Chegou o sábado, dia em que os garotos iriam com seus instrumentos até o endereço da gravadora (que descobriram que era falso) pra colocar o plano em prática. Foram em dois carros. Renato, Kitty, Shawn, Tico e Lígia em um e Daron, Dawson, Rennan e Rafael em outro. Chegaram rápido, entraram e rapidamente localizaram Corey e um policial, que estavam escondidos perto de um bebedouro. Kitty e Shawn disfarçaram, fingindo ir beber água, e foram falar com o amigo:
- Oi Corey – cochichou Kitty, fingindo abaixar para examinar a marca do bebedouro – nós vamos falar com Tonkilon agora, quando encontrarmos ele, voltamos para te buscar.
- Certo – disse Corey, confirmando com a cabeça.
Então Kitty e Shawn voltaram para o lugar em que estavam os outros, e foram ao encontro de Tonkilon.
- Olá Sr. Tonkilon – disse Renato – tudo bem?
- Tudo ótimo. Melhor agora que vocês chegaram.
- Legal, porque não parece que você está muito feliz, afinal, daqui a pouco, você não vai ficar nem um pouco feliz – disse Daron, olhando pra cima.
- Como assim? – perguntou Tonkilon, intrigado. Nisso, Tico e Lígia foram “beber água”.
- Ora, você não quer acabar com a surpresa – disse Rennan.
- Claro, nós só ficamos intrigados ao descobrir que esse endereço é falso – disse Renato, fingindo estar meio longe. Até àquela hora, Tonkilon parecia que não tinha captado o que eles diziam, mas agora, pareceu preocupado.
- Pois é – disse Shawn – estávamos achando estranho, ao ver que há alguns anos, um tal de Jeff Tonkilon foi expulso da R.R.D., por ser um, hã... como podemos denominar? Ah, já sei, um corrupto.
- Mas... mas... eu...?
- Jeff Tonkilon, queira me acompanhar até a delegacia – disse o policial, que fora trazido por Tico e Lígia.
- Jeff, nunca pensei que iria voltar a encher o saco – fala Corey.
- Corey, sabia que estaria por trás disso – disse Jeff, sendo algemado pelo policial – ora priminho, você nunca perde uma oportunidade de me expor ao ridículo.
- Pensei que tinha esfriado a cabeça na prisão Jeff – disse Corey, calmamente – eu te desmascarei da outra vez, e estou te desmascarando agora, com a ajuda de meus amigos, você já os conhece. Bom, achei que depois de ter sido preso uma vez você pensaria melhor antes de tentar enganar as pessoas outra vez.
- Hump – gemeu Jeff, com raiva.
- Jeff, você sempre quis ser melhor que eu, desde o colégio, sempre tentava, mas nunca conseguia – disse Corey – quando consegui ser o que sou hoje, você achou que seria legal falsificar um diploma na faculdade. Conseguiu, por pouco tempo, te desmascarei, você foi preso. Achei que odiava a prisão, mas vejo que está querendo voltar pra lá, mas já que é assim, policial, pode leva-lo.
- Eu voltarei Corey – gritou Jeff, ao ser levado pelo policial – sempre voltarei, me aguarde primo!
- Ah, vai com Deus – gritou Corey, e o policial levou-o embora – ô primo chato.
- Corey, por que não nos contou que ele era seu primo? – disse Renato.
- Eu tinha gostado muito do plano de vocês, então resolvi fazer uma surpresinha – respondeu com um sorriso.
- Legal – disse Kitty – gostei muito. Alguém viu a cara do Tonkilon?
- Nossa, quando ele viu o Corey, ele fez uma cara de profundo nojo – disse Tico.
- Pode crer – apoiou Lígia – na hora ele se encheu de raiva.
- Eu... achei... muito... louco – disse Shawn, dando beijinhos em Kitty.
- É, bom, tenho outra surpresinha pra vocês – disse Corey.
- É, o quê? – perguntou Daron.
- Bom, se estiverem afim, queiram me acompanhar.
Então três carros se foram pela rua, um todo preto, do Corey, atrás desse, um preto flamado, do Renato, e atrás, o do Dawson e do Daron, um furgão preto e verde, com caveiras avermelhadas desenhadas nas portas, onde levavam a bateria. Corey começou a dar seta, e disse pra estacionar os carros na rua. Quando estacionaram, pegaram os instrumentos (muito arriscado deixar no carro) e foram ao encontro de Corey, ele indicou um prédio alto, que deixou Kitty completamente tonta, só de acompanhar a altura dele, quem a segurou foi Shawn, senão ela iria rolar pela rua.
- Onde estamos Corey? – perguntou Renato.
- Adivinhem – disse ele, sorrindo.
- Ah, sei lá – disse Kitty - fala aí.
- Na R.R.D. – respondeu Corey.
- Ah, claro, na R.R.D., claro... na R.R.D.? – disse Renato, finalmente se tocando, seu queixo lá no chão.
- Exatamente – disse Corey – Bom, vamos entrar?
- Vamos, vamos, vamos pegar a bateria – disse Dawson.
- Não precisa. Eu mandarei um amigo ir pegar – disse Corey, então puxou Renato, porque ele estava com cara de que nunca mais iria desgrudar os pés do chão. Entraram, e subiram uma escada, então entraram num elevador e Corey apertou o botão do sétimo andar. Quando saíram, deram de cara com uma recepção meio cheia, que estava tocando o inconfundível solo de bateria de “Time Of The Shadows”, do Creatures. Corey foi falar com a recepcionista, cujo nome estava no crachá: Milenny.
- Oi Mi – disse Corey – estes são os Defloid’s, já conhece o som dos caras né?
- Como eu não iria conhecer, você deixou o cd deles tocando aqui por pelo menos uma semana – respondeu Milenny, rindo.
- Bom, chama o Marlon e os amigos dele, para tirarem a bateria deles do furgão.
- Certo – disse, então segurou um botão na base de um microfone à sua frente, que parou a música, e disse: “Marlon Taylor, queira comparecer à recepção, acompanhado de seus amigos” – disse, e em seguida uma pessoa gritou: “Falô Milenny!”
Então, de uma porta, surgiu um garoto alto de cabelos até o ombro, loiro, com um skate embaixo do braço, acompanhado de mais três amigos. Quando Lígia o viu, começou a ficar vermelha, e olhou para Kitty.
- Que foi Li? – perguntou a garota.
- Kitty, é ele – respondeu a garota, tremendo.
- Ele quem?
- O primo do Rogério – respondeu Lígia, que estava mais vermelha que as flamas no carro de Renato.
Kitty olhou para o garoto, e lembrou-se, era mesmo o primo do Rogério.
- Vamos falar com ele – disse Shawn.
- Espera – disse Lígia – ele está falando com o Corey.
- Ótima oportunidade Lígi – disse Tico, e então eles encostaram perto de Corey, e esperaram ele parar de falar. Então Corey olhou pra eles, e disse:
- ... Então, essa é a Kitty, prima de Renato, o vocalista da banda – disse, apertando o ombro da garota – e esse é o namorado dela, Shawn, e esses são os amigos dela, Tico e Lígia – quando Corey apontou para Lígia, ela começou a ficar vermelha, então fingiu um acesso de tosse.
- Ah, oi – disse Marlon, apertando a mão de Tico e Shawn, e dando um beijo no rosto de Kitty e Lígia – tudo bem?
- Tudo – disse Kitty – você é primo do Rogério, não é?
- Como vocês sabem? – perguntou o garoto.
- Nós somos da escola, estamos no 1° colegial – respondeu Shawn.
- Eu, Tico e Lígia somos amigos do Rogério há uns dois anos – disse Kitty.
- Acho que já vi você falando com o Rogério, linda – disse Marlon a Lígia, que começou a ficar vermelha, e não respondeu.
- É sim – respondeu Kitty – nós somos muito amigos do Ge.
- Você curte rock? – perguntou Shawn.
- Claro que sim – disse ele, com um sorriso.
- Que bandas você curte – perguntou Lígia, admirando o cadarço de seu All Star.
- Ah, eu curto Creatures Of The Night – respondeu ele.
- Você curte o Creatures – perguntaram todos juntos.
- Claro que sim!
- Nós também – disse Kitty – nós somos fanáticos por Creatures.
- A, sim, é, quem é o baterista da banda, quero falar com ele sobre a bateria – disse Marlon.
- É o Daron, deixa que eu chamo ele – disse Kitty, e gritou – DARON, chega mais.
- Oi, fala aí priminha – disse Daron, encostando o braço no ombro dela.
- Vem cá, eu tô com cara de armário – disse Kitty, rindo, olhando para o braço dele – esse é o Marlon.
- Olá – disse Daron, apertando a mão dele – tudo bem?
- Tudo – respondeu – você é o baterista dos Defloid’s?
- Sim, sou eu, por quê?
- Eu vou tirar a bateria do furgão, preciso de ajuda. Você poderia ir me ajudar?
- Sim, sim, eu ajudo – e dizendo isso, foi pegar a chave do furgão com Dawson.
Depois de alguns segundos, Daron, Marlon e os amigos dele entraram no elevador e Lígia suspirou, dizendo:
- Ele me chamou de linda – e caiu nos braços de Tico, que começou a abana-la – ele é lindo.
- Ô Kitty – gritou Renato – vamos pro estúdio ligar os instrumentos?
- Vamos nessa – respondeu ela.
Então eles entraram num corredor à esquerda e em uma porta à direita. Era um estúdio enorme, tinha uns bancos, muitos equipamentos, um computador e uma cabine, com uma janela de vidro enorme. Renato entrou e falou:
- Lindo!
- Show – disse Dawson.
- Bateria chegando – gritou Daron, chegando com Marlon e os outros, cada um com uma parte da bateria. Montaram a bateria rapidamente, e ligaram tudo. Então Corey disse:
- Gente, a minha idéia é a seguinte: no lugar de vocês eu deixaria a bateria aqui, quando precisar ensaiar, vocês vêem aqui.
- É uma idéia – disse Renato – aqui é pertinho de casa.
- Bom – disse Kitty – pela gente tudo bem.
- Pela gente também – disseram Rafael e Rennan.
- Acho que não tem problema – disse Daron – mas as baquetas vão comigo. Tem valor sentimental.
- Então tá fechado – disse Corey – beleza. Bom, Kitty, Shawn, Tico e Lígia, vocês que vão fazer o encarte do cd, não é?
- Sim, sim, por quê? – perguntou Kitty.
- Porque é isso que vamos fazer – disse Marlon – se vocês estiverem afim, me acompanhem, primeiro vamos ter uma idéia geral.
- Com todo prazer – disse Lígia, e foi encostar do lado dele, quando Corey disse:
- Agora é com a gente, vamos fazer um ensaio geral – então Kitty, Lígia, Shawn e Tico seguiram Marlon até uma sala, enquanto Renato, Daron, Dawson, Rennan e Rafael se prepararam para o ensaio.
- E aí Marlon, tá gostando da escola – perguntou Tico.
- Legal, legal, só não gostei do professor de português – respondeu ele, olhando para Lígia.
- O “professor Hell”? – perguntou Lígia.
- Hell, por que Hell? – perguntou ele.
- Inferno, em inglês – respondeu Shawn – mas ele nem chega a ser o problema.
- Na verdade, o problema é que nós arranjamos confusão com todos os professores – respondeu Lígia.
- Há cinco anos – disse Tico – bom, para mim, Kitty e minha irmã Lígia, porque Shawn entrou na escola esse ano.
- É, mas já tô no esquema de arranjar confusão com os professores. A primeira foi a professora Cady, de matemática – respondeu Shawn.
- Primeiro dia de aula e Shawn já estava indo pra fora com a gente.
- Foi legal, sentamos no corredor e ficamos cantando.
- Bom, cortando vocês – disse Marlon – essa é a minha sala de trabalho. – Nem precisava falar, eles já estavam sentados na sala há uns dez minutos.
- Bom, por onde começamos? – perguntou Shawn.
- Desenhando a capa. Como vocês imaginam? – perguntou Marlon, pegando lápis e papel.
- Seria preta, com a borda vinho, escrita em cima, Defloid’s, e em baixo, “Death in the Dawn” – respondeu Kitty.
