─ Ei, Sarah, acorda. ─ A chacoalhei. A mesma estava dormindo. Ok, eu levei um bom tempo pra levantar também. Além do mais, estávamos de férias...

─ Gah... Que horas são? ─ Ela perguntou, esfregando os olhos.

─ 1 da tarde. ─ Menti.  "Não posso rir, não posso rir..."

 ─ O QUÊ?! ─ A garota levantou num pulo, e saiu pegando tudo correndo no armário. Àquele ponto, eu estava morrendo de rir. ─ TEMOS HORA MARCADA, SE NOS ATRASARMOS O ALUGUEL PODE NÃO MAIS VALER PRECISAMOS IR RÁPIDO POR QUÊ NÃO ME ACORDOU ANTES?!

─ Hahahahahaha, ai ai. ─ Respirei fundo. ─ Calma, ainda são 7 horas.

─ Aaaaaah, eu vou te matar! ─ Eu rindo e ela com faíscas nos olhos, ficamos num tipo de pega-pega pela casa.

─ Vão logo arrumar suas coisas, temos que estar lá às 11, e são quase três horas de carro! O dono da casa é bem exigente, se vocês me atrasarem eu faço vocês pagarem cada segundo extra. ─ Assustados pelas palavras de meu pai, fomos direto para nossos quartos, para terminar de arrumar nossas coisas. Peguei feliz minha vara de pescar novinha e caminhei com ela até o carro, colocando-a cuidadosamente no teto do mesmo, amarrada em algumas cordas.

Eu estava ansioso pela viagem. Apesar de que meus hábitos tenham mudado, eu ainda preferia um lugar calmo e afastado de muitas pessoas. Uma casa no campo era ótimo pra mim.

Fênix também estava animado. Provavelmente não sabia o que estava acontecendo, mas nos seguia por todo lugar. Ele ia também, claro. Não seria justo deixá-lo num canil enquanto nós estávamos em um lugar espaçoso, verde e com tudo de bom. 

─ Fênix! Vamos passeaaaaar! ─ O chamei, com a coleira na mão. Sabe, não seria nada legal ter um "acidente" dentro do carro.

Preparações chatas à parte e 2 horas e 47 minutos de viagem tediosa num engarrafamento, finalmente chegamos.

A primeira impressão? Na foto era mais bonito. A pintura de fora estava meio descascada, mas por dentro até que era aconchegante. O lago não era tão limpo quanto as imagens mostravam, mas não era ruim. Era agradável. Eu havia gostado.

─ Pelo jeito o Fênix gostou também, hahahahaha ─ Ri, vendo o animal correr pela grama.

Meu pai foi falar com o proprietário da casa, que esperava bem na frente da mesma. Enquanto isso, eu e Sarah tratamos de desfazer as malas.

Eu te juro, a casa por dentro parecia mais espaçosa do que por fora. Tinha 4 quartos e um banheiro no andar de cima, e uma cozinha de médio tamanho, uma sala de estar deveras grande e uma pequena sala de jantar, mais outro banheiro também, no andar de baixo. 

─ Depois a gente pode andar numa das trilhas que tem aqui por perto. ─ Sugeri.

─ Aham. ─ Ela concordou. ─ Hey David, você já percebeu que depois de seu pai ter me adotado, é como se fôssemos irmãos?

─ Não sei se eu consigo te enxergar como uma irmã, depois de tudo. ─ Sorri, e Sarah fez o mesmo.

─ É... ─ Logo depois de terminarmos de colocar as roupas nos armários, a garota deitou na cama, de barriga pra cima, e os braços esticados. 

─ Vocês estão com fome? ─ Meu pai surgiu na porta.

─ Eu tô. ─ Respondi, levantando a mão.

─ Eu também estou com um pouco de fome. ─ Sarah disse.

─ Ok, eu vou fazer o almoço. Enquanto isso, podem dar uma volta por aí, fazerem o que quiserem. ─ Assentimos com a cabeça, e ele foi embora.

E foi basicamente isso o que fizemos. Descobrimos que a casa possuía uma churrasqueira portátil na parte de trás da casa, perto da piscina. "Vamos usá-la um dia desses." .

