Aviões de Papel escrita por Ju Hayes


Capítulo 2
Extra I: Salada de Frutas.


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu comentei que viria com um extra para semana que vem, mas ele acabou saindo hoje durante a minha aula de história. Obrigada pela inspiração, professor.



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Extra I,

Salada de Frutas.

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Fazia exatas duas semanas que Edward havia se declarado para mim. Eu sempre deixava suas palavras ecoarem na minha mente antes de dormir, o que me permitia ter sonhos tranquilos e, muitas vezes, protagonizados por mim e pelo meu ruivinho. A grande questão, no entanto, é que eu não sabia o significado total de suas palavras. Ele me amava.

Sim, e daí?

Eu não sabia o que viria pela frente. Quando estávamos sozinhos, ele costumava entrelaçar os nossos dedos e eu suspirava toda vez que sentia a sua mão quentinha na minha. Era além do que eu já havia pedido para ele, mas não era nem um décimo do que eu desejava. Eu possuía uma vontade de perguntar, sem mesura alguma, o que aquelas palavras queriam dizer para ele, mas a minha coragem evaporava toda vez que eu via seu sorriso cálido direcionado a mim.

Eu era uma covarde.

— Bella? — ele me chamou.

Quando olhei na direção de sua voz, vi que ele estava deitado no tapete bege da minha sala devorando uma tigela de amoras. Eu sempre gostei dessa fruta, mas o modo como ele se enchia delas me assustava um pouco.

— Sim? — perguntei baixinho.

Eu tinha medo que, se eu falasse mais alto, minha voz saísse trêmula e denunciasse tudo o que eu sentia. Se isso acontecesse, Edward saberia tudo o que eu não queria que ele soubesse. Não por mim, ao menos. Eu queria que ele notasse o quanto eu o queria ao descobrir ele mesmo o que ele sentia. Contudo, eu sabia que esse era um desejo distante.

Edward não respondeu a minha pergunta. Ele apenas deu leve batidas com a mão no espaço vago ao seu lado, como se pedisse para eu me sentar ali. Com as pernas bambas, eu fui.

— O quê? — questionei outra vez ao me ajeitar ao seu lado.

Ele continuou quieto, mas dessa vez moveu sua mão para dentro da travessa que tinha em seu colo e pegou uma amora. Eu cogitei a ideia de ele apenas querer uma companhia para seja lá o que ele estivesse vendo ao me chamar, mas seus olhos da cor de grama recém-cortada não desgrudavam dos meus. Ele brincou com seus dedos com a pequena amora, rolando de um lado para outro, até que trouxe suas mãos para cima e deslizou-a sobre os meus lábios. Eu teria me assustado se conseguisse me mover, mas seu olhar me anestesiava. Pude sentir o suco daquela fruta escorrendo um pouco pelo meu queixo e Edward finalmente quebrando nosso contato visual ao olhar para a fina linha vermelha que deveria estar ali.

Ele suspirou tão suavemente que eu tive certeza de que apenas o ouvi porque estávamos muito perto um do outro. Excessivamente perto; eu poderia quebrar aquela distância em apenas um segundo, no entanto ele pareceu ter essa ideia primeiro. Aproximando-se do meu rosto, ele tocou meu queixo com seus lábios cerrados, como em um casto beijo. Vi quando ele fechou seus olhos, convidando-me mudamente para fazer o mesmo. Eu deixei minhas pálpebras se fecharem no mesmo instante em que senti sua língua quente passeando pelo local onde antes havia um pouco do caldo da amora. Isso era ainda mais anestesiante do que seu olhar.

Eu esperei o momento em que ele se afastaria e faria alguma de suas piadas com frutas para poder me sentir frustrada, mas isso nunca aconteceu. Enquanto eu aguardava por um instante remoto, eu pude sentir seus lábios úmidos subindo pela minha bochecha e traçando círculos ali, até que seus lábios desceram e, surpreendendo-me, encostaram-se aos meus. Eu gemi como uma menina inexperiente, de forma tímida e por pouca coisa. Contudo, eu esperei tanto por isso que não me importei em me sentir constrangida. Aquele era o meu momento e eu iria aproveitá-lo.

Enquanto eu debatia internamente, Edward não parecia ciente da minha suposta hesitação. Ele pressionou com um pouco mais de força sua boca na minha, até que senti sua língua novamente, dessa vez pedindo autorização para encontrar-se com a minha. Quando, por fim, elas se encostaram, eu tenho certeza de que deixei outro gemido escapar, todavia foi o de Edward que eu ouvi. Baixo, contido... Inebriante. Da mesma forma que ele sempre foi. Eu me sentia tímida de beijá-lo, como se achasse que nada entre nós fosse se encaixar. Contudo, foi exatamente o contrário. Nossos lábios tinham um encaixe delicado, enquanto nossas línguas se mexiam com ferocidade, um contraste tão bruto que eu me apavoraria se estivesse dando atenção a isto.

Mas eu não estava. Tudo o que me importava no momento era o doce gosto de amoras que ele passava para mim fazendo um coro delicado com o gosto da ameixa que eu havia comido um pouco antes.

Eu amava salada de frutas agora.

Quando ele se afastou para buscar um pouco de ar, eu não fiquei com aquela sensação de que ele havia me deixado cedo demais; eu sabia que foi exatamente o momento certo, porque eu nunca me senti tão satisfeita quanto agora. Todavia, acima do sentimento de satisfação eu me sentia... completa. Era como se eu finalmente tivesse achado o orvalho da minha manhã ensolarada.

— Eu realmente amo você, Bella — ele sussurrou e eu finalmente entendi o significado de suas palavras de quase um mês atrás.

Ele me amava. E isso bastava, porque era tudo o que por anos eu desejei. Ter meu ruivinho ao meu lado, com o fôlego cortado devido à troca de carícias entre nós. Era ainda mais do que eu imaginei ganhar dele e, agora que eu tinha, eu não poderia me ver sem.

— Amo você também — murmurei de volta para ele.

Edward passou seus braços em volta de mim em um abraço aconchegante, enquanto eu repousava tranquilamente a minha cabeça em seu ombro. Depositei um beijo na curva de seu pescoço e subi para o seu colo. Cogitei a hipótese de que ele fosse me jogar no chão brincando como sempre fazia, mas ao contrário do que imaginei, suas mãos desceram para as minhas coxas me apertando ainda mais contra si. Tive a impressão de que as cargas elétricas que nossos corpos trocavam passaram a ser palpáveis e a excitação percorria o meu corpo tão veloz quanto gotas de cianureto.

Era agressivo. Era matador. Era apaixonante.

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It’s not easy love, | Não é fácil amar,

but you’ve got friends you can trust. | mas você tem amigos em que pode confiar.

(Queen – Friends Will Be Friends)


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Notas finais do capítulo

Eu estou pensando em fazer vários extras com momentos importantes da vida dos dois. O que vocês acham? Vale a pena? E não se esqueçam de me dizer o que acharam, ok? :3