O trem partia apitando e andando. Talvez vocês se perguntem o motivo de eles pegarem um trem. Bem, em Fiore, aquele meio de transporte era considerado mais prático do que qualquer outro. E mais barato.

                Só havia uma pessoa que Grace conhecia que odiava pegar meios de transporte. Layla.

                - Você está bem? – perguntou Karov a ela. A loira parecia que acabara de sair de uma montanha russa de mais de 500 Quilômetros por hora. E Grace não sabia o que era mais idiota. A loira ou o próprio Karov, agindo como se ela fosse morrer.

                - Ela vai sobreviver. – disse a ele. Estava decepcionada com isso, é claro. Mas a garota jamais tivera nenhum problema com trens. – Ninguém morre de enjoo.

                - Fale por você. – conseguiu dizer Layla. Sentou-se no banco e ficou lá, tentando não desmaiar.

                - Isso explica seu atraso até a guilda. – disse Karov. – Queria poder fazer alguma coisa... Espera aí! Acho que minha mãe uma vez me falou de uma magia que cura enjoo!

                - Você pode usar isso? – perguntou Grace a ele, curiosa.

                - Hã... Posso tentar! Minha mãe diz que desde que queiramos algo de nossos corações, podemos conseguir qualquer coisa! Isso significa ser um mago!

                - Belo discurso! – disse Layla. – Mas anda logo com isso!

                Karov sorriu determinado, levantou os braços em direção da loira e anunciou:

- Troia!

                Nada aconteceu.

                - Esta melhor? – ele perguntou.

                - Não. – Layla respondeu. Grace deu risinho. O menino pareceu ter ficado deprimido agora.

                - Calma aí. – disse a garota. – Tente de novo depois. Talvez você consiga. Mas é só isso que sabe fazer? Nem outra magia?

                - Eu consigo criar uns raios de vez em quando! – disse contente. – E meu pai disse que se eu treinar eles ficarão cada vez mais poderosos!

                - Só isso? Mais nada?

                - Ei! – reclamou. – Minha magia é incrível, esta legal?! Você sabe fazer o que?

                Grace revirou os olhos.

                - Magia do ferro. – ela disse. – Construo e destruo qualquer coisa que eu quiser. Uso mais para criar objetos usáveis em batalha. Mas assim como o gelo, ferro também é usado por alguns magos para moldar criaturas vivas. Mas isso é raro. Objetos são mais práticos.

                - Em outras palavras. – disse Layla. – Você só sabe construir uma espada ali e aqui. Grande coisa...

                - Me admira que ainda consiga falar. Vamos ver como você fica com uma dessas espadas sob sua garganta.

                - Calma aí. – disse Karov parando-a. - Nenhum briga. Qual é o seu poder Layla?

                Silêncio.

                - Agora ela não sabe falar? – pergunta Grace quase querendo mata-la. – Dou 10.000 jewels que acerto essa faca de primeira vez na cara dela.

                Karov revirou os olhos. Ele notou a recém-faca criada na mão da garota. Então foi vez da maga do ferro revirar os olhos e destruiu a faca apenas apertando ela com a mão.

                - Feliz? – perguntou. – Foi brincadeira...

                - Não. – o garoto disse. – Da para você dar um tempo com a Layla?

                - Para que? Esta na cara que ela não sabe poder nenhum.

                - Mesmo assim. Eu também não sou grande coisa. Mas somos um time.

                - Sério? Olhe para a garota!

                - Isso é um problema dela. Podia ser você ali.

                - Não tenho problema com trens.

                - Você não sabe... O mundo dá voltas. Pode ser que um dia você esteja no lugar de Layla...

- Para de jogar macumba para cima de mim, garoto! Hunf! – Karov revirou os olhos e desviou seu olhar para a janela, desviando sua atenção de Grace.

                A garota sentia falta de Okky. Ela não entendia a estúpida lei da proibição de gatos. Por que tivera que ir para aquela guilda? Perdera seu gato e ganhara dois idiotas como time! Tudo por causa de duas pessoas que o mestre dizia serem seus pais.

                Nunca pensara sobre isso. No orfanato que vivera nunca ninguém comentara sobre eles. Mesmo quando adotada, sua nova “mãe” jamais havia dito nada. Talvez porque não houvesse nada para dizer. Fazia tempo que Grace não a visitava. Ela provavelmente nem sabia que a maga do ferro havia ido para o outro lado de Fiore.

                Lembrava-se de quando a “mãe adotiva” lhe dissera para ir embora pelo mundo para aprender sua magia. Grace se dera muito bem... Até agora.

                O que Grace agora mais queria era Okky para mandar uma mensagem para a mãe adotiva. Mas provavelmente o gato ia dizer “E desde quando sou uma coruja do Harry Potter?” e acabaria não mandando nada. Como sempre.

                Talvez... Se Grace ficasse ali poderia resolver o problema de Okky... O primeiro Okky... Talvez pudesse trazê-lo de volta...

                - Ei Grace. – disse Karov.

                - O que? – perguntou meio desligada.

                 Olhou pela janela, ainda não haviam chegado.

                - Que foi? – perguntou novamente.

                - Que dark guilda é essa? Agora que me perguntei... Contra quem estamos lutando?

                Grace revirou os olhos e olhou na mochila procurando o papel. Mas quando tirou ele de lá, notou que o papel estava todo rasgado, consequência da luta de Okky para sair de lá.

                Karov parecia bravo, mas o garoto parecia saber manter a calma sem precisar de um gato.

                - O papel estava com você? Porque deixamos esse papel com você?

                - Foi mal... Meio que rasgou a parte do nome da guilda... Mas olhe aqui! O nome do cliente está salvo! E o endereço! Sorte, não? De todo o modo, viemos até aqui sem saber, podemos perguntar para o cliente depois.

                Karov parecia capaz de mata-la, mas não disse nada. Grace apenas relaxou e guardou o papel de novo com todo o cuidado do mundo. Se perdessem o endereço, estariam realmente perdidos.

                O trem então para. Layla de repente, volta ao normal, caindo no chão e parecendo se recuperar com o tempo.

                - O que? Já chegamos? Ah, que bom! Vamos logo, antes que o trem parta de novo!

                E saiu correndo, nem levando a mochila, querendo logo sair dali. Grace e Karov sentindo que sobrariam para eles, pegaram as mochilas deles e a dela ainda. Depois saíram logo atrás.