Nós iríamos ficar lá por 12 dias. Algumas pessoas achariam entediante, mas eu achava um sonho. Eu iria fazer muitas das coisas com as quais sempre sonhei. Tá bom, talvez tenham se tornado sonhos recentes, mas eu queria fazer. Tipo o quê? Ah, aquelas coisas de família. Assar marshmellows na fogueira, ir pescar(sim, eu já mencionei isso umas 200 vezes), andar numa trilha etc. 

─ Pai, vamos nas cataratas depois?! ─ Pedi, ansioso, enquanto almoçava.

─ Vamos, vamos. ─ Ele(pai) respondeu, rindo e revirando os olhos.

─ E-E depois nós vamos explorar a floresta! ─ Levantei os braços.

─ Claro, claro. ─ Ele, paciente, respondeu mais uma vez.

─ E no fim da tarde, finalmente, nós vamos pescaaaar! ─ Eu estava eufórico. Deu pra perceber, né?

─ Você parece uma criança. ─ Sarah comentou, rindo.

─ Sou uma eterna criança. ─ Cruzei os braços. 

─ É, ao invés de você levar seus filhos pra algum playground pra deixá-los felizes, quem vai aproveitar é você. ─ Meu pai falou, e todos rimos um pouco.

Foram dias muito felizes. Na primeira vez que fomos *pescar* eu fiquei em torno de duas horas sentado com a vara de pesca na mão, sem nenhum resultado.

─ Mas isso é muito chato! Não vem nenhum peixe nunca! ─ Reclamei, ao ver Sarah se aproximando.

─ É, tem que ser paciente. ─ Se sentou ao meu lado. ─ Posso tentar?

─ Boa sorte. ─ Entreguei o objeto à ela.

Foi engraçado e frustrante. Dois segundos depois que ela havia começado, fisgou um peixe. E um peixe grande.

─ GAAAAAAAH! Te odeio! ─ Falei, brincando, e tirando o peixe do anzol.

─ Também te amo, haha. ─ Coloquei o animal numa caixa de isopor com gelo que havia deixado lá,  continuamos. Depois que ela chegou, pegávamos um peixe a cada 10 minutos. Incrível. Tivemos um churrasco farto de noite.

Se eu dissesse que, naquele ponto, eu gostaria de voltar a ser como era antes, antes de Sarah ter chegado, eu estaria mentindo. Posso dizer com total segurança que minha vida melhorou muito depois de sua chegada. Podemos ter tido muitas brigas no início(Mais tarde também. Mas é sempre assim, né? Quem se gosta vive brigando. Pelo menos eu acho que é, não?), porém certamente viver longe do outro agora seria impossível. 

Eu tive muita sorte, não é? Ao mesmo tempo que eu descobri o amor, acabei morando junto da pessoa amada e namorando com ela. 

Ah, e lembra do Mike? É, não consegui me livrar dele. Eu nunca ia gostar dele, mas ele ia me perseguir até os confins do inferno. Inclusive, acreditam que ele estava viajando na mesma cidade que eu? É, não dá pra ter tudo de bom sempre.

Algumas pessoas provavelmente vão perguntar coisas como "e vocês tiveram um felizes para sempre?" ou coisas do gênero, mas sinto muito, isso eu não posso responder. Não dá pra prever o futuro, a única coisa que dá pra fazer é aproveitar o presente. "Tá, mas você e a Sarah se casaram, tiveram lindo filhinhos e tudo mais, né?" Bom, vou deixar isso com a imaginação de vocês. Pensem o que quiserem, eu só vou aproveitar por agora.

A propósito, esse não é o fim. A história nunca tem um fim. Na verdade, nem mesmo tem um começo. Apenas o autor decide por onde é melhor começar e por onde é melhor terminar, certo? A história vai continuar sempre e sempre, sempre tem algo pra contar. Não se esqueçam disso.

E bem, agora eu vou terminar de contar. Foram muitas aventuras até aqui, não é? Eu realmente adorei compartilhá-las com vocês. Espero vê-los mais tarde, e até mais!