Friends escrita por Miles


Capítulo 3
Porque o destino é tão cruel?


Notas iniciais do capítulo

Tá ai suas canibais ameaçadoras, o capítulo que tanto esperavam. Não demorei justamente para não ser comida viva hahaha



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O sol já estava nascendo quando acordei meio hesitante. Lembrei que hoje era domingo, o que me fez sorrir internamente. Não teria aula e nem professores para me aborrecerem hoje. Com esse pensamento aos poucos o sono foi me tomando, e logo estava novamente inconsciente.

Acordei novamente com as pálpebras pesadas. Eu não conseguia mover um músculo, pois estava mais cansado que o normal. Fiz um esforço para me esgueirar para fora da cama e espiar meu relógio na parede. Nove da manhã, eu mereço. Tentei em vão dormir novamente, mais eu simplesmente não tinha mais sono.

Me levantei seguindo até o banheiro. A água sempre me relaxava, isso era um fato. Em quanto o líquido extremamente quente escorria por toda a extensão do meu corpo, minha mente vagou até algumas horas atrás, quando eu ainda estava na praia. Melany estava linda lá, sorrindo e me contando coisas sobre sua vida, exatamente como fora ontem.

Sai do chuveiro hesitante, queria poder ficar ali para sempre, deixando as lembranças invadirem a minha mente. Me troquei rapidamente e desci as escadas correndo, assim como fazia quando estava atrasado para ir para a escola.

– Nicolas! - Minha mãe me repreendeu - Hoje você não tem aula, não precisa correr desse jeito.

– Desculpa... - Murmurei. Percebi que ela estava arrumada, penteada e maquiada e nos olhos, um brilho de expectativa.

– Por que a senhora está tão arrumada? - Perguntei.

– Ah querido! - Ela sorriu - Hoje sua irmã vem aqui esqueceu? Leo e a família dela passarão um tempo conosco, e Bianca disse que tem algo sério para tratar com a gente. Só espero que esteja tudo bem... - Seu olhar se tornou vago.

– E papai? - Perguntei tentando fugir do assunto : 'Bianca e seus problemas'.

– Foi buscar o carro na oficina. Daqui a mais ou menos duas horas a Bia chega de viajem e queremos a limousine. - Assenti.

Meu pai tinha diversos carros, mais a casa, apesar de ter espaço suficiente, atraia muita atenção por ser... bem... uma enorme mansão, por isso, meu pai comprou uma oficina especial para guardar os melhores carros. Lá eles são revisados, lavados e encerados todos os dias.

–Nico - Disse minha mãe colocando um de seus brincos -, uma vizinha acabou de se mudar, terça-feira é o seu aniversário, e achei que vocês dois poderiam ser... amigos. - Sorriu de forma meiga, o que me fez sorrir também.

– Vou visitá-la, mãe, prometo. - Sorri - Antes eu vou passar na casa do Luke, ele ficou de me levar em um lugar. - Ela assentiu sorrindo.

Obviamente Luke não havia me convidado a lugar nenhum, mais eu com certeza não queria simplesmente ir a nova vizinha e dizer : 'Oi, meu nome é Nico e vim aqui te convidar para a minha festa de aniversário terça-feira que vem!'. Não, isso seria ridículo.

Bati na porta da casa do loiro, onde ele a abriu com um olho roxo e os lábios inchados. Arregalei os olhos e ele apenas sorriu. Maluco. Me indicou o sofá com uma de suas mãos e me sentei rapidamente.

– O que houve com você? - Perguntei surpreso.

– Hm... Thalia. - Revirei os olhos - Estávamos numa boa, até que, do nada ela me pergunta se eu a achava bonita. É óbvio que eu disse sim, mais aí vem aquela paranóia feminina. Eu tentei correr atrás dela, mais fui recompensado tendo que rolar dois lances de escada e sendo pisoteado logo em seguida por uma certa punk.

– Tá, eu acredito que por causa de nada ela arrebentou a sua cara... - respondi ironicamente.

– Ok, não foi por isso, mas meus hematomas foram causados pela Thalia sim. Passamos a noite juntos... e... ela é... bem... hm... agressiva. - Ele sorriu malicioso.

– Passaram da fase ''eu quero te matar''? - Perguntei ligando seu X-Box. Ele apenas deu de ombros e pegou um dos controles.

– Claro, Thalia e eu estamos de boa agora. As vezes quero dizer. Quando não estamos juntos, eu só penso em esganá-la.

– Um dia vocês ainda vão casar... - Murmurei e Luke riu baixinho.

– Assim eu espero... - Sussurrou, mais creio que eu não deveria ouvir então fingi não escutar.

Passei a tarde toda na casa do Luke jogando video-game com o mesmo. Modéstia a parte, eu sempre vencia. Foram horas investidas naquilo, até que o sol jazia se pondo e eu resolvi que seria a melhor hora para voltar pra casa.

