Um Dia Perfeito escrita por Lucy Holmes


Capítulo 1
Primeiras horas da manhã




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/2246/chapter/1

Um dia perfeito

1 - Primeiras horas da manhã

Que noite. O pior é que mal consegui dormir depois de chegar da despedida de solteiro do Neville. Sim, Neville está noivo, por incrível que pareça, vai se casar com Luna Lovegood e ainda me convidou para ser o padrinho. Acho que ele ia chamar o Harry, mas deve ter ficado sem graça quando soube que eu já o havia convidado para ser meu padrinho.
Pois é. Eu, Ronald Weasley, pedi Hermione em casamento. Já era mais que na hora, minha mãe chorou pacas no nosso noivado, assim como os pais de Mione ficaram emocionados. Mas não vou me casar antes de Neville, ele se casa amanhã. Aliás, hoje. Esqueci que já passou da meia noite.
Ah, sim. Não consigo dormir justamente porque meu padrinho está aqui, numa cama montada na minha casa, roncando. Roncando não é bem a palavra, ele vive resmungando durante o sono, mas hoje está demais. É algo parecido com "se eu tive coragem pra vencer Vold...(bem, ainda não consigo falar o nome dele, mas todos sabem quem é) por que não vou ter coragem de..." e ele sempre pára nessa parte. Do que é que Harry pode ter medo, afinal? É bom que seja importante, para o bem dele, pois está me custando uma boa noite de sono.
Apesar de tudo, meus olhos começaram a ficar mais e mais cansados e fui obrigado a fechá-los. Então eu comecei a ouvir uma música familiar, foi a que tocou na despedida de solteiro do Neville. Quando dei por mim, estava de volta no salão em que fomos e agora Hermione me puxava para a pista, onde Neville e Luna vestidos com os trajes de casamento, já se posicionavam e faziam uma coreografia.
Lembrei. A música era a tal da "macarena", um ritmo dançante e muito engraçada. Olhei em volta e vi Harry se escondendo de uma vassoura voadora atrás de uma cortina, ele continuava resmungando.
- Eu vou fazer isso, eu quero fazer... eu vou...
A música ficou muito alta e não conseguia mais ouvir o que ele falava.
Estávamos dançando há um bom tempo, quando eu vejo a minha mãe entrando no salão de festas, usando seu avental xadrez, com uma tigela de massa de panqueca na mão.
- Rony, venha tomar o seu café. Logo a Hermione estará aqui. - ao dizer isso, ela saía.
A voz dela estava estranha, parecia ecoar. Não entendi o que minha mãe quis dizer sobre a Hermione, ela já estava ali comigo, não faltava mais ninguém. E quem precisava de café?
Harry saiu de trás da cortina e começou a perseguir a vassoura quando Carlinhos chegou. Ele estava muito estranho, uma cara preocupada. Logo me puxou pra fora da pista de dança e começou a me revistar.
- 'Tá me fazendo cócegas, Carlinhos! - reclamei.
- Fica quieto, eu estou procurando algo importante. - e continuava me revistando. - Droga! Se mamãe pega...
Parou de me revistar e começou a remexer no meu quarto. Mas eu não estava na pista de dança? Como fui parar no meu quarto de repente?
Carlinhos sai do quarto, ainda preocupado. Hermione apareceu em seu lugar.
- Rony, vamos voltar! Neville e Luna estão chamando.
- Estou cansado, Mione... - murmuro, me encostando na parede, onde meu travesseiro estava. O que meu travesseiro estava fazendo na parede?
- Acorda, seu dorminhoco - sinto alguém me remexer e percebo que estou sonhando. Que bom...
- Mais cinco minutos, por favor - eu agora percebo que continuo deitado na minha cama, mas ainda sonhando. Uma sensação bem estranha, mas gostosa.
Percebo Hermione se aproximar de mim e sinto seus lábios roçarem no meu rosto. Era tão bom, parecia tão real que queria que continuasse assim pra sempre. Então, sem explicações, ela começa a me bater com o travesseiro. As pancadas eram tão fortes que acordei.
- O quê? - eu tentei ver quem era em meio ao ataque e era Hermione, com raiva. Fazia tempo que não a via assim. - Hermione?!
- Pelo visto vocês se divertiram muito ontem, não foi, Ronald Weasley? Como é que você pôde? Seu falso, mulherengo, cretino...
