suas emoções pra saber como era. Você é um demônio, mas é um exorcista. E eu confio em você - ela sorriu. Os olhos dela começaram a lacrimejar. - Ah, droga... - Ela tentava limpá-los. - Eu não gosto de chorar na frente dos outros...
- Misaki... - Rin puxou-a e a abraçou. A garota ficou surpresa. - Não chora, por favor. Você é irritante, de mais. Mas eu não quero te ver chorar.
- Devo levar isso como um elogio...? - Perguntou ela, abraçando-o, lentamente, e colocando seu rosto no peito dele. Ela começou a chorar.
- Baka. Quer saber? Meu pai, a pessoa que eu digo ser meu verdadeiro pai, não importante o sangue, é um padre. O padre Shiro Fujimoto. - Ele colocou sua cabeça por cima da dela. - Ele morreu na minha frente. E a culpa é minha. E eu não estou me culpando por ele ter morrido na minha frente... a culpa é realmente minha. Se eu não tivesse gritado com ele, aquele velhote ainda estaria vivo.
- E s-sua mãe? - Perguntou a outra entre as lágrimas.
- Eu nunca conheci ela - ele abraçou a garota mais fortemente. - O único parente meu que está vivo, é o Yukio. Então... acho que nós dois estamos empatados com a vida.
- Concordo - ela agarrou mais forte as costas da camisa dele.
- Ei, só porque te abraçei, não significa que tenha que rasgar minha camisa - ele riu. - Vamos voltar pro dormitório, nós dois temos que acordar cedo amanhã pras aulas. Não só as de exorcismo, como as normais também. - Ele levantou-se e segurou a mão de Misaki para levanta-la também.
Eles foram para o dormitório antigo. Misaki segurava com força seu coelho. Rin percebeu que as orelhas dela e a cauda haviam sumido.
- Está tudo bem? - Perguntou, quando estavam na porta em frente ao quarto dela.
- Hai - falou ela. - Então... boa noite.
- Boa noite - falou o moreno, indo até seu quarto. Ele segurou a maçaneta e ela chamou-o.
- Rin - disse, chamando a atenção do garoto, que a olhou. - Você foi a única pessoa que conseguiu me fazer parar de chorar quando lembro disso. Nem mesmo minha mãe consegue fazer eu me sentir melhor. Obrigada - ela abriu um doce sorriso.
Rin corou. A visão de Misaki sorrindo daquela forma, usando aquele curto vestido branco enquanto abraçava um coelho de pelúcia era fofa e bela, principalmente quando ele notou que a janela do corredor estava aberta, fazendo os cabelos negros da garota voarem com o vento. A lua iluminava cada centímetro dela.
- Tudo bem - foi a única coisa que conseguiu dizer naquele momento. Ambos entraram em seus quartos.
Após deitar-se, Rin colocou o travesseiro em cima de seu rosto. Tentava espantar qualquer pensamento pervertido com Misaki. Ele não gostava da garota dessa forma, e nunca gostaria. Mas ainda assim era um adolescente de 15 anos e nada podia impedi-lo de pensar esse tipo de coisa com meninas - na verdade, até mesmo com a Shiemi ele pensava isso.
Tudo que pôde fazer foi apenas dormir. Dormir, e rezar para não acabar sonhando com Misaki.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Então vocês sabem o segredo da Misaki u.u E ai, gostaram? o/
Mandem reviews :3