Tendo Um Fim Doce...um Amargo Não Conta! escrita por Iulia


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

To com pressa, chegou rápido.



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Quando amanhece, eu tenho certeza que vou voltar a falar com Cato. Tudo bem que ele está sendo sensível ao extremo e eu não gosto de gente assim, mas eu não quero ir para a Capital e ter que ficar longe dele.

 O.k eu não gosto de ficar longe dele, certo? Eu vou até o banheiro do compartimento e tento me arrumar como possível. Quando nós “brigamos” eu estava de pijama e meu cabelo estava preso em uma situação não muito agradável de se ver. 

 É, ainda estou assim. Mas por ter passado a noite sem pregar os olhos, as olheiras e estão mais acentuadas e o pijama parece ainda mais adequado para alguém que acompanhou o Haymitch em uma noite em um dos bares da Capital.

Vão me arrumar para a aparição na Capital mas eu não quero parecer uma mendiga na hora que for pedir desculpa pra Cato senão ele vai sair correndo. Entro no chuveiro e lavo o meu cabelo pensando em toda a minha vida estranha.

 É tão estranho pensar que sem a Capital não haveria nada disso. Ela apenas... empaca as coisas. Não haveria essa divisão sem comunicação e eu poderia ter feito amizades com pessoas de outros distritos. Se é que era assim que as divisões se chamavam antes. Eu e Cato poderíamos nos conhecer de outro jeito menos... dolorido para nós.

 Ninguém experimentou o que eu experimentei, ter que deixar alguém que você odiava ficar te beijando a cada cinco minutos, arruinando sua vida e dizendo coisas idiotas de você. Mas eu consegui superar isso, digamos, com êxito. Eu me apaixonei por quem eu odiava. E agora estou me arrumando toda para pedir desculpas para esse alguém mesmo eu achando que não fiz nada. É, o mundo gira e a Capital tenta impedir.

 Eu saio, coloco um roupão e tento secar e pentear meu cabelo. Me ensebo com aqueles cremes hidratantes e perfume. Quando saio, percebo que Katniss não está aqui. Melhor. Eu não conseguiria ter que dar satisfações a ninguém sobre isso. Eu coloco um vestido preto. Não acho que seja tão extravagante assim para os termos da Capital.

 Então eu saio do quarto. Na sala, encontro Effie conversando com Enobaria sobre o mal tratamento que recebemos. Quer dizer, Effie fala e Enobaria assente assistindo alguma coisa na televisão.

 -Oi querida! –Effie fala ao me ver.

 -Oi. Onde estão Katniss e Peeta?

 Enobaria tira os olhos da TV e me encara. Deve estar surpresa por eu estar perguntando isso. Mas é porque eu não  quero ter que pedir desculpa para o Cato com platéia então se Peeta estiver no quarto junto com ele, eu vou ter que pedir para falar à sós.

 Eu sacudo a cabeça para ela, quase dizendo mudamente que isso não é da conta dela.

 -Oh querida, não tenho informação sobre esses dois. Mas Cato está no quarto.

Era o que eu precisava saber. Katniss e Peeta estão juntos então obviamente não estão no quarto dele.

 -Obrigada.

 Ela sorri e eu ando até o quarto do Cato. Eu escuto uns barulhos metálicos, mas eu tenho que ver para saber. Abro a porta e vejo que ele pegou não sei da onde um boneco e está treinando ele seus golpes com uma espada que eu também não sei da onde ele tirou. Oh agora me lembro que esqueci de bater na porta antes de entrar.

 Ele vira os olhos para mim temporariamente e depois volta a manejar a espada. Ele é muito criança mesmo. Tudo bem então vou esperar ele  se incomodar comigo e perguntar o que  eu quero.

 Me sento na sua cama e fico observando qualquer coisa. A janela, a cama bagunçada de Peeta, os pedaços de espuma do boneco, a toalha jogada em cima da escrivaninha. Ele maneja essa espada realmente muito bem. Sempre fazendo o primeiro movimento ensinado na Estação e depois evoluindo para outros que eu nem me dei ao trabalho de tentar aprender.

 Ele já está cansado, eu percebo pela forma como a lentidão aumentou em seus golpes. Então, com uma expressão de irritação em seu rosto, ele pára e me encara.

 -Cansou? Pode me ouvir agora, Cato? – Eu tento equilibrar o tom entre “eu cresci você não” e “ eu estou arrependida, pode me ouvir ?”

 Ele coloca a espada em um canto e se encosta na parede.

-Me desculpa. Você sabe eu falo as coisas sem perceber e as coisas estão meio difíceis.

 -Clove, -ele começa. –Você ainda é a minha Pequena com um péssimo humor o.k?

 O.k, então Santo Deus, qual é o problema? Eu demonstro o que eu penso em minha expressão.

 -Mas você acha mesmo que vai adiantar toda vez que você ficar mal-humorada vir reclamar do mundo inteiro? Eu tenho culpa se na época, o único modo que tínhamos para sobreviver era ficar fingindo que a gente se gostava?

 -Você não tem mas, mas... –Você não vai chorar agora ao é? Vou sim. As lágrimas já estão escorrendo teimosamente.

 Eu não vejo o rosto dele direito, mesmo porque estou olhando para baixo e as lágrimas não deixam mas eu acho que ele revira os olhos e dá um sorriso enquanto vem me abraçar.

 -Você não entende? Os Jogos... me mudaram. Eu choro por tudo, não consigo mais dormir...

 -Tudo bem... Agora para de chorar, vai.

 -Aí você vem fala isso e eu... –Nossa como ele está entendo alguma coisa do que eu falo, quando nem mesmo eu estou entendendo direito.

 -É, eu sei... Eu também estava exagerando. Não era para eu ter ficado com raiva porque era verdade. Você não tem conseguido dormir não é?

 Eu seco as lágrimas e me separo dele.

 -É, mas... você não está pensando em cantar para mim não é? Porque eu não tenho muito certeza se isso vai resolver.

 Ele ri.

 -Iria só fazer você rir. Porque você não deita aqui?

 Eu devo ter arregalado os olhos. Uma coisa é eu ficar com ele na sala outra é eu estra no quarto dele. Meu pai não deixaria eu fazer uma coisa dessas. Ergo as sobrancelhas para ele.

 Ele sorri da minha expressão.

 -É só para você tentar dormir. Não confia em mim?

 -Confio, mas...

 -Então está decidido.

 -Mas, Cato você sabe, isso não é bem o que as pessoas querem ver.

 -Katniss e Peeta todo dia fazem isso. Não vai acontecer nada. Eu prometo.

 Eu quase posso ver a minha cara de dúvida. Mas sério eu estou com sono. Então eu me deito do seu lado. O braço dele só forma uma espécie de travesseiro para mim.

-Pode fechar o olho.  –ele diz.

Eu olho para ele e sorrio sarcasticamente, daquele meu jeito irritante.

-Eu posso fazer isso.

E até tento mas realmente não consigo. Ele abre o seu às vezes para ver se consegui dormir, mas quando vê que não vou conseguir começa a mexer no meu cabelo.

 -Clove? –ele me chama, mantendo uma mecha do meu cabelo em cima, ao alcance fácil de suas mão.

 -O que?

 -Se pai conversou comigo antes de nós sairmos para a Turnê.

 Meu Deus. O que meu pai falou? Se ele voltar grávida, você morre ou qualquer outra coisa não muito educada. Mesmo que seja brincando, não seria educado falar isso.

 -Foi? –eu tento parecer despreocupada. –E o que ele disse?

 -Ele me explicou sobre... a venda de Vitoriosos.

 -Venda? Como assim?

 -Quando um Vitorioso é suficientemente atraente, Snow o obriga a vender seus corpos aos cidadãos da Capital.

 Uau. Isso é muito repugnante.

 -E o que os leva a fazer isso? Quer dizer, qual é a ameaça de Snow? –que pergunto. Porque ele está me falando isso com essa expressão de medo? Nós não estamos eternamente comprometidos?  O povo da Capital que não estivesse envolvido nisso não iria gostar de saber que estávamos tendo casos “extraconjugais”

 -A sua família. Ou você faz o que ele quer ou todo mundo morre. Esse esquema funciona assim seja qual for a coisa que ele queira.

-Mas Cato nós não podemos nos envolver nisso podemos?

-Então, era isso que seu pai estava me explicando. Você é suficientemente bonita para hum... haver homens da Capital interessados em você. Inclusive, aquela carta que você me mostrou é uma prova disso.

 Por isso meu pai ficou preocupado...

-Então- ele continua –Seu pai acha absolutamente possível que Snow seja capaz de te colocar para fazer isso. No caso de... eu acabar voltando para os Jogos.

 -Espera aí? Como assim voltar para os Jogos? –eu me sento na cama.

 -Deita aí, baixinha. –ele me puxa de volta. Deixa eu terminar de falar. –Não seria algo voluntário... Mas se Snow, você sabe...

  O pior é que sei mesmo.

 -Não enlouquece, ele não vai. Se for, vamos acabar indo os dois de novo.

 -Não fala isso. Então seu pai me pediu para eu lhe alertar. E tentar te proteger mais ainda.

 Mais ainda mesmo. Mais do que esse garoto já faz, só ele virando uma cúpula e ficar em cima de mim.

 -Obrigada por me alertar.

 -Você também vai tentar ?

 -O que?

 -Não deixar nenhum homem da Capital encostar em você?

 Eu não quero pensar nisso. Seria a coisa mais sebosa e porca e nojenta mas se a minha família estivesse em perigo não sei se pensaria duas vezes.

 -Eu... –hesito. Não quero mentir mas ele não vai me deixar em paz se eu não falar. Então decido não mentir –Vou fazer o possível.

 Ele parece aliviado e me beija.

 -E você vai deixar as mulheres da Capital? –eu brinco.

 -Com certeza.

 Nós dois rimos. Alguém bate na porta e ouço Cato murmurar um “merda” antes de dizer que pode abrir.

 -Chegamos na Capital, queridos. Hora de se arrumarem.


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Notas finais do capítulo

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