*Vitória Parte*

Caminhamos pelo parque para dar tempo de fazer a digestão, observei um grande lago, com alguns poucos objetos dentro e logo soube o que era.

–Ni, vamos andar de pedalinho? – Eu disse, me virando para ele.

– Eu ia te perguntar a mesma coisa, sua ladra de ideias! – Rimos

Fomos. Na minha tentativa de entrar no pedalinho, quase cai no lago; Niall soltou uma gargalhada tão contagiante que todos que estavam ali começaram a rir também. Um pouco mais pro fundo do lago, os pedais não paravam de girar...perdemos o controle e estávamos indo para a direção oposta e em círculos.

– Acho que somos dois idiotas em um pedalinho. – Eu disse, brincando.

– Hahaha, então toma isso sua boba. – Niall encheu a mão de água e me molhou, me deixando sem reação, mas não ia deixar isso barato e sem que ele percebesse enchi minha mão de água e o encharquei. Começamos uma guerra e no fim estávamos os dois, pingando. Era incrível como ele conseguia ficar mais sedutor molhado.

Enquanto pedalávamos de volta (sim, depois de um bom tempo conseguimos assumir o controle de novo ) e riamos muito, houve uma pausa e uma troca de olhares. Fiquei muito tímida e tratei logo de cortar o silêncio:

– Cansei, vamos tomar um sorvete?

– Claro. – Ele respondeu com um ar de decepção.

Niall fazia meu tipo: simples, engraçado, fofo e muito atencioso. Nós dois pegamos sorvete de chocolate e sentamos em um banco de pedra que ficava a sombra de uma árvore repleta de flores amarelas.

– Fazia tempo que eu não me divertia assim com uma garota. – Disse Niall

– Eu também, só que com um garoto...óbvio – ri – Lá no Brasil a maioria dos garotos são rudes, só ligam para pegação, futebol e ainda têm um péssimo gosto musical. – Falei.

– Você precisa mesmo voltar? Quer dizer, por que não fica aqui, faz intercâmbio, sei lá... – Continuou, com uma expressão angelical. Respondi:

– Eu quero, vontade não falta. Amo Londres, mas preciso de bons motivos para meus pais deixarem.

– Já têm alguns? – Perguntou.

– Bom, tem ótimas faculdades aqui, a Isa me deixa morar com ela... – Fui interrompida.

– Quer que eu te dê mais um? – Meu coração acelerou e quase saiu pela boca quando ele disse isso, mas consegui dizer:

– Como assim?

Niall me puxou pela cintura, com mãos firmes e decididas, encostando sua boca na minha em um selinho, como se para ver se eu corresponderia. Envolvi meus braços em torno de seu pescoço, acariciando sua nuca. Ele começou a me beijar lentamente e apaixonadamente, era um beijo viciante, como uma droga: você prova e não consegue mais ficar sem. O beijo foi se esquentando, foi ficando mais rápido e envolvente, quente...ele tinha uma pegada boa, me pressionou contra seu corpo me fazendo arrepiar, então eu comecei a escorregar minhas mãos pelas costas dele, dando leves puxões em sua camiseta. Niall deslizou sua mão direita até minha coxa, não liguei, estava muito focada no beijo. Seus lábios estavam com gosto de chocolate, por causa do sorvete… mas era tão bom. Foi ficando mais quente, ele me deitou no banco, tive que intervir, mesmo que odiasse a ideia, mas estava sem fôlego.

– Vamos tomar uma água Ni?

– Isso. – Ele respondeu, com cara de “por quê agora?”

*Niall Parte*

Andamos de pedalinho e ficamos encharcados, por minha culpa, admito. Ela me fazia ficar bobo...era desastrada e corava com qualquer elogio. Compramos um sorvete e sentamos no banquinho de pedra em frente a única árvore repleta de flores amareladas do parque e começamos a conversar, eu não conseguia acreditar na possibilidade dela voltar pro Brasil. Eu não posso deixar isso acontecer e vou fazer de tudo para ela ficar aqui, comigo.

Em uma brecha na conversa, a beijei. Um beijo “achocolatado”, mas um dos melhores que já provei até hoje. Por mim ficaria ali pelo resto da vida, mas ela (e eu) estava sem fôlego. Fomos tomar água e pude ter a certeza de que tinha me apegado – muito – a ela.