- Hermione, espera um pouco, por favor! - eu gritei, o som da minha voz saiu abafado, já que ela não parava de me atacar. - Quer me explicar o que eu fiz dessa vez? - Pensei ter engolido algumas penas do travesseiro.
- Seu tratante, galinha, canalha! - ela continuava a me bater, parece que não me ouviu.
Como Mione não me obedeceu, eu tive que tomar medidas drásticas. O que sempre acarreta em conseqüências ainda piores, como eu viria a saber a seguir. Eu me atirei pra cima dela, que se desequilibrou, derrubando o travesseiro no chão, mas antes dela cair, eu a puxei de volta e inverti a posição em que estávamos. Em outras palavras, tirei o travesseiro dela e a joguei na cama, ficando em cima dela. Mas a manobra em si foi difícil, tenho que admitir.
Hermione parecia uma verdadeira fera quando eu consegui segurar seus braços. O cabelo desgrenhado, respiração ofegante, bochechas vermelhas, olhos apertados e a boca com um bico muito charmoso. Ela estava extremamente sexy.
- Ótimo, agora que você se acalmou, não quer me explicar o que... UGH! - a minha frase não era pra ser essa, só que ela me chutou no saco e, bem, não foi nada agradável.
Rolei pro lado e acabei levando um tombo, caí de costas e não tinha nada para aparar a minha queda. Que legal, dor nas costas e no saco e o dia mal começou. Fiquei sem fala.
Apesar de estar vendo muitas estrelas na minha frente, percebi Hermione se levantar rapidamente e olhar um pouco preocupada. Bem feito, ia ficar sem ele por alguns dias, só de castigo - ou pelo menos até eu me agüentar. Infelizmente a raiva pareceu falar mais alto naquele momento.
- Você mereceu, seu idiota! - ela falou, minha vista voltava a clarear e a vi plantada de braços cruzados.
- Mione... pode me dizer o que há de errado? - perguntei, com a voz rouca. Isso dói mais do que falaram...
- O que há de errado? Você ainda pergunta? - ela gesticulava perigosamente. Que medo - Eu chego aqui feliz da vida, subo pra te acordar e contar as novidades e encontro você dormindo com um rosto satisfeitíssimo, parecia até que cantava alguma música. O que era hein?
- Ah... - me recusei a falar que sonhei com a macarena.
- Bem, não importa - ainda bem que não - O ponto é que eu entro aqui e encontro algo bem debaixo do seu travesseiro. Você imagina o que é, Ronald?
Ela me encara bastante furiosa. Mas verdade seja dita, eu não faço idéia do que Hermione está falando.
- O que? - perguntei, na inocência.
- ISTO! - ela ergue um sutiã preto, meio transparente e com babados marrons. Dava a impressão de que alguém o havia mordido até quebrar sua alça. Por um instante, pensei que poderia ser dela, porém Hermione não tinha nada com babados marrom que eu me lembrasse bem. E o rosto furioso confirmava as minhas suspeitas. Ela pensava que eu tinha dormido com alguém.
Só que... ontem não estivemos com garotas. Bebemos além da conta, é claro, mas nada de garotas. Quero dizer, havia dançarinas, elas puxaram só o Neville pra dançar e ele nem queria ir. Imagino a cara da Luna e a da Gina se Neville e Harry as traíssem. A Hermione já fica furiosa mesmo eu não tendo traído, nem quero pensar se tivesse traído mesmo.
- Isso... isso não é meu! - eu me defendi e era verdade.
- Claro que não é seu! - ela gritou e eu senti o chão tremer - Deve ser da vadia com quem você dormiu! Por acaso Harry também arrumou uma acompanhante, ou vocês dividiram a diversão entre os dois?
- Mione, não é nada disso...
- Você devia ter vergonha, Ronald Weasley! Me trair e ainda trazer uma vagabunda para a casa dos seus pais!
Ela podia parar de falar e me deixar explicar, pelo menos. Eu ainda tentei interromper, mas Hermione tem essa mania de quando começa a falar não parar mais; atropela todos à sua frente, só pra expor o que pensa. Naquela hora, eu sabia o suficiente o que ela estava pensando de mim.
- Hermione! - foi a minha vez de gritar e ainda bem que fiz isso, ela parecia ficar sem ar. Ou parou por que também ouviu o chão tremer? - Esse troço não é meu! Nunca vi esse sutiã em toda a minha vida, e com toda certeza não conheço a dona nem de longe!
- Então como é que foi parar debaixo do seu travesseiro? - ela sacudia o sutiã na minha cara - Simplesmente caiu do céu? Aparatou sozinho? Ou será que alguma streaper jogou pra você?
- Nesse estado, duvido que ela conseguisse usar... - eu ainda avaliei a possibilidade. Burro.
- RONY!
- O que eu quero dizer é que não tem chance de terem jogado isso em mim, não havia streapers aonde fomos! E papai não permite que aparatem dentro de casa desde a primeira guerra contra Você-Sabe-Quem! - se estivéssemos em Hogwarts seria mais fácil. De tanto Hermione falar que "não se pode aparatar em Hogwarts", estaria salvo de qualquer acusação, mas na minha casa não. De qualquer forma, continuei falando a verdade.
Infelizmente ela não se convenceu e jogou o sutiã em mim.
- Ronald Weasley, enquanto você não tiver uma boa explicação sobre como esse sutiã apareceu debaixo do seu travesseiro, pode esquecer que eu existo! - ela foi caminhando em direção à porta para acrescentar - E pode ir sozinho ao casamento do Neville, porque eu não vou te acompanhar!
O casamento era no final da tarde, às 18 horas. Pelo menos teria o dia todo para tentar descobrir de quem era esse sutiã e uma forma de Hermione acreditar em mim.
Peguei o sutiã. Definitivamente não era da Hermione e de ninguém que eu conhecesse. Não que eu visse os sutiãs de muitas garotas, faz muito tempo, muito tempo mesmo que eu só vejo a lingerie da Hermione e pra mim isso é suficiente. E bom. Muito bom. Mais que bom, mas isso é outra história.
Olhei em volta e não havia sinal do Harry, claro. Deve ter acordado mais cedo e saiu sem avisar, ou acordou com os gritos de Hermione e saiu antes que ela percebesse sua presença. Deve ter ido pra casa dele, melhor passar por lá.
Verdade, o Harry tem uma casa, mas vira e mexe ele dorme aqui n'A Toca, a pedido de mamãe, quando chega muito tarde do serviço ou por outro motivo qualquer, como ele fez ontem. Engraçado, não o vi conversando com nenhuma dançarina ou garota com sutiã preto (não que desse pra ver, mas nunca se sabe), ainda bem, afinal ele está namorando a Gina.
A não ser...
Não, definitivamente esse sutiã não é da Gina. Primeiro: nem sei se eles já entraram nesse "estágio avançado do namoro". Segundo: se foi ontem, não teria como eu não ouvir; terceiro: esse sutiã é grande demais! Não que eu tenha reparado nos seios da minha irmãzinha, porém esse tamanho definitivamente não é o dela. Ou é?
Pensei nisso tudo enquanto me vestia e desci para o café. Minha mãe estava na cozinha e parou o que estava fazendo para olhar pra mim. Eu mancava um pouco ainda por causa da dor, mas ela não perguntou sobre isso.
- Por que Hermione estava gritando, antes de descer e sair correndo, Rony? - ela me perguntou com uma voz doce e ao mesmo tempo inquiridora. Eu tinha que sair dali rapidinho.
- Ela me acusou de algo que não fiz e não se convenceu da minha inocência, foi isso. - eu disse, pegando uma torrada, a despeito da salsicha que mamãe colocou em meu prato.
- E do que ela te acusou, exatamente? - mamãe estava assumindo um tom perigoso. Sinal de que é melhor sair logo.
O dia vai ser longo.
- Nada demais, mamãe. Eu converso com ela mais tarde - respondi, já me levantando, tinha que arrumar uma desculpa pra sair - Tenho que ir, esqueci de falar com o Harry sobre uma surpresa para o Neville.
- Carlinhos quer falar com você, estava esperando você acordar, mas como dormiu demais, ele teve de sair, mas volta para o almoço. - ela disse, enxugando as mãos no avental.
- Falo com ele no casamento, é provável que fique o dia todo fora. - eu pego mais uma rosquinha e me dirijo à porta.
- Juízo, querido - Por que as mães sempre nos recomendam juízo? - E tente falar com a Hermione sobre esse mal entendido de vocês.
- Tá legal, mãe. - eu saí e mal cheguei à porta e aparatei na vizinhança da casa do Harry.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!