- A minha idéia é um fundo tipo noite de lua cheia, em um cemitério, com morcegos voando pelo céu, uma ponte com um laguinho, e escrito em vermelho escuro, em cima Defloid’s, em baixo Death in the Dawn – disse Shawn.
- Gostei – disse Kitty.
- Eu também – disseram Lígia e Tico juntos.
- Parece legal – disse Marlon - vamos passar para o papel – então Marlon começou a desenhar uma coisa meio sombria, hiper-linda, com os morceguinhos.
- E agora... só mais uma coisinha... pronto! – disse Marlon – gostaram?
- Lindo! – disse Kitty, olhando para a folha de papel, levantada na mão de Marlon.
- Perfeito! – disse Shawn – Do jeitinho que eu imaginei.
- É só escanear agora, para colocar as cores – disse Marlon, colocando o desenho no scanner, e passando para o computador – que cor vocês querem?
- O céu tem que ser roxo e preto – disse Tico.
- Com azul escuro – disse Shawn.
- Com um pouco de névoa – disse Lígia.
- E o lago de sangue – disse Kitty, numa voz sombria, sonhando mais alto que todo mundo.
- Legal – disse Marlon – vamos lá.
Então colocou o céu num azul meio arroxeado, as graminhas verde escuras, os túmulos, alguns com anjos em cima, em preto, os morcegos voando, a névoa cobrindo boa parte do céu, nenhuma estrela, a ponte era meio marrom, e o lago, de sangue. Ficou lindão!
- É a capa perfeita para essa “banda de demente doido” – disse Kitty, feliz.
- Gostei muito – disse Lígia. Marlon abriu um sorriso para ela e disse:
- Que bom que gostaram. Agora precisamos fazer a contra-capa do encarte. Vamos ver – e pegou o lápis e outra folha de sulfite – como vocês imaginam?
- Hum, não sei – disse Kitty.
- Eu tenho uma idéia – disse Tico – que tal se fosse uma capelinha desse cemitério?
- Acho que ficaria legal – disse Lígia.
- Só passando para o papel para saber – disse Marlon, e começou a desenhar, era uma capela, bem no fundo, um pouco de lado, com uma corujinha em cima, as portas abertas, dentro, muitas velas. Terminando, já escaneou e colocou as cores. Ficou muito da hora. Quando acabou, Marlon perguntou:
- E dentro, vocês querem tipo, uma folha cumprida e dobrada ou tipo folhetinho.
- Tipo folhetinho – disseram os quatro juntos, e começaram a rir.
- A primeira página, como seria? – pergunta Marlon.
- Toda preta, com os nomes das músicas escritas numa letra meio doida – disse Kitty.
- Vou fazer direto no computador. E qual a ordem das músicas?
- Boa pergunta – disse Kitty – esqueci de perguntar pro Rê. Vamos lá? – perguntou a Shawn.
- Vamos – disse Shawn, se levantando e pisando o pé de Tico, que se levantou também.
- É... eu vou ao banheiro – disse Tico.
- Então vamos – disse Kitty, deixando Marlon e Lígia sozinhos.
- É, então, você está na escola faz muito tempo? – perguntou Marlon a Lígia.
- Cinco anos. Desde a quinta série – respondeu a garota, olhando pros pés.
- Gosta de lá?
- Gosto muito. É muito legal. Eu e meu irmão conhecemos a Kitty na quinta série, começamos a curtir Creatures juntos, enfim, sempre foi legal – respondeu a garota, ainda olhando pros pés.
- Olha pra mim – pediu Marlon, e Lígia começou a ficar vermelha – te achei linda desde a primeira vez que te vi, conversando com o Rogério. Ficava interrogando ele sobre você.
- Sério? – perguntou Lígia, mais vermelha que um pimentão.
- Verdade. Perguntei ao Rogério seu nome, sua idade, várias coisas sobre você. quando te vi, hoje, aqui, do lado do Corey, eu pensei: meu Deus, só pode ser coisa do destino.
- Eu também gostei de você desde a primeira vez que você colocou o pé na escola – disse Lígia, enterrando a vergonha e tirando a cara-de-pau do armário – arranjava assunto pra falar com o Rogério só pra ver você de perto. Hoje, quando você saiu daquela porta, eu pensei: Kitty, me segura, eu vou morrer.
- Hahaha, você falou isso mesmo? – perguntou Marlon, rindo.
- Falei. Eu tremia tanto – respondeu Lígia, seu coração disparado. Se ela se levantasse naquele momento, iria cair, de tanto que tremia.
- Eu acho que meu coração deu um salto tão grande que foi parar lá na conchinchina.
- Hihihi – riu Lígia.
- Sabe, eu acho que a gente fala demais – disse Marlon. Lígia parou de rir naquele instante, agora ela tremia mesmo. Marlon estava muito, muito perto. Lígia via com clareza agora que Marlon tinha olhos verde-escuros, estava tão perto dela...
- Ai Shawn, que será que eles estão falando – perguntou Kitty, fazendo uma horinha, com a lista das músicas amassada na mão.
- Nem imagino – disse ele – tomara que ela fale alguma coisa.
- Bom, se ela gostar dele de verdade – disse Tico – ela vai gaguejar muito.
- Vamos até lá? – perguntou Kitty ansiosa.
- Vamos, mas vamos entrar de fininho – disse Shawn.
Então os três foram até a sala de Marlon. Quando chegam até a porta, Kitty encosta a orelha nela, para tentar ouvir alguma coisa.
- Não tô ouvindo nada – disse baixinho.
- Ixi, e agora, o que a gente faz? – perguntou Shawn.
- Vou dar uma espiada – disse Kitty, e então, abriu uma frestinha da porta, e viu, ao lado do computador, Marlon e Lígia se beijando. Fechou a porta, sem fazer barulho, e encostou-se nela.
- E aí – disse Shawn – o que você viu?
- Vocês não vão acreditar – disse ela – eles estão se beijando.
- Num creio – disse Tico.
- Sério? – perguntou Shawn.
- Sério. Eu vi com os olhos – disse Kitty, com um sorriso.
- Dá-lhe Lígia – disse Shawn abraçando Kitty.
- Vamos entrar? – disse Tico.
- De fininho – disse Kitty. Então abriu a porta e os três entraram silenciosamente. Kitty fechou a porta sem fazer barulho, e andaram alguns poucos passos. Quando Shawn tropeçou em alguma coisa que não se parecia com nada. Caiu pra trás.
- Shawn – disse Kitty, ajudando ele a se levantar, mas, quando olharam de novo, Lígia e Marlon estavam olhando pra eles, totalmente vermelhos.
- É... é... ah, oi! – disse Lígia completamente constrangida.
- É... nós voltamos com a lista de músicas – disse Kitty, constrangida também.
- Ah, sim, claro – disse Marlon, pegando a folha de sulfite.
- Marlon, tipo, o que é isso? – perguntou Shawn, erguendo na mão o negócio que não se parecia com nada.
- Eu não sei. Era alguma coisa que o povo daqui ia jogar no lixo, aí eu peguei para parar a porta.
- Nossa, legal né? – disse Lígia, rindo.
- Acho que é melhor fazermos essa primeira página, e ir embora. Está tarde – disse Kitty.
- Tudo bem – disse Marlon. Então fizeram a página, com o nome das treze músicas.
- Voltem na segunda. Aliás, a gente vem da escola direto pra cá – fala Marlon.
- Boa idéia. – disse Kitty – Bom, vamos?
- Vamos né – disse Lígia, se levantando.
- Tchau Marlon – disse Shawn, perto da porta.
- Tchau gente. Lígia, vem aqui um pouquinho – chamou Marlon. Ela foi. Ele falou alguma coisa pra ela, ela respondeu, ele anotou alguma coisa e deu um beijo no rosto dela.
- Lígia, da onde você tirou essa coragem? – perguntou Shawn.
- Nem eu sei – disse Lígia, depois de ter contado tudo que conversou com Marlon.
- Ele pediu seu telefone? – perguntou Tico.
- Pediu sim – respondeu ela, olhando pro chão.
- E aí, ele beija bem? – perguntou Kitty.
- Ai Kitty, que pergunta – respondeu a garota, vermelha.
- Ué, é uma pergunta como qualquer outra – respondeu Kitty.
- Ah, não vou responder agora não! – disse Lígia – Depois eu falo.
- Falô, mas eu quero saber – disse Kitty.