Andava normalmente pelas ruas agitadas de Nova York, as vezes pensando na menina doce e inteligente que conheci na praia. Meu coração se apertou em pensar que nunca mais a veria novamente, e isso fez com que meus olhos se enchessem de água. Limpei-as inultilmente, andando ainda mais distraído quando esbarro em alguém e nós dois vamos ao chão.

– Me desculpe... - Peço fazendo a voz ressoar baixo.

– Sem problemas. - Ela murmurou de volta, com uma voz melodiosa e que eu reconheceria em qualquer lugar.

Com seus cabelos castanhos e pele bronzeada, Melany estava em minha frente. Um sorriso imenso se formou em meus lábios, e eu estava inexpressivo. Ter que lidar com esse reencontro era a melhor coisa de todas.

– Melany? - Perguntei abobalhado.

– Nico? - Ela me perguntou sorrindo. Assenti com um largo sorriso no rosto.

– Pensei que eu nunca mais fosse te ver... - Murmurei e lhe abracei com força, como se estivesse com medo de perdê-la, e na verdade eu estava.

– Eu também... - Ela sussurrou em meu ouvido - Podemos conversa em outro lugar? - Perguntou-me - Está escuro, e eu não gosto muito de vagar por aí a noite.

– Uma de nossas diferenças. Eu amo caminhar a noite! - Sorri e ela imitou meu gesto.

Logo ambos nos encontrávamos andando em direção a mesma rua. As vezes eu perguntava se ela estava me seguindo, mais a mesma só respondia um 'não, eu estou indo mesmo para a minha casa'.

Em poucos minutos nós dois já estávamos em frente a nossas respectivas casas e o que descobri me deixou absurdamente feliz. Mel morava a casa ao lado, e nossos quartos continham varandas que se interligavam. Quando percebemos isso, coramos, mais eu preciso admitir que foi bom saber disso.

– Boa noite, Nico. - Ela quebrou o silêncio por fim.

– Boa noite, Mel. - Respondi vendo a mesma entrar em casa lentamente.

Melany era a minha nova vizinha, que morava na casa ao lado da minha e dividia uma enorme varando comigo. Quantas notícias incríveis eu podia aguentar hoje? Sorri com esse pensamento e entrei em casa.

– Aonde é que você estava? - Perguntou meu pai bravo, assim que passei pela porta.

– Hm... eu fui na casa do Luke, como eu avisei pra minha mãe. -Respondi com calma, dando de ombros.

– Sim, isso Maria me contou, mais precisava ficar o dia todo fora? Sua irmã estava te esperando desde... desde cedo. - Respondeu com um sorriso de canto começando a nascer em seus lábios.

– Ei, por que está sorrindo? - Inquiri.

– Porque vi a sua ocupação... - Permaneci confuso por alguns minutos, até que lembrei-me da linda morena que eu reencontrara, e corei de imediato.

– Se precisava namorar, era só me... - Começou.

– Não estamos namorando, pai! - Exclamei - É só que eu a reconheci de um... lugar e resolvemos colocar o papo em dia. Nada demais.

– Hm... sei... - parecia desapontado - Bom, sua irmã quer nos falar algo de extrema importância e só estava aguardando a sua chegada... - Murmurou.

– Então... vamos lá! Aonde a Bia está?

– Bem... - Ele sorriu - Na beira da piscina com os sogros, o namorado e sua mãe. Vamos nos juntar a eles. - Assenti sorrindo.

Bianca não mudara muito desde a última vez que eu a vira. Os olhos continuavam brincalhões, o cabelo desgrenhado e jogado de lado de qualquer forma, as roupas nada convencionais e o sorriso irônico estampado em seu belo rosto. Assim que me viu, veio correndo ao meu encontro me abraçar.

– Nossa, você cresceu, em? - Revirei os olhos.

– O que há de tanta importância? - Fui direto ao ponto - Eu estou cansado e quero dormir agora...

– Sente-se. - Pediu de forma carinhosa e, mesmo hesitante, cedi. - Só espero que estejam conscientes de que todas as decisões que me levaram até aqui proveram inteiramente de minhas escolhas. - Todos nós assentimos.

– Bem... ér... - Ela parecia desconcertada. Pediu para que a empregada preparasse um jantar caprichado, para que nos contasse seu segredo em quanto comíamos.

De fato era algo importante, pois Bianca sabia que a maneira mais fácil de acalmar meu pai era com uma apetitosa comida. Ela estava lidando com algo realmente sério, o que me fez pensar em quão grave seria a nossa conversa.

Durante o jantar, todos nós permanecíamos calados. As vezes eu tentava fazer com que ela dissesse algo, mais seu olhar se tornava distante e ela suspira frustrada. Em meio a tantos acontecimentos recentes, algo ruim poderia acabar de vez com tudo? Impossível.

Eu estava cansado de não obter nenhum tipo de resposta, então lancei um olhar significativo para Bia, que apenas sibilou as palavras : 'Aguarde